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RESPONSABILIDADE CIVIL

APLICADA AO CDC – OS
PRAZOS
PRESCRIÇÃO E DECADENCIA – TEORIA CLÁSSICA

PRESCRIÇÃO DECADENCIA
- SE INTERROMPE OU SUSPENDE - NÃO SE INTERROMPE OU SUSPENDE
- PERECE O DIREITO DE AÇÃO - PERECE O DIREITO MATERIAL
- CONTAGEM PRAZO PROCESSUAL - CONTAGEM DIREITO MATERIAL
- PRAZO NASCE DE ATO DERIVADO - PRAZO NASCE COM O DIREITO

- PRESCRIÇÃO E DECADENCIA NO CDC

PRESCRIÇÃO DECADENCIA
- TERMO INICIAL FIXO ARTIGO 27 - SE INTERROMPE, SUSPENDE, PRORROGA(?)
- EXERCICIO JUDICIAL - EXERCICIO EXTRAJUDICIAL OU JUDICIAL
- CONTAGEM PRAZO PROCESSUAL - CONTAGEM?
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término
da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e
serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado).
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado
o defeito.

Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou
do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
PRESCRIÇÃO E DECADENCIA - GARANTIA LEGAL - DEVER DO CONSUMIDOR AGIR

DIA 1 30 DIAS 90 DIAS 5 ANOS

ARTIGO
26 CDC ARTIGO
OCORRENCIA/ 27 CDC
TERMO INICIAL
(DANO, ATO,
SURGIMENTO DO PRAZO
VÍCIO) DECADENCIAL
PARA O
CONSUMIDOR PRAZO
RECLAMAR DO PRESCRICIONAL
VÍCIO
PRAZO (DURÁVEL)
DECADENCIAL PARA
O CONSUMIDOR
RECLAMAR DO
VÍCIO (NÃO
DURÁVEL)
OPÇÕES APÓS PRAZO- OPÇÕES DO CONSUMIDOR
ARTIGO 18 – PRODUTO - – ARTIGO 19 – PRODUTO -
QUALITATIVO QUANTITATIVO
 I - a substituição do produto por outro da  I - o abatimento proporcional do preço;
mesma espécie, em perfeitas condições
 II - complementação do peso ou medida;
de uso;
 III - a substituição do produto por outro
 II - a restituição imediata da quantia
da mesma espécie, marca ou modelo,
paga, monetariamente atualizada, sem
sem os aludidos vícios;
prejuízo de eventuais perdas e danos;
 IV - a restituição imediata da quantia
 III - o abatimento proporcional do preço.
paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos.

OPÇÕES DO CONSUMIDOR- SERVIÇO – ARTIGO 20


I - A REEXECUÇÃO DOS SERVIÇOS, SEM CUSTO ADICIONAL E QUANDO CABÍVEL;

II - A RESTITUIÇÃO IMEDIATA DA QUANTIA PAGA, MONETARIAMENTE ATUALIZADA, SEM


PREJUÍZO DE EVENTUAIS PERDAS E DANOS;

III - O ABATIMENTO PROPORCIONAL DO PREÇO.


Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos
vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de
trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à
sua escolha:
PRAZO DO FORNECEDOR PARA ATENDER AO CONSUMIDOR – ARTIDO 18 DO CDC
10 DIAS DA 20 DIAS
NOVO
RECLAMAÇÃO ATENDIDO
ATENDIDO VÍCIO (sobram 10 dias)

(NÃO CONTA
RECLAMAÇÃO PARA
FORNECEDOR)
30 DIAS DA 1ª
RECLAMAÇÃO
DIA 1 30 DIAS 90 DIAS 5 ANOS

OBS1: APÓS O SURGIMENTO DE NOVO VÍCIO, OU


DO REAPARECIMENTO DO MESMO VÍCIO,
TERMO INICIAL O PRAZO DO CONSUMIDOR REINICIA DO ZERO?

DURÁVEIS OBS2: O PRAZO DO FORNECEDOR PODE


REINICIAR DO ZERO SE O MESMO VÍCIO
REAPARECER?

NÃO
DURÁVEIS
OBS1: INTERRUPÇÃO, SUSPENÇÃO, OBSTACULARIZAÇÃO

Diferença – com ou sem negativa inequívoca do fornecedor

OBS2: decadencial (conceito clássico) – STJ – prazo corrido – ÔNUS DO FORNECEDOR


Atualmente, o caráter vanguardista dos efeitos trazidos pelo termo obstar foi incorporado ao entendimento
adotado pelo Professor Luiz Antônio Rizzatto Nunes quando afirmou que o efeito da reclamação
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apresentada, em conformidade com os termos previstos no art. 26, § 2.° do CDC, é meramente constitutivo,
permitindo que o consumidor represente seu inconformismo perante qualquer fornecedor que integre a
cadeia de consumo, afastando, portanto, a inércia do consumidor, permitindo que venha a pleitear,
posteriormente, o que a lei lhe garante, no prazo prescricional cabível.

Assim, essa nova interpretação considera que o verbo obstar traz efeitos diversos da suspensão e
interrupção já existentes. Esse é um entendimento inovador que vem sendo acatado pelos tribunais . 3

Desse modo, verifica-se que o assunto é divergente na doutrina, haja vista o próprio posicionamento inicial
do Professor Rizzatto Nunes acerca do assunto, pois considerava as causas previstas no art. 26, § 2.° do CDC
como suspensivas e não obstativas. Esse entendimento é defendido ainda pelo Professor Zelmo Denari , 4

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery , pois afirmam que a idéia do legislador teria sido paralisar
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o curso decadencial durante um lapso de tempo até que o vício apresentado pelo produto fosse sanado pelo
produtor ou fornecedor de produtos e serviços.

É oportuno aduzir ainda que há doutrinadores, como a Professora Cláudia Lima Marques , que defendem que
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o efeito da decadência, trazido pelo art. 26, § 2.° do CDC, seria interruptivo, por ser mais benéfico ao
consumidor.
https://www.migalhas.com.br/depeso/11165/dos-efeitos-da-decadencia-a-luz-do-codigo-de-
defesa-do-consumidor
Terceira Turma do STJ
DIREITO DO CONSUMIDOR. DIREITO À REPARAÇÃO DE DANOS POR VÍCIO DO
PRODUTO. Não tem direito à reparação de perdas e danos decorrentes do vício do produto
o consumidor que, no prazo decadencial, não provocou o fornecedor para que este
pudesse sanar o vício. Os vícios de qualidade por inadequação dão ensejo, primeiro, ao
direito do fornecedor ou equiparado a corrigir o vício manifestado, mantendo-se íntegro o
contrato firmado entre as partes. Apenas após o prazo trintídio do art. 18, §1o, do CDC ou a
negativa de conserto, abre-se ao consumidor a opção entre três alternativas: a) a redibição do
contrato; b) o abatimento do preço; ou c) a substituição do produto, ressalvada em qualquer
hipótese a pretensão de reparação de perdas e danos decorrentes. A escolha quanto a alguma
das soluções elencadas pela lei consumerista deve ser exercida no prazo decadencial do art. 26
do CDC, contado, por sua vez, após o transcurso do prazo trintídio para conserto do bem pelo
fornecedor.[…] REsp 1.520.500-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/10/2015, DJe
13/11/2015 (Informativo 573).
Em suma, portanto, o consumidor deve provocar o fornecedor dentro do prazo decadencial para
que este possa sanar o vício, o que pode ser feito tanto por escrito quanto verbalmente. Após o
decurso de 30 dias sem que seja sanado, poderá o consumidor fazer uso de uma das alternativas
elencadas no art. 18, §1o, CDC. E, por fim, se ao final daquele prazo não houver resposta
negativa inequívoca, a decadência permanece interrompida, permitindo-se o ajuizamento da
respectiva ação.
OBSERVAÇÃO 2: STJ RESP Nº 1.684.132 - CE (2017/0175949-0)

DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL C/C PEDIDO DE PERDAS E
DANOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO NOVO (“ZERO QUILÔMETRO”) DEFEITUOSO. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO.
REPARO DO VÍCIO. PRAZO MÁXIMO DE TRINTA DIAS. LEGITIMIDADE DA PRETENSÃO DE DEVOLUÇÃO DA QUANTIA PAGA PELO
PRODUTO. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PEDIDO. VALOR ATUAL DE MERCADO DO VEÍCULO. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA
282/STF. 1. Ação ajuizada em 17/06/2009. Recursos especiais interpostos em 29/06 e 13/07/2016 e distribuídos em 25/07/2017. 2. Ação
de rescisão contratual c/c pedido de perdas e danos, ajuizada por consumidora em razão da aquisição de veículo novo (“zero
quilômetro”) que apresentou repetidos defeitos que não foram solucionados pelas fornecedoras no prazo legal. 3. Os propósitos
recursais consistem em definir: (i) se houve cerceamento de defesa em razão do indeferimento de prova pericial; (ii) se tem a
consumidora direito a pleitear a devolução integral da quantia paga pelo veículo, em razão dos vícios apresentados no bem; (iii) se é
devida compensação por danos morais e se é excessivo o quantum fixado pelo Tribunal de origem; (iv) se a concessionária responde
pelo defeito de fabricação do automóvel; (v) se os juros moratórios sobre os danos morais devem incidir desde a data da citação. 4.
Não implica cerceamento de defesa o indeferimento de produção de perícia técnica quando os documentos apresentados pelas
partes são suficientes para a resolução da lide. Precedentes. 5. A teor do disposto no art. 18, § 1º, do CDC, tem o fornecedor, regra
geral, o prazo de 30 (trinta) dias para reparar o vício no produto colocado no mercado, após o que surge para o consumidor o direito
potestativo de exigir, conforme sua conveniência, a substituição do produto, a restituição imediata da quantia paga ou o
abatimento proporcional do preço. 6. Em havendo sucessiva manifestação do mesmo vício no produto, o trintídio legal é computado
de forma corrida, isto é, sem que haja o reinício do prazo toda vez que o bem for entregue ao fornecedor para a resolução de
idêntico problema, nem a suspensão quando devolvido o produto ao consumidor sem o devido reparo. 7. Hipótese em que o aludido
prazo foi excedido pelas fornecedoras, circunstância que legitima a pretensão de devolução da quantia paga pelo veículo.
Documento: 1757432 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/10/2018 Página 7 de 5 Superior Tribunal de Justiça 8.
Consoante a pacífica jurisprudência deste Tribunal, há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de fornecimento
por vício no produto adquirido pelo consumidor, aí incluindo-se o fornecedor direto (in casu, a concessionária) e o fornecedor indireto
(a fabricante do veículo). Precedentes. 9. Na ausência de pedido na exordial, é incabível a condenação das fornecedoras ao
pagamento de compensação por dano moral. 10. É inviável o conhecimento da insurgência recursal relativa à utilização do valor de
mercado do veículo como referência para a condenação, ante a ausência de prequestionamento do tema. Incidência da Súmula
282/STF. 11. Recursos especiais parcialmente conhecidos e, nessa extensão, providos em parte, para a exclusão da condenação ao
pagamento de compensação por danos morais.
GARANTIA LEGAL X GARANTIA CONTRATUAL
ARTIGO 26 C.C. ARTIGO 50 CDC = ALTERAÇÃO DO TERMO INICIAL DA GARANTIA LEGAL

A regra extraída do art. 50 do CDC, a partir de uma interpretação teleológica e sistemática


da lei consumerista, é a da não sobreposição das garantias legal e contratual. 9. A garantia
contratual, enquanto ato de mera liberalidade do fornecedor, implica o reconhecimento
de um prazo mínimo de vida útil do bem, de modo que, se o vício oculto se revela neste
período, surge para o consumidor a faculdade de acioná-la, segundo os termos do
contrato, sem que contra ele corra o prazo decadencial do art. 26 do CDC; ou de exercer
seu direito à garantia legal, com base no art. 18, § 1º, do CDC, no prazo do art. 26 do
CDC. 10. A garantia estabelecida pelo fabricante, porque se agrega ao produto como
fator de valorização e, assim, interfere positivamente na tomada de decisão do
consumidor pela compra, vincula também o comerciante, que dela se vale para
favorecer a concretização da venda.(...) 15. A tolerância do consumidor, que crê e
aguarda a solução do problema, mesmo depois de ultrapassado o prazo legal concedido
ao fornecedor, para assim tentar preservar o negócio jurídico tal qual celebrado, não deve,
em princípio, ser interpretada como renúncia ao seu direito de reclamar, inclusive porque,
até que receba uma resposta inequívoca, não corre contra ele o respectivo prazo
decadencial (art. 26, § 3º, do CDC).” REsp 1734541/SE

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