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Disciplina de Doenças de Pragas Agrícolas e sua Interação com o Ambiente

(EAN410016)
Atividade de Ajuste de Curvas de Progresso de Doenças no Microsoft Excel: Modelos
Matemáticos
Mestranda: Laura Vezzani

Foram gerados gráficos de dispersão para se observar o comportamento das


doenças ao longo dos dias em que foram avaliadas. Os fungos utilizados nos trabalhos
foram: Cercospora apii (Hospedeiro: Aipo), Sporisorium scitamineum (Hospedeiro:
Cana de Açúcar) e Phytophthora infestans (Hospedeiro: Batata).
É possível observar o crescimento do fungo C. apii (FIGURA 1) de forma lenta
até o dia 40, quando passa a se desenvolver de forma acelerada a partir do dia 60 e
estabilizar seu crescimento a partir do dia 100.

Figura 1 – Gráfico de dispersão para a doença causada por Cercospora apii

Para o crescimento do fungo S. scitamineum foram necessários 20 dias para que


fosse possível observar o seu desenvolvimento de forma significativa (FIGURA 2) e
100 dias para a estabilização de seu crescimento. As avaliações de crescimento do fungo
P. infestans foram realizadas 4 vezes ao dia, em diferentes datas ao longo de 37 dias. A
partir de seu gráfico de dispersão (FIGURA 3), é possível observar que seu crescimento
se tornou significativo a partir de 11 dias e passou a crescer rapidamente, não
alcançando a estabilização de seu desenvolvimento durante as avaliações.
Figura 2 - Gráfico de dispersão para a doença Sporisorium scitamineum

Figura 3 - Grafico do desenvolvimento da doença causada pela Phytophthora infestans

Foram testados 5 modelos matemáticos e ajustadas as curvas de crescimento das


doenças no programa Excel para cada uma das três doenças, com o objetivo de se
definir o modelo que melhor se ajustasse conforme os cenários encontrados durante as
observações realizadas em espécies fúngicas e intervalos de tempo diferentes.
Encontrados os valores de taxa de crescimento da doença (r) e inóculo inicial
(y0) para cada um dos modelos testados, foram calculados os valores previstos e o
Coeficiente de Determinação (R2) como medida de qualidade para os ajustes.
Seguem os valores encontrados para cada uma das três doenças conforme os
modelos testados:
A) Cercospora apii

A cercosporiose causada por fungos do gênero Cercospora é uma doença de


grande importância para algumas culturas comerciais, em especial o café, com agente
causal a Cercospora caffeicola Berk e Cooke. Este patógeno causa lesões nas folhas de
seus hospedeiros que resultam na queda destas, assim como lesões nos frutos (ACQUA
et al., 2011).
As espécies do gênero Cercospora ainda produzem uma toxina chamada
cercosporina, que intensificada a severidade do ataque às plantas quando na presença de
alta intensidade luminosa. A toxina é capaz de causar a necrose das células vegetais.
Períodos de molhamento foliar entre 6 e 12 horas causa máxima severidade da doença,
assim como temperaturas entre 24 e 30ºC se tornam ótimas para crescimento e
germinação do fungo (DAUB et al., 2005 apud. CUSTÓDIO et al., 2010).

Tabela 1 - r R2
Cercospora apii
(Hospedeiro: Aipo)
XModelo
Linear 0,00 0,92
98 16
Exponencia 0,04 0,45
l 78 40
Monomolec 0,04 0,48
ular 46 47
Logístico 0,09 0,99
24 61
Gompertz 0,06 0,94
00 35

O maior valor encontrado para o Coeficiente de Determinação (R 2) entre os


modelos testados foi para o modelo matemático Logístico, com 0,9961, indicando
melhor ajuste para o cenário analisado. Os coeficientes encontrados foram aplicados em
sua fórmula, calculados valores previstos conforme a equação (FIGURA 4) e esta
utilizada para gerar um gráfico da integral (FIGURA 4) no site de apoio Wolfram
Alpha®. A partir do gráfico (FIGURA 4) é possível visualizar a área de crescimento
abaixo da curva de crescimento micelial (ICM) no valor de 66,6 conforme integral do
modelo.
Figura 4 - Gráfico de dispersão dos valores previstos pelo modelo Logístico e valores de severidade
obtidos

Figura 5 - Integral do modelo Logístico e gráfico da área de crescimento abaixo da curva (ICM)

Em um trabalho realizado por Acqua et al. (2011), onde foram avaliadas a


variabilidade in vitro, in vivo e molecular de isolados de Cercospora coffeicola, os
dados obtidos de crescimento micelial dos isolados em quatro temperaturas diferentes
foram ajustados em equações de regressão quadrática. No estudo realizado por Custódio
et al. (2010), a Área de Crescimento abaixo da curva foi calculada para diferentes
situações de umidade e temperatura, com resultados expressivos em relação à diferenças
de valores conforme o cenário.
B) Sporisorium scitamineum

Conhecida popularmente como “carvão”, a doença causada pelo fungo


Sporisorium scitamineum em culturas de Cana de Açúcar causa diversos problemas às
plantas, como afinamento dos colmos, superbrotamento das touceiras, desenvolvimento
de gemas laterais e subdesenvolvimento da planta. A disseminação do patógeno ocorro
principalmente pelo vento, pelo plantio de mudas já contaminadas ou por contaminação
pelo solo (CTC, 2018).

Tabela 2 - Sporisorium scitamineum (Hospedeiro: Cana de Açúcar)


Modelo r R2
Linear 0,0059 0,7101
Exponencial 0,0141 0,4809
Monomolecula 0,0331 0,9903
r
Logístico 0,0472 0,9229
Gompertz 0,0388 0,9648

Conforme a tabela 2, o maior valor encontrado para o coeficiente R 2 dos


modelos estudados foi o Monomolecular, com 0,9966. A partir da equação deste, foi
gerado um gráfico (FIGURA 7) conforme a integral e os coeficientes r e y0
encontrados, além de um gráfico de dispersão com os valores previstos conforme a
equação e os obtidos de severidade (FIGURA 6). A área de crescimento abaixo da curva
encontrada pelo site Wolfram Alpha® foi de 117,789.
Figura 6 - Gráfico de dispersão dos valores previstos pelo modelo Monomolecular e valores de severidade
obtidos

Figura 7 - Gráfico de crescimento abaixo da curva e equação integral para Sporisorium scitamineum no
modelo Monomolecular.

No trabalho realizado por Silveira (2016), onde foi testado o desenvolvimento


do fungo S. scitamineum em filtros de carvão, os dados obtidos foram previstos pelo
melhor preditor linear não viesado (Best Linear Unbiased Prediction - BLUPs) para
cálculo de parâmetros genéticos, como variações (genética e ambiental) e herdabilidade.
C) Phytophthora infestans

Uma das doenças de maior importância econômica para a cultura da batata é a


chamada Requeima, causada pelo fungo Phytophthora infestans. Ela é responsável por
perdas significativas por conta da rapidez com que os patógenos infectam os órgãos
aéreos das plantas e disseminam pelos plantios. O fungo é favorecido por períodos de
alta umidade e temperaturas médias, podendo se desenvolver em qualquer fase do
desenvolvimento das plantas. A doença pode afetar as folhas, hastes, pecíolos e
tubérculos da cultura da batata (ROSENBECKER; GOMES; GOMES, 2006; TOFOLI
et al., 2016)

Tabela 3 - Phytophthora infestans (Hospedeiro: Batata).


Modelo r R2
Linear 0,0334 0,9415
Exponencial 0,1747 0,7790
Monomolecula 0,0608 0,8097
r
Logístico 0,2368 0,9696
Gompertz 0,1210 0,9806

Conforme os dados obtidos de Coeficiente R2 para os 5 modelos testados, o que


melhor se ajustou aos dados obtidos foi o de Gompertz, no valor de 0,9806. Utilizando-
se então dos coeficientes r e y0 obtidos, foram gerados valores previstos de severidade
em proporção para a doença P. infestans e um gráfico para o cálculo da área abaixo da
curva de crescimento, porém o gráfico gerado não correspondeu com o esperado.
Figura 8 - Figura 5 - Gráfico de crescimento abaixo da curva e equação integral para Phytophthora
infestans

No trabalho realizado por Tofoli et al. (2015), onde se propôs avaliar o


crescimento do fungo P. infestans sob diferentes produtos químicos fungicidas, a área
de crescimento abaixo da curva encontrado na testemunha foi de 63,45. Já no estudo
realizado por Rosembecker, Gomes e Gomes (2006) a área encontra nadas testemunhas
em um ensaio sobre o tratamento das batatas com o uso de óleos essenciais contra o
patógeno foi de 1788.
REFERÊNCIAS

ACQUA, Raphaela Dell’ et al. Variabilidade in vitro, in vivo e molecular de


isolados de Cercospora coffeicola. Tropical Plant Pathology, Londrina, v. 5, n. 36, p.
313-326, set. 2011.

BOSENBECKER, Veridiana Krolow; GOMES, Cesar Bauer; GOMES, João


Carlos Costa (org.). EFEITO DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS MEDICINAIS
NO CONTROLE DE Phytophthora infestans EM BATATA. Rev. Bras. de
Agroecologia, Londrina, v. 1, n. 1, p. 1721-1724, 12 nov. 2006. Disponível em:
https://legacy.agroecologiaemrede.org.br/acervo/arquivos/P314_2005-08-
18_152919_449.pdf. Acesso em: 07 out. 2021.

CTC. Centro de Tecnologia Canavieira. PRAGAS E DOENÇAS DA CANA-


DE-AÇÚCAR. 2018. Disponível em: http://ctc.com.br/produtos/wp-
content/uploads/2018/07/Caderneta-de-Pragas-e-Doen%C3%A7as-da-Cana-de-a
%C3%A7%C3%BAcar-CTC.pdf. Acesso em: 07 out. 2021.

CUSTÓDIO, Adriano Augusto de Paiva et al. INTENSIDADE DA


FERRUGEM E DA CERCOSPORIOSE EM CAFEEIRO QUANTO À FACE DE
EXPOSIÇÃO DAS PLANTAS. Coffee Science, Lavras, v. 3, n. 5, p. 214-228, dez.
2010.

SILVEIRA, Bianca Rocha. MAPEAMENTO DE QTL PARA


RESISTÊNCIA A Sporisorium scitamineum EM POPULAÇÃO BI-PARENTAL
DE CANA-DE-AÇÚCAR. 2016. 72 f. Dissertação (Doutorado) - Curso de Produção
Vegetal e Bioprocessos Associados, Ciências Agrárias, Universidade Federal de São
Carlos, Araras, 2016.

TÖFOLI, Jesus Guerino et al. Controle da requeima e pinta preta da batata por
fungicidas e seu reflexo sobre a produtividade e a qualidade de tubérculos. Arquivos do
Instituto Biológico, São Paulo, v. 83, n. 1, p. 1-12, out. 2015. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/1808-1657001172013.

Wolfram Alpha. 2021. Disponível em: https://www.wolframalpha.com/.


Acesso em: 07 out. 2021.

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