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FÍSICA

ENERGIA

Ricardo Lauxen
Momento de inércia para
corpos em rotação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar características do momento de inércia de uma determinada


superfície.
„„ Expressar as funções que definem o momento de inércia de diversas
formas geométricas que giram em torno do seu centro de massa.
„„ Aplicar o teorema de eixos paralelos no caso de um eixo de rotação
que não passa pelo centro de massa do corpo.

Introdução
Neste capítulo, prosseguindo no estudo de rotações, aprenderemos a
descrever um corpo rígido em rotação. Nesse contexto, surgirá o mo-
mento de inércia, sobre o qual aprenderemos o significado e as diferentes
maneiras de calculá-lo.

Momento de inércia
A descrição de um corpo de n partículas pode ser uma tarefa difícil. A posição
de cada uma das partículas possui três coordenadas, de modo que, para o
sistema todo, teremos 3n coordenadas para trabalhar. Cada coordenada cor-
responde a uma maneira distinta de mover o sistema, e a isso damos o nome
grau de liberdade. Assim o nosso sistema de n partículas possui 3n graus
de liberdade. Embora isso seja verdade, as partículas do sistema podem estar
vinculadas entre si, o que diminui o número de graus de liberdade do sistema.
2 Momento de inércia para corpos em rotação

O corpo rígido vinculado idealizado será utilizado ao longo deste capítulo.


O corpo rígido é, por definição, indeformável. Isso só é possível se, e somente
se, a distância entre duas partículas quaisquer do corpo rígido não mudar ao
longo do tempo. Como cada partícula do corpo rígido se move com velocidade
linear de módulo υi, podemos determinar a energia cinética do corpo rígido
em rotação. Como o corpo é um sistema de n partículas, temos:

Como o sistema está girando em torno de um eixo e todas as partículas


giram com a mesma velocidade angular, ω, podemos utilizar υi = ωri para
determinar a energia cinética do corpo, dada por:

Analisando essa equação e comparando com a energia cinética, K = ½mυ2,


podemos ver que o termo entre parênteses faz o papel análogo ao da massa
na translação. Entretanto, essa é uma propriedade do corpo associada ao
eixo de rotação. Desse modo, ela recebe o nome de momento de inércia ou
inércia rotacional e é denotada por I, de modo que a equação (2) pode ser
reescrita como:
K = ½Iω2 (3)

Cálculo de momento de inércia


O momento de inércia de um corpo é uma propriedade fixa do corpo em
relação ao eixo de rotação. Ele desempenha um papel análogo ao da massa
na translação, mas recebe uma notação específica:

I ≡ momento de inércia
Momento de inércia para corpos em rotação 3

Se o corpo é composto de poucas partículas, podemos determinar o seu


momento de inércia utilizando:

em que n é o número de partículas. Caso n seja muito grande, de partículas


próximas umas das outras, a maneira apropriada de realizar a conta é integrando
sobre os elementos de massa do corpo:

O elemento de massa pode ser obtido a partir da densidade do corpo rígido.


A partir da densidade volumétrica:

dm = λdV (6)

ou da densidade superficial:

dm = σdA (7)

ou, ainda, da densidade linear:

dm = ρdx (8)

Utilizamos cada uma das expressões de acordo com o corpo rígido. Por
exemplo, para uma esfera maciça, utilizamos (6); para uma placa fina; uti-
lizamos (7); por fim, para uma barra fina, utilizamos (8). O resultado dessa
integração para uma série de corpos rígidos girando em torno de algum eixo
é mostrado na Figura 1.
4 Momento de inércia para corpos em rotação

Figura 1. Alguns resultados para o momento de inércia de alguns corpos em relação a


determinados eixos.
Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walker (2016).

Entretanto, existem maneiras de evitar a integração em alguns casos. Se


queremos calcular o momento de inércia de um corpo em relação a um dado
eixo e já conhecemos o momento de inércia, ICM, do corpo em relação a um
eixo paralelo, podemos utilizar o teorema dos eixos paralelos:

I = ICM + Mh2 (9)

Em que podemos dizer que h é a distância perpendicular entre o eixo dado


e o eixo que passa pelo centro de massa.
Momento de inércia para corpos em rotação 5

Exemplo 1. Sistema de duas partículas.


A) Qual é o momento de inércia de um corpo rígido ICM composto por duas partículas
em um eixo passando pelo centro de massa do corpo? B) Qual é o momento de inércia
em relação a um eixo que passa pela extremidade esquerda da barra e paralelo ao
primeiro eixo, como mostrado na figura abaixo, que mostra o corpo rígido em rotação
em torno de dois eixos paralelos?

Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walker (2016).

A) Como temos apenas duas partículas no corpo rígido, podemos calcular o mo-
mento de inércia em relação ao eixo que passa no centro de massa do corpo usando
a equação (1). Para n = 2, temos

B) Utilizando o teorema dos eixos paralelos, com h = L/2 e massa do corpo rígido
M = 2m, temos:
6 Momento de inércia para corpos em rotação

Exemplo 2. Barra fina.


Veja a figura a seguir. Calcule o momento de inércia de uma barra em relação a um
eixo perpendicular a ela que passa pelo seu centro. A Figura (A) mostra a barra cujo
momento de inércia queremos calcular. Em (B), temos o posicionamento das extre-
midades ao longo do eixo x.

Fonte: Adaptado de Halliday, Resnick e Walker (2016).

A barra é um sistema com um número muito grande de partículas, de modo que


precisaremos utilizar a integração para calcular o seu centro de massa. Tomando o
centro da barra como a origem do eixo de coordendas x, podemos definir que o
tamanho a barra vai de xi = −L/2 até xi = L/2. O elemento de massa pode ser obtido a
partir da densidade linear, com λ = M/L:

Assim, a integração que deve ser realizada é:


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HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física: mecânica. 10. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 2016.

Leituras recomendadas
CHAVES, A.; SAMPAIO, J. F. Física básica: mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
HEWITT, P. G. Física conceitual. 12. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
NUSSENZVEIG, M. H. Curso de física básica 1: mecânica. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2002.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros: mecânica. 6. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2017.

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