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MAINGUENEAU, D. Pragmática para o discurso literário. 1996 (cap 5. as leis do discurso).

Máximas conversacionais… postulados de conversação (GRICE)

LEIS DO DISCURSO: O. Ducrot.

Código de comportamento dos interlocutores… não leis da gramática.


De normas que supõem que sejam respeitadas quando se joga o jogo da conversação.
O intercâmbio verbal, como qualquer atividade social, repousa num contrato tácito.
As convenções tácitas nada tem a ver com as regras da morfologia ou sintaxe… são leis de
funcionamento.

Três princípios gerais: de cooperação, de pertinência e de sinceridade.


Princípio de cooperação: metaprincípio, segundo Grice.
Os sujeito falantes se esforçam por não bloquear o intercâmbio, por fazer a atividade discursiva ter
êxito.

Princípio de pertinência: a avaliação da pertinência depende dos destinatários, de acordo com seus
conhecimentos e do que já dispõem num determinado contexto.

Princípio de sinceridade: se presume que toda enunciação é sincera, pois os locutores


supostamente só devem afirmar o que consideram verdadeiro, se devem ordenar o que querem ver
realizado, só devem perguntar aquilo cuja resposta desejam de fato conhecer. Isso não passa de
regra do jogo. .. não existe sinceridade e nem falta dela, mas sujeitos que dizem o que é necessário
para serem integrados numa coletividade.

Lei de informatividade

ao dos princípios estão algumas leis do discurso mais específicas que se referem ao conteúdo dos
enunciados… a lei da informatividade é uma das mais utilizadas. Seu campo de aplicação é vasto,
pois exclui que se fale para não dizer nada.

Lei de exaustividade

prescreve que um enunciado forneça a informação pertinente “máxima”… com esta lei apreende-se
até que ponto o funcionamento do discurso se afasta da lógica. A lei de exaustividade é subordinada
ao princípio de pertinência, o locutor deve dar um máximo de informações, mas apenas as que são
suscetíveis de convir ao destinatário.

Lei de modalidade

por ela são condenados os múltiplos tipos de obscuridade na expressão (frases complexas demais).

Leis do discurso e comportamento social

teoria das faces


face é considerada uma acepção ilustrada pelas expressões salvar/perder a face.
Defesa do território.
Defesa de si e ataque ao outro… dirigir-se a alguém, interrompê-lo…
tudo é uma questão de face negativa ou positiva… é a condição de qualquer comunicação… é um
incessante jogo de negociações entre forças contraditórias.
Poupar o outro

poupar a face positiva e o território do outro é uma preocupação fundamental dos interlocutores.

Poupar a si mesmo

toda medalha tem seu reverso


como sempre nas leis do discurso, não se devem revertê-las demais… um locutor deixa que
ameacem sua face positiva ou seu território se desvaloriza.

Um teatro pedagógico

Não dizer o que convém, mas demonstrar através do drama.

Leis do discurso: o enunciador define sua relação com elas definindo sua identidade.

DE MODO RESUMIDO:

1.Princípio da cooperação: Maingueneau entende que “cada um dos protagonistas reconhece a si e a


seu co-enunciador os direitos e os deveres vinculados à elaboração do intercâmbio” (p.117). Aqui é
importante perceber que se não acontecer esse princípio da cooperação, cada locutor vai emitir
informações solitárias. Neste exemplo, o processo de comunicação não acontece porque o receptor
não coopera, não dirige sua atenção, não decodifica as informações.
2. Princípio da pertinência: “Para interpretar os enunciados do locutor, o destinatário presume que
ele respeita o axioma de pertinência” (p.118). Neste princípio, o locutor precisa discorrer sobre um
assunto coerente ao destinatário para que este compreenda e possa acontecer a comunicação. Aqui
nota-se a ressalva das palavras de uma pessoa reconhecida, que “serão sempre presumidas
pertinentes, enquanto as de uma pessoa sem crédito serão desqualificadas com facilidade” (p.119).
3. Princípio da sinceridade: Dentro das leis do discurso, esse princípio é um dos mais delicados,
pois “oscila-se entre uma concepção 'cínica' [...] (não existe nem sinceridade, nem falta de
sinceridade, mas sujeitos que dizem o que é necessário para serem integrados numa coletividade)”
(p.121), ou seja, a prática humana em exercer papéis (como os teatrais) dependendo do local de
interação social; e “uma concepção psicológica ou ética (ser sincero é dizer o que pensa)” (p.121),
colocando em desconforto as relações sociais, pois, será que o outro está preparado para a
sinceridade?
4. Lei da informatividade: Ela “exclui que se fale 'para não dizer nada'. Seu manejo, porém, não é
simples. A noção de informatividade varia em função dos destinatários e dos contextos” (p. 123).
Esta lei aponta a necessidade de um discurso que realmente informe, aponte novidades para o
destinatário e este encontre valor no discurso.
5. Lei da exaustividade: “Supõe-se que o locutor deva dar um máximo de informações, mas apenas
as que são suscetíveis de convir ao destinatário” (p.125). Aqui se descobre a necessidade de ser
objetivo ao discursar e que os detalhes podem cansar o destinatário, gerando ruídos no processo de
comunicação.
6. Lei de modalidade: “Por ela são condenados os múltiplos tipos de obscuridade na expressão
(frases complexas demais, elípticas, vocabulário ininteligível, titubeios etc.) e a falta de economia
nos meios” (p.126). Esta lei retira os ruídos linguísticos do enunciado, visando um discurso limpo e
compreensível.

A MORTE DO AUTOR
Roland Barthes…

a escrita é esse neutro, esse compósito onde foge o sujeito… onde perde-se toda identidade.
Escrita: o autor entra na sua morte e a escrita começa.
O autor é uma personagem moderna, produzia por esta sociedade…

o surrealismo contribuiu para dessacralizar a imagem do Autor.


A linguística acaba de fornecer a destruição do Autor um instrumento analítico precioso… ao
mostrar que a enunciação é inteiramente um processo vazio que funciona n perfeição sem precisar
ser preenchido pela pessoa dos interlocutores; linguisticamente, o autor nunca é nada mais para
além daquele que escreve… a linguagem conhece sujeito não uma pessoa…

escrever já não é mais uma operação de registro, mas sim um performativo, forma verbal rara.

O texto é um espaço de dimensões múltiplas onde se casam e se contestam escritas variadas,


nenhuma das quais é original; o texto é um tecido de citações, saídas dos mil focos da cultura.
O autor agora é um imenso dicionário onde vai buscar uma escrita que não pode conhecer nenhuma
paragem.

Na escrita moderna tudo está para deslindar e não por decifrar…


a escrita é um texto escrito por múltiplos saídas de várias culturas e que entram umas com as outras
em diálogo, paródia ou contestação; o nascimento do leitor tem de pagar-se com a morte do autor.

II. SUJEITO, HISTÓRIA E LINGUAGEM


Autora: Eni P. Orlandi.

A proposta da AD é marcada pelo fato de que a noção de leitura é posta em suspendo, tendo como
fundamental a questão do sentido…
Ou seja, a linguagem é linguagem porque faz sentido e só faz sentido porque se inscreve na história.

SOBRE A LEITURA
Roland Barthes

a pertinência é o ponto de vista sob o qual se escolheu olhar, interrogar, analisar um conjunto…
toda leitura é penetrada pelo desejo ou pela repulsa…

recalcamento;

DOS TOPOI AOS ESTERIÓTIPOS


Ruth Amossy

é no campo das opiniões compartilhadas (doxas), dos lugares comuns, não no sentido de sistemas
lógico-discursivos, mas de ideias preconcebidas, que é elaborada a relação do logos e do pathos
entre si, a qual permite a total persuasão.

Qualquer tópico portador de conteúdos dóxicos pregnantes apela tanto para a emoção e a
imaginação quanto pata a razão.

A propósito do ethos
Dominique Maingueneau

o ethos se mostra no ato de enunciação, ele não é dito no enunciado. Ele permanece, por sua
natureza, no segundo plano da enunciação, ele deve ser percebido, mas não deve ser o objeto do
discurso.
O ethos está crucialmente ligado ao ato de enunciação, mas não se pode ignorar
que o público constrói também representações do ethos do enunciador antes mesmo
que ele fale.

Aristóteles fala, então, do “caráter [= ethos] das constitutições”. Os homens que vivem
sob uma certa constituição política (aristocrática, democrática…) têm um certo tipo de
caráter, e a argumentação do orador deve levar isso em conta.

O ethos se elabora, assim, por meio de uma


percepção complexa, mobilizadora da afetividade do intérprete, que tira suas informações
do material lingüístico e do ambiente. Há ainda algo mais grave: se se diz que o ethos
é um efeito de discurso, supõe-se que podemos delimitar o que decorre do discurso; mas
isso é muito mais evidente para um texto escrito do que numa situação de interação oral.

Além disso, a noção de ethos remete a coisas muito diferentes conforme seja
considerada do ponto de vista do locutor ou do destinatário: o ethos visado não é
necessariamente o ethos produzido. Um professor que queira passar uma imagem de
sério pode ser percebido como monótono; um político que queira suscitar a imagem de
um indivíduo aberto e simpático pode ser percebido como um demagogo. Os fracassos
em matéria de ethos são moeda corrente.

o ethos é uma noção discursiva, ele se constrói através do discurso, não é uma
“imagem” do locutor exterior a sua fala;
– o ethos é fundamentalmente um processo interativo de influência sobre o outro;
– é uma noção fundamentalmente híbrida (sócio-discursiva), um comportamento
socialmente avaliado, que não pode ser apreendido fora de uma situação de comunicação
precisa, integrada ela mesma numa determinada conjuntura sócio-histórica.

Convocando de maneira pouco ortodoxa a etimologia,


podemos fazer render essa “incorporação” sob três registros:
– a enunciação da obra confere uma “corporalidade” ao fiador, ela lhe dá corpo;
– o destinatário incorpora, assimila um conjunto de esquemas que correspondem a
uma maneira específica de se remeter ao mundo habitando seu próprio corpo;
– essas duas primeiras incorporações permitem a constituição de um corpo da
comunidade imaginária dos que aderem ao mesmo discurso.

De maneira geral, o discurso publicitário contemporâneo mantém, por natureza,


uma ligação privilegiada com o ethos; ele busca efetivamente persuadir ao associar os
produtos que promove a um corpo em movimento, a uma maneira de habitar o mundo.
Em sua própria enunciação, a publicidade pode, apoiando-se em estereótipos validados,
“encarnar” o que prescreve

Seja no texto de Althusser ou nesse folheto publicitário, vemos a capacidade do


discurso de criar ethe que não remetem a modos de dizer socialmente atestados, e que,
no entanto, têm eficácia social, uma vez que permitem definir cenas de enunciação nas
quais os atores sociais dão sentido a suas atividades..

QUE SÃO GÊNEROS TEXTUAIS?

Cleide Pedrosa

concepção instaurada pelo filósofo da linguagem e teórico literário, Bakhtin…


para Bakhtin, a linguagem permeia toda a vida social,exercendo um papel central na formação
sociopolítico e nos sistemas ideológicos.
Toda palavra é ideológica e toda utilização está ligada à evolução ideológica…
a noção de dialogismo como princípio fundamental da linguagem e da vida: toda linguagem é
dialógica, ou seja, todo enunciado é sempre um enunciado de um locutor para seu interlocutor.

Os gênero possuem três dimensões constitutivas:


1; conteúdo temático ou aspecto, objetos sentidos, conteúdos gerados numa esfera discusiva
2; estilo ou aspceto expressivo
3; construção composicional ou aspecto formal do texto

os gêneros do discurso são formas históricas características de enunciados e não tipos abstratos e
formais de textos.

Bakhtin vê os gêneros como resultado de um uso comunicativo da língua em sua realização


dialógica…

Meuer… um gênero é um exemplar específico com função também específica, usado em contextos
sociais peculiares e, consequentemente, práticas únicas.

Os enunciados concretos, unidades


da interação verbal, têm seu conceito articulado ao de gênero do discurso - circulam,
funcionam e adquirem sentido como “modos de enunciar”

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