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CETEP - CENTRO TERRITORIAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DA BACIA

DO RIO GRANDE

EIXO TECNOLÓGICO: DIREITO APLICADO

MICHELLE SILVA NOVAES

HISTÓRIA DO DIREITO

BARREIRAS – BA

2021
MICHELLE SILVA NOVAES

HISTÓRIA DO DIREITO

Projeto de pesquisa apresentado ao CETEP – BRG,

como requisito parcial para a obtenção de média semestral.

Professor Orientador: Hélder Souza.

BARREIRAS – BA

2021

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................ 4

2. Desenvolvimento ................................................................................................ 5
2.1 História do Direito ...................................................................................... 5-9
2.2 Histórico das diferentes áreas do Direito no Brasil .................................... 9

2.2.1 História do Direito Penal ................................................................... 9-10

2.2.2 História do Direito Civil ......................................................................... 10


2.2.3 História do Direito Ambiental .......................................................... 10-11
2.2.4 História do Direito Empresarial ............................................................ 11
2.3 Novas perspectivas para o Direito e a carreira jurídica ....................11-12

3. Conclusão .......................................................................................................... 13
4. Referências ........................................................................................................ 14

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1. Introdução

O Direito e a História possuem uma relação acentuadamente estreita, de tal sorte que
esta, no que diz respeito aos fatos registrados no decurso da evolução da ciência
jurídica, integra a grade curricular dos inúmeros cursos desta área do conhecimento
da legalidade espalhados pelo Brasil, mostrando a influência que uma exerce sobre o
outro. Nesse sentido, a História do Direito acompanha par e passo a História da
Humanidade, e são muitas as ocasiões em que a primeira se transforma na segunda,
em função de que mudanças constatadas na sociedade são, na verdade, mudanças
ocorridas no Direito, mostrando a íntima ligação entre História e Direito.

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2. Desenvolvimento

2.1 História do Direito

Em termos generalistas, não há como se falar em História do Direito,


particularizando a questão, considerando que a expressão que deve ser usada seria
histórias dos direitos, haja vista que cada forma de direito manifestada possui uma
história, a qual é diversificada e distinta em cada núcleo social, desvelando e
retratando as estruturas basilares da mesma. (NASCIMENTO, 2008).

Segundo estudos realizados sobre a história sócio-antropológica e mesmo


historiográfica do Direito, encontram-se tradições culturais inseparavelmente ligadas
e particulares de cada núcleo social, registrando exercícios rituais aplicados à solução
de conflitos, e de regulação das relações sociais e das relações das pessoas com os
elementos essenciais da estrutura social, sem levar em conta a priori, o aspecto
formal, ou seja, se codificadas ou não, se escritas ou não. (AZEVEDO, 2005)

Segundo Pedrosa (2006), o que existe em termos de História não é universal,


mas sim, a retratação das diferentes histórias das civilizações e povos que já
habitaram a Terra, cada uma contada da maneira particular de cada povo, além de
possuir modo próprio de registrar a história dos outros, o que leva à conclusão de que,
se a História do Direito tem íntima relação com a História da Humanidade, tem-se
condições de afirmar a não existência de uma História do Direito, mas vertentes
diversificadas que tratam as diferentes Histórias do Direito.

Assim, a História do Direito pode ficar limitada a disposições nacionais ou


regionais, situação em que contem registros históricos de povos que se identificam
pela mesma linguagem ou tradições culturais, circunstância que tornaria mais fácil o
estudo da História desse Direito, em razão da existência de elementos semelhantes
que permitiriam aprofundar esse estudo. Esta assertiva pode ser exemplificada com a
referência à História do Direito Romano e suas instituições, ou, ainda, do Direito
Português, de formas de aplicação do Direito como a common-law, do Direito
Brasileiro, abordando o Direito por intermédio de correntes de pensamentos ou de
ideias.

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A importância significativa da História do Direito romano e de suas instituições
pode ser visualizada ao se estudar a tradição europeia continental, o que, também, é
possível perceber em relação ao Direito Latino Americano. Entretanto, no que diz
respeito ao Direito Norte Americano, sente-se com mais ênfase a tradição anglo-
americana da common-law. Da mesma forma, ao se pesquisar as Histórias do Direito
dos povos de tradição islâmica, apreende-se que não levam em conta as tradições já
referenciadas, sentindo-se que entre eles tem prevalência estreita relação com a
História da Religião, o que é compreensível, dado que, também a religião, da mesma
maneira que o Direito, tem sua origem radicada nas relações humanas. (CASTRO,
2007).

Comparando-se as diferentes escolas jurídicas, constata-se que estas


influenciam cada sociedade ou região, o que leva à conclusão de não haver
possibilidade de se atribuir classificação como arcaico, incompleto ou retrógrado, a
nenhum sistema jurídico, haja vista que cada um deles é resultante do grupo social
que o criou ou adotou, significando que esse ordenamento é o que melhor soluciona
os conflitos e regula as relações naquela comunidade, num dado momento. (AGUIAR
e MACIEL, 2007)

Assim sendo, pode-se considerar como erro o exame da História de um


sistema jurídico em que se toma por base uma sociedade anterior, ou posterior, à
aquela em que o ensinamento jurídico vigia, ou era aceito, dado que cada sociedade
cria os regulamentos e leis mais convenientes naquele momento histórico vivenciado,
indicando não ser recomendável que se interprete esse ordenamento tendo em conta
circunstâncias de outro momento, o que pode ensejar conclusões errôneas e
preconceituosas. (AGUIAR e MACIEL, 2007).

Analisando-se o Direito como resultado das interações entre os seres


humanos, chega-se à conclusão de que, no momento em que houver um contato mais
próximo entre os componentes de um dado grupo social, ai serão utilizadas normas
de convivência, que são o germe do Direito, haja vista não ser possível se conceber
ciência jurídica, direito, costume, sem que o substrato básico desse pensamento
sejam as relações entre seres humanos.

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Classificar um ordenamento jurídico levando em conta atualidade (moderno)
ou antiguidade (arcaico), requer a reflexão e o estudo sobre a eficiência de tal sistema
para sociedade que o elaborou e o colocava em prática. Nessas circunstâncias, se
pode considerar que ordenamento seja arcaico se, na época em que se originou, e no
grupo social em que foi criado, não alcançou eficiência nem efetividade, não tendo
cumprido o papel básico de qualquer sistema jurídico, qual seja o de regular as
relações sociais do seu tempo.

Mas, não se pode, também, ignorar que muitos sistemas jurídicos criados há
muito tempo atrás na História da Humanidade, ainda hoje tem seus regramentos e
instituições utilizados para embasar a definição de legislação mais atual, forma pela
qual, sua vida foi estendida.

A definição da lei se verifica no âmbito do Direito positivo, personificado na


linguagem e dotado de poder absoluto. Assim sendo, o direito do povo antecede à
formalização da lei, haja vista ser esse direito o seu conteúdo, conferindo-lhe eficácia
e eficiência. Assim, entende-se que a lei se configura no órgão do direito do povo,
entendimento confirmado pela concepção de Savigny quando afirma que o jurista tem
como objeto de ocupação a convicção comum do povo, isto é, o “espírito do povo”,
fonte de onde se origina o Direito, atribuindo sentido histórico ao Direito, evidenciando
como Direito e sociedade evoluem juntos, em uma relação mútua de influência e
transformação, um refletindo o anseio do outro.

Conhecer o surgimento de um sistema jurídico constitui-se em trabalho dos


mais complexos, sendo ainda mais dificultoso quando se considera as sociedades que
não conheciam nem dominavam a escrita, circunstância que indica não terem deixado
registros escritos que possam ser considerados como marco inicial do Direito.
Entretanto, se constata facilmente que mesmo o mais simplório dos agrupamentos
humanos, possuía regras de convivência, tanto entre os seus membros, como deste
com membros de outros grupos. (CASTRO, 2007).

Ainda que houvesse grupo social no qual o mais forte era quem detinha o
poder, neste havia, também, uma norma que regulava, e até condenava as relações
então existentes, demonstrando, dessa forma, que o Direito, ou um sistema jurídico,

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não é algo isolado, característica que direciona para uma relação complexa com
outras ciências e com os mais diversos elementos que compõem o corpo social,
posicionamento esse que se harmoniza com a manifestação de Wolkmer (2006),
quando afirma:

Trata-se de pensar a historicidade do direito, no


que se refere à sua evolução histórica, suas ideias e suas
instituições, a partir de uma reinterpretação das fontes do
passado sob o viés da interdisciplinaridade (social,
econômico e político) e de uma reordenação metodológica,
em que o fenômeno jurídico seja descrito sob uma
perspectiva desmistificadora.

Permeando o relacionamento entre o Direito e a História, interpõem-se duas


questões primárias que devem ser levadas em conta, antes de se buscar aprofundar
o conhecimento sobre a origem do Direito. A primeira delas configura-se na
conceituação do Direito, atividade que se mostra quase impossível, frente a existência
de várias definições do que seria o Direito, haja vista que a doutrina predominante não
conseguiu chegar a um denominador comum, ora conceituando-o como norma, ora
como faculdade de agir, ora, ainda, como ramo do conhecimento, além de como
ciência, e, também, como ideal de justiça. Nesse sentido, e com base nas explanações
feitas até aqui, entende-se que a definição que mais se coaduna com o nascimento
do Direito é a que o define como norma de controle das relações entre os homens.
(IHERING, 2009).

A segunda questão é mais simples, configurada no questionamento sobre a


possibilidade de se estudar o Direito sem conhecer as suas origens. Nesse caso,
considera-se patente que, para se estudar o Direito, é fundamental que se conheça
sua origem e evolução ao longo do tempo, forma pela qual se pode chegar a
compreender o estágio atual. Mas, para se evitar incorrer no erro corriqueiro de pensar
o Direito tão somente como norma positivada ou codificada, eis que ele está inserto
nas relações humanas, independentemente delas serem mais ou menos complexas.
Assim sendo, Direito não é apenas norma escrita, sendo qualquer regra de convívio
que pauta a relação entre indivíduos.

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Assim, a partir das considerações tecidas, chega-se à conclusão de que a
origem dos sistemas jurídicos são as relações entre os indivíduos, cuja complexidade
depende da complexidade das interações sociais que ocorriam, entendimento
alicerçado na assertiva de Wolkmer (2006, p. 2) de que: “Certamente que cada povo
e cada organização social dispõem de um sistema jurídico que traduz a especialidade
de um grau de evolução e complexidade.”

Concluindo, considera-se que não se deve classificar um sistema jurídico de


arcaico, devido este não dispor sobre relações complexas, ou, por não ter uma
complexidade no seu conteúdo, dado que ele é reflexo de uma sociedade, por isso
não poderia refletir ou prever algo que, socialmente, não existia. Nesse sentido, não
é possível se conceber um sistema de leis não consubstanciado nas relações sociais,
pois o direito antes de tudo é norma para regular a relação entre os indivíduos, e
destes com os elementos naturais.

2.2 Histórico das diferentes áreas do Direito no Brasil

A História do Direito brasileira pela perspectiva dos instituto formais e positivos inicia-
se, então, com a colonização portuguesa. As normas vivenciadas pelos grupos
indígenas aqui habitantes passaram a conviver – não de forma harmônica, uma vez
que o processo de colonização deu-se com base em um massacre à cultura indígena
– com as normas portuguesas aqui aplicadas.

Em um primeiro momento, portanto, as normas vigentes não eram propriamente


brasileiras. A primeira Constituição brasileira, por exemplo, data de 1824, quando o
Brasil passa a ser a capital do Império. E em 1988 foi promulgada, então, a sétima e
atual Constituição Federal.

Nesse período, também as áreas do Direito passaram por transformações. Não


apenas houve uma adequação ás normas da Carta Maior – que condicionam as
normas de hierarquia inferior em sua recepção ou não – como também uma
adequação às transformações locais e globais.

2.2.1 História do Direito Penal

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A História do Direito Penal possui alguns fundamentos que remontam à Grécia Antiga.
No entanto, o que se verifica diante de um Direito Penal do Inimigo é uma relação
bastante intrínseca com os modelos inquisitoriais, mesmo com a importância
concedida, atualmente aos direitos humanos.

Por óbvio, o Código Penal e a estrutura do Direito de um modo geral se modificaram


bastante ao longo dos anos. Já não se pode, conceber, portanto, dispositivos que
admitam a impunibilidade de crimes de estupro em face do casamento do agressor
com a vítima, por exemplo. Contudo, existem elementos que continuam a influenciar
a forma, sobretudo, com que o Direito Penal é vislumbrado na sociedade. E,
consequentemente, a prática jurídica.

O Código Penal brasileiro vigente data de 1940. Quase 80 anos, portanto, passaram-
se desdes a sua publicação, considerando que o projeto é ainda anterior. Percebe-se,
assim, que, mesmo com as modificações nos dispositivos, o código foi escrito com
base em uma sociedade bastante diferentes, em que direitos humanos, por exemplo,
começavam a ser discutidos, em que a mulher ainda era vista como propriedade do
homem, em que o racismo ainda não era criminalizado, entre tantos fatores. Enfim,
ainda que a redação se altere, os fundamentos originários ali permanecem.

2.2.2 História do Direito Civil


A História do Direito Civil, por sua vez, remonta ao Direito Romano. Assim, percebe-
se que muitos institutos se assemelham na fundamentação aos direitos encontrados
no Império Romano. E isto decorre não apenas de uma inspiração dos juristas
brasileiros, mas de uma formação de origem latina e sua readequação no tempo.

2.2.3 História do Direito Ambiental


A História do Direito Ambiental, assim como a dos Direitos Humanos, é recente na
história do Direito ocidental. E tem ganhado impulso nas últimas décadas, sobretudo
com a evidência dos efeitos de uma industrialização em massa.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 trouxe o meio ambiente como um direito


intergeracional. E, portanto, deve ser protegido não apenas para as gerações

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presentes, mas também para as gerações futuras. Nesse sentido, o art. 225, CF/88
dispõe:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras
gerações.

2.2.4. História do Direito Empresarial


A História do Direito Empresarial é também relacionada com o advento da Era
Moderna e a ascensão do modelo de economia capitalista. É uma área do Direito
Privado voltada, então, para a regulamentação e negociação jurídica das empresas.
Historicamente, a área se separa do Direito Civil sobretudo com o advento do Código
Napoleônico de 1804.

Em 1850, foi publicado o Código Comercial Brasileiro, onde se encontravam, assim,


os principais dispositivos de Direito Empresarial. Em 2002, contudo, com a publicação
de um Novo Código Civil Brasileiro, a maior parte do Código Comercial foi revogada.
Continua em vigor, desse modo, apenas a parte relativa ao Direito Comercial Marítimo.
Os demais englobados pelo Direito Empresarial, enfim, são regulados pelo Código
Civil, apesar da separação anterior das áreas.

2.3 Novas perspectivas para o Direito e a carreira jurídica

A História do Direito é uma disciplina em constante produção. Afinal, a história não


para. O hoje torna-se ontem na medida em que os minutos decorrem. E a percepção
de que o presente é histórico advém apenas no momento em que há uma ruptura.
Nesse sentido, é importante observar que tanto o Direito quanto a carreira jurídica tem
se modificado não apenas quanto às novas perspectivas sobre as interações sociais,
como no casos dos direitos humanos, como também na interação com uma sociedade
que aposta cada vez mais na tecnologia.

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Temas como, por exemplo, a inteligência artificial na advocacia ganham cada vez
mais relevância, porque impactam a aplicação do Direito. E, desse modo, modificam-
no também. Isto porque exigem estudos acerca das repercussões que podem gerar
no ordenamento.

Do mesmo modo, a advocacia também se modificou ao longo dos anos. A formação


e a atuação do profissional até o final do século XX era, de modo geral, mais
abrangente. E englobava, assim, diferentes áreas do Direito. Contudo, com o aumento
da demanda em complexidade, mas também do mercado jurídico, verificou-se um
processo de segmentação da advocacia. Atualmente, as especializações e
segmentações por nichos são fatores de diferenciação dos profissionais e ferramentas
cada vez mais buscadas dentro da carreira.

Enfim, uma análise integral da História do Direito é complexa, dadas as


particularidades que o Direito assume nos locais e nas suas diferentes áreas. E exige
análise e correlação dos contextos políticos e sociais. Isto, contudo, não impede seu
estudo. Pelo contrário, é imprescindível que os advogados conheçam as origens do
Direito não apenas para aplicá-lo, mas também para buscar mudanças.

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3. Conclusão

Do que foi explanado, entende-se que a História do Direito, na condição de


fonte de informação, deve abranger não só as leis escritas, ou sistemas jurídicos que
tiverem uma positivação, não devendo, nem mesmo, fazer um certo juízo de valor a
respeito dos conjuntos de leis mais antigas, que foram reflexo do seu tempo e da
complexidade que a sociedade que as gerou ou adotou atingiu, constituindo-se,
portanto, em soluções e regramentos para as suas relações. Dessa forma, não deve
sofrer uma valoração, mas sim, serem estudadas com o afã de se buscar as relações
sociais inerentes a todo o direito.

Portanto, a História do Direito deve incumbir-se de “ler” o Direito, distinguindo


e correlacionando suas mudanças com as transformações sofridas pela sociedade,
estando alerta para os seus elementos formadores, e como eles interferem e
influenciam o mundo jurídico, buscando perceber se os ordenamentos passados
foram suficientes, ou melhor, se as premissas postas por estes ordenamentos
contemplavam a complexidade de suas sociedades.

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4. Referências

https://jus.com.br/artigos/67330/a-historia-do-direito

https://blog.sajadv.com.br/historia-do-direito/

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