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• Os direitos humanos consistem em um conjunto de direitos considerados

indispensáveis para uma vida humana assegurada pela liberdade, igualdade e


dignidade. São aqueles direitos tidos como essenciais e indispensáveis.

• Resultado dos movimentos pós Segunda Guerra Mundial, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos (DUDH), também chamada de “Declaração Universal dos Direitos
do Homem”, tornou-se o instrumento referência e, diga-se de passagem, o principal
do Sistema Global de Proteção, principalmente no tocante à concepção
contemporânea acerca dos direitos humanos.

Vale ressaltar que, quando falamos em proteção dos direitos humanos, não interessa
nacionalidade da vítima, bastando ela ter sido violada em seus direitos de índole internacional
por ato de um Estado sob cuja jurisdição se encontrava. A isso damos o nome de
Transnacionalidade dos direitos humanos.

DIREITOS HUMANOS E DIREITO FUNDAMENTAL

A CF/1988 para se referir aos direitos previstos nos Tratados Internacionais utiliza a expressão
“direitos humanos” (CF, art. 5º, § 3º). Já para tratar sobre os direitos nela positivados, utiliza a
expressão “direitos e garantias fundamentais” (Título II).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS

Vamos falar um pouco sobre as características dos direitos humanos. O rol de características
dos direitos humanos varia na doutrina. Para você, eu trouxe as características mais
importantes e as mais cobradas em prova de concurso. São elas:

Historicidade: os direitos humanos são frutos de um processo evolutivo histórico (temporal).


Eles resultaram de lutas e reconhecimento ao longo do tempo. Os direitos humanos não
surgiram, todos, de um dia para o outro, mas foi fruto de um processo gradativo ao longo do
tempo.

Universalidade: os direitos humanos alcançam todos, independente de cor, religião,


orientação sexual, ideologia etc.

Relatividade: os direitos humanos não são absolutos. Eles podem sofrer limitações.

Para ficar mais fácil, veja um exemplo: Você tem direito à liberdade expressão, certo? Isso te
dá o direito de ofender a honra das pessoas? Não! É exatamente nesse ponto que surge a
relatividade dos direitos humanos. O direito de se expressar não é absoluto, podendo ser
relativizado para impedir a ofensa a outras pessoas. Portanto, os direitos, quando se chocam,
devem se harmonizar e sempre se adequar a outros valores também protegidos.

Irrenunciabilidade: os direitos humanos não podem ser renunciados. As pessoas não possuem
a faculdade de renunciar a sua dignidade

Inalienabilidade: os direitos humanos não podem ser vendidos. Eles são intransferíveis e
inegociáveis. Por exemplo, ninguém pode vender o direito à liberdade de expressão.

Imprescritibilidade: os direitos humanos são exigíveis a qualquer tempo, não se perdendo com
o passar do tempo. Usando ou não usando esses direitos, ele sempre existirá, não havendo a
possibilidade de prescrição.
Unidade (indivisibilidade ou interdependência): os direitos humanos não são divisíveis. Eles
formam um conjunto de direitos interdependentes. Em suma, os direitos humanos formam um
bloco único de direitos.

Declaração Universal de Direitos Humanos

é fruto de um movimento extremamente recente de internacionalização dos direitos


humanos, surgido no pós-guerra, como resposta às atrocidades e aos horrores cometidos pelo
regime nazista. Apresentando o Estado como o grande violador de direitos humanos, a era
Hitler foi marcada pela lógica da destruição e da descartabilidade da pessoa humana – que
resultou no envio de 18 milhões de pessoas a campos de concentração, com a morte de 11
milhões, sendo 6 milhões de judeus, além de comunistas.

Se a Segunda Guerra significou uma ruptura com os direitos humanos, o pós-guerra deveria
significar sua reconstrução.

Como marco maior desse esforço, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é aprovada
em 10 de dezembro de 1948

A Declaração Universal de 1948, na qualidade de marco maior do movimento de


internacionalização dos direitos humanos, fomentou a inclusão desse tema no legítimo
interesse da comunidade internacional.

A partir da aprovação da Declaração Universal de 1948, e da concepção contemporânea de


direitos humanos por ela introduzida, começa a se desenvolver o direito internacional dos
direitos humanos, mediante a adoção de inúmeros tratados internacionais voltados para a
proteção de direitos fundamentais.

O sistema internacional de proteção dos direitos humanos é integrado por tratados


internacionais de proteção que refletem, sobretudo, a consciência ética contemporânea
compartilhada pelos Estados, na medida em que invocam o consenso internacional acerca de
parâmetros mínimos de proteção (o “mínimo ético irredutível”)

Ressalte-se que a Declaração de Direitos Humanos de Viena, de 1993, reitera a concepção da


Declaração de 1948, quando, em seu parágrafo 5o , afirma: “Todos os direitos humanos são
universais, interdependentes e inter-relacionados. A comunidade internacional deve tratar os
direitos humanos globalmente de forma justa e equitativa, em pé de igualdade e com a mesma
ênfase”.

Convenção pacto são josé da costa rica

O objetivo da constituição deste tratado internacional é a


busca da consolidação entre os países americanos de um
regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no
respeito aos direitos humanos essenciais, independentemente
do país onde a pessoa viva ou tenha nascido. O pacto tem
influência marcante da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que compreende o ideal do ser humano livre,
isento do temor e da miséria e sob condições que lhe
permitam gozar dos seus direitos econômicos, sociais e
culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos.

Direitos Humanos no Brasil


Com especial ênfase na temática da escravidão, um dos primeiros documentos históricos
brasileiros que trazia o contexto de proteção dos direitos humanos foi a Lei n. 581, de 04 de
setembro de 1850, conhecida como “Lei Eusébio de Queiroz”, que estabelecia medidas para a
repressão do tráfico de africanos no Império, ao prever a apreensão de embarcações
brasileiras encontradas em qualquer parte, bem como embarcações estrangeiras encontradas
nos portos, enseadas, ancoradouros, ou mares territoriais do Brasil, que tivessem a bordo
escravos ou que mostrassem sinais da prática de tráfico de escravos, passando a ser
consideradas como importadoras de escravos.

De acordo com a mencionada lei, todos os escravos apreendidos seriam reexportados por
conta para os portos de origem dos navios ou para qualquer outro ponto fora do Império,
sendo que enquanto essa reexportação não se executasse, seriam os mesmos empregados em
trabalho debaixo da tutela do Governo, não sendo em caso algum concedidos os seus serviços
a particulares.

Posteriormente, no mesmo contexto de proteção dos direitos humanos, mereceu destaque a


Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871, mais conhecida como “Lei do Ventre Livre”, que
declarava de condição livre os filhos de mulher escrava que nascessem desde a data de
promulgação da lei.

Nos termos da lei, dentre outras regras, merece destaque a possibilidade dos filhos menores
ficarem em poder ou sob a autoridade dos senhores de suas mães, com a obrigação de cria-los
e trata-los até a idade de oito anos completos. Após essa idade, o senhor da mãe teria a opção
ou de receber do Estado uma indenização em dinheiro ou de utilizar dos serviços do menor até
a idade de 21 anos completos.

Outras duas situações chamavam atenção na mencionada lei, sendo a primeira delas a
obrigação de entrega dos filhos nos casos em que a mulher escrava obtivesse liberdade, e a
segunda a obrigação de que os filhos menores de 12 anos acompanhassem a mãe escrava em
caso de alienação.

Na mesma seara de proteção dos direitos humanos, a Lei n. 3.270, de 28 de setembro de 1885,
conhecida como “Lei dos Sexagenários”, que previa, dentre outras regras, a realização de
matrícula dos escravos com declaração do nome, nacionalidade, sexo, filiação, se for
conhecida, ocupação ou serviço em que for empregado idade e uma tabela de valor de cada
escravo organizada por idade, além de conceder liberdade aos escravos com mais de 60 anos
de idade. O contexto dessa lei sempre foi muito criticado, pois naquela época os escravos que
chegassem até essa idade já não tinham mais condições de trabalho, vindo a ser interpretada
como uma lei que beneficiava os senhores de escravos ao lhes possibilitar se desfazer das
pessoas pouco produtivas. A mencionada lei ainda permitia o absurdo de obrigar o escravo
que atingisse os 60 anos de idade a trabalhar por mais 3 anos, de forma gratuita, para seu
proprietário. Mais de três décadas depois da acima mencionada Lei n. 581 (tráfico de
escravos), surge no nosso ordenamento pátrio um dos mais importantes registros normativos
da história do país, a Lei n. 3.353, de 13 de maio de 1888, amplamente conhecida como “Lei
Áurea”, que declarou extinta a escravidão no Brasil. Posteriormente, já no século XX, ganhou
destaque a Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951, conhecida como “Lei Afonso Arinos”, que
incluiu entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou
de cor, passando a constituir contravenção penal a recusa por parte de estabelecimento
comercial ou de ensino de hospedar, servir, atender ou receber clientes, compradores ou
alunos em virtude de preconceito de raça ou de cor. A configuração da contravenção também
se estendia aos casos em que se obstasse o acesso de alguém a qualquer cargo do
funcionalismo público ou ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas, por preconceito
de raça ou de cor. Outro normativo que ganhou destaque foi a Lei n. 7.437, de 20 de dezembro
de 1985, conhecida como “Lei Carlos Alberto de Oliveira Caó”, que incluiu entre as
contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou
de estado civil, dando nova redação à Lei n. 1.390, de 3 de julho de 1951, prevendo um rol de
condutas consideradas como ilegais, tais como:

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