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Automação

industrial, cadeia
produtiva e
logística
Automação industrial,
cadeia produtiva e
logística

Fernando Lino Júnior


Paulo Bronieira
Fernando Mori
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo
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André Augusto de Andrade Ramos
Leticia Bento Pieroni
Lidiane Cristina Vivaldini Olo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Lino Júnior, Fernando


L758a Automação industrial, cadeia produtiva e logística /
Fernando Lino Júnior, Paulo Bronieira, Fernando Mori. –
Londrina : Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2018.
136 p.

ISBN 978-85-522-0301-8

1. Automação industrial. 2. Controle de processos.


I. Bronieira, Paulo. II. Mori, Fernando. III. Título.
CDD 681.7

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário

Unidade 1 | Tipologias de redes_______________________________________


7

Seção 1 - Redes de cooperação________________________________________


12
1.1 | Redes de cooperação interorganizacionais__________________________________ 12
1.2 | Análise entre a rede de cooperação e a competitividade_____________________13
1.3 | Localização da capacidade da rede________________________________________15

Seção 2 - Tipologias de redes_________________________________________ 18

Seção 3 - Conhecimento e aprendizagem coletiva________________________


22
3.1 | Níveis de aprendizagem e sua interatividade________________________________23

Unidade 2 | Gestão de redes_________________________________________33

Seção 1 - Inovação colaborativa______________________________________38


1.1 | Conceito de inovação colaborativa_______________________________________ 38
1.2 | A importância da inovação colaborativa para as empresas__________________ 40

Seção 2 - Gestão de redes de cooperação_____________________________ 45


2.1 | Importância da gestão de redes de cooperação____________________________ 45
2.2 | Modelos de gestão para redes de cooperação_____________________________ 49

Seção 3 - Colaboração em massa____________________________________52


3.1 | Conceito de colaboração em massa______________________________________ 52
56
3.2 | Importância da colaboração em massa______________________________________

65
Unidade 3 | Sistemas de controle______________________________________

Seção 1 - Introdução aos sistemas de controle__________________________68


1.1 | Definições básicas_________________________________________________________68

75
Seção 2 - Conceitos de modelagem e sistemas de controle________________
2.1 | Definições e conceitos de modelagem______________________________________75
2.2 | Exemplos de sistemas de controle_________________________________________81

97
Unidade 4 | Processos de automação industrial__________________________

Seção 1 - Automação de processos___________________________________101


1.1 | Controle em malha aberta_______________________________________________ 101
1.2 | Controle em malha fechada_______________________________________________102
103
1.3 | Controlador lógico programável____________________________________________
1.4 | Noções de lógica combinacional________________________________________107
1.4.1 | Funções booleanas_____________________________________________________107
1.4.1.1 | Operação AND______________________________________________________ 108
1.4.1.2 | Função OR (OU)_____________________________________________________ 108
1.4.1.3 | Função NOT (NÃO)__________________________________________________ 109
1.4.1.4 | Função NAND (NÃO E)_______________________________________________ 109
1.4.1.5 | Função NOR (NÃO OU)______________________________________________ 110
1.4.1.6 | Função X-OR (OU-EXCLUSIVO)_______________________________________ 110
1.4.1.7 | Função X-NOR (COINCIDÊNCIA)______________________________________ 111
Seção 2 - Descrição das plantas industriais_____________________________112
2.1 | Processos de automação industrial________________________________________112
2.2 | Projeto de automação____________________________________________________115
2.3 | Descrição para sistema de operação de tanque______________________________
116
2.4 | Projeto do programa Lader de automação___________________________________121
2.5 | Verificação de programas__________________________________________________
124
Apresentação
Caro aluno, nesta obra você terá, oportunidade conhecer os
fundamentos da Automação Industrial, Cadeia Produtiva e Logística,
bem como a importância desses conceitos para a aplicação no dia a
dia. Nesta leitura, você poderá entender como as redes de cooperação
podem auxiliar as organizações a obter vantagens competitivas frente
aos concorrentes e compreender como a logística e a automação
industrial interferem na produtividade empresarial.
Ao longo do tempo, o campo industrial se modernizou e adaptou-
se ao aumento da concorrência, proporcionado por situações, como
a globalização. Com maior número de membros concorrendo no
mercado, foi necessário que as empresas tomassem medidas para
a aceleração da produtividade e redução dos custos industrias. Os
tópicos que abordaremos nesse estudo influenciam diretamente
nesses indicativos.
Desta forma, o objetivo geral desta obra é apresentar um estudo
sobre a influência das redes de cooperação, da logística e da automação
industrial nos modos de produção e competitividade das empresas
atualmente.
Para cumprir esse objetivo, é necessário estudar os conceitos de
tipologias de redes, de gestão das redes de cooperação, de logística e
automação industrial.
Unidade 1

Tipologias de redes
Fernando Lino Junior

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade, o aluno será levado a entender a importância
das redes de cooperação, bem como seus elementos, para que
a cooperação seja produtiva entre as partes envolvidas. A unidade
iniciará traçando os motivos e os fatores que fortaleceram os
relacionamentos colaborativos. Abordará elementos relevantes na
criação e manutenção de parcerias comerciais.

Também serão apresentadas as tipologias de rede no cenário


organizacional, bem como suas formas de interação. O leitor será
levado a refletir sobre como os diferentes tipos de redes podem
ser trabalhados entre as organizações. Falaremos das vantagens e
desvantagens dos variados tipos de redes e como elas podem auxiliar
as organizações a serem fortes e competitivas frente à concorrência
globalizada, resultante do avanço da tecnologia de informações das
últimas décadas. Espera-se que esta unidade traga o entendimento
sobre a aplicabilidade dos tipos de redes de cooperação.

Finalizando a unidade, falaremos sobre o processo de


aprendizagem coletiva. Serão abordados conceitos referentes ao
desenvolvimento do conhecimento organizacional, bem como sua
difusão entre os indivíduos e os grupos dentro das organizações. O
leitor será levado a compreender os fatores importantes no processo
de aprendizagem organizacional e interorganizacional.

Neste momento, vale ressaltar que nossos objetivos de


aprendizagem serão:

• Conhecer o conceito de redes de cooperação.

• Entender a importância das redes de cooperação na


atualidade.

• Compreender as tipologias de rede.

U1 - Tipologias de redes 7
• Entender como funcionam os tipos de redes cooperativas.

• Conhecer o conceito de aprendizagem organizacional.

• Entender o processo de aprendizagem organizacional em


cada um de seus níveis.

Diante dos objetivos citados, a preocupação é o entendimento


da importância das redes de cooperação, das tipologias de redes
e do aprendizado organizacional dentro da realidade empresarial
que a globalização nos proporciona. Vale ressaltar a relevância dos
temas apresentados para que as empresas se consolidem de forma
eficiente e eficaz.

Para alcançarmos esses objetivos, será realizado um resgate de


algumas abordagens teóricas relacionadas aos temas abordados.
Dessa forma, será possível compreender os fatores importantes
relacionados à tipologia de redes.

Seção 1 | Redes de cooperação


Esta seção trata do conceito de Redes de Cooperação e serão abordados
conceitos inerentes ao tema. Serão discutidas, nesta seção, configurações de rede
interorganizacionais, abrangendo as mudanças de forma de rede, a integração
vertical e os efeitos da integração vertical; localização da capacidade, com os
seguintes tópicos apresentados: importância da capacidade, razões e objetivos
nas decisões de localização, influências exercidas pelo lado dos fornecedores e
da demanda. Assim, esperamos proporcionar ao leitor um panorama das redes de
cooperação e suas nuances.

Seção 2 | Tipologias de rede


Compreenderemos a importância quanto à tipologia das redes de cooperação
e quais associações são importantes para cada tipo de rede colaborativa. Nesta
seção, serão abordadas as características das redes formais, redes informais, redes
verticais e redes horizontais, bem como sua interatividade relacionada aos indivíduos
das organizações e as possibilidades de vantagens competitivas provenientes
de associações colaborativas. Espera-se que o leitor tenha o conhecimento das
principais particularidades dos diferentes tipos de rede apresentados.

8 U1 - Tipologias de redes
Seção 3 | Conhecimento e aprendizagem coletiva
Nesta seção, entenderemos o processo de aprendizagem individual e
coletiva. Serão apresentadas diferentes visões para a construção do aprendizado
organizacional. Apresentaremos os níveis de aprendizado organizacional, que
passam pelo nível individual, grupal, organizacional e interorganizacional. Também
serão apresentados os processos e os elementos pelos quais a aprendizagem
organizacional vai se consolidando entre os membros da empresa. Em nível
interorganizacional, veremos como empresas e organizações parceiras podem
trabalhar em conjunto para a construção do saber e promoção da sustentabilidade
quanto ao conhecimento.

U1 - Tipologias de redes 9
Introdução à unidade
As redes de cooperação são uma realidade em diversos segmentos
na atualidade. Pode-se encontrar redes de cooperação nas esferas da
sociedade, política, comercial, entre outras. Essa filosofia de gestão
vem crescendo, especialmente nas parcerias econômicas, por conta
da globalização, redução por custos de manufatura e transporte e
concorrência acirrada.
Uma série de fatores influencia para que uma operação comercial
seja bem-sucedida. Pode-se considerar que um fator importante
para o atingimento dos objetivos é o entrosamento entre as partes
envolvidas no processo produtivo. Esses segmentos são todas as
partes envolvidas na produção de um bem ou a prestação de um
serviço. Compreendemos os fornecedores, os transportes e os
clientes envolvidos no processo. Eles formam a rede de cooperação
de operações produtivas.
Estudamos o gerenciamento dessas redes de cooperação para
que sejam traçadas estratégias relacionadas ao produto ou ao serviço
a se realizar. A análise deixa de ser simplesmente entre fornecedores
e clientes e passa a englobar fornecedores de fornecedores e clientes
de clientes. O gerenciamento eficiente das redes de cooperação
pode gerar vantagens competitivas importantes para a organização
em questão. A boa administração da rede auxilia no desenvolvimento
de objetivos estratégicos aliados à localização, aos relacionamentos
comerciais, ao gerenciamento de estoques, à administração da
capacidade de rede, entre outros.
Para iniciar, é necessária a definição do contexto de todas as
operações produtivas e logísticas inseridas no processo, a interação
dessas redes. Se pensarmos que insumos, peças e outras informações
passam dos fornecedores até a chegada ao cliente final, essa fase é
crucial para uma rede satisfatória. O pensamento na elaboração de
uma rede colaborativa de suprimentos é que cada parte envolvida
pode ser um fornecedor do segmento subsequente ou cliente do
segmento anterior. Essa filosofia permite que as partes envolvidas
adquiram relacionamento de ajuda mútua.
Se levarmos em consideração, por exemplo, a rede de
relacionamentos que envolve a produção de um bem ou serviço

10 U1 - Tipologias de redes
desde o início da cadeia produtiva até a chegada ao cliente final, temos
diversos pontos de cooperação mútua para que tudo funcione. A esse
tipo de rede damos o nome de cadeia de suprimentos.
A Figura 1.1 demonstra a cadeia de operações produtivas de uma
empresa que fabrica utensílios de plástico. Note que, conforme a
operação produtiva,segue o fluxo ao longo da cadeia de suprimentos,
a correlação fornecedor - cliente vai se alterando. Dessa forma,
cada parte envolvida deve focar melhor o atendimento à operação
subsequente, que, em tese, é seu cliente.
Figura 1.1 | Rede de colaboração de uma empresa de utensílios de plástico

Fonte: adaptada de Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 172).

A importância de se considerar a rede de cooperação por completo


se dá por questões estratégicas. A inclusão de toda a rede é necessária
para a análise de três fatores relevantes:

• Auxilia na compreensão de toda operação para competição


mais efetiva frente à concorrência.
• Colabora na identificação das ligações que têm maior
significância no desenvolvimento da rede colaborativa.
• Proporciona suporte para a focalização a longo prazo das
perspectivas geradas pela rede.

U1 - Tipologias de redes 11
Seção 1
Redes de cooperação
Introdução à seção

A rede de cooperação entre as empresas tornou-se um ponto


estratégico para as organizações nas últimas décadas. Hoje,
encontramos redes de cooperação em áreas variadas, como na área
política, em organizações sociais, parcerias comerciais e pesquisas
acadêmicas. Nesse estudo, em especial, daremos enfoque às redes
que envolvem as parcerias comerciais devido a uma série de fatores,
como o aumento da concorrência, impulsionada pela globalização, a
pressão por redução de custos industriais, a seleção de novas matérias-
primas o encurtamento do ciclo de vida dos produtos, entre outros. No
decorrer desta seção, veremos temas que embasarão o conceito de
redes de cooperação voltadas às parcerias comerciais, demonstrando
a importância do tema.
1.1 Redes de cooperação interorganizacionais

A ideia de redes de cooperação surgiu em meados do século XX.


O padrão econômico, operacional e fabril sofreu transformações
importantes. A expansão das organizações, a pressão por redução de
custos em decorrência da concorrência e os avanços na tecnologia
de informações desencadearam mudanças na maneira de condução
dos negócios. O acesso a informações em alta velocidade e os
relacionamentos comerciais em amplitude global foram desafios
que surgiram em decorrência desses fatores. Tornou-se latente a
reestruturação empresarial para a sobrevivência em um ambiente que,
gradualmente, ficou mais competitivo diante dessas novas exigências
de mercado (BALESTRIN, 2009).

Questão para reflexão


Reflita sobre as vantagens e as desvantagens das redes de cooperação,
segundo sua opinião.

12 U1 - Tipologias de redes
1.2 Análise entre a rede de cooperação e a competitividade

A necessidade de mentalidade competitiva entre as empresas


é importante, hoje, para a sustentabilidade econômica. Quando
pensamos em cadeia de suprimentos (redes de cooperação), a primeira
lembrança que vem são os fornecedores e os clientes diretamente
ligados à empresa. No entanto, um estudo mais aprofundado desses
relacionamentos comerciais demonstra que toda a rede deve ser
analisada, já que dependemos do bom atendimento do nosso cliente
situado ao final da cadeia. A satisfação desse cliente quanto à qualidade
e aos prazos esperados pode determinar o sucesso ou o fracasso de
toda rede (VERSCHOORE FILHO, 2006).

Algumas vezes, entretanto, precisam olhar além dessas


relações imediatas para compreender por que os clientes
e fornecedores agem de tal forma. Toda empresa tem
somente duas opções se deseja compreender seus
consumidores finais ao final da rede. E ela pode confiar
que todos os clientes dos clientes intermediários etc.,
que formam os elos da rede entre a companhia e os
consumidores finais alternativamente, podem tomar para si
a responsabilidade de entender como os relacionamentos
cliente/fornecedor transmitem suas necessidades
competitivas na rede. (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON,
2009, p. 172)

As empresas têm se atentado ao fato de considerar toda a cadeia de


suprimentos. É importante entender todos os elos da cadeia e detectar
quais são os pontos da rede que precisam de atenção especial.
As organizações devem analisar o lado de seus fornecedores, dos
fornecedores dos fornecedores e verificar as partes dessa cadeia com
maior relevância para seu core competence (núcleo de competências).
O core competence envolve a atividade principal da empresa. O estudo
da ligação dos fornecedores à sua atividade principal pode fornecer
vantagens competitivas ao longo da rede.
Após esse levantamento, deve-se verificar os clientes finais da
rede. O ponto de partida aqui é compreender quais são os fatores
que contribuem para o atendimento das expectativas do consumidor
final. Vale ressaltar que, para cada ramo de atividade, as necessidades

U1 - Tipologias de redes 13
e os desejos dos consumidores variam. Para uns pode ser o prazo
de entrega a questão principal, para outros pode ser a variedade ou
o preço. É importante identificar essas necessidades e detectar como
cada elo da rede pode auxiliar na satisfação das necessidades e dos
desejos dos clientes. Nesse estudo, verifica-se quais partes da rede são
mais ou menos significativas para o cumprimento dessas necessidades
e desejos dos clientes (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009).
Na filosofia da rede de cooperação, entra também o conceito de
ajuda mútua entre as partes. Esse modo de pensamento proporciona
um compartilhamento de informações e colaboração, com o intuito
de fortalecimento dos elos mais fracos da cadeia de suprimentos.
Pode também colaborar em algum caso extremo, como a interrupção
temporária de uma operação do fornecedor ou a quebra de uma
máquina-chave de uma das empresas. Situações como essas podem
prejudicar toda a rede de colaboração, atingindo nosso cliente final.
Dentro da cadeia de suprimentos, é interessante ponderar esses fatores
para obtenção de parcerias fortes. Em algumas situações, pode-se
verificar se há necessidade de troca de um elo fraco por outro mais
consistente aos objetivos da rede.
Referente às decisões estratégicas importantes, é fundamental
entender as ações tomadas, pois podem gerar impactos significativos
na condução da rede de cooperação. Segundo Slack, Chambers,
Johnston (2009), são três as decisões estratégicas.

Tabela 1.1 | Decisões estratégicas com relação à rede de cooperação

Como a rede deveria ser Isso possui dois aspectos. Primeiro, como uma
configurada? operação produtiva pode influenciar a forma
que a rede poderá ter? Segundo, quanto da
rede a operação produtiva deveria possuir?
Esta última questão é chamada decisão de
integração vertical.
Se uma empresa de artigos domésticos
Onde deve ser localizada cada construir uma nova fábrica, esta deve estar
operação da parte da rede próxima de seus fornecedores ou de seus
pertencente à empresa? clientes ou em algum lugar entre eles? Como
um shopping center deve escolher uma
localização específica? Essas decisões são
denominadas decisões de localização das
operações produtivas.

14 U1 - Tipologias de redes
Que capacidade de produção Que tamanho deve ter a fábrica de artigos
deve ter cada operação da domésticos? Se precisar expandir-se, deverá
parte da rede pertencente à fazê-lo em pequenos ou grandes incrementos
empresa ao longo do tempo? de capacidade? Deve assegurar-se que em cada
momento tenha mais ou menos capacidade do
que a demanda prevista? Estas são chamadas
decisões de gestão de capacidade produtiva a
longo prazo.
Fonte: adaptada de Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 179).

1.3 Localização da capacidade da rede

A localização de cada operação é relevante na concepção de uma


rede de colaboração. Localização refere-se à posição geográfica em
que estão localizados os recursos referentes aos inputs da empresa em
questão e também às outras empresas ou aos outros que interagem a
empresa.
A tomada de decisão com relação à localização é importante em
diversos segmentos. São por essas decisões que as operações são mais
facilitadas ou dificultadas ao longo da rede cooperativa. Podemos fazer
uma correlação, por exemplo, entre a localidade em que está inserida
uma fábrica e a possível escassez de mão de obra naquela região, ou
então, uma localização onde as vias de acesso são complexas para
o escoamento do fornecimento (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON,
2009).
Outro motivo que influencia a escolha da localidade da empresa
é a complicação na mudança. Todos os custos na transferência de
uma localidade podem tornar o procedimento inviável. Pensando na
localização dos parceiros comerciais, a troca desses parceiros pode
gerar transtornos e multas contratuais.
As decisões de localização passam por duas categorias de decisão
que as influenciam:

• As mudanças na demanda de bens e serviços.


• Mudanças de ofertas nos suprimentos de uma operação.

Quando falamos da demanda de bens e serviços, é importante que


a organização pense na localização de suas bases operacionais. Um
ponto estratégico relacionado a escoamento dos bens ou serviços

U1 - Tipologias de redes 15
para a demanda pode facilitar as transações comerciais. Outro ponto
a se considerar em relação à demanda é a variação que ela possa
oferecer. Um aumento de demanda gera elevação da produtividade, e
muitas vezes, recorre-se à terceirização para o seu atendimento. Se a
organização possuir parcerias comerciais próximas, esse procedimento
é facilitado.

Para saber mais


Acesse o link a seguir e assista ao vídeo Cooperar para competir:
estratégia empresarial e política industrial para aprofundar-se sobre o
tema proposto.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4ape2PTfjbk>.
Acesso em: 27 set. 2017.

Pensando nos suprimentos de uma operação, podemos levar


em consideração a proximidade de fornecedores. A existência de
fornecedores próximos com bom grau de confiabilidade auxilia, por
exemplo, na redução de custos com estocagem e transportes. Fatores
como esse proporcionam maior competitividade à organização.
Para que a rede de cooperação traga resultados satisfatórios quanto
à localização, esses pontos devem ser bem equalizados. Falhas relativas
a essas decisões podem gerar padrões inconsistentes relacionados
ao atendimento da demanda em questão (SLACK; CHAMBERS;
JOHNSTON, 2009).

Atividades de aprendizagem
1. Dentro do processo de cooperação, podemos citar a cadeia de
suprimentos, a qual pode agregar vantagens competitivas para os membros
participantes. Assinale a alternativa que contemple a definição correta de
cadeia de suprimentos:

A) É a rede de concorrentes da empresa em questão diretamente ligados


ao ramo específico.
B) É o setor responsável pela aquisição de suprimentos pela empresa junto
aos fornecedores regionais.
C) É a rede de relacionamentos comerciais de uma empresa desde o
fornecedor inicial até o cliente final.

16 U1 - Tipologias de redes
D) É a rede responsável pela detecção de falhas no gerenciamento de
estoques da organização.
E) É o entrosamento entre a organização e a empresa responsável pelos
transportes aos clientes.

2. Um fator relevante na associação cooperativa entre parceiros comerciais


é a localização. Alguns elementos devem ser levados em consideração
para que parcerias sejam bem-sucedidas. Qual das alternativas a seguir
demonstra elementos relevantes quanto à localização de uma empresa?

A) Proximidade de fornecedores e vias de acesso fáceis.


B) Proximidade da residência e facilidade de alimentação.
C) Capacidade produtiva e pesquisas assertivas.
D) Bom relacionamento interpessoal e apresentação.
E) Treinamento dos colaboradores e feedback.

U1 - Tipologias de redes 17
Seção 2
Tipologias de rede
Introdução à seção

A classificação das redes gera certo conflito, pois existem várias


classificações com enfoques diferentes. Daremos enfoque ao
pensamento de Balestrin (2009) para a classificação das redes. Balestrin
(2009) afirma que as redes podem ser classificadas de quatro formas
gerais:

• Redes formais.
• Redes informais.
• Redes verticais.
• Redes horizontais.

As redes formais são estabelecidas quando há um contrato legal


entre as partes envolvidas. Por um lado, há a segurança das cláusulas
contratuais do documento que protege as partes associadas. Por
outro, a rigidez de um instrumento contratual dificulta a saída de uma
das partes do negócio. A formalização de uma rede por contrato deve
ser bem analisada para que não haja arrependimento de um dos lados
no futuro.
Na configuração de redes informais, não há a instituição de um
contrato legal. O interesse em associação de redes dessa origem se
deve aos interesses comuns de dois ou mais parceiros comerciais. São
esses pensamentos comuns que geram sustentabilidade e confiança
aos membros da rede informal. Nessa modalidade, há flexibilidade
nas parcerias. No momento em que a interação comercial tornar-se
desinteressante, existe mais facilidade na desvinculação da parceria
(BALESTRIN, 2009).

18 U1 - Tipologias de redes
Questão para reflexão
Como as redes de cooperação podem auxiliar na competitividade
impulsionada pela globalização?

Redes de cooperação verticais são constituídas pela organização


hierárquica estabelecida entre as partes envolvidas. Podemos citar o
relacionamento comercial de uma empresa que tenha uma matriz
e outras filiais. Ocorre a concentração de esforços da matriz para
a coordenação e o controle do desenvolvimento e desempenho
nas partes envolvidas na cadeia produtiva dos elos da organização
(VERSCHOORE FILHO, 2006).
Associações de redes de cooperação verticais são firmadas com
maior frequência na produção de bens com grande quantidade de
componentes que passam por estágios diferentes na concepção no
decorrer do processo produtivo. Nesse caso, podem ocorrer parcerias
entre empresas de diferentes níveis hierárquicos ou de evolução
tecnológica.
A composição das redes de cooperação horizontais é formada
por empresas de mesmo nível hierárquico dentro da rede produtiva. A
colaboração se dá de modo igualitário entre empresas independentes
que se unem por terem objetivos comuns. Nessa modalidade, não há
a necessidade de uma empresa líder para coordenação das atividades.

Já as redes horizontais de cooperação abrangem


empresas que produzem e oferecem produtos similares,
pertencentes a um mesmo setor ou ramo de atuação,
ou seja, entre uma empresa e seus concorrentes. Por
envolverem concorrentes diretos, este processo está mais
sujeito a conflitos do que o das redes verticais. (OLIVEIRA;
FARIAS FILHO, 2005, p. 3841)

Vale ressaltar que a colaboração entre essas organizações se dá


por conta das vantagens competitivas que esse relacionamento possa
gerar. Fato esse que fica claro na citação de Balestrin (2009).
Nos últimos anos, a competição nas organizações imposta pela
globalização gerou, com maior importância, a cooperação entre as

U1 - Tipologias de redes 19
empresas. Isso se deu devido ao fato de as exigências competitivas do
mercado se elevarem a tal ponto que impossibilitou uma abordagem
de forma isolada. Ao passo que as organizações perceberam que a
junção a uma ou mais instituições poderia agregar ganhos mútuos,
foi tornando-se mais constante a prática. A concretização das redes
se consolida conforme sejam percebidos os resultados entre os
associados (ARAÚJO; ALVAREZ, 2014).
Para saber mais
Acesse o link a seguir e veja o artigo Relacionamentos
interorganizacionais e resultados: estudo em uma Rede de
Cooperação Horizontal da Região Central do Paraná para
aprofundar-se no tema. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rac/v15n1/v15n1a03>. Acesso em: 27 set. 2017.

Esse fato se deu diante da realidade da concorrência atual.


Com a tecnologia de informações proporcionando velocidades
que possibilitam a comunicação em tempo real no mundo, houve
um estreitamento das relações comerciais entre os países. Os
concorrentes de uma empresa já não são mais locais, mas, sim, globais.
A facilidade de acesso e negociação entre as organizações gerou o
aumento da competitividade. As parcerias cooperativas ajudam as
empresas a sustentarem-se economicamente para sobreviverem à alta
concorrência.
O tipo de rede de cooperação dependerá dos objetivos estratégicos
da empresa em questão. Se, por exemplo, quiser fortalecer-se para
lidar com grandes concorrentes, pode associar-se, em uma rede
horizontal, a outras organizações de mesmo porte para expandir suas
possibilidades competitivas. Quanto à formalidade, dependerá do grau
de confiança e abertura disponibilizado pelas empresas.
É importante destacar alguns fatores de impedimento à instituição
das redes de cooperação. Podemos destacar a obsolescência
infraestrutural de transportes entre as regiões, a cultura organizacional
das parceiras em questão ou a desconfiança entre os elos empresariais.
Antes do acerto de uma rede de cooperação, é fundamental que
detalhes como esses sejam discutidos e resolvidos para que não gerem
transtornos durante o relacionamento comercial (VERSCHOORE
FILHO, 2006).

20 U1 - Tipologias de redes
Atividades da aprendizagem
1. Dentro dos estudos abordados com relação à tipologia de redes, foram
abordados quatro tipos, segundo Balestrin (2009). Cada um é adequado
para um modo cooperativo específico. Quais são esses tipos de redes?

A) Redes modais, redes interativas, redes verticais e redes horizontais.


B) Redes formais, redes informais, redes verticais e redes horizontais.
C) Redes formais, redes informais, redes ascendentes e redes descendentes.
D) Redes autônomas, redes de informação, redes verticais e redes horizontais.
E) Redes formais, redes casuais, redes de rotinas e redes independentes.

2. Cada tipologia de rede se adapta a uma realidade organizacional.


Essas parcerias cooperativas geram vantagens competitivas quando bem
acertadas e organizadas. Assinale a alternativa que representa o tipo de rede
horizontal.

A) É formada por empresas de treinamento pessoal dentro da rede produtiva.


B) É formada por empresas em desacordo dentro da rede produtiva.
C) É formada por empresas de concorrentes dentro da rede produtiva.
D) É formada por empresas de diferentes níveis hierárquicos dentro da rede
produtiva.
E) É formada por empresas de mesmo nível hierárquico dentro da rede
produtiva.

U1 - Tipologias de redes 21
Seção 3
Conhecimento e aprendizagem coletiva
Introdução à seção

A aprendizagem coletiva tem se difundido pelas organizações.


Esse conceito diz respeito ao conhecimento disseminado entre
as organizações e, quando se fala na esfera interorganizacional, a
referência é ao aprendizado que se tem entre organizações. Essa soma
de conhecimento tem a possibilidade de gerar vantagens competitivas
nas instituições, pois fortalece a expertise organizacional com o
crescimento profissional do colaborador (EASTERBY-SMITH; LYLES,
2011).
A aprendizagem coletiva provém dos conhecimentos individuais dos
membros da organização. Podem ser tudo aquilo adquirido dentro ou
fora da empresa, anteriormente ou no período em que o colaborador
está na empresa. A experiência de empresas anteriores, diferentes
culturas e modos de ação também fazem parte da aprendizagem
coletiva organizacional (MELLO, 2015).
Enfocaremos três visões teóricas para aprendizagem coletiva nesse
estudo:

• A visão teórica comportamental.


• A construção social.
• A psicologia aplicada.

Na visão comportamental, é abordado o aprendizado proveniente


da história e das rotinas da organização. Esses detalhes, mesmo que
haja grande rotatividade entre os funcionários, moldam os parâmetros
de comportamento da empresa. Os indivíduos que trabalham na
empresa absorvem essas características advindas dela. Por esse
motivo, as organizações geram homogeneidade nos processos e
comportamentos. Quando há a troca de um funcionário em um
setor, ele se adapta aos procedimentos e às rotinas devido ao padrão
comportamental (MELLO, 2015).

22 U1 - Tipologias de redes
Questão para reflexão
Você acredita que a aprendizagem organizacional pode gerar o
fortalecimento empresarial? Por que?

A visão da construção social, a abordagem, encontra-se nos


aspectos situacionais. Esses fatores possuem relevância, pois enfocam
o contexto social em que os indivíduos da organização estão inseridos.
As situações passadas dentro da organização têm a participação dos
seus integrantes e promovem a interação dos participantes envolvidos.
A construção social propõe que essas situações concretas constroem
o conhecimento coletivo por intermédio da interatividade e das
conversas advindas das pessoas envolvidas.
Na perspectiva da visão da psicologia aplicada, o enfoque está no
modo de experiência direta. Envolve a metodologia de aprendizagem
apresentada nas ações executadas. Essa vertente estuda a evolução
no aprendizado por meio das ações executadas pelos indivíduos
da organização. Ao passo em que ocorrem as ações, a pessoa tem
condições de melhorar sua eficiência interpessoal (MELLO, 2015).

3.1 Níveis de aprendizagem e sua interatividade


A aprendizagem coletiva passa por diversos indicativos na sua
construção. São várias as esferas em que o processo de aprendizagem
se forma, como os eventos internos e externos, diferentes
interpretações da realidade organizacional e outros elementos da
rotina institucional. Todos esses elementos promovem interpretações,
conhecimentos e variações da realidade empresarial em diferentes
níveis de complexidade (BALESTRIN, 2009).
Abordaremos três níveis de complexidade referentes à aprendizagem
coletiva. É importante ressaltar que a aprendizagem coletiva é subdividida
em níveis para o melhor entendimento de cada processo, mas não
são atuantes de forma isolada. Eles são interativos, promovendo um
ambiente sistêmico de conhecimento na organização. Os três níveis
ao qual nos referimos são:

• O nível individual.
• O nível de grupo.
• O nível organizacional.
O nível individual representa o conhecimento adquirido pelo
indivíduo de forma isolada. Esse aprendizado provém da mutação das

U1 - Tipologias de redes 23
convicções que os indivíduos passam ao longo de suas vidas. Essas
mudanças são decodificadas pela pessoa e alteram sua visão de
mundo, gerando novas visões internas e externas das situações. Novos
modelos mentais são gerados a partir desses fatos e contribuem para
a aprendizagem coletiva compartilhada na empresa. Ocorre, então, a
troca de conhecimento, o que é benéfico para o crescimento coletivo,
pois a organização depende de seus colaboradores para aprender.
No entanto, os indivíduos podem aprender em outros locais que não
seja a organização. Por isso a importância do aprendizado individual,
que é capaz de impulsionar a empresa com novos conhecimentos,
melhorando a eficácia organizacional (SOUZA BIDO et al., 2011).
Todo esse aprendizado individual corresponde a uma fração
da retenção de conhecimento. Os membros da organização
aprendem quando interagem as variadas atividades organizacionais.
Essa troca de experiências gera o aprendizado coletivo ou em
grupo. O compartilhamento das tarefas e sabedorias no grupo
proporciona à equipe a mediação de ideias diferentes com visões de
mundo particulares, criando um nível especial de interesse, já que o
desenvolvimento setorial e organizacional pode sofrer influências nos
modos de ação (SOUZA BIDO et al., 2011).
A eficiência da equipe está atrelada a alguns indicativos quanto às
características estruturais. Dentre elas, vale ressaltar a composição e o
detalhamento das atividades a se realizar, o contexto da organização
relacionado à base informacional, os recursos e o modo de recompensar.
A interpessoal pode interferir nas atitudes e no aprendizado do grupo
referente ao trabalho executado. O crescimento das equipes pode ser
medido pelo feedback, pelo compartilhamento de informações e a
explanação sobre os erros cometidos. Ações como essas melhoram
o relacionamento interpessoal e fortalecem os vínculos grupais na
interatividade entre os subordinados e as lideranças.
O crescimento organizacional possibilitado pelos níveis individuais
e grupais de aprendizado constrói o nível organizacional. Algumas
barreiras são evidentes nesse nível. O tempo de aprendizagem entre
um grupo e outro pode variar, e a intervenção externa ao grupo pode
ocorrer para que haja celeridade ao processo. Em certos casos, são
necessários vários ciclos de aprendizagem sobrepostos para que haja
um resultado satisfatório. Situações relacionadas ao poder também
são fatores que têm chances de interferir no processo. A condução
assertiva da unidade de liderança é um recurso útil para minimizar
esses fatores (MELLO, 2015).

24 U1 - Tipologias de redes
Para saber mais
Acesse o link a seguir e tenha acesso ao artigo Ampliando a
compreensão sobre a aprendizagem interorganizacional: um estudo
em uma rede do setor de serviços para ampliar os conhecimentos
sobre aprendizagem organizacional. Disponível em: <http://www.
redalyc.org/html/1334/133412668004/>. Acesso em: 27 set. 2017.

Podemos citar também o nível de aprendizagem interorganizacional.


É referente aos conhecimentos adquiridos advindos de outras
organizações. As trocas de experiências entre empresas auxiliam
na execução de tarefas e procedimentos, institucionalização de
metodologias diferenciadas e crescimento interpessoal e da equipe.
Relacionamentos cooperativos interorganizacionais necessitam de
base de confiança mútua para que bons resultados apareçam.
A tabela a seguir demonstra como acontece o processo de
aprendizagem pelos níveis apresentados. Note que em cada nível a
abordagem é diferente.
Tabela 1.2 | Processo de aprendizagem através dos níveis

NÍVEL PROCESSOS ENTRADAS/ RESULTADOS


Indivíduo Intuir Experiências
Imagens
Metáforas
Grupo Interpretar Linguagem
Mapa cognitivo
Conversação/diálogo

Grupo Interpretar Entendimentos compartilhados


Ajustamentos mútuos
Sistemas interativos
Organização Institucionalizar Rotinas
Sistemas de diagnósticos
Regras e procedimentos
Interorganizacional Relações Capacidade absortiva
interorganizacionais Interação
Confiança
Cultura/contexto
Cooperação
Fonte: adaptada de Mello (2015 p. 35).

A aprendizagem interorganizacional é tida como uma ampliação do


aprendizado organizacional. A proatividade entre parceiros comerciais
é um dos fatores contribuintes para a sustentabilidade econômica. São

U1 - Tipologias de redes 25
grupos de organizações em cooperação para a construção do saber
dentro de situações concretas em que a participação e a interatividades
das pessoas proporcionam a evolução do conhecimento coletivo
interorganizacional. A tabela na sequência traz uma explanação para
melhor compreensão da aprendizagem interorganizacional.

Tabela 1.3 | Elementos para compreensão do processo de aprendizagem


interorganizacional

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS DEFINIÇÕES


ANALÍTICAS ANALÍTICAS
Confiança estabelecida
entre agentes Incide em atitudes positivas
por parte dos agentes, não
Conceito: consiste Atitudes confiáveis ocorrendo a exploração de
no compromisso vulnerabilidades, o que gera
mútuo estabelecido confiança.
entre os diferentes
agentes refletindo
a convicção de que
há transparência nos Consiste em atitudes negativas
relacionamentos e por parte dos agentes,
que a verdade será os quais se aproveitam
prezada, assegurando, Atitudes oportunistas
de situações apenas em
por consequência, benefício próprio, o que gera
que as obrigações do desconfiança.
relacionamento serão
cumpridas.
Cooperação entre
Incide em auxílio entre
agentes
Atitudes colaborativas os agentes, existindo
comprometimento recíproco
Conceito: consiste em
ações colaborativas
nas relações
interorganizacionais,
havendo compromisso Diz respeito à competição
recíproco. Contudo, Atitudes competitivas entre os agentes, afetando o
não se nega a comprometimento mútuo
coexistência da
competição.

26 U1 - Tipologias de redes
Comunicação e Diz respeito à existência de
mecanismos de mecanismos que oportunizam
Interações sociais informação o acesso às informações e
facilitam a comunicação,
Conceito: consiste promovendo um clima de
nas relações sociais abertura que promove a
estabelecidas conectividade.
entre os diferentes
agentes que mantêm Mecanismos de Consiste na existência
relacionamentos controle de controles explícitos
interorganizacionais. e implícitos nos
relacionamentos
interorganizacionais.
Diz respeito à assimetria ou
à simetria de poder entre os
Poder nas relações
diferentes agentes, interferindo
nos relacionamentos.
Consiste na similaridade
social, que compreende
Proximidade social valores comuns, percepções
compartilhadas e fatores
Identidade entre
Conceito: diz respeito contextuais similares.
agentes
à maior identidade Pressupõe a compatibilidade
entre os diferentes cultural entre os agentes,
agentes, facilitando reforçando a identificação e a
o estabelecimento conectividade.
de laços sociais mais Diz respeito às relações
fortes, dessa forma, sociais estabelecidas entre
conduzindo à maior os diferentes agentes em
proximidade social. razão de laços de amizade e
parentesco. Também incide
Laços sociais na identificação e gosto
pela tarefa e/ou setor de
trabalho e tempo de atuação,
culminando em entendimento
mútuo e conhecimento
recíproco.

U1 - Tipologias de redes 27
Sustentabilidade para o Consiste na vontade e
aprendizado no reconhecimento da
Receptividade para
necessidade de aprender,
aprender
Conceito: está denotando predisposição para
relacionada à tanto.
possibilidade de Relaciona-se à capacidade
aprendizado por de aprendizagem, ocorrendo
parte dos diferentes a assimilação e a utilização
agentes, ficando na Receptividade para
de conhecimentos externos
dependência tanto da aprender
novos. Consiste em ir além
predisposição como Capacidade absortiva
da obtenção de informações,
da capacidade para devendo ocorrer a capacidade
aprender. de entendê-las em
conhecimento organizacional.
Fonte: adaptada de Melo (2015, p. 37).

Atividades de aprendizagem
1. A aprendizagem coletiva organizacional proporciona o desenvolvimento
individual e coletivo das organizações. Esse processo ocorre mediante a
algumas visões teóricas. Quais são as três visões teóricas enfocadas nesse
estudo?

A) A visão teórica colateral, a visão da construção social e a visão da


psicologia aplicada.
B) A visão teórica comportamental, a visão da construção socialista e a visão
da psicologia aplicada.
C) A visão teórica comportamental, a visão da construção social e a visão da
antropologia aplicada.
D) A visão teórica comportamental, a visão da construção social e a visão da
psicologia aplicada.
E) A visão teórica contingencial, a visão da construção social e a visão da
etnologia aplicada.

28 U1 - Tipologias de redes
2. A aprendizagem organizacional se realiza em alguns níveis. Cada um
deles contribui para o crescimento da empresa de uma forma. Vale ressaltar
que os níveis de aprendizado organizacional se complementam e não
acontecem isoladamente. Assinale a alternativa que representa os níveis de
aprendizagem organizacional.

A) Nível informacional; nível de grupo; nível organizacional.


B) Nível individual; nível de grupo; nível organizacional.
C) Nível individual; nível de grupo; nível psicológico.
D) Nível individual; nível de excelência; nível organizacional.
E) Nível individual; nível de grupo; nível concorrencial.

Fique ligado
Nesta unidade, foi realizada uma análise do conceito de tipologias de
redes, sua natureza e seus objetivos. Dentre os objetivos das tipologias
de redes estão conhecer o conceito de redes de cooperação; entender
a importância das redes de cooperação na atualidade; compreender
as tipologias de rede; entender como funcionam os tipos de redes
cooperativas; conhecer o conceito aprendizagem organizacional e
entender o processo de aprendizagem organizacional em cada um de
seus níveis. Por isso, é importante conhecer alguns elementos centrais,
como:
• Redes de cooperação organizacionais.
• Redes de cooperação interorganizacionais.
• Tipologias de redes.
• Aprendizagem organizacional.
• Aprendizagem interorganizacional.
Essas informações são importantes, uma vez que servirão de
complemento para as discussões sobre as transformações ocorridas
nas estratégias de crescimento das firmas, bem como acrescentarão
conhecimento sobre a evolução dessa discussão sobre as empresas
e seus objetivos.

U1 - Tipologias de redes 29
Para concluir o estudo da unidade
Caro estudante, prossiga na leitura do livro e acrescente mais a seu
conhecimento por meio de leituras complementares sobre Tipologias
de Rede.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. As redes de cooperação foram se ampliando ao longo do tempo por
fatores advindos das mudanças entre as relações comerciais. Assinale a
alternativa que indique motivos pelo qual as redes de cooperação são bem
utilizadas na atualidade:

A) Avanço na tecnologia de informações e globalização.


B) Avanço das atividades em grupo e jogos de empresas.
C) Avanço dos relacionamentos pessoais e ocupacionais.
D) Avanço da expectativa de vida e melhores lideranças.
E) Avanço da tecnologia fabril e regionalização.

2. As empresas têm focado no seu core competence para conseguir


melhores resultados frente à concorrência. A rede de cooperação pode
ser concretizada entre empresas com core competence diferentes que se
completam. Qual é o significado de core competence?

A) Núcleo de amizades da empresa.


B) Núcleo de concorrentes da empresa.
C) Núcleo de setores da empresa.
D) Núcleo de competências da empresa.
E )Núcleo de lideranças da empresa.

3. Entre as tipologias de redes, temos as redes informais. Possuem


características que lhe concedem dinamismo nas decisões. Qual das
alternativas expressa o conceito de redes de cooperação informais?

A) Nas redes informais, há a instituição de um contrato legal.


B) Nas redes informais, não há a instituição de um contrato legal.
C) Nas redes informais, a informação é tratada em tempo real.
D) Nas redes informais, os constituintes trabalham de forma isolada.
E) Nas redes informais, os relacionamentos são apenas internos.

30 U1 - Tipologias de redes
4. Referente às visões teóricas de aprendizagem, qual das alternativas
expressa a definição da visão da construção social?

A) Enfoca o contexto intencional em que os indivíduos da concorrência


estão inseridos.
B) Enfoca o contexto racial em que os indivíduos da organização estão
inseridos.
C) Enfoca o contexto psicológico em que os indivíduos da organização
estão inseridos.
D) Enfoca o contexto racional em que os indivíduos da organização estão
inseridos.
E) Enfoca o contexto social em que os indivíduos da organização estão
inseridos.

5. A cooperação entre agentes consiste em ações colaborativas nas


relações interorganizacionais, havendo compromisso recíproco. Contudo,
não se nega a coexistência da competição. Quais dos fatores a seguir estão
inseridos na cooperação entre agentes?

A) Atitudes colaborativas e atitudes competitivas.


B) Atitudes psicológicas e atitudes da concorrência.
C) Atitudes contrárias e atitudes relevantes.
D) Atitudes superiores e atitudes inferiores.
E) Atitudes complexas e atitudes longitudinais.

U1 - Tipologias de redes 31
Referências
ARAÚJO, J. F. F. E. de; ALVAREZ, E. J. V. Redes de cooperação transfronteiriça, parcerias
e desafios da governação local/Cross-Border Cooperation Networks, Partnerships and
the Challenges of Local Governance. RACE-Revista de Administração, Contabilidade e
Economia, v. 13, n. 3, p. 803-828, 2014.
BALESTRIN, Al. Redes de cooperação empresarial: estratégias de gestão na nova
economia. Porto Alegre: Bookman, 2009.
BEGNIS, H. S.; PEDROZO, E. A.; ESTIVALETE, V. F. B. Em busca da ação coletiva: estratégias
de aprendizagem interorganizacional adotadas pelas organizações que estabelecem
relacionamentos horizontais em redes. Base (UNISINOS), v. 5, p. 224-235, 2008.
EASTERBY-SMITH, M.; LYLES, M. A. (Ed.). Manual de aprendizagem organizacional e
gestão do conhecimento. Reino Unido: John Wiley & Sons, 2011.
MELLO, S. R. de. A aprendizagem interorganizacional em um processo de expansão
por meio de alianças estratégicas. 2015. Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/jspui/
bitstream/tede/3151/5/Sueli%20Reis%20de%20Mello%20-%20C%C3%B3pia.pdf>. Acesso
em: 27 set. 2017.
OLIVEIRA, M. L. de; FARIAS FILHO, J. R. de. Breve análise dos tipos de redes de cooperação
entre empresas e sua dinâmica atual. 2005. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/
biblioteca/ENEGEP2005_Enegep0706_0494.pdf>. Acesso em: 27 set. 2017.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo: Atlas,
2009.
SOUZA BIDO, D. de et al. Examinando a relação entre aprendizagem individual, grupal e
organizacional em uma instituição financeira. REAd-Revista Eletrônica de Administração,
v. 17, n. 1, p. 58-85, 2011.
VERSCHOORE FILHO, J. R. de S. Redes de cooperação interorganizacionais: a
identificação de atributos e benefícios para um modelo de gestão. 2006. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/6567>. Acesso em: 27 set. 2017.

32 U1 - Tipologias de redes
Unidade 2

Gestão de redes

Fernando Lino Junior

Objetivos de aprendizagem
Nesta seção, o aluno será levado a entender a importância da
inovação colaborativa, sendo que ela pode ser um fator importante
para o crescimento das empresas, podendo até ser considerada
determinante para o sucesso ou o insucesso delas. Assim, será
demonstrada a importância da inovação colaborativa e quais
benefícios ela pode trazer para as empresas se tornarem mais
competitivas e até mesmo ser um fator de sobrevivência neste
mercado globalizado.

Também será abordada nesta seção a gestão das redes de


cooperação. O leitor será levado a refletir sobre a importância de
uma gestão competente das redes de cooperação. As empresas
necessitam de uma gestão bem estruturada para se manterem
competitivas no mercado. Não se trata apenas do gerenciamento
das operações, mas de uma análise mais aprofundada dos objetivos
desta rede, ou seja, definir de forma clara o que se pretende com
essa rede de cooperação, definir estratégias para o atingimento
desses objetivos, mensurar os resultados da rede de cooperação etc.

Por fim, esta seção levará o aluno a conhecer e compreender


a colaboração em massa. Com relação às mudanças do mercado,
a colaboração em massa vem ao encontro desta tendência de
cooperação, de forma a auxiliar as empresas em suas estratégias,
seja aumentando o número de clientes ou reduzindo custos. O
leitor será levado a compreender essa tendência, que pode auxiliar as
empresas a se destacarem perante o mercado ou mantê-las nesse
mercado altamente competitivo, pois trata-se de uma tendência
cada vez mais presente no cotidiano, tanto das empresas como das
pessoas.

U2 - Gestão de redes 33
Neste momento, vale ressaltar que nossos objetivos de
aprendizagem serão:

• Conhecer o conceito de inovação colaborativa.

• Entender a importância do conceito de inovação


colaborativa para as empresas.

• Compreender a gestão de redes de cooperação.

• Entender a importância de traçar objetivos e estratégias


dentro da gestão de redes de cooperação.

• Conhecer o conceito de colaboração em massa.

• Entender a importância da colaboração em massa para o


crescimento das empresas.

Diante dos objetivos anteriormente citados, a preocupação é


com o entendimento da importância da inovação colaborativa,
assim como seu papel no crescimento das empresas perante o
mercado extremamente competitivo no qual nos encontramos.
Cumpre assinalar que a preocupação se estende no entendimento
de como realizar de forma eficiente, eficaz e estratégica a gestão das
redes de cooperação, em prol dos objetivos das organizações que
fazem parte dessa rede. Existe, ainda, pautada nos objetivos citados,
a preocupação com o entendimento da tendência da colaboração
em massa, pois esta tem se mostrado cada vez mais presente no
cotidiano não apenas das empresas, mas na vida das pessoas.

Para o alcance desses objetivos, foi realizado um resgate da


literatura dos temas abordados. Sobre esses temas, serão verificadas
estratégias utilizadas pelas empresas que já adotaram esses
conceitos, assim, será possível vislumbrar de forma mais clara como
eles podem ser incorporados pelas empresas de forma a deixá-las
mais competitivas.

34 U2 - Gestão de redes
Seção 1 | Inovação colaborativa
Atualmente, as empresas têm buscado inovar, seja em produtos, serviços ou
processos, sendo que uma dessas formas é a inovação colaborativa, que será
demonstrada nesta seção, assim como a sua aplicabilidade.

Seção 2 | Gestão de redes de cooperação


Nesta seção, o assunto a ser tratado é a importância da gestão de redes
de cooperação. Redes de cooperação são grupos horizontais de empresas
que colaboram entre si em prol de um ou vários objetivos. Para que eles sejam
alcançados, são necessárias práticas de gestão eficazes.

Seção 3 | Colaboração em massa


Esta seção busca demonstrar a colaboração em massa. Esse termo pode não
ser muito conhecido, porém, essa tendência tem se demonstrado cada vez mais
presente, não apenas nas empresas mas também na vida das pessoas. Assim, esta
seção explanará de forma clara o conceito de colaboração em massa e como ela
pode afetar as empresas.

U2 - Gestão de redes 35
Introdução à unidade
Atualmente, com os fatores da intensificação da comunicação e
das informações a nível global, com o surgimento progressivo de novas
tecnologias e a inovação constante em todos os setores da economia,
tem se exigido cada vez mais das organizações. Esses fatores fizeram
com que a concorrência deixasse de ser local e se tornasse global. Nestes
novos tempos, as empresas precisam cada vez mais se reinventarem
para permanecerem competitivas perante o mercado. Partindo dessas
premissas, o conceito de inovação colaborativa pode ser um grande
auxiliador para as empresas que pretendem se manter operantes e em
crescimento. Estudos têm demonstrado que as empresas que adotam
estratégias de inovação colaborativa conseguem melhores resultados
do que aquelas que trabalham de forma isolada, ou seja, as empresas
que têm buscado parcerias estão conseguindo melhores resultados
neste novo contexto de mercado. Uma estratégia bem definida de
inovação colaborativa pode fazer com que a empresa alavanque seus
resultados de forma significativa.
Outro ponto a ser avaliado nesta seção é a boa gestão das redes de
cooperação. A gestão em si a ser abordada não se prende apenas nas
operações, mas sim nas estratégias que as empresas da rede devem
focar em prol dos objetivos estabelecidos. Uma gestão bem definida e
executada pode trazer inúmeros benefícios às empresas participantes
da rede, pois estas empresas podem ter excelentes produtos ou
serviços, porém, sem uma gestão com objetivos claros e estratégias
bem definidas, podem levar ao declínio da rede. A gestão tem um
papel importante na definição do rumo que as empresas devem seguir,
e um bom modelo de gestão aplicado pode fazer muita diferença no
mercado atual, especialmente em se tratando de redes de cooperação.
Convém ressaltar que, neste mercado atual, globalizado, outro
tópico é a questão das novas tendências. Neste caso, a tendência
a ser explanada é a da colaboração em massa, que trata a ideia
de uma rede de colaboração em massa para aprimoramento ou
desenvolvimento de novos produtos ou serviços, para redução de
custos ou aprimoramento de seus processos etc. Esse conceito trata-
se da ideia de grupos de empresas ou pessoas que colaboram entre si
de forma aberta, buscando impulsionar empresas, ideias, processos,

36 U2 - Gestão de redes
pessoas etc. perante o mercado, enfatiza-se a busca de oportunidades.
Esta unidade demonstrará casos de empresas que se utilizam desses
conceitos para se manterem competitivas no mercado.
Bons estudos!

U2 - Gestão de redes 37
Seção 1
Inovação colaborativa
Introdução à seção

Esta seção demonstrará o conceito de inovação colaborativa,


assim como sua importância no nosso contexto atual, considerando
a economia de forma global. Deve-se considerar que a inovação pode
ser vista como o insumo principal para a competitividade empresarial.
Nesse sentido, será apresentado esse conceito como uma estratégia
que pode auxiliar as empresas a se manterem competitivas no mercado.

1.1 Conceito de inovação colaborativa

Neste momento, é válido resgatar a ideia de inovação. A palavra


em si significa criar algo novo, fazer algo novo. Assim, inovação, no
contexto empresarial, busca métodos, processos, produtos ou serviços
novos, porém, de forma colaborativa. No contexto atual, a inovação
pode ser realizada entre empresas do mesmo segmento ou até de
segmentos diferentes, de uma forma diferente do tradicional, podendo
ser realizada de forma aberta por meio de sistemas integrados, ou seja, é
a inovação com auxílio de outras empresas. Cumpre assinalar, segundo
Rothwell (1995), que a tendência é que as pesquisas realizadas no
desenvolvimento de processos, produtos ou serviços sejam realizadas
por meio de ações colaborativas entre as partes interessadas, interna e
externamente.
A inovação colaborativa parte da ideia que as empresas não possuem
todas as ferramentas necessárias ou os conhecimentos necessários
de forma isolada para inovar, pois elas dependem de vários aspectos,
tais como: conhecimentos técnicos, conhecimentos científicos,
habilidades específicas, conhecimento de processos, conhecimentos
tecnológicos etc. Interessante dizer que, para que se torne algo
sólido, as estratégias de crescimento e inovação dependem de ações
conjuntas e cooperadas, envolvendo outras empresas, fornecedores,
clientes (O’CONNOR, 2006).
Cumpre observar que empresas não existem de forma isolada, elas
dependem do ambiente que estão inseridas. Assim, vale ressaltar a
importância da colaboração na inovação das partes interessadas. Essa

38 U2 - Gestão de redes
colaboração pode vir dos:

• Clientes - sugestões de melhoria no produto ou serviço,


sugestões para novos produtos ou serviços. Essas sugestões podem
vir por meio de consulta com os clientes, pesquisas de mercado,
comunicação direta via internet etc.
• Fornecedores - desenvolvimento de matérias-primas ou
ferramentas em conjuntos, desenvolvimento de novos fornecedores
etc.
• Instituições de tecnologia - desenvolvimento de softwares
compartilhados, desenvolvimento de softwares específicos etc.
• Instituições financeiras governamentais ou privadas -
financiamento de projetos de inovação; financiamentos de novas
máquinas ou equipamentos etc.
• Colaboradores - desenvolvimento de novos processos, novos
produtos ou serviços, novos meios de produção de produtos ou
serviços etc.

Nesta linha de análise, quando uma empresa decide inovar de forma


colaborativa, envolve toda uma rede, desde clientes, colaboradores
e fornecedores, ou seja, inovação por meio de sistemas abertos e
integrados, tornando evidente que a colaboração entre empresas,
clientes e fornecedores pode ser fonte de acesso a uma grande
quantidade de conhecimentos que permitam novas ideias no processo
de inovação (HUIZINGH, 2011).
Empresas que buscam desenvolver novos produtos ou serviços
de forma colaborativa, explorando recursos de outras organizações,
conseguem reduzir seus custos durante o desenvolvimento do produto
ou serviço e também conseguem maior penetração de mercado.
Tidd, Bessant e Pavitt (2001) argumentam que, explorando recursos
de outras empresas, não apenas os custos mas também os riscos e o
tempo de desenvolvimento de um produto ou serviço são menores
que empresas que trabalham de forma isolada.
A inovação colaborativa traz uma abordagem aberta no
desenvolvimento de novos produtos ou serviços por meio de auxílio
e recursos de outras empresas, de forma que esse processo busca
beneficiar os envolvidos. Na figura a seguir, pode-se observar, de
maneira sucinta, como ocorre esse processo.

U2 - Gestão de redes 39
Figura 2.1 | Processo da inovação colaborativa

Colaboração dos Colaboração Colaboração de Colaboração dos


clientes interna empresas parceiras fornecedores

Ideia inovadora de um novo


produto ou serviço
Benchmarking
(busca das
melhores práticas)
Desenvolvimento do novo
produto ou serviço

Busca de recursos Análise das


financeiros de tendências do
empresas públicas Produto ou serviço inovador mercado
ou privadas concebido

Fonte: elaborada pelo autor.

É importante elencar que a inovação colaborativa não é privilégio


de grandes empresas, pequenas e médias empresas também
podem utilizar essa metodologia nos mais diversos segmentos, pois
considerando o atual mercado, essas empresas podem se desenvolver
por meio de colaboração mútua. Nesse contexto, existe um grande
número de possibilidades de alianças estratégicas para concepção de
novos produtos ou serviços, até mesmo para melhoria de processos.
As redes de cooperação em prol da inovação promovem um ambiente
favorável para a troca de conhecimentos e experiências, dessa forma, a
inovação se torna menos complexa.

1.2 A importância da inovação colaborativa para as empresas

Atualmente, as empresas precisam se reinventar para se manterem


competitivas. Uma tendência cada vez maior é que as empresas
busquem novos modelos de inovação fora de seus centros de pesquisa
e desenvolvimento, podendo ser considerados centros de inovação
aberta. As redes de colaboração fornecem acesso a uma grande
quantidade de informações e conhecimentos em prol da inovação,
sendo possível obter melhores resultados no processo de inovação
em relação a empresas que trabalham de forma individual (POWELL,
1998). A inovação colaborativa tem sua importância pautada em vários
fatores, tais como:

40 U2 - Gestão de redes
• Redução ou compartilhamento dos custos no desenvolvimento
de novos produtos ou serviços - quando uma empresa inova de forma
colaborativa, a tendência é que os custos de desenvolvimento sejam
menores, pois eles podem ser compartilhados com empresas parceiras
ou com os fornecedores, ou até mesmo pela diminuição nos erros
durante o processo.
• Diminuição de riscos - os riscos são reduzidos devido ao
compartilhamento das ideias. As soluções para possíveis problemas
podem vir de empresas parceiras, dos colaboradores e até mesmo dos
fornecedores por meio de troca de experiências.
• Maturidade da empresa - a empresa e sua rede se tornam mais
maduras perante o mercado por meio de uma visão mais ampla.
• Desenvolvimento constante - a rede participante está sempre
em desenvolvimento, tornando-se, assim, mais competitiva.
• Melhoria nos fornecedores - desenvolvimento de novas
matérias-primas, máquinas ou ferramentas mais apropriadas para a
produção deste novo produto e/ou serviço, podendo ser até preços
menores.
• Melhor aceitação de mercado - a colaboração dos clientes
faz com que os novos produtos ou serviços estejam mais próximos
de suas expectativas, assim, a sua aceitação perante o mercado será
maior.
Na fase inicial de desenvolvimento de um novo produto ou serviço,
as empresas buscam ideias por meio de conferências com outras
empresas ou com fornecedores, estreitam suas relações com clientes
em busca de informações, buscam relações com universidades e/ou
centros de pesquisa e desenvolvimento, tudo em busca de cooperação
para inovação de seus produtos ou serviços (VAN DER MEER 2007).
As estratégias de inovação colaborativa possibilitam à empresa e à
sua rede de colaboração um diferencial perante o mercado, pois essas
empresas estará menos suscetível às turbulências do mercado. A Figura
2.2 busca reforçar a ideia dos benefícios que a inovação colaborativa
pode trazer para a empresa.

U2 - Gestão de redes 41
Figura 2.2 | Benefícios da inovação colaborativa

Novo produto
ou serviço
elaborado por
meio da inovação
colaborativa

Melhor
Maior aceitabilidade Fortalecimento das
competitividade de mercado dos empresas da rede
produtos e/ou
serviços

Fonte: elaborada pelo autor.

A inovação e seu processo, segundo Chesbrough (2003), devem ser


mais abrangentes, colaborativos, buscando sempre o conhecimento
de diversas áreas externas e internas em conjunto. Assim, as empresas
terão uma visão mais sólida da inovação que pretende implantar.

Questão para reflexão


A inovação colaborativa tem se tornado uma tendência. Como essa
tendência pode interferir nos negócios das empresas?

Como se observa, a inovação colaborativa vai ao encontro deste


novo mercado cada vez mais competitivo, no qual os avanços
tecnológicos e as mudanças nos aspectos de consumo se acentuam
cada vez mais, assim, o intuito dessa estratégia é criar uma rede
colaborativa de inovação, de forma que as empresas desta rede possam
se destacar. Chesbrough (2003) relata que as empresas fazem grandes
investimentos em pesquisa e desenvolvimento de forma interna:
buscam também os melhores profissionais no mercado, porém, no
final do século XX, esse modelo de inovação fechada começou a
declinar devido a vários fatores. Desta forma, a inovação colaborativa
surge como uma eficaz estratégia de pesquisa e desenvolvimento.
Neste contexto, o conhecimento e a prática da inovação
colaborativa podem ser considerados uma estratégia eficiente e eficaz

42 U2 - Gestão de redes
em prol do processo de inovação das empresas. Quando as empresas
unem conhecimentos, técnicas e ferramentas, a inovação se torna
mais sólida. Bessant e Tidd (2009) salientam que a inovação não é um
ato isolado, mas sim um ato de múltiplos participantes, pois para que a
inovação ocorra, ela depende do trabalho em conjunto de diferentes
participantes.

Para saber mais


Acesse o link do artigo:
BUENO, B.; BALESTRIN, A. Inovação colaborativa: uma abordagem
aberta no desenvolvimento de novos produtos. RAE - Revista de
Administração de Empresas, FGV, São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://9081-www.redalyc.org/articulo.oa?id=155124719004>. Acesso
em: 30 ago. 2017.
'

Atividades de aprendizagem
1. As redes de colaboração fornecem acesso a uma grande quantidade de
informações e conhecimentos em prol da inovação, assim, é possível obter
melhores resultados no processo de inovação em relação a empresas que
trabalham de forma individual (POWELL, 1998). Com relação à inovação
colaborativa, julgue as sentenças a seguir:

I. As redes de colaboração em prol da inovação têm como foco principal


o apoio interno de seus colaboradores para criação de novos produtos e/
ou serviços.

II. No contexto de inovação colaborativa, a inovação é um ato que ocorre


de forma isolada e, depois, é compartilhada em uma rede de cooperação.

III. As estratégias de inovação colaborativa possibilitam à empresa e à sua


rede de colaboração um diferencial perante o mercado, pois essa empresa
estará menos suscetível às turbulências do mercado.
Estão corretas:
a) As afirmativas I e III, apenas.
b) As afirmativas I e II, apenas.
c) A afirmativa I, apenas.
d) A afirmativa II, apenas.
e) A afirmativa III, apenas.

U2 - Gestão de redes 43
2. Ao analisar o contexto de mercado atual, pode-se considerar que a
inovação é vista como o insumo principal para a competitividade empresarial.
A inovação colaborativa vem ao encontro dessa premissa como uma
estratégia em prol da inovação. Partindo da ideia de inovação colaborativa,
assinale a alternativa correta:

a) Trata-se de colaboração mútua apenas entre grandes empresas em prol


da inovação.
b) A colaboração entre empresas, clientes e fornecedores pode ser fonte
de acesso a uma grande quantidade de conhecimentos que permita novas
ideias no processo de inovação.
c) A inovação colaborativa tem como principal foco a melhoria de processos,
buscando apenas a redução de custos.
d) Busca apenas novas fontes de matéria-prima, insumos de transformação
ou ferramentas junto aos seus fornecedores por meio de colaboração
mútua.
e) A inovação colaborativa envolve apenas os clientes no desenvolvimento
de novos produtos e/ou serviços.

44 U2 - Gestão de redes
Seção 2
Gestão de redes de cooperação
Introdução à seção

Esta seção aborda o conceito de gestão de redes de cooperação.


Nos últimos anos, as redes de cooperação estão aumentando devido
ao fator que a cooperação em rede não se trata apenas de uma
alternativa em prol da sobrevivência das empresas mas também para o
crescimento e a geração de ideias inovadoras. Nesta análise, as redes
de cooperação terão seu sucesso condicionado a um modelo de
gestão competente que administre além de processos operacionais.
Essa gestão deve determinar os objetivos da rede, assim como as
estratégias a serem adotadas para alcançar seus objetivos. Assim, esta
seção abordará princípios para uma gestão eficiente e eficaz em redes
de cooperação.
2.1 Importância da gestão de redes de cooperação

A cooperação entre as empresas busca a divisão de atividades


específicas entre os participantes da rede, assim como o
compartilhamento de informações para o alinhamento das atividades
em prol de objetivos definidos pela rede, e para tal, a gestão exerce um
papel fundamental nesse processo. Para que essa integração seja ágil e
eficiente, devem ser estabelecidos objetivos e estratégias em comum,
assim como a definição dos processos e da estrutura (CAMARINHA-
MATOS; AFSARMANESH; OLLUS, 2005).
O alinhamento dos objetivos e a definição das estratégias, assim
como os ajustes destes, devem ser ordenados e alinhados conforme
as expectativas das empresas da rede. Convém ressaltar que redes
de cooperação desprovidas de gestão podem não alcançar grandes
resultados, pois perdem seu foco e trabalham de forma desordenada.
Para que uma rede de cooperação possa alcançar o sucesso, ela deve
buscar definir alguns pontos:

I. Definição do objetivo da rede - as empresas devem definir qual


é o foco da empresa. Por exemplo, foco em qualidade, busca de novos
fornecedores que atendam às uas expectativas, desenvolvimento de

U2 - Gestão de redes 45
novos produtos ou serviços de maior qualidade. No entanto, deve-se
manter os esforços nesse objetivo, caso a empresa tenha foco em
qualidade, automaticamente não será a redução de custos seu foco,
não que isso não possa ocorrer, porém, qualidade conflita diretamente
com a questão do custo baixo. Caso a rede perca o foco em seu
objetivo, ela pode entrar em conflito. Uma das ferramentas que pode
auxiliar na definição do objetivo é uma análise dos 4Ps (Produto,
Preço, Praça e Promoção). No primeiro P (Produto), entende-se as
características do produto e para qual público-alvo ele foi concebido, o
que facilita a definição dos objetivos. Cada P oferece uma análise sobre
o produto, e cada análise auxilia na definição dos objetivos.
II. Definição de estratégias - quais serão as estratégias para
alcançar o objetivo. Neste momento, a rede deve analisar o mercado
que está inserida, assim como as oportunidades e as ameaças aos seus
pontos fortes e fracos, feito isso, ela deve definir estratégias tangíveis
e viáveis para o alcance do objetivo estabelecido. Para a definição
das estratégias, uma ferramenta seria a análise SWOT, que é uma
análise das Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades
(Opportunities) e Ameaças (Threats) que permeiam a empresa, tanto
no ambiente interno como externo.
III. Estruturação administrativa da rede - a estrutura pode ser
compreendida como o pilar para a gestão da rede, ela deve viabilizar
uma estrutura de apoio, buscando alocar profissionais, delimitando
funções e responsabilidades - conforme o conhecimento técnico
desses profissionais, criar uma estrutura física para funcionamento da
administração da rede, incorporar ferramentas administrativas e de
gestão nesta estrutura. As ferramentas podem ser planilhas de Excel que
façam um acompanhamento da rede (financeiro, desempenho etc.)
e os profissionais podem ser selecionados por seus conhecimentos
acadêmicos e de mercado.
IV. Formação de equipes - além da estruturação, a rede pode
formar equipes multifuncionais, oriundas das empresas participantes,
para viabilizar seu funcionamento. Um método para formação de
equipes é a análise curricular e das competências de seus integrantes.
As funções devem ser distribuídas conforme o conhecimento de cada
um.
V. Definição de metas - a rede deve estabelecer metas claras
e acessíveis para o alcance de seus objetivos, assim como os prazos
para o atingimento das metas estabelecidas. As metas têm que ser
alcançáveis. Para tal, deve-se fazer uma análise de dados do mercado.
As metas devem ser pautadas em objetivos de curto prazo, que

46 U2 - Gestão de redes
levem aos objetivos maiores. Lembrando que as metas devem ser
acompanhadas por indicadores.
VI. Implantação de indicadores - implantar indicadores de
acompanhamento, sejam eles das metas, dos resultados financeiros,
da diminuição ou do aumento dos custos, comparando com os
resultados obtidos, indicadores de percas e falhas. Assim como
empresas individuais se utilizam de indicadores, as redes devem utilizar-
se desta ferramenta para mensurar os resultados, ressaltando que por
ela auxilia na análise de falhas. Essa ferramenta pode ser confeccionada
por meio de planilhas de Excel, quadros demonstrativos, softwares,
relatórios etc.
VII. Análise dos resultados - analisar se os resultados dos
esforços da rede estão dentro do estimado ou se ficaram aquém do
estabelecido, de forma a tomar providências na correção das falhas.
Pode-se comparar os resultados por meio de dados, que podem ser
gerados por planilhas de Excel, softwares, relatórios etc.
VIII. Feedback ou retorno - retornar o processo identificando
as falhas e corrigindo estas para que a rede se mantenha alinhada e
conectada em prol do objetivo estabelecido. Para identificar as falhas, a
melhor forma é analisar os indicadores, os quais são as ferramentas que
demonstram o desempenho de cada área, e assim dar um retorno para
cada área deficitária ou não, visando melhorar ou manter a eficiência
do processo, pautado em informações tangíveis.
IX. Manter a rede conectada - as informações devem ser
transmitidas de forma clara para as partes interessadas, nenhuma
informação deve ser omitida ou distorcida perante os integrantes
da rede. Sugere-se a utilização de e-mails copiados para todos os
integrantes ou partes interessadas.
X. Motivação e comprometimento - a rede deve sempre se
manter motivada e comprometida com os objetivos e as metas
estabelecidas pela rede. Por meio de reuniões periódicas, é possível
manter a rede motivada e comprometida.
XI. Confiança - para que a gestão da rede flua de forma a atingir as
expectativas elencadas pela rede, é necessário confiar nas capacidades
dos participantes, assim como na idoneidade dos participantes.

É importante que a rede de cooperação se mantenha integrada,


mesmo se tratando de diferentes empresas e essa integração
transforma as empresas em uma forte unidade produtiva e comercial de
bens e/ou serviços. Esses pontos citados são essenciais para viabilizar

U2 - Gestão de redes 47
a integração da rede de forma a deixá-la organizada e produtiva. A
gestão da rede de cooperação acaba por exigir mais dos gestores um
conhecimento estratégico para atividades em conjunto, sendo que
estes ainda terão de lidar com situações de negociação para que entrem
em consensos, estabelecimento de regras e prioridades, métodos de
acompanhamento e a construção de mecanismos de decisão coletiva
(FLEURY; OUVERNEY, 2007). Na figura a seguir, está demonstrado, de
forma simplificada, o processo de gestão de redes de cooperação.
Figura 2.3 | Processo para gestão de redes de cooperação

Formação
de rede
Conexão
Motivação
Definição dos
Confiança
objetivos

Definição das
Alocamento de estratégias
Estrutura física
profissionais
Feedback

Estruturação
da rede
Determinação de funções Ferramentas
e responsabilidades administrativas e de
gestão
Definição
Formação de de metas
equipes
Implantação de
indicadores

Análise dos
resultados

Objetivo
da rede

Fonte: elaborada pelo autor.

A gestão de uma rede de cooperação deve ser bem analisada para


que os objetivos da rede sejam alcançados de forma eficiente e eficaz
e os anseios dos membros da rede sejam satisfeitos. Bortolaso (2009)
argumenta que um modelo de gestão de redes de cooperação deve
seguir alguns critérios, tais como: estratégia, coordenação, liderança,
estrutura da rede, processos, relacionamento e resultados.

Questão para reflexão


Como a gestão de redes de cooperação pode influenciar a rede como
um todo?

48 U2 - Gestão de redes
O estilo de gestão vai depender da cultura organizacional dos
membros da rede, porém, todas as redes devem adotar um modelo de
gestão que leve aos objetivos estipulados por eles, ou seja, apesar de
serem empresas diferentes, estas devem buscar um modelo de gestão
que atenda às necessidades do grupo, ressaltando que essa gestão
deve sempre priorizar os objetivos estipulados.

2.2 Modelos de gestão para redes de cooperação

Nas redes de cooperação, como trata-se de um grupo de empresas


interligadas em uma rede, deve-se estabelecer certas premissas em sua
gestão. A primeira, como já definida anteriormente, trata da ideia de
estabelecer objetivos e metas, assim como os mecanismos necessários
para seu atingimento. Assim, é necessário analisar premissas para a
gestão de redes de cooperação, antes que se destaque modelos de
gestão, tal como o papel da liderança.
A liderança, nessa situação, pode ocorrer de forma formal -
estipulada pela rede, com normas e regras ou informal - pelo convívio
diário ou afinidade, porém, a formalização de uma rede de cooperação
deve orientar a divisão de deveres e direitos. Segundo Grewal (2008),
a rede deve estipular formalmente uma liderança, e também se pautar
em normas e regras preestabelecidas. Assim, a rede se tornará mais
coesa e as decisões da liderança serão mais efetivas.
Não bastando a situação da liderança e a definição de normas e
regras, a rede também deve se atentar à estipulação de contratos entre
os membros, delimitando direitos e deveres, sigilo das informações,
direitos das patentes de novos produtos e serviços etc. (THORELLI,1986).
Outras situações devem ser analisadas para que a rede funcione de
forma eficaz e eficiente, tais como o segmento ou o ramo de atuação
das empresas da rede, a localização das empresas participantes, se
existem interesses conflitantes entre as empresas que participam da
rede etc. (BALESTRIN; VERSCHOORE, 2008).
Nesse momento, após essas breves premissas, pode-se abordar os
modelos de gestão para redes de cooperação. Provan e Kenis (2007)
destacam a existência de três modelos de gestão, a saber:
I. Gestão compartilhada - trata-se de uma gestão coletiva por
meio de uma empresa líder e a participação de uma organização

U2 - Gestão de redes 49
administrativa de rede. Neste modelo, a gestão ocorre de forma coletiva,
pautada no comprometimento, sem a concepção de uma estrutura
formal de gestão. Tem como ponto forte a adesão e a participação dos
membros da rede, porém, sua fraqueza está na demora na tomada de
decisões e, quanto maior fica a rede, sua eficiência diminui.
II. Gestão pautada em uma empresa líder - neste modelo, a
empresa que assume o papel de líder é responsável de forma isolada
pela coordenação das tarefas a serem executadas e também pelas
decisões. Seu ponto forte está pautado na eficiência da sua gestão,
todavia, os demais membros participantes da rede podem ficar à
mercê da empresa líder, pois esta pode tomar decisões pautadas em
seus interesses e a consequência dessa situação enfraqueceria a rede
e poderia levá-la à ruína.
III. Gestão por meio de uma organização administrativa -
este modelo tende a ser mais eficiente e eficaz se comparado aos
anteriores, tendo como ponto forte a gestão pautada na eficiência, no
crescimento sustentável e na legalidade.
Segundo os autores citados, os três modelos abordados possuem
seus pontos fortes e fracos e, para que a gestão de redes de cooperação
seja efetiva, é necessária a utilização de instrumentos para sua gestão,
conforme abordado anteriormente, sendo estes: instrumentos
contratuais, instrumentos estratégicos e de gestão, instrumentos de
decisão e instrumentos de integração.

Para saber mais


Acesse o link do artigo:
BORTOLASO, I. V. J.; VERSCHOORE FILHO, R. S. F.; ANTUNES JUNIOR,
J. A. V. Práticas de Gestão de Redes de Cooperação Horizontais: o
desenvolvimento de um modelo de análise. XXXIV Encontro da ANPAD.
Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/
pdf/eor2559.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2017.

Atividades de aprendizagem
1. As redes de cooperação, neste mercado atual altamente competitivo,
surgem como uma alternativa para a sobrevivência e o crescimento da
empresa. Para que uma rede de cooperação seja bem-sucedida, ela deve
buscar uma gestão eficiente e eficaz, que a leve a atingir seus objetivos.

50 U2 - Gestão de redes
Julgue as afirmativas a seguir:
I. A gestão de redes de cooperação pauta todos os seus esforços apenas na
gestão das operações da rede.

II. Para que a gestão da rede de cooperação seja realmente eficiente e eficaz,
ela deve estar presente em todo o seu processo de formação, agindo desde
a definição dos objetivos, das estratégias, na construção de uma estrutura,
gerindo as operações e os processos etc.

III. A gestão de redes de cooperação trata-se de uma ferramenta


administrativa que tem o seu foco pautado apenas no processo burocrático
da rede.
Assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) As afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) A afirmativa II está correta, apenas.
e) A afirmativa I está correta, apenas.

2. Analise a sentença e, depois, assinale a alternativa que preenche a lacuna


de forma correta:
___________________________: este modelo de gestão cooperativa
tende a ser mais eficiente e eficaz; tem como ponto forte a gestão pautada
na eficiência, no crescimento sustentável e na legalidade (PROVAN; KENIS,
2007).

a) Gestão compartilhada.
b) Gestão estratégica.
c) Gestão pautada em uma empresa líder.
d) Gestão por objetivos.
e) Gestão por meio de uma organização administrativa.

U2 - Gestão de redes 51
Seção 3
Colaboração em massa
Introdução à seção

Nesta seção, será abordado o conceito de colaboração em massa.


Esse conceito teve sua origem na tecnologia, porém, já se estendeu
para outras áreas, que vão desde a indústria de bens e serviços até
outras ramificações, como a indústria musical. Será demonstrado
também como as empresas estão utilizando esse conceito para se
manterem atuantes e competitivas perante o mercado, sendo que
cada vez mais por ele tem se demonstrado presente nas empresas e
na vida das pessoas.

3.1 Conceito de colaboração em massa

A princípio, Barbosa, Sepúlveda e Costa (2009) argumentam que o


conhecimento e a informação alcançaram um alto patamar perante a
sociedade atual e que investimentos nestes quesitos podem levar as
empresas a criarem produtos e/ou serviços de alto valor agregado.
Para uma melhor compreensão do que se trata colaboração
em massa, é necessário compreender que os padrões tradicionais
de empresa entraram em choque com o mercado atual altamente
globalizado. Até pouco tempo, as empresas trabalhavam de forma
extremamente hierarquizadas em que todos, provavelmente, eram
subordinados a alguém com um cargo superior e se havia, pouca
interatividade. Esse modelo sofreu um grande choque com modelos
que estão surgindo atualmente.
No contexto atual de mercado, houve uma grande mudança nas
estruturas tecnológicas, nas economias e na demografia, surgindo,
assim, novos meios de produção, organização e gestão, pautados na
colaboração em massa.
O conceito da colaboração em massa busca disponibilizar
informações que antes poderiam ser consideradas sigilosas, em prol
da inovação, da redução de custos, da agilidade da organização
empresarial e da fidelização de clientes.

52 U2 - Gestão de redes
Tapscott e Williams (2006) adotaram o termo Wikinomics para tal
fenômeno, o qual faz uma analogia ao site de informações colaborativas
Wikipedia. Os autores acreditam que a colaboração em massa por meio
da partilha de informações está impactando fortemente a economia e
o funcionamento de empresas de vários setores. Segundo os autores,
a Wikinomics é uma das maiores mudanças na colaboração já vista
até o momento, pois graças ao advento da internet, um extraordinário
número de pessoas pode contribuir para a produção de conteúdo,
de bens e/ou serviços e aumentando de forma substancial o
relacionamento das empresas com seus clientes.
A colaboração em massa, busca novas formas de criação e
desenvolvimento de produtos e/ou serviços por meio da colaboração
oriunda da internet, conectando os interessados em prol desse
desenvolvimento. Tapscott e Williams (2006) acreditam que os
gestores devem pensar e agir de forma diferente, para que as empresas
se mantenham competitivas e lucrativas, e devem utilizar a sabedoria
em massa. Esse pensamento acarretou profundas mudanças nos
modos de operação das empresas. Os autores demonstram formas
de colaboração em massa como o Peering, que se trata de uma forma
de concepção de novos produtos e/ou serviços não hierarquizada
e colaborativa, como o sistema Linux - sistema operacional de
computador, em que qualquer pessoa pode utilizar e alterar suas
propriedades livremente, considerando seus termos de licença. Trata-
se de um novo conceito de inovação e criação de valor, que ocorre
por meio da colaboração participativa via rede de internet. Observando
a figura, é possível verificar, de forma simplificada, a relação do Peering
com a criação de novos produtos e/ou serviços.

U2 - Gestão de redes 53
Figura 2.4 | Relação do Peering com a criação de novos produtos e/ou serviços

Colaboração
com
Colaboração Colaboração
conhecimentos
na ideia com técnicas

Colaboração com o Colaboração com


desenvolvimento Peering melhorias

Colaboração
Colaboração
nos
na divulgação
processos
Colaboração
com
Feedback
(retorno)

Fonte: elaborada pelo autor.

Segundo os autores, a colaboração em massa tem como cerne


o compartilhamento de ideias, conhecimentos etc., que vai na
contramão do sistema tradicional o qual busca proteger seus recursos
e inovações como uma propriedade exclusiva, por meio de patentes,
marcas registradas etc. A colaboração em massa visa potencializar
a inovação por meio de colaboração, incentivando a pesquisa em
conjunto, formando aliados em prol do negócio da empresa.

Questão para reflexão


Analisando o contexto da colaboração em massa, como esse conceito
pode interferir no sistema de inovação das empresas?

Muitas empresas de sucesso já utilizam esse conceito de


colaboração em massa em suas estratégias empresarias, sendo que,
em algumas delas a colaboração em massa é a sua razão de existência.
Veja, a seguir, algumas destas empresas que utilizam a colaboração em
massa:
• YouTube - trata-se de uma plataforma de distribuição de vídeos,

54 U2 - Gestão de redes
É uma empresa no ramo de entretenimento, cujos insumos - vídeos
postados por seus clientes -, em sua maioria, não são produzidos pela
empresa. Sua receita é oriunda de comerciais de produtos ou serviços
de outras empresas inseridos no decorrer do vídeo ou nas laterais do
site.
• Uber - empresa norte-americana: trata-se de uma empresa
de prestação de serviços no ramo dos transportes, se assemelha aos
serviços prestados pelos táxis. Seus serviços são adquiridos por meio de
um aplicativo e seus veículos e motoristas não são atrelados à empresa
em si, são pessoas que se cadastram para exercer essa função, perante
a requisitos mínimos exigidos pela empresa.
• Waze - presta serviço de navegação, como um GPS (Global
Positioning System - Sistema de Posicionamento Global) e consiste
em uma tecnologia de localização por satélite. Seu diferencial é que
os usuários colaboram entre si, prestando informações em tempo real
sobre as condições das rotas, do tráfego etc.
• Fiat - empresa montadora de veículos, a qual se utilizou de dois
conceitos estratégicos, a inovação colaborativa e a colaboração em
massa, desenvolvendo um veículo conceito por meio de sugestões via
internet.

Na atual conjectura do mercado, esse conceito pode ser uma


estratégia de grande valia para as empresas, em especial no quesito de
inovação de seus produtos e/ou serviços.

Para saber mais


Na atual era da globalização, a colaboração em massa atua diretamente
em como as empresas arquitetam suas maneiras de inovar na concepção
de novos produtos e/ou serviços. Para que essas empresas possam
permanecer competitivas de forma global, por elas buscam monitorar
as mudanças referentes aos seus negócios, utilizando-se, assim, de
um vasto campo de conhecimento colaborativo, alianças e mercados
de capital e humano. As comunidades de Peering possibilitam acesso
a novas ideias, novos mercados e tecnologias. Nesse contexto, pode-
se dizer que será necessário o gerenciamento dos ativos humanos e
intelectuais em diversos tipos de cultura. As empresas que pretendem
vencer devem buscar conhecer, da melhor forma possível, o mundo
que estão inseridas, incluindo o mercado que atuam as tecnologias
adjacentes e as pessoas. As empresas que não se ambientarem neste
novo conceito podem ser tornar deficitárias e irreconhecíveis segundo
esses novos padrões. Para que tudo isso se torne possível, se faz

U2 - Gestão de redes 55
necessário não apenas pensar globalmente, mas agir globalmente e os
gestores perceberam que por isso é um grande desafio (TAPSCOTT;
WILLIAMS, 2006, p. 34)

3.2 Importância da colaboração em massa

Nos tempos atuais, a internet se modificou, tornando-se, além de


uma fonte de dados, uma forma de interação em massa, assim, esse
conceito de colaboração em massa vem auxiliando as empresas a
criarem, com seus clientes e possíveis clientes, produtos e serviços.
Não significa que as empresas deixam de se integrar verticalmente,
de forma interna, movendo os seus conhecimentos e, competências
dentro dos limites da empresa, mas sim ajustar esses limites na busca
de oportunidades, pois em uma colaboração em massa, o cerne
não está pautado apenas em custos, não que estes não possam
ser reduzidos, mas nas possibilidades de crescimento e inovação
(TAPSCOTT; WILLIAMS, 2006).
Com relação ao custo:

Hoje, bilhões de pessoas conectadas em todo o planeta


podem cooperar para fazer quase tudo o que requer
criatividade humana, um computador e uma conexão
à internet. Ao contrário de antes, quando os custos de
produção eram altos, as pessoas podem colaborar e
compartilhar as suas criações a um custo muito pequeno.
(TAPSCOTT; WILLIAMS, 2006, p. 76)

Nesse contexto, é possível analisar que existe uma possível


diminuição dos custos de inovação e criação, conforme exemplos
de empresas citadas anteriormente. Empresas como o YouTube não
possuem, praticamente, custos de criação de vídeos, pois os criadores
são os usuários. Com relação a um produto tangível, a Fiat, por meio
da colaboração em massa, conseguiu desenvolver um carro conceito
que a auxiliou no desenvolvimento de seus novos modelos, o que,
possivelmente, diminuiu os custos com relação à geração da ideia,
pois o carro conceito foi desenvolvido em conjunto com os clientes
ou possíveis clientes.

56 U2 - Gestão de redes
Claramente, não é uma tarefa fácil para uma empresa aderir à
colaboração em massa, pois além de suas ideias estarem ao alcance
de todos, incluindo da concorrência, surge o problema de como filtrar
as ideias de forma útil. No entanto, se bem utilizada, a colaboração
em massa pode auxiliar de forma significativa a diminuição de seus
custos de desenvolvimento, salientando que não é apenas uma
questão de custos, mas sim o aprimoramento no desenvolvimento de
novos produtos e/ou serviços ou até mesmo de ideias inovadoras de
produtos e/ou serviços.
Como remate, é importante frisar que, nesse contexto de
colaboração em massa os consumidores acabam por se tornar
também produtores, pois estes participam desde a criação até a
produção de um novo produto e/ou serviço. A participação de
clientes ou possíveis clientes auxilia na aceitação de um novo produto
ou serviço no mercado (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2006). Assim, por
meio da colaboração em massa, é possível que se tenha um grande
grupo de pessoas trabalhando em um projeto de inovação, de
forma independente, muitas vezes de forma voluntária, que acaba se
tornando uma fonte imensurável de cooperação e compartilhamento
de conhecimento.

Atividades de aprendizagem
1. Tapscott e Williams (2006) adotaram o termo Wikinomics para
descrever a ideia de colaboração em massa, o qual faz uma analogia ao
site de informações colaborativas, Wikipedia. Os autores acreditam que a
colaboração em massa por meio da partilha de informações está impactando
fortemente a economia e o funcionamento de empresas de vários setores.
Neste contexto, sobre as a colaboração em massa, analise as afirmativas a
seguir:

I. A colaboração em massa tem como intuito principal a geração e a


concepção de ideias para novos produtos e/ou serviços por meio do
compartilhamento de ideias e conhecimentos.
II. O conceito de colaboração em massa pode auxiliar na redução de custos
em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), e proporcionar que as empresas
se tornem mais competitivas perante a concorrência por meio de ideias
inovadoras que gerem novos produtos e/ou serviços.
III. A colaboração em massa tem sua base pautada no compartilhamento de
ideias, conhecimentos e técnicas de modo aberto.
Assinale a alternativa correta:

U2 - Gestão de redes 57
a) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) As afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) A afirmativa III está correta, apenas.
e) As afirmativas II e III estão corretas.

2. No contexto atual de mercado, houve uma grande mudança nas


estruturas tecnológicas, nas economias e na demografia, surgindo, assim,
novos meios de produção, organização e gestão, pautados na colaboração
em massa.
Analise as afirmações a seguir:

I. A colaboração em massa visa auxiliar a concepção apenas de produtos


não tangíveis, tal como os softwares ou serviços.

II. A colaboração em massa ocorre utilizando-se do advento da internet,


na qual os colaboradores podem expressar livremente suas opiniões e seus
conhecimentos.

III. Todas as ideias oriundas no processo criativo deste conceito devem


ser aceitas descartando a necessidade de se filtrar as ideias, pois todos os
colaboradores deste processo são capacitados para opinar.

Assinale a alternativa correta:

a) As afirmativas II e III estão corretas.


b) As afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) A afirmativa II está correta, apenas.
e) A afirmativa I está correta, apenas.

Fique ligado
Nesta unidade, foi realizada uma abordagem dos conceitos de
inovação colaborativa, gestão de redes de cooperação e colaboração
em massa. Foi analisado do que se trata cada conceito, assim
como sua importância no atual mercado globalizado. Os conceitos
demonstraram-se de grande valia para que as empresas obtenham
novas ideias de produtos e/ou serviços, melhoria de sua cadeia

58 U2 - Gestão de redes
produtiva, diminuição de custos etc., tudo em prol da busca da
maximização de seus lucros e aumento da competitividade. Por esses
motivos, é importante conhecer alguns elementos centrais, como:

• Inovação colaborativa.
• A relevância da inovação colaborativa.
• Gestão de redes de cooperação.
• A importância de uma gestão bem estruturada em redes de
cooperação.
• Modelos para gestão de redes de cooperação.
• Colaboração em massa.
• Importância da colaboração em massa.
Os tópicos essenciais estão concentrados nos assuntos listados,
porém, é de grande valia indicar os assuntos trabalhados nesta unidade:

• Conceito de inovação colaborativa.


• A importância da inovação colaborativa para as empresas.
• Importância da gestão de redes de cooperação.
• Modelos de gestão para redes de cooperação.
• Conceito de colaboração em massa.
• Importância da colaboração em massa.
Os conhecimentos adquiridos no decorrer da unidade são de
grande importância não apenas para discussão dos temas abordados,
mas também para o entendimento de sua relevância no contexto atual
de mercado, em que as empresas devem buscar novas práticas para se
manterem operantes e competitivas diante deste cenário.

U2 - Gestão de redes 59
Para concluir o estudo da unidade
Prossiga na leitura deste livro e busque ampliar seu conhecimento
por meio de leitura complementar sobre a inovação colaborativa, a
gestão de redes de cooperação e a colaboração em massa.

Atividades de aprendizagem
1. No contexto atual, a inovação pode ser realizada entre empresas do
mesmo segmento ou até de segmentos diferentes, de uma forma diferente
do tradicional, e de forma aberta por meio de sistemas integrados.

Analise as afirmações a seguir:

I. A tendência é que as pesquisas realizadas no desenvolvimento de


processos, produtos ou serviços sejam realizadas por meio de ações
colaborativas entre as partes interessadas, interna e externamente.

II. A inovação colaborativa parte da ideia de que as empresas possuem todas


as ferramentas necessárias ou os conhecimentos necessários de forma
isolada para inovar.

III. As empresas existem de forma isolada, ou seja, não dependem do


ambiente que estão inseridas.

Assinale a alternativa correta:

a) As afirmativas II e III estão corretas.


b) As afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) A afirmativa II está correta, apenas.
e) A afirmativa I está correta, apenas.

2. Segundo Rothwell (1995), a tendência é que as pesquisas realizadas


no desenvolvimento de processos, produtos ou serviços sejam realizadas
por meio de ações colaborativas entre as partes interessadas, interna e
externamente. Analise as afirmações a seguir, considerando F para falso e
V para verdadeiro:

60 U2 - Gestão de redes
( ) A inovação colaborativa traz uma abordagem aberta no desenvolvimento
de novos produtos ou serviços por meio de auxílio e recursos de outras
empresas.

( ) O conceito de inovação colaborativa envolve toda uma rede, desde


clientes, colaboradores e fornecedores, ou seja, inovação por meio de
sistemas abertos e integrados.

( ) A inovação colaborativa busca ser mais abrangente, colaborativa,


buscando sempre o conhecimento de diversas áreas, externas e internas,
em conjunto.

A sequência correta é:
a) V, V, F.
b) V, V, V.
c) F, V, F.
d) V, F, F.
e) F, F, F.

3. Considerando a gestão de redes de cooperação, analise a sentença


e, depois, assinale a alternativa que preenche a lacuna de forma correta:
______________________________: seu intuito é definir o foco da
empresa. Por exemplo, foco em qualidade, busca de novos fornecedores
que atendam suas expectativas, desenvolvimento de novos produtos ou
serviços de maior qualidade.

a) Definição do objetivo da rede.


b) Definição de estratégias.
c) Estruturação administrativa da rede.
d) Formação de equipes.
e) Definição de metas.

4. Considere a seguinte sentença sobre gestão de redes de cooperação:


As informações devem ser transmitidas de forma clara para as partes
interessadas, nenhuma informação deve ser omitida ou distorcida perante
os integrantes da rede. Assinale a alternativa que corresponde de forma
correta a essa sentença:
a) Motivação e comprometimento.
b) Confiança.

U2 - Gestão de redes 61
c) Manter a rede conectada.
d) Feedback ou retorno.
e) Definição de metas.

5. Tapscott e Williams (2006) adotaram o termo Wikinomics para descrever


o conceito da colaboração em massa. O termo faz uma analogia ao site
de informações colaborativas Wikipedia. Os autores acreditam que a
colaboração em massa por meio da partilha de informações está impactando
fortemente a economia e o funcionamento de empresas de vários setores.

Analise as afirmações a seguir:


I. Trata-se do compartilhamento de ideias, conhecimentos etc., que vai na
contramão do sistema tradicional que busca proteger seus recursos e suas
inovações.

II. A ideia central da colaboração em massa visa potencializar a inovação por


meio de aliados, incentivando a pesquisa em conjunto.

III. Seu cerne está pautado no compartilhamento de um grande número


de ideias e informações em uma rede fechada de grandes empresas que
colaboram entre si.

a) As afirmativas II e III estão corretas.


b) As afirmativas I e II estão corretas.
c) As afirmativas I e III estão corretas.
d) A afirmativa II está correta, apenas.
e) A afirmativa I está correta, apenas.

62 U2 - Gestão de redes
Referências
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gestão na nova economia. Porto Alegre: Bookman, 2008.
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conhecimento na era do compartilhamento e da colaboração. Informação & Sociedade:
Estudos, João Pessoa, v. 19, n. 2, p. 13-24, maio/ago. 2009. Disponível em: <http://www.
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BESSANT, J.; TIDD, J. Inovação e empreendedorismo. Porto Alegre: Bookman, 2009.
BORTOLASO, I. V. S. Proposta de construção de um modelo de referência para
avaliação de redes de cooperação empresariais. Dissertação (Mestrado em Engenharia
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CAMARINHA-MATOS, L. M.; AFSARMANESH, H.; OLLUS, M. Ecolead: a Holistic Approach
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and their Breeding Environments. New York: Springer, 2005.
CHESBROUGH, H. Open innovation: the new imperative for creating and profiting from
technology. Boston, MA: Harvard Business School Publishing, 2003.
FLEURY, S.; OUVERNEY, A. M. Gestão de redes: a estratégia de regionalização da política
de saúde. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
GREWAL, D. S. Network power: the social dynamics of globalization. Yale: Yale University
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HUIZINGH, E. K. R. Open innovation: State of the art and future perspectives. Technovation,
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ROTHWELL, R. The handbook of industrial innovation. Cheltenham: Edward Elgar, 1995.
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U2 - Gestão de redes 63
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64 U2 - Gestão de redes
Unidade 3

Sistemas de controle

Fernando Mori

Objetivos de aprendizagem
Aprender o que significa sistemas de controle de malha fechada
e malha aberta, as diferenças de desempenho entre esses sistemas,
explicar os princípios envolvidos em exemplos simples de sistemas
de controle abertos e fechados e descrever os elementos básicos de
um sistema de controle.

Seção 1 | Introdução aos sistemas de controle


Nesta seção, conceituaremos os elementos básicos de um sistema de controle.
Um sistema de controle é um sistema que fornece uma resposta desejada pelo
controle da saída.

Seção 2 | Conceitos de modelagem e sistemas de controle


Um modelo é uma representação matemática de um sistema físico ou sistema
de informações. Modelos permitem que possamos controlar e realizar previsões
sobre como se comportam.

U3 - Sistemas de controle 65
Introdução à unidade
Nesta unidade, conceituaremos os elementos de sistemas de controle,
assim como analisaremos diversos tipos de sistemas mais utilizados,
sistemas de controle de malha aberta e malha fechada e exemplificaremos
alguns sistemas de controle elétricos, mecânicos e pneumáticos.
Seção 1
Introdução aos sistemas de controle
Introdução à seção

Um sistema de controle é um sistema que define relações entre


suas entradas e saídas, ou então é um conjunto que define as relações
entre o sistema a ser controlado e o controlador. Definiremos nesta
seção sistemas de controle e seus elementos básicos.

1.1 Definições básicas

Definiremos sistemas de controle e seus elementos básicos.

Figura 3.1 | Módulo básico de um sistema de controle

Fonte: elaborada pelo autor.

Conforme podemos verificar na Figura 3.1, o sistema de controle


é representado por um único bloco. A saída é controlada através
da variação da entrada, por isso o nome de sistema de controle.
Alteraremos esta entrada com algum tipo de mecanismo, exemplo:
sistema de controle das luzes de tráfego, máquina de lavar.
As luzes de tráfego são um exemplo interessante de sistema
de controle. Aqui uma sequência de sinais de entrada é aplicada ao
sistema de controle e a saída é uma das três luzes que permanecem
acesas durante um período de tempo. Durante esse período, as outras
duas lâmpadas estarão desligadas. Com base no estudo do tráfego,
em um cruzamento, o tempo que elas ficam acesas ou apagadas
será determinado. O sinal de entrada controla a saída. Os sistemas de
controle das luzes de tráfego operam em uma base de tempo.

68 U3 - Sistemas de controle
Baseado em alguns parâmetros, podemos classificar os sistemas de
controle da seguinte forma:
a) Sistemas de controle em tempo contínuo e em tempo discreto.
Em sistemas de controle em tempo contínuo, todos os sinais são
contínuos no tempo, enquanto que no sistema de tempo discreto, os
sinais são discretos.
b) Sistemas de controle SISO (Single Input Single Output). Um sistema
é classificado como SISO quando tem uma entrada e uma saída.
c) Sistema aberto e sistema fechado. Os sistemas de controle podem
ser classificados em sistemas abertos ou sistemas fechados com base
no retorno. Um sistema aberto apresenta a seguinte estrutura:

Figura 3.2 | Módulos básicos de um sistema de controle de malha aberta

Fonte: elaborada pelo autor.

Um sistema de controle com malha fechada com retorno à entrada


é dado na Figura 3.3.

Figura 3.3 | Módulos básicos de um sistema de controle de malha fechada

Fonte: elaborada pelo autor.

U3 - Sistemas de controle 69
O detector de erro produz um sinal de erro que é a diferença entre
o sinal de entrada e o sinal de retorno. Este sinal de retorno é obtido do
bloco de retorno considerando a saída do sistema inteiro como sendo a
entrada deste bloco. Ao invés de ser uma entrada direta, o sinal de erro é
aplicado como entrada para o controlador. Dessa forma, o controlador
produz um sinal que controla o sistema. Nesta combinação, a saída
do sistema de controle é ajustada automaticamente até obtermos
a resposta adequada. Sistemas de controle fechados são também
chamados de sistemas de controle automáticos. As luzes de tráfego
têm um sensor na entrada, como um sistema de controle fechado.
Existem dois tipos de retroalimentação: positiva e negativa. A
retroalimentação positiva é adicionada à entrada de referência. A figura
a seguir mostra um sistema de controle com retroalimentação positiva.

Figura 3.4 | Modelos com retroalimentação positiva e negativa

Fonte: elaborada pelo autor.

70 U3 - Sistemas de controle
O conceito de função de transferência será discutido posteriormente.
Aceitaremos, por enquanto, que a função de transferência da
retroalimentação positiva é dada por:
G
T=
1− GH
Onde:
T é a função de transferência positiva do sistema retroalimentado.
G é o ganho do loop inteiro, que é uma função da frequência.
H é o ganho do circuito de retroalimentação, que é função da frequência.
A retroalimentação negativa reduz o erro entre a entrada de
referência R(S) e a saída do sistema. A função de transferência para a
retroalimentação negativa será:
G
T=
1 + GH
Os efeitos da retroalimentação podem ser variados. Se o valor de
(1+ GH ) é menor que 1, então o ganho total aumenta. Nesse caso, o
valor de GH é negativo porque o ganho no circuito de retroalimentação
é negativo. Se o valor de (1+ GH ) é maior que 1, então o ganho total
diminui. Assim, o valor de GH é positivo, pois o ganho no circuito de
retroalimentação é positivo.
Em geral, G e H são funções da frequência, então o retorno
aumentará o ganho total do sistema em um intervalo de frequência e
decrescerá em outro intervalo de frequência.
A retroalimentação negativa é importante para regularmos o sistema
enfrentando as perturbações de forma a reagir a essas perturbações,
reduzindo seus efeitos. Em um sistema com retroalimentação
positiva, o aumento em alguma variável ou sinal levará à situação
em que a variável é aumentada dinamicamente. Isso tem um efeito
desestabilizador e é acompanhado por um efeito de saturação que
limita o crescimento da quantidade.
A ideia de retroalimentação é realizar ações corretivas baseadas
na diferença entre um valor real e um valor desejado de uma
quantidade. Isso pode ser implementado de várias formas diferentes,
veremos duas formas a seguir: um sistema on - off, e um sistema de
controle proporcional.

U3 - Sistemas de controle 71
a) Sistema on - off.
Esse sistema de retroalimentação pode ser representado por:
umax se e > 0
u=
umin se e < 0
Onde e = r − y é a diferença entre o sinal de referência r e o sinal
de saída do sistema y, e u é o comando de atuação. Essa lei de controle
implica que a ação corretiva máxima está sempre sendo usada.
A equação de retroalimentação é camada de controle on - off. Uma
das suas vantagens é que não existem parâmetros para serem escolhidos.
Controles desse tipo servem para manter processos que variam próximos
de um valor de referência, tal como o uso de um termostato para manter
a temperatura de uma sala. É típico de sistemas cuja variável controlada
oscila, mas de tal forma que essa oscilação seja aceitável.
b) Sistema de controle proporcional integral derivado (PID).
A razão pela qual um sistema de controle on - off oscila é que o
sistema reage desproporcionalmente a uma pequena variação da
variável de controle. Esse efeito é evitado usando a lei de controle, cuja
característica do controlador é proporcional ao erro do controle para
erros pequenos:
umax se e > emax
u = k p e se emin < e < emax
umin se e < emin

umin u
Onde k p é o ganho do controlador, emin = ; emax = max . O
kp kp
intervalo (emin , emax ) é chamado de faixa de proporcionalidade, pois o
comportamento do sistema de controle é linear quando o erro está
este intervalo:
u = k p (r - y ) = k p e se emin  e  emax
Esta é uma grande melhora com relação ao processo on - off, pois
não temos a reação do sistema que fará o sistema oscilar de forma
desproporcional para pequenos erros. Em particular, se algum nível
de sinal de controle é necessário para o sistema manter seu valor
desejado, então devemos ter e  0 para manter a entrada necessária.
Isso pode ser evitado se fizermos com que a ação do sistema de
controle seja proporcional à integral do erro:

72 U3 - Sistemas de controle
t

u (t ) = k i e( )d
0

Esta forma de controle é chamada de controle integral e k i é a


integral de ganho. Pode ser demonstrado quando um sistema de
controle com ação integral tiver erro zero no estado estacionário.
Um refinamento adicional é fornecer ao sistema de controle uma
habilidade de antecipação, usando para isso uma previsão do erro.
Uma forma simples de previsão é obtida usando a extrapolação linear:
de(t )
e(t + Td )  e(t ) + Td
dt
que prevê o erro Td unidades à frente. Combinando controles
proporcional e integral e usando a taxa de variação, obtemos a
expressão matemática do sistema de controle:
t
de(t )
u(t ) = k p e(t ) + k i e( )d + kd
0
dt
A ação do controle é a soma de três termos: o passado representado
pela integral do erro, o presente representado pelo termo proporcional
e o futuro representado pela extrapolação linear do erro (o termo com
derivadas). Essa forma de retroalimentação é o controle proporcional
integral derivado (PID).
O sistema de controle PID é muito útil e capaz de resolver uma
grande variedade de problemas de controle. Cerca de 95% de todos
os sistemas de controle industriais são resolvidos por esse tipo de
sistema. No entanto, existem sistemas de controle mais sofisticados,
com métodos de previsão mais aprimorados do que os que são
empregados no PID.

Para saber mais


Para saber um pouco mais sobre sistemas retroalimentados, consulte
o link a seguir: http://www.ent.mrt.ac.lk/~rohan/teaching/EN5001/
Reading/DORFCH1.pdf Acesso em: 26 nov. 2017.

U3 - Sistemas de controle 73
Questão para reflexão
Você consegue imaginar algum sistema de controle em sua casa que
seja retroalimentado?

Atividades de aprendizagem

1. Qual é a característica de um sistema aberto de controle de malha aberta?


a) Controle dependente.
b) Retorno está presente.
c) Difícil de elaborar.
d) Retorno não está presente.
e) Mais baratos.

2. Qual característica não é de um sistema de controle de malha fechada:


a) Controle é dependente da entrada.
b) Mais caros.
c) Difícil de projetar.
d) Precisos.
e) Retorno não está presente.

74 U3 - Sistemas de controle
Seção 2
Conceitos de modelagem e sistemas de controle
Introdução à seção

Para utilizar o conceito de modelagem é necessário um


conhecimento tanto dos fenômenos modelados quanto das
propriedades das técnicas de modelagem. Nesta seção, analisaremos
as definições básicas e os conceitos de modelagem a serem aplicados
em sistemas de controle.

2.1 Definições e conceitos de modelagem

Em sistemas de controle, analisávamos sistemas dinâmicos que


obedeciam a um conjunto de equações diferenciais e assim obtínhamos
uma lógica de controle por meio de equações. Agora, analisaremos
modelos de sistemas dinâmicos, que descrevem a entrada e a saída do
sistema e trabalharemos na forma de espaços de estados do sistema.

Figura 3.5 | Um sistema massa-mola com sistema de amortecimento

Fonte: elaborada pelo autor.

O sistema considerado na Figura 3.5 pode ser modelado de acordo


com uma equação diferencial:

mq "+ cq '+ kq = u

U3 - Sistemas de controle 75
Nesta equação, está sendo modelado um sistema amortecido,
sujeito a uma perturbação externa ou força que controla o sistema. O
modelo implica que a taxa de variação do estado pode ser influenciada
pela entrada u(t ) .
A teoria de controle surgiu em torno dos anos 1940, e a abordagem
para sistemas dinâmicos foi fortemente influenciada pela engenharia
elétrica. Uma segunda onda se seguiu em torno dos anos 1950, em que
inspirado pela mecânica, o espaço de estados passou a ser utilizado.
O desenvolvimento dos modelos de espaço de estados envolvia a
modificação dos modelos da mecânica para incluir atuadores externos
ou sensores. Em controle, a equação que modela o sistema é:
dx
= f ( x, u ), y = h( x, u )
dt
Onde x é um vetor das variáveis de estado, u é um vetor dos sinais
de controle, e y é um vetor das medidas.
Um exemplo de sistema que pode ser modelado por equações
diferenciais é um sistema em balanço. Um sistema em balanço é um
sistema mecânico no qual o centro de massa pode ser equilibrado
sobre um ponto pivotal.

Figura 3.6 | Sistema de pêndulo invertido

Fonte: elaborada pelo autor.

Esses sistemas podem ser modelados por equações diferenciais do tipo:


M (q )q "+ C(q, q ') + K (q ) = B(q )u
Onde:
M (q ) é a matriz de inércia do sistema.

76 U3 - Sistemas de controle
C(q, q ') representa a força de Coriolis e o amortecimento.
K (q ) nos dá a força devido à energia potencial.
B(q ) nos diz como as forças externas aplicadas se acoplam com a
dinâmica do sistema. Usando mecânica Newtoniana, as equações do
sistema do pêndulo invertido são:
O termo automação é usado para descrever a operação automática
ou o controle de um processo. Na indústria moderna, temos uma
crescente utilização de automação, como em uma linha de produção
automática que emprega robôs. A automação envolve a execução de
operações em uma sequência planejada e controla os valores de saída
de algumas variáveis do sistema.
Como exemplo do que um sistema de controle pode fazer,
considere o seguinte:
a) A temperatura de uma sala é obtida ajustando a temperatura
necessária pelo termostato ligado a um sistema de aquecimento
central. Este é um exemplo de um sistema de controle, sendo a
temperatura da sala a variável controlada.
b) Em uma fábrica de envases, as garrafas são automaticamente
preenchidas até um nível predeterminado. A variável sendo controlada
é o nível de líquido na garrafa e o controle é executado para assegurar
uma diferença tolerável entre o que deve ser o nível correto e o que
realmente foi preenchido.
c) Uma máquina CNC é usada para automaticamente trabalhar
uma peça e obter as dimensões corretas. O sistema de controle deve
assegurar que não exista diferença entre as dimensões especificadas e
aquelas que realmente ocorrem.
d) Pacotes de biscoito se movem em uma esteira e têm seus
pesos verificados e aqueles que estão abaixo de um peso limite são
automaticamente rejeitados.
e) O painel de uma máquina de lavar roupas automática é acionado para
lavar roupas brancas. Uma sequência de operações é executada pelo sistema
para realizar esta operação. Este é um exemplo de sistema de controle em
que uma sequência controlada de operações deve ser executada.
Um sistema de controle é um sistema em que para alguma entrada
em particular, esta deve ser usada para controlar sua saída, ajustando-a
para algum valor em específico, dada uma sequência particular de
eventos ou dado um evento se certas condições são obtidas.

U3 - Sistemas de controle 77
Figura 3.7 | Elementos básicos de um sistema de controle

Fonte: elaborada pelo autor.

A Figura 3.7 mostra os elementos básicos de um sistema de controle


aberto. O sistema tem três elementos básicos: controle, correção e o
processo no qual a variável está sendo controlada.
a) Elemento de controle: determina a ação a ser realizada como
resultado da entrada do sinal em um certo valor.
b) Elemento de correção: recebe a entrada do controlador e fornece
como saída alguma ação planejada para alterar a variável sendo controlada.
c) Processo: este é o processo no qual a variável está sendo controlada.
Com a malha aberta não existe nenhuma alteração da ação de controle
baseada na perturbação da variável de entrada. A Figura 3.8 mostra um
exemplo de sistema de controle de um motor que controla a antena que
capta sinais de um satélite. Dependendo da posição da antena, a recepção
será melhor ou pior. Assim, se a antena procurar o sinal do satélite, um
sistema de controle de malha fechada deveria ser implementado.

Figura 3.8 | Sistema de controle posição da antena

Fonte: elaborada pelo autor.

A Figura 3.9 mostra os elementos básicos de um sistema de controle de


malha fechada.

78 U3 - Sistemas de controle
Figura 3.9 | Sistema de controle de malha fechada

Fonte: elaborada pelo autor.

Considere a tarefa de dirigir um veículo ao longo de uma estrada.


O motorista observa a direção da estrada e ajusta a direção, usando,
para isso, o volante que controla as rodas dianteiras do veículo. Se
houver alguma perturbação, tal como outros veículos ou buracos no
caminho, o motorista deve atuar de forma a corrigir a rota do veículo.
Este é um exemplo de um sistema fechado, conforme podemos ver
na Figura 3.10.

Figura 3.10 | Um exemplo de um sistema de controle de malha fechada

Fonte: elaborada pelo autor.

As seguintes funções constituem os elementos de um sistema de controle.


a) Elemento de comparação: esse elemento compara o valor
necessário da variável sendo controlada com o valor medido do que
está sendo realmente obtido e produz um sinal de erro:
Erro = sinal no valor definido – sinal no valor medido.
Portanto, se a saída for o valor definido, não existe erro e o sinal é
alimentado para iniciar o controle. Somente quando existe diferença
entre o valor definido e o valor medido da variável é que haverá um
sinal de erro e, portanto, a ação do controle deve iniciar.

U3 - Sistemas de controle 79
b) Elemento de implementação da lei de controle: o elemento
da lei de controle determina qual ação deve ser tomada a partir do
recebimento de um sinal de erro. A lei de controle usada pelo elemento
pode simplesmente suprir um sinal que liga e desliga quando existe
erro, tal como no termostato, que controla a temperatura da sala, ou
talvez o sinal seja proporcional ao tamanho do erro, de tal forma que
se o erro for pequeno, um pequeno sinal de controle é produzido e se
o erro for grande, um sinal de controle maior será produzido. Leis de
controle incluem o modo integral, em que o sinal de controle continua
a aumentar desde que haja erro e modo derivado, na qual o sinal de
controle é proporcional à taxa na qual o erro está variando.
O termo unidade de controle ou controlador é frequentemente
usado para a combinação do elemento de comparação, ou seja, o
detector de erro e o elemento de implementação da lei de controle.
Um exemplo de um elemento desse tipo é um amplificador diferencial,
que tem duas entradas. Uma tem o valor de entrada e a outra o sinal
de retorno, e qualquer diferença entre as duas é amplificada para dar
o sinal de erro. Quando não existe diferença, não existe sinal de erro.
c) Elemento de correção: o elemento de correção, ou como é
frequentemente chamado, o elemento de controle final, produz uma
mudança no processo que tem por objetivo corrigir a variação na
condição controlada. O termo atuador é usado para o elemento de
uma unidade de correção, que fornece energia para executar a ação de
controle. Exemplos de elementos de correção são válvulas de controle
direcional, que são usadas para mudar a direção do fluxo de um fluido
e então controlar o movimento de um atuador, tal como o movimento
de um pistão ou um cilindro. Outro exemplo é um motor elétrico,
em que um sinal é usado para controlar a velocidade e a rotação do
cilindro do motor.
d) Processo: o processo é o sistema no qual existe uma variável
que está sendo controlada, pode ser uma sala em uma casa, onde a
temperatura está sendo controlada.
e) Elemento de medida: o elemento de medição produz o sinal
relacionado com a condição da variável do processo que está sendo
controlada. Por exemplo, pode ser um sensor de temperatura com um
processador de sinal adequado.
Os seguintes termos são usados para descrever as várias trajetórias
dos sinais em um sistema de controle.

80 U3 - Sistemas de controle
a) Caminho de retorno: a retroalimentação de um sinal significa
que um sinal relacionado à condição atual do sistema que está sendo
alcançada é enviada de volta para modificar o sinal de entrada de um
processo. A retroalimentação é dita negativa quando o sinal é subtraído
do valor de entrada. O retorno negativo é necessário para alimentar o
sistema. O retorno positivo ocorre quando o sinal de retorno é somado
ao sinal de entrada.
b) O termo trajetória para a frente é usado para a trajetória a partir
da saída da trajetória do sinal de erro. Observe este caso na Figura 3.10.
O termo controle de processo é frequentemente usado para
descrever o controle das variáveis, por exemplo, nível de líquidos ou o
fluxo de fluidos associado a um processo com a finalidade de mantê-
los em algum valor definido. Observe também que o termo regulador
é algumas vezes usado para um sistema de controle que mantém o
resultado de alguma variável de controle de uma linha de produção
constante na presença de perturbações. O termo regulador é algumas
vezes aplicado à unidade de correção.

2.2 Exemplos de sistemas de controle

Os exemplos seguintes são de sistemas de controle de malha


fechada e ilustram como, apesar das diferentes formas de controle, o
sistema terá sempre as mesmas estruturas básicas.
1) Controle da velocidade de rotação do eixo de um motor.
Figura 3.11 | A: Diagrama para o controle de rotação de um eixo

Fonte: elaborada pelo autor.

U3 - Sistemas de controle 81
Figura 3.12 | B: Diagrama de blocos para o controle de rotação de um eixo

Fonte: elaborada pelo autor.

A entrada do valor necessária para a velocidade é feita por meio


do ajuste da posição dos contatos móveis do potenciômetro. Isso
determina qual tensão é fornecida ao elemento de comparação,
ou seja, o amplificador diferencial como indicação de velocidade
de rotação requerida. O amplificador diferencial produz uma saída
amplificada que é proporcional à diferença entre suas duas entradas.
Quando não existe diferença, a saída é zero. O amplificador
diferencial é usado para comparar e implementar a lei de controle. O
sinal de controle resultante é então enviado a um motor que ajusta
a velocidade do eixo em rotação de acordo com a intensidade do
sinal. A velocidade do eixo é medida usando um tacho gerador, que é
conectado ao eixo em rotação por um par de engrenagens cônicas.
O sinal do tacho gerador é o sinal de retroalimentação que é então
retornado ao amplificador diferencial.
2) Controle da posição de uma ferramenta.
As Figuras 3.13 e 3.14 mostram um sistema de controle de posição
que usa uma correia acoplada a um motor de passo.

82 U3 - Sistemas de controle
Figura 3.13 | Sistema de controle de posição

Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 3.14 | Diagrama de blocos

Fonte: elaborada pelo autor.

As entradas do controlador são as tensões relativas à posição


e à tensão, dando uma medida da posição da peça, isso sendo
fornecido por um potenciômetro usado em um sensor de posição.
Como um microprocessador é usado pelo controlador, estes sinais
devem ser digitais. A saída do controlador é um sinal elétrico que
depende do erro entre a posição definida e a real, e é usado via uma
unidade de drive para operar um motor de passo. A entrada do sinal
no motor faz ele rodar o eixo em passos, rodando assim a esteira e
movendo a ferramenta.
3) Direção hidráulica: sistemas de controle são usados não apenas
para manter algumas variáveis constantes em um valor predefinido,
mas também para controlar uma variável que obedece à variação de
um sinal de entrada. Um exemplo de controle desse tipo é a direção
hidráulica usada em um veículo. Ela entra em operação sempre que a
resistência em virar o volante passa de um valor predefinido e permite

U3 - Sistemas de controle 83
que o movimento das rodas siga o momento angular ditado pelo
volante. A entrada do sistema é a posição angular do volante. Esse
sinal mecânico é transformado e subtraído do seu sinal de retorno
representando a posição real das rodas. Esse retorno é feito por um
sistema mecânico. Quando o volante é estorcido e existe diferença
entre a posição requerida e a posição real, um sinal de erro surge. O
sinal de erro é usado para operar uma válvula hidráulica que opera um
sinal hidráulico para operar o cilindro. A saída do cilindro é usada, por
meio de uma conexão, para alterar a posição das rodas. A Figura 3.15
mostra o sistema.

Figura 3.15 | Sistema de direção hidráulica

Fonte: elaborada pelo autor.

4) Controle de pressão de combustível: o veículo moderno


tem muitos sistemas de controle. Por exemplo, existe o sistema de
gerenciamento do motor que controla quanto de combustível é injetado
em cada cilindro e o tempo em que a vela dispara a faísca de ignição
da mistura. Uma parte deste sistema deve controlar a manutenção de
uma pressão constante do combustível para o sistema de ignição. O
combustível bombeado do tanque de combustível passa através de um
filtro para os injetores, a pressão desse combustível deve ser mantida
em 2,5 bar acima da pressão da linha por uma válvula. A Figura 3.16
mostra os princípios desta válvula. Ela consiste de um diafragma que
pressiona a esfera em direção ao fluxo de combustível. O diafragma
tem a pressão do combustível saindo em um dos lados e do outro
lado temos a válvula de admissão e uma mola. Se a pressão for muito
alta, o diafragma se move e abre o caminho de retorno para o tanque
de combustível para o combustível em excesso, de forma a ajustar a
pressão do combustível de forma a mantê-la no nível predefinido.
O sistema de controle da pressão pode ser visto como sistema de
malha fechada, conforme o diagrama de blocos na Figura 3.17. O valor
definido da pressão é ajustado pela tensão na mola. A comparação e a

84 U3 - Sistemas de controle
lei de controle são dadas pelo diafragma e pela mola. O elemento de
correção é a esfera na sua base e a média é realizada pelo diafragma.

Figura 3.16 | Sistema de controle de pressão de combustível

Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 3.17 | Diagrama de blocos do sistema de pressão do combustível

Fonte: elaborada pelo autor.

5) Sistema antitravamento de freios (ABS): um outro exemplo de


sistema de controle é usado em veículos e é conhecido como Anti-
lock Brake System (ABS). Se uma ou mais rodas de um veículo travar, ele
pode começar a escorregar, fazendo com que a distância de frenagem
aumente muito, o controle da direção pode ser perdido, além de
aumentar muito o desgaste dos pneus. Sistemas antitravamento são
projetados para eliminar esse tipo de travamento. O sistema consiste
essencialmente de um sistema de controle que ajusta a pressão aplicada
ao sistema de freios, de tal forma que o travamento não ocorre. Para
isso, é necessário um monitoramento constante das rodas e ajustes
da pressão, para assegurar que sob as condições críticas o travamento
não ocorra. A Figura 3.18 mostra os princípios deste sistema.

U3 - Sistemas de controle 85
Figura 3.18 | Sistema de freio ABS

Fonte: elaborada pelo autor.

As duas válvulas usadas para controlar a pressão são acionadas


por solenoides e são de controle direcional. Em geral, ambas fazem
parte de um sistema chamado de modulador. Quando o motorista
aciona o pedal do freio, um pistão se move em um cilindro mestre e
pressiona o fluido hidráulico. A pressão faz com que as pastilhas do
freio sejam pressionadas contra o disco e assim a frenagem ocorre.
A velocidade da roda é monitorada por um sensor. Quando a roda
trava sua velocidade, sofre uma variação repentina e então o sinal de
retorno do sensor muda. Esse sinal de retorno é alimentado em um
controlador, onde ele é comparado com um sinal esperado, com
base na memória do controlador. O controlador fornece então um
sinal de saída que aciona as válvulas, de forma a ajustar a pressão
aplicada aos freios.
6) Controle do nível de fluido: As Figuras 3.19 e 3.20 mostram um
sistema de controle usado para controlar o nível de um líquido em um
tanque, usando, para isso, um controlador pneumático.

86 U3 - Sistemas de controle
Figura 3.19 | Controlador de nível pneumático

Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 3.20 | Diagrama de blocos do controlador pneumático

Fonte: elaborada pelo autor.

Quando o nível do tanque está no nível necessário e o fluxo de


saída e o fluxo de entrada são iguais, as válvulas de controle estão
fechadas. Se surgir um decréscimo no fluxo de saída do líquido, o
nível sobe e a boia flutuante sobe, fazendo com que o ponto P se
mova para cima. Quando isso acontece, a válvula conectada com a
fonte de ar se abre e a pressão do ar no sistema aumenta, fazendo
com que haja um movimento para baixo do diafragma na válvula de
controle de fluxo, portanto, um movimento para baixo da haste da
válvula e do plug da válvula junto. Isso faz com que o fluxo de entrada
do fluido no tanque seja reduzido. O aumento na pressão do ar na
câmara de controle faz com que o fole seja comprimido e mova
aquela parte do sistema para baixo, fechando a válvula de forma que
a válvula de fluxo seja mantida no novo valor da nova taxa de fluxo.
Se houver um aumento no fluxo de saída, o nível cai de forma que a
boia abaixa, fazendo com que o ponto P se mova para baixo. Quando

U3 - Sistemas de controle 87
isso acontece, a válvula conectada à entrada de ar se abre e a pressão
do ar no sistema diminui. Isso faz com que o diafragma se movimente
para cima e ocasione um movimento para cima da haste e do plug da
válvula, fazendo com que a entrada de fluido no tanque seja aumentada.
O fole reage a essa nova pressão do ar movendo sua extremidade,
eventualmente fechando a exaustão e mantendo a pressão do ar no
novo valor e a válvula de controle na sua nova taxa de entrada.
7) Controle de fluxo de fluido: a Figura 3.21 mostra um sistema de
controle usado para controlar a taxa de fluxo de um certo fluido em
um certo valor predefinido, não importando as flutuações na pressão
de entrada ou na pressão de retorno.

Figura 3.21 | Controlador de fluxo

Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 3.22 | Controlador de fluxo - 2º modelo

Fonte: elaborada pelo autor.

88 U3 - Sistemas de controle
8) Sistemas de controle no tempo discreto: sistemas de controle
no tempo discreto são sistemas de controle nos quais uma ou mais
entradas podem variar apenas em intervalos discretos de tempo, ou seja,
as entradas são sinais on - off, em forma digital. A forma de controle
é chamada de controle sequencial. Ela descreve sistemas de controle
envolvendo funções lógicas de controle, se existe ou não sinal de um
sensor A ou talvez um sistema de lógica, cujo problema é se existe ou
não uma entrada de um sensor A e uma entrada de um sensor B, com a
finalidade de determinar se devemos ou não ter uma saída e então ligar
ou desligar algum sistema.
Como exemplo simples de um controle sequencial, podemos
considerar uma chaleira elétrica automática. Quando a chaleira é ligada,
a água aquece e continua aquecendo até um sensor indicar que o ponto
de ebulição foi atingido. O sensor está fornecendo um sinal on - off.
A chaleira automaticamente desligará. A resistência elétrica da chaleira,
que fornece calor à água não é continuamente controlada, mas apenas
recebe sinais de iniciar e parar.
Como outro exemplo, encher um reservatório de água pode ter
um sensor no fundo para registrar quando o reservatório está vazio e
fornecer uma entrada ao controlador para ligar o fluxo de água, e na
parte superior ter outro sensor que registra quando o reservatório está
cheio e gerar um sinal ao controlador para desligar o fluxo de água,
conforme veremos na Figura 3.23.
Figura 3.23 | Sistema de controle de tempo discreto

Fonte: elaborada pelo autor.

U3 - Sistemas de controle 89
Como ilustração deste tipo de sistema de controle, podemos
considerar uma furadeira que automaticamente perfurará uma peça
quando esta é colocada em uma mesa de trabalho. Um sensor é usado
para detectar quando a peça está sobre a mesa de trabalho, este sensor
também sendo do tipo on - off. Ele emite um sinal on ao controlador e
este então envia o sinal a um motor que abaixa a furadeira e executa o
processo de furação. Quando a broca alcança a extensão máxima de
seu movimento, a broca atua em outro sensor que fornece uma saída ao
controlador e este inverte a rotação do motor e a broca sobe.

Figura 3.24 | Sistema de controle de tempo discreto

Fonte: elaborada pelo autor.

9) Sistemas de controle digitais: com sistemas de controle analógicos


todos os sinais são analógicos, versão em escala das quantidades
que eles representam. Sinais digitais são sequências de pulsos, ou
seja, sinais on - off, com o valor da quantidade em questão sendo
representada por uma sequência de sinais on - off. A maior parte dos
sinais de controle são analógicos e, então, torna-se necessário realizar
a conversão do sinal de entrada de analógico para digital para enviá-lo
ao controlador, depois, o sinal de saída do controlador sendo digital
deve novamente ser convertido para analógico para atuar no processo
sendo controlado. Portanto, sistemas de conversão analógico digital
(ADC) e digital analógico (DAC) são utilizados em sistemas de controle
de malha fechada, conforme a Figura 3.25.

90 U3 - Sistemas de controle
Figura 3.25 | Sistema de controle digital

Fonte: elaborada pelo autor.

Os controladores digitais podem ser microcontroladores ou


computadores. Um microcontrolador é uma integração de um
microprocessador com memória, interfaces de entrada e saída e outros
periféricos, tal como timer em uma única placa. O microcontrolador
incorpora o elemento de comparação, o controlador, o DAC e o ADC.
Em algum instante particular, o microcontrolador recebe seu sinal de
entrada. Temos uma entrada do valor definido para o sinal analógico
de entrada, e este é convertido para digital sendo enviado para o
microcontrolador que inicia o programa e então emite um sinal de
saída para o elemento de correção. O microcontrolador então repete
o programa para a próxima sequência de sinais.
O programa seguido pelo microcontrolador é o seguinte:
Leia o valor requerido para a entrada e leia o valor real medido, o
sinal de retorno, na porta de entrada ADC.
Calcule o sinal de erro.
Calcule a saída para o controlador.
Envie a saída para o controlador usando a porta de saída DAC.
Aguarde para o próximo intervalo de leitura de dados.
Repita o processo.
Controles digitais têm a vantagem sobre controles analógicos, pois
as operações digitais podem ser controladas por um programa, que é
muito mais confiável do qualquer outro sistema.
Como exemplo de um sistema de controle digital, a figura a seguir
mostrará o controle de velocidade de rotação do eixo de um motor
representado por um sistema analógico.

U3 - Sistemas de controle 91
Figura 3.26 | Sistema de controle digital

Fonte: elaborada pelo autor.

Para saber mais


Consulte o link para saber mais sobre exemplos de sistemas de controle.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_lO_ECNjE3A>.
Acesso em: 8 set. 2017.

Questão para reflexão


Você consegue elaborar um diagrama de blocos de um sistema de controle
para uma torradeira elétrica? Inclua um controlador de temperatura.

Atividades de aprendizagem

1. Explique como o sistema de controle do aquecedor esquematizado funciona:


Figura 3.27 | Esquema aquecedor

Fonte: elaborada pelo autor.

92 U3 - Sistemas de controle
2. Explique como o sistema de controle do aquecedor com microcontrolador
esquematizado na Figura 3.28 funciona:

Figura 3.28 | Esquema aquecedor

Fonte: elaborada pelo autor.

Fique ligado
Nesta unidade, tratamos da definição de sistema de controle, de
diagramas de blocos e realizamos uma série de aplicações analisando
diferentes tipos de sistemas de controle. Os sistemas de controle aqui
desenvolvidos serão posteriormente usados em sistemas de automação
industrial que você analisará em detalhe nos cursos posteriores.

Para concluir o estudo da unidade


Nesta unidade, aprendemos os elementos básicos de sistemas
de controle que permitem realizar projetos de automação industrial.
Com esses elementos, observamos a modelagem de uma enorme
quantidade de sistemas desde os mais simples até os mais elaborados.
Sistemas de controle mecânicos, pneumáticos, elétricos e controlados
por microcontroladores; sistemas de malha aberta e fechada.
Prossiga na leitura deste livro e busque ampliar seu conhecimento
por meio de leitura complementar sobre os sistemas de controle, seus
elementos básicos e a modelagem destes e de outros sistemas.

U3 - Sistemas de controle 93
Atividades de aprendizagem da unidade
1. Um sistema de malha fechada:
a) Tem um sistema de medida que é uma retroalimentação do sinal que é a
medida da variável sendo controlada.
b) O sinal de retorno é somado ao sinal de entrada.
c) O sinal de retorno é subtraído do sinal de entrada.
d) O sinal de retorno é uma medida da saída do sistema.
e) Tem um controlador que funciona baseado na diferença entre o sinal de
entrada e o retroalimentado.

2. Um sistema de controle digital:


a) Reage às condições externas do sistema.
b) Usa sistemas analógicos.
c) Calcula a saída necessária convertendo o sinal para analógico.
d) É usado em malha aberta.
e) Não necessita de uma unidade de processamento.

3. Um controlador de temperatura on - off deve ter:


a) Um sinal de saída para ligar ou desligar o elemento de correção.
b) Um sinal de entrada de erro para ligar e desligar o controlador.
c) Um sistema de malha aberta.
d) Uma saída do controlador proporcional ao erro.
e) Uma entrada do controlador que recebe um sinal proporcional.

4. Um sistema de controle embarcado:


a) É um sistema de malha aberta.
b) É um sistema usado para controlar sistemas e que usa um microprocessador
e é tido como uma parte integrada do sistema.
c) É um sistema analógico.
d) É um sistema retroalimentado com sinal negativo.
e) É um sistema retroalimentado com sinal de entrada positivo.

5. Suponha um sistema de controle de temperatura do tipo on - off. Podem


ocorrer oscilações com a variável sendo controlada porque:
a) Existe uma diferença de tempo em desligar o elemento de controle
quando a variável alcança o valor definido.

94 U3 - Sistemas de controle
b) Existe uma diferença de tempo em ligar o elemento de controle quando
a variável alcança o valor definido.
c) Existe uma diferença de tempo em ligar e desligar o elemento de controle
quando a variável alcança o valor definido.
d) Não é possível ocorrer oscilação.
e) O sistema não está funcionando adequadamente.

U3 - Sistemas de controle 95
Referências
DORF, Richard C. Sistemas de controle modernos. 12. ed. São Paulo: LTC, 2013.
NISE, Norman S. Engenharia de sistemas de controle. 6. ed. São Paulo: LTC, 2012.

96 U3 - Sistemas de controle
Unidade 4

Processos de automação
industrial
Paulo Broniera Junior

Objetivos de aprendizagem
Nesta unidade, você apreenderá e compreenderá sobre
processos de automação industrial. Analisará os componentes
envolvidos no processo, bem como os requisitos de hardware
e software para implementação de sistemas. Conhecerá alguns
exemplos e diagramas para a implementação de processos
industriais.

Seção 1 | Automação de processos


Nesta seção, serão introduzidos conceitos sobre sistemas de controle,
topologias de implementação e requisitos de hardware. Também serão
apresentados os conceitos sobre controladores lógicos programáveis e requisitos
básicos para programação, bem como as funções lógicas necessárias para a
implementação de processos industriais.

Seção 2 | Descrição das plantas industriais


Nesta seção, você conhecerá um pouco sobre processos de automação
industriais, baseados em projetos de automação. Serão abordados processos
de implementação, documentação necessária e exemplos de automação e
programação.

U4 - Processos de automação industrial 97


98 U4 - Processos de automação industrial
Introdução à unidade
No setor industrial, a automação de processos está intimamente
relacionada à necessidade de se produzir mais utilizando menos
recursos, um aspecto imprescindível diante de um mercado cada vez
mais competitivo.
Os sistemas de automação são constituídos, basicamente, por
transdutores, atuadores, controladores, redes de comunicação e
sistemas de supervisão, os quais demandam o emprego de tecnologias
recentes. Transdutores convertem grandezas físicas em sinais de
tensão ou corrente, para que possam ser interpretadas pelo sistema.
Atuadores são dispositivos que recebem os sinais do controle, a fim
de modificar a variável de saída. Já os controladores são os elementos
que possuem embarcada a técnica de controle responsável pelo
comportamento correto do processo por que está empregado.
Grande parte dos equipamentos controladores utilizados atualmente
é digital, devido ao avanço da tecnologia dos microprocessadores.
Controladores lógico-programáveis (CLP), computadores e
microcontroladores são exemplos de equipamentos utilizados no
controle de processos.
Dentre as técnicas de controle embarcadas em dispositivos
controladores, destacam-se aquelas cujas ações de controle variam
de acordo com as respostas do sistema que se deseja controlar. Tais
técnicas embarcadas são, por isso, denominadas de controladores
realimentados. Os controladores realimentados mais utilizados em
plantas industriais são do tipo Proporcional Integral e Derivativo (PID).
Esse fato ocorre devido às suas características já consolidadas, tais
como robustez e versatilidade.
Os sistemas de supervisão e redes de comunicação são requisitos
dos sistemas informáticos para automação dos processos. Estes, por sua
vez, permitem interligar os diversos equipamentos distribuídos por toda
a planta industrial. As informações são transportadas entre os setores,
isto permite que as variáveis dos processos sejam supervisionadas e
controladas, a fim de se obter uma produção mais eficiente. Nesse
sentido, este capítulo tem por objetivo apresentar uma visão geral
sobre processos de automação industrial, requisitos computacionais e
exemplos de aplicação por meio de diagramas industriais.

U4 - Processos de automação industrial 99


100 U4 - Processos de automação industrial
Seção 1
Automação de processos
Introdução à seção

No decorrer do desenvolvimento tecnológico, foi necessário


criar teorias de controle conforme a necessidade de cada área,
sempre visando aumentar a eficiência dos processos. Um exemplo
é o regulador centrífugo de James Watt, que foi o primeiro controle
de maior relevância para toda a comunidade. No século XVIII, esse
controle consistia em controlar a velocidade de uma máquina a vapor.
A partir desse instante foram desenvolvidos vários métodos e teorias
de controle, para satisfazer às necessidades da indústria, tornando o
controle extremamente essencial em qualquer ramo da engenharia e
da ciência (OGATA, 2010). Como exemplos, podemos destacar:
• Sistemas de veículos espaciais.
• Sistemas robóticos.
• Modernos sistemas de manufatura.
• Controle de temperatura, pressão, umidade, viscosidade,
vazão, entre outros.
De acordo com Nise (2000), um sistema de controle pode ser
definido como processos e subsistemas que estão reunidos para
controlar as saídas dos processos, ou seja, um sistema de controle
pode oferecer uma saída ou uma resposta dependendo da entrada, e
essa resposta é utilizada como ação para o controle do sistema.

1.1 Controle em malha aberta


Um sistema de malha aberta consiste em um sinal obtido na saída
que não pode influenciar qualquer ação no controle do sistema,
basicamente, é um sistema que não possui realimentação, conforme
apresentado na Figura 4.1.
Figura 4.1 | Diagrama em blocos malha aberta

Entrada Saída
Controlador Sistema

Fonte: elaborada pelo autor.

U4 - Processos de automação industrial 101


Conforme a Figura 4.1, é possível observar que, quando se aplica
um sinal de controle predeterminado em um sistema de malha aberta,
a saída não é comparada com a entrada de referência. Assim, a saída do
sistema responde de acordo com a calibração feita em cada condição
de entrada, resultando em uma condição fixa de operação (OGATA,
2010).
Esse sistema não é indicado para controles que podem sofrer
distúrbios internos ou externos, pois isso acarretará em uma saída não
desejada (OGATA, 2010). Para implementar esse tipo de sistema, não
é necessária a utilização de equipamentos sofisticados para fazer a
aferição de medidas, com isso, ele geralmente se torna mais simples e
barato (OGATA, 2010).

1.2 Controle em malha fechada


O sistema de controle em malha fechada possui a característica
de reduzir o erro do sistema, pois faz uso da realimentação, conforme
pode ser visto na Figura 4.2. Essa realimentação tende a manter uma
relação entre a saída e a entrada, gerando, assim, um erro atenuante,
sempre buscando diminuir essa relação para manter a saída em um
valor desejável. Assim, a saída possui um efeito direto na ação de
controle (OGATA, 2010).

Figura 4.2 | Diagrama de blocos malha fechada

r(t) e(t) u(t)


y(t)
Controlador Processo
Sinal de Sinal de Saída
Sinal de erro
referência controle

Realimentação

Fonte: elaborada pelo autor.

Em alguns sistemas de malha aberta, o comportamento do


controle pode ficar instável, nesse caso, é necessário o uso de sistemas
em malha fechada, pois os sistemas em malha aberta podem trazer
grandes riscos de qualidade ou segurança (OGATA, 2010).
Tanto os métodos em malha fechada quanto os métodos em malha
aberta são essenciais para implementações de aplicações em processos

102 U4 - Processos de automação industrial


industriais. Esses métodos, normalmente, são implementados em
dispositivos controladores. No ambiente industrial, o dispositivo
controlador mais utilizado é o CLP (Controlador Lógico Programável,
ou PLC, do inglês Programmable Logic Controller). Este, por sua vez, é
um requisito computacional de automação industrial que permite que
as soluções sejam embarcadas próximas aos processos industriais.

1.3 Controlador lógico programável


O CLP é considerado um dispositivo de estado sólido. Ele
desempenha a mesma tarefa que um computador, entretanto, em
aplicações industriais. Entre as tarefas realizadas, pode-se destacar
as de controle (sequência lógica, temporização e contagem), além
de realizar operações lógicas e aritméticas, comunicação em rede
e manipulação de dados (GEORGINI, 2000). A Figura 4.3 ilustra uma
aplicação genérica de um CLP.

Figura 4.3 | Diagrama genérico de uma aplicação com CLP

PLC
Dispositivos de
Dispositivos de

Saída
Entrada

Dispositivos de
Entrada

Fonte: adaptada de Georgini (2000, p. 48).

As características de hardware de um CLP podem ser divididas em


quatro blocos distintos:
(I) CPU (do inglês Central Processing Unit): compreende o
processador do dispositivo, sistema de memória (ROM e RAM) e os
circuitos periféricos de controle.
(II) Módulos de I/O (do inglês Input/Output): podem ser discretos
(sinais digitais: 12 VDC, 110 VAC, contatos normalmente abertos e

U4 - Processos de automação industrial 103


contatos normalmente fechados) ou analógicos (sinais analógicos:
4-20 mA, 0-10 VDC).
(III) Fonte de alimentação: é responsável pela tensão de alimentação
fornecida à CPU e aos circuitos periféricos.
(IV) Base ou RACK: disponibiliza as conexões físicas entre a CPU e
os periféricos.
O CLP ainda pode ser composto por circuitos especiais, tais como:
contadores rápidos em alta frequência, controlador de temperatura
dedicado, controladores PID e comunicação em rede. A Figura 4.4
ilustra a estrutura básica de um CLP por meio de blocos descritos.
Figura 4.4 | Estrutura básica de um CLP
Entrada

Saída
CPU

Fonte de alimentação

Base (Rack)
Fonte: adaptada de Georgini (2000, p. 49).

A CPU realiza a leitura do estado dos dispositivos de entrada por meio


dos circuitos/módulos de entradas e saídas. Esse estado é guardado nas
memórias (RAM) para serem processadas pelo programa de aplicação
(desenvolvido pelo usuário) (GEORGINI, 2000). Após o processamento
dos sinais de entrada, realizado pelo programa de aplicação, a CPU
atualiza o estado de saída realizando a lógica de controle.
A programação do CLP é realizada por meio de uma ferramenta
de programação, que pode ser um programador manual (terminal de
programação, do inglês Handheld Programmer) ou de um PC com
software de programação específico (WindowsR).
Com o intuito de atender aos diversos seguimentos da indústria,
incluindo seus usuários, e padronizar várias metodologias de
programação dos controladores industriais, a norma IEC 61131-3

104 U4 - Processos de automação industrial


definiu cinco linguagens de programação:
(I) Diagrama de Blocos de Funções (FDB – do inglês Function
Function Block Diagram).
(II) Sequenciamento Gráfico de Funções (SFC - do inglês System
Function Chart).
(III) Lista de Instruções (IL – do inglês Instruction List).
(IV) Texto Estruturado (ST - Structured Text).
(V) Linguagem Lader (LD – do inglês Lader Diagram).

Questão para reflexão


Qual das linguagens dedicadas à programação de CLP é a mais difundida
entre os programadores? Quais vantagens podem ser destacadas para
esta técnica de programação em relação às demais?

A linguagem Lader, muito popular entre os antigos sistemas de


controle a relés, é a mais utilizada. Essa linguagem é a representação
lógica da sequência elétrica de operação. As Figuras 4.5 e 4.6 comparam
as implementações de uma lógica convencional (sequência elétrica)
com o programa de aplicação LADER.

Figura 4.5 | Lógica convencional - contatos elétricos

F1 F2

B0 B1 LO
Fonte: adaptada de Georgini (2000, p. 50).

U4 - Processos de automação industrial 105


Figura 4.6 | Programa de aplicação - linguagem Lader

X0 X1

OUT

END

Fonte: adaptada de Georgini (2000, p. 50).

A lógica implementada pelo CLP é muito similar à convencional,


sendo que os dispositivos de entrada (elementos B0 e B1) são
conectados ao circuito/módulo de entrada, e o dispositivo de saída
(elemento L0), ao circuito/módulo de saída. O programa de aplicação
determina o acionamento da saída em função das entradas (B0.
B1=LO). Havendo qualquer alteração no programa, permanecem as
mesmas ligações nos circuitos periféricos (módulos de I/O).
Uma ferramenta essencial para o entendimento e a implementação
dos programas de aplicações industriais é a lógica combinacional, a
qual tem como base para entendimento a álgebra booleana.

Para saber mais


As configurações dos diversos fabricantes de CLP podem ser
apresentadas de duas formas básicas: compacta, em que a CPU e
todos os módulos de entrada e saída se encontram no mesmo rack,
e a modular, em que a CPU e cada uns dos módulos de entrada e
saída se encontram separados e vão sendo montados em função da
configuração exigida. Informações específicas sobre os CLP podem
ser consultadas diretamente ao fabricante. Disponível em: <https://
w3.siemens.com/mcms/distributed-io/en/Pages/Default.aspx>;
<http://w3.siemens.com/mcms/programmable-logic-controller/en/
distributed-controller/et200sp-based/Pages/default.aspx>. Acesso em:
16 out. 2017.

106 U4 - Processos de automação industrial


1.4 Noções de lógica combinacional
Nesta seção, serão trabalhados alguns conceitos importantes para
o desenvolvimento de um processo lógico de raciocínio, que mais
adiante nos permitirá compreender como serão relacionados todos
os fatores relevantes à elaboração de projetos envolvendo processos
industriais por meio de controladores digitais.

1.4.1 Funções booleanas


A álgebra booleana é uma ferramenta matemática relativamente
simples que nos permite descrever a relação entre as saídas de um
circuito lógico e suas entradas através de uma equação (expressão
booleana). Difere das demais álgebras porque ela só pode assumir
dois valores “0” ou “1”. No entanto, “0” e “1” booleano não representam
números de fato, ao contrário, representam o estado do nível de tensão
de uma variável, denominado nível lógico. Assim, consideramos para
o valor lógico “0” uma tensão entre 0 e 0,8 Volts, enquanto o valor
booleano “1” é dado por um valor situado no intervalo entre 2 e 5 Volts.
Usaremos as designações 0/1 e BAIXO/ALTO na maioria das vezes. Em
lógica digital, outros termos são utilizados como sinônimo de “0” e “1”,
conforme mostrado na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 | Comparação booleana “0” e “1”

Nível Lógico 0 Nível Lógico 1


Falso Verdadeiro
Desligado Ligado
Baixo Alto
Não Sim
Chave aberta Chave fechada
Fonte: elaborada pelo autor.

Uma função lógica é uma operação da álgebra booleana, aplicada


a uma ou mais variáveis lógicas. Na álgebra booleana, existem três
funções lógicas básicas:
1. Multiplicação lógica ou AND (sinal de operação “.”).
2. Adição lógica ou OR (sinal de operação “+”).
3. Complementação lógica ou NOT (sinal de operação “barra
sobreposta”).

U4 - Processos de automação industrial 107


1.4.1.1 Operação AND
A expressão booleana para a operação AND (E) é:
S= A × B
A partir da expressão booleana, pode-se expressar a operação AND
por meio da tabela verdade a seguir.

Tabela 4.2 | Função AND

A B S

0 0 0

0 1 0

1 0 0

1 1 1

Fonte: elaborada pelo autor.

Observe através da tabela verdade que a saída será igual a “1” quando
todas as entradas forem iguais a “1”.

1.4.1.2 Função OR (OU)


A expressão booleana para a operação OR (OU) é:
S= A + B
Tabela 4.3 | Função OR

A B S

0 0 0

0 1 1

1 0 1

1 1 1

Fonte: elaborada pelo autor.

108 U4 - Processos de automação industrial


Observe através da tabela verdade que a saída será igual a “1” quando
pelo menos uma das entradas for “1”.

1.4.1.3 Função NOT (NÃO)


A expressão booleana para a operação NOT é:
S = A
Tabela 4.4 | Função NOT

A S

0 1

1 0

Fonte: elaborada pelo autor.

Esse tipo de circuito atua sempre sobre uma única entrada e seu
nível lógico na saída será sempre o oposto ao nível lógico da entrada. A
função lógica NOT também é denominada porta inversora.

1.4.1.4 Função NAND (NÃO E)


A expressão booleana para a operação NAND (NÃO E) é:
S= A × B
Tabela 4.5 | Função NAND

A B S

0 0 1

0 1 1

1 0 1

1 1 0
Fonte: elaborada pelo autor.

A função NAND executa o inverso da função AND, ou seja, a


saída será nível lógico “1”, se pelo menos uma das entradas assumir
nível lógico “0”.

U4 - Processos de automação industrial 109


1.4.1.5 Função NOR (NÃO OU)
A expressão booleana para a operação NOR (NÃO OU) é:
S= A+ B
Tabela 4.6 | Função NOR

A B S

0 0 1

0 1 0

1 0 0

1 1 0

Fonte: elaborada pelo autor.

A função NOR executa o inverso da função OR, ou seja, a saída será


nível lógico “0” se pelo menos uma das entradas assumir nível lógico
“1”.

1.4.1.6 Função X-OR (OU-EXCLUSIVO)


A expressão booleana para a operação X-OR (OU EXCLUSIVO) é:
S= A⊕ B
Tabela 4.7 | Função X-OR

A B S

0 0 0

0 1 1

1 0 1

1 1 0

Fonte: elaborada pelo autor

A porta X-OR apresenta na saída nível lógico “1” quando o número


de níveis lógicos “1” nas entradas for ímpar.

110 U4 - Processos de automação industrial


1.4.1.7 Função X-NOR (COINCIDÊNCIA)
A expressão booleana para a operação X-NOR (COINCIDÊNCIA) é:
S= A ⊕ B
Tabela 4.8 | Função X-NOR

A B S

0 0 1

0 1 0

1 0 0

1 1 1

Fonte: elaborada pelo autor.

Atividades de aprendizagem
1. O que é um sistema de controle?

2. Assinale a alternativa que apresenta os dois tipos de implementação de


controle existentes:

a) Malha aberta e malha fechada.


b) Malha fechada e realimentação.
c) PID e ON-OFF.
d) Controle e série.

3. O que é um CLP? Quais tarefas ele pode desempenhar?

U4 - Processos de automação industrial 111


Seção 2
Descrição das plantas industriais
Introdução à seção

Quando um projetista tem a intenção de implementar um sistema


de automação, deve, primeiramente, pensar na transmissão correta
e segura do conteúdo técnico dos processos industriais a serem
automatizados (MORAES; CASTRUCCI, 2007).
Para Moraes e Castrucci (2007), existem diversas formas de
representação gráfica e de sistemas dinâmicos que se parecem
com esquemas de circuitos eletrônicos, representados por meio de
símbolos padronizados, que mostram o funcionamento entre os
diversos componentes. Isso permite que o engenheiro compreenda e
possa restaurar as questões operacionais de um sistema.

2.1 Processos de automação industrial


Os processos industriais podem ser representados por diagrama
de blocos, diagrama de fluxo e processo e diagramas de tubulação
e instrumentação ou fluxograma de engenharia - P&ID (Piping and
Instrumentation Diagrams).
É importante salientar, conforme os autores, que no diagrama de
blocos, as diversas operações das sequências de processamento são
organizadas em blocos retangulares, conectados entre si por flechas
que indicam o ordenamento de trabalho realizado, conforme o
exemplo a seguir, que trata do processo de tratamento de minério de
ouro.

112 U4 - Processos de automação industrial


Figura 4.7 | Processo de tratamento de minério de ouro - diagrama de blocos
Minério

Esmagamento

Retorno

Peneira
Retorno mercúrio

Captura por
Compressão Cozimento
amálgama

Amálgama
Água Ouro
Resíduos
Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 184).

Já quando os autores se referem a diagramas de fluxos de processos,


informam que eles são compostos pelo fluxograma índice de processo
e pelo diagrama de fluxo de processo. No primeiro, apresenta-se todo
o processo produtivo de forma resumida, que deve indicar os:

[...] equipamentos principais, as utilidades necessárias


e como eles estão interligados. Operações unitárias
(balanços químicos e energéticos) envolvidas são
anotadas nos desenhos, sendo também mostrados
pontos de origem e destino de matérias-primas, produtos,
subprodutos e efluentes. Também se incluem os critérios
e as bases de cálculo utilizadas para o projeto da planta
industrial. (MORAES; CASTRUCCI, 2007, p. 184)

É importante destacar que essas informações são fundamentais para


realizar análises comparativas em trabalhos que envolvem tecnologias
de processos.
Quando Moraes e Castrucci (2007) trabalham as questões
relacionadas ao segundo item, ou seja, ao diagrama de fluxo de
processo, sinalizam que o objetivo central desse documento consiste
em designar os equipamentos essenciais por meio de simbologia de
uso comum, sejam eles normatizados ou especiais. Como exemplo,
pode-se considerar o processo de secagem a vapor (Figura 4.8), no
qual os fluxos de matéria-prima chegam à esquerda com origem e

U4 - Processos de automação industrial 113


destino assinalados. Para compreender melhor, segue a descrição dos
símbolos:
O – xx indica tanque; T – yy indica trocador de calor; P – zz bomba;
MX reator etc.

Figura 4.8 | Processo de secagem a vapor - diagrama de fluxo de processo

Tubulação

12m3/d
0
de H20
300
10

Tubulação
Mx-301

30 bar Mx-300
Car- Vapor
Loading 30 bar
30 bar
Vapor
T-200 Vapor
E-110
0-100 0-100 E-110 E-200

P-100

P-100 P-200 Reator


Pré-secagem Secagem

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 185).

Questão para reflexão


Você sabia que tanto para o fluxograma índice de processo quanto para
o diagrama de fluxo de processos são necessários a apresentação das
operações de processo industrial em sua totalidade, assim como os
equipamentos essenciais e as tubulações que os unem?

Tanto no fluxograma quanto no diagrama descritos anteriormente


é necessário apresentar as operações de processo industrial em sua
totalidade, bem como os equipamentos essenciais e as tubulações que
os unem.
O terceiro item a ser analisado é o diagrama de tubulação e
instrumentação P&ID. Este, assim como fluxogramas de engenharia,
são documentos “[...] em que equipamentos, tubulações e instrumentos
são representados com riqueza de detalhes” (MORAES; CASTRUCCI,
2007, p. 186), fato que permite análise completa do processo a ser
construído. Um exemplo a ser analisado encontra-se a seguir:

114 U4 - Processos de automação industrial


Figura 4.9 | P&ID de coluna de destilação

1½” TC
12 16
14 1 00ME
24"
1 13
TT 1/2 12 1/2 TV
10012 1000-I
11 1 LP W
2”
10 P
S
LG LT LC
1 10<0-3 1<006
1C006
LP W
P
2”

HC-1.5"

04/02
SC
P]
P[
1<006
SP1002 1<006
HDA Hs
Hs 1001B
1001 SP1002 HDA
S/S
Hs Hs
P100A P100B
1001 1001B

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 186).

Todos os itens descritos até o momento são considerados como


maneiras de comunicação complementar, no entanto, este último é
indispensável para a comunicação entre os especialistas na área de
processos e os engenheiros de automação.

2.2 Projeto de automação


Para a construção de projetos de automação industrial são
necessárias várias informações, dentre as quais podemos elencar:
A) Lista de instrumentos de entrada e saída.
B) Descrição da operação automática.
C) Esquemas de controle lógico.
D) Esquemas de causa e efeito.
E) Lista de entradas e saídas no CLP.
F) Diagramas de controle dinâmico.

No item A, consta a lista de instrumentos de entradas e saídas


utilizadas no projeto. O item B trata da descrição total das ocorrências
e das ações que se espera, organizando sequencialmente o passo a
passo e a lógica necessária que a engenharia do processo requisita,

U4 - Processos de automação industrial 115


procurando manter segurança e eficiência na execução das etapas.
Essas informações detalhadas são necessárias para montar e
organizar os diagramas de controle lógico e de controle dinâmico, de
acordo com as especificidades do P&ID.
O item de análise C é apresentado quando funções de controle
dinâmico são utilizadas com esquemas de sequenciamento. “Os
diagramas lógicos das partidas, das paradas e das plantas precisam
especificar como as operações devem ocorrer em condições normais
e de emergência” (MORAES; CASTRUCCI, 2007, p. 188).
Já o diagrama de causa e efeito é importante, pois mesmo que
se tenha um P&ID de engenharia detalhadamente completo, este não
possui toda a lógica de controle necessária. Portanto, é necessária a
apresentação resumida dessas informações na Matriz de Causa e
Efeito, “[...] que fornece para cada situação particular do processo, o
status desejado das válvulas, bombas etc.” (MORAES; CASTRUCCI,
2007, p. 189).
O item E, por sua vez, consiste em uma lista que organiza as
variáveis de entrada e saída do [...] “controlador lógico programável para
o processo industrial. Deve ter designações por tags coerentes com
a documentação do processo” (MORAES; CASTRUCCI, 2007, p. 191).
O item F é composto por diagramas de controle dinâmico que
costumam ser elaborados a partir de fluxogramas de processos. Exibem
a relação existente entre processo e controle no mesmo desenho e
não devem ser sobrecarregados com dados de outros documentos, e
os símbolos e as particularidades devem ser os mesmos utilizados no
fluxograma de processo e P&ID.

2.3 Descrição para sistema de operação de tanque


A seguir, tem-se um exemplo de um sistema de operação de
tanques por meio do diagrama de fluxo de processo e do diagrama
lógico (Figura 4.10).

116 U4 - Processos de automação industrial


Figura 4.10 | Diagrama de fluxo simplificado da operação de enchimento dos
tanques

1 1

LSH LLH LSH LLH


4 4 4

Tanque A Tanque B

ZSL ZSH ZSL ZSH


2 2 2 2

Ar de alimentação Ar de alimentação
HS HS
1 1

S S
HV KT

Bomba de alimentação

Alimentação
HS

7
PSL 1

Ar do selo

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 192).

Nesse exemplo, segundo Moraes e Castrucci (2007), o produto


é lançado tanto para o tanque A quanto para o B, sendo a bomba
operada tanto manualmente ou por meio automático, de acordo
com a seleção manual de uma chave seletora de saída, mantida local
- HS7, que possui três posições: ligada, desligada e auto. Segundo essa
organização, quando a bomba está em funcionamento, a lâmpada
piloto vermelha (L-8A) está ligada. Já quando a bomba não está
funcionando, a lâmpada piloto verde (L-8B) está ligada.

Para saber mais


Não se esqueça que, após a partida, a bomba mantém-se em
funcionamento até que um comando de parada seja aplicado ou até
que a fonte de alimentação de controle seja suprimida (eliminada).

A bomba também pode ser ligada de forma manual, mas, para isso,
a pressão de sucção e a pressão da água do selo não devem ser baixas,
assim como não pode haver sobrecarga no motor e o dispositivo
de partida deve estar resetado. Para que a bomba seja operada
automaticamente, devem ser seguidos os critérios destacados a seguir:

U4 - Processos de automação industrial 117


Chaves elétricas manuais de contato instantâneo, HS-1
e HS-2, montadas no quadro, começam as operações
de enchimento dos tanques A e B, respectivamente.
Cada chave tem duas posições: partida e parada. Partida,
desenergiza as válvulas solenoides associadas, HY-1 e HY-2.
Desenergizar uma válvula solenoide corresponde à levá-la
para a posição de falha segura, que é aberta para atmosfera.
Isso despressuriza o atuador pneumático das válvulas de
controle associadas, HV-1 e HV-2. A despressurização de
uma válvula de controle a leva para a sua posição de falha
segura, que é aberta. As válvulas de controle têm chaves
de posição abertas associadas, ZSH-1 e ZSH-2, e chaves de
posição fechada, ZSL-1 e ZSL-2.
A posição parada das chaves HS-1 e HS-2 causa as ações
opostas, de tal modo que as válvulas solenoides são
energizadas, os atuadores das válvulas de controle são
pressurizados e as válvulas de controle fecham. (MORAES;
CASTRUCCI, 2007, p. 193)

Portanto, significa que, se a alimentação de circuito de partida é


interrompida ou perdida, as informações de partida registradas se
perdem e o enchimento do tanque é interrompido. O comando de
parar enchimento pode sobrepor o comando de iniciar enchimento.
Já para que a bomba dê a partida de forma automática, é necessário
que uma das válvulas - HV-1 ou HV-2 - esteja aberta e a outra fechada,
dependendo, é claro, de qual tanque se pretende encher (MORAES;
CASTRUCCI, 2007).
É necessário também que:

A pressão de sucção da bomba deve estar acima de um valor


especificado indicado, associado à chave de pressão PSL-5.
Se a válvula HV-1 está aberta para permitir o enchimento do
tanque A, o nível do tanque deve estar abaixo de um valor
especificado, associado à chave de nível LSH-3, que também
aciona a lâmpada-piloto de nível alto montada no quadro,
LLH-3. Do mesmo modo, a chave de nível alto LSH-4 permite
o enchimento do tanque B, quando não acionada, e aciona a
lâmpada-piloto LLH-4, quando acionada.
A pressão do selo de água da bomba deve ser suficiente,
como indicado no manômetro receptor montado no quadro,

118 U4 - Processos de automação industrial


PI-6. Isso é um requisito não intertravado que depende da
atenção do operador antes que ele inicie a operação. A chave
de pressão, PSL-6, no fundo do quadro, aciona o alarme de
pressão baixa montada no quadro, PAL-6.
O motor de acionamento da bomba não deve estar em
sobrecarga e o seu dispositivo de partida deve estar resetado.
(MORAES; CASTRUCCI, 2007, p. 193)

Já a interrupção do funcionamento da bomba, segundo os autores,


é possível nas seguintes circunstâncias:
• Quando, mesmo sem o total preenchimento do tanque, a válvula
de controle sai da posição 100% aberta, ou quando o sistema se
encontra em controle automático e a válvula do outro tanque sai da
posição 100% fechada.
• Quando a bomba está em modo automático e o tanque em
questão se enche completamente.
• Quando a pressão de sucção da bomba se torna menor por, pelo
menos, cinco segundos consecutivos.
Para Moraes e Castrucci (2007, p. 194):

O motor de acionamento da bomba está sobrecarregado.


Não importa para a lógica de processo se a memória
da sobrecarga do motor da bomba é conservada na
perda de alimentação desse sistema, porque a memória
mantida que opera a bomba é definida como perdendo a
memória na falta de alimentação, e só isso já faz a bomba
parar. Contudo, uma condição de sobrecarga de motor
conservada impede o dispositivo de partida do motor de
resetar.

A bomba ainda pode parar o seu funcionamento se a sequência


manual por meio de HS-1 ou HS-2 for interrompida e também se
existirem simultaneidade nos comandos de parada e partida da
bomba, pois o de parada acaba excedendo o de funcionamento.
Pode ainda ser parada manualmente por HS-7 e se a pressão do selo
da água é baixa. É importante lembrar que nessa condição, ela não
se encontrará intertravada, portanto, para parar, requer interferência
manual (Figuras 4.11 e 4.12).

U4 - Processos de automação industrial 119


Figura 4.11 | Diagrama lógico do interlock 1 da operação de enchimento do tanque
- parte I LLH
I-24

LSH Tanque A
nível Alto Válvula
aberta
HV
2
ZSH
Abre Válvula 2
LS
HS Tanque A Rotina 1 Permissão para
1 nível Alto enchimento do
R HV E tanque A
1
ZSH
HS Para 1
1 enchimento
Fecha Válvula Válvula
do tanque A
Rotina 1 aberta

LS Abre Válvula
Tanque B P-268
HS Rotina 1
1 nível Alto
R
Válvula
HV aberta
HS Para 2
1 enchimento ZSH
do tanque B Fecha Válvula 2 Permissão para
Rotina 1 enchimento do
tanque B
LLH HV E
1
I-25 ZSH
1
LSH Tanque B P-302
nível Alto Válvula
aberta
Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 194).

Figura 4.12 | Diagrama lógico do interlock 1 da operação de enchimento do tanque


- parte II
Vermelho
HS Bomba L
7 ligada 8A
OU
HS Bomba Opera
7 ligada LS bomba

E R
Permissão para Para bomba
enchimento do
tanque A L
OU 8B
Permissão para
enchimento do
tanque B

HS Bomba
7 Desligada

Pressão de
OU
sucção da DI
bomba 5s
baixa

Motor da bomba
em sobrecarga

HS
Reset da
partida do R
motor da
bomba

Pressão do
PSL PAL
6 selo de água da
6
bomba baixa

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 195).

120 U4 - Processos de automação industrial


2.4 Projeto do programa Lader de automação
Este item, conforme apresenta Moraes e Castrucci (2007), tem por
objetivo elencar e descrever orientações para a etapa do projeto de
automação industrial no qual se elabora o programa do CLP, buscando
não apenas apresentar um sequenciamento de etapas operacionais de
forma definida, mas, sobretudo, otimizar a partida real (start-up), além
da manutenção e qualquer aperfeiçoamento que se faça necessário
futuramente. O projeto encontra-se organizado nos itens descritos a
seguir:

a) Decomposição em subprogramas, na qual as especificações se


apresentam da seguinte forma:

a1) Os subprogramas podem ser ligados às partes do


processo de forma automática ou a equipamentos de
forma modular. Teoricamente, seria possível identificar
essas etapas ou esses grupos com base em uma análise da
interconexão de eventos na matriz de causas e efeitos ou
com base nos equipamentos e nos sensores e atuadores a
eles ligados.
a2) Uma questão adicional que surge para o projetista
é: onde se deve adicionar a linha de Lader que comanda
uma determinada ação de transferência de material do silo
A para o reator B? No subprograma de A ou no de B? A
prática sugere o seguinte:
a3) Outra recomendação diz respeito aos temporizadores
e contadores: sua reiniciação (reset) deve sempre ser feita
no passo anterior àquele em que serão utilizados.
a4) A distribuição dos subprogramas em sistemas deve
conter da forma de uma máquina de estados, como um
Grafcet: os subprogramas são as "etapas"; as transições
de um "passo" a outro ficam, naturalmente, sujeitas às
condições lógicas do projeto.
a5) O primeiro passo deve sempre apenas verificar
condições iniciais de segurança ou de repouso do
processo. (MORAES; CASTRUCCI, 2007, p. 196)

O primeiro item pode ser atentamente observado a seguir, na Figura


4.13, que apresenta como exemplo a estrutura de programação em
máquina de estados.

U4 - Processos de automação industrial 121


Figura 4.13 | Estrutura de programação em máquina de estados

Passo 1

1
Passo 1

r 2

Condições para ir
Ao passo 2
1
Passo 2
1
r 2 Rotina de
falhas
Condições para ir 2
Fim da rotina
Ao passo 3
Volta ao início

1
Passo 3

2
Condições para ir
Ao passo 4

1
Passo 4
2

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 196).

b) Regras de segurança em cada subprograma:

Para os autores, é necessário que em cada subprograma existam


orientações, para que, se porventura acontecerem defeitos em
componentes ou falhas no desenvolvimento, o sistema possa ser
redirecionado ao “passo” correspondente ao tratamento de falhas ou
reconduzido ao “item” inicial.

c) Rotina de cópia das variáveis de entrada e saída para variáveis


internas.

Esta rotina deve realizar a aproximação de todas as variáveis de


engenharia de uma forma geral para variáveis do CLP, ou ao contrário.
Essa preocupação auxilia de forma significativa as simulações e os
testes (MORAES; CASTRUCCI, 2007).

122 U4 - Processos de automação industrial


Morais e Castrucci (2007) afirmam que um dos objetivos da
automação é atingir um alto nível de flexibilidade de caminhos, inclusive
devido a emergências. A Figura 4.14 apresenta uma exemplificação
de rota, em que são mostrados os equipamentos acionados para
a organização da rota silo 1 a secador 1. Para isso, o programa foi
organizado em 34 arquivos, sendo que dois deles, o “SIS_TEXTIL” e o
“SIS_INDUST”, possuem a lógica principal do sistema.
O processo em si possui seis silos de material úmido. Do ponto de
vista virtual, cada silo possui associados bits exclusivos que indicam sua
seleção. Os silos também se encontram subordinados aos subsistemas
principais do processo, que são o têxtil e o industrial (caracterizados
por tipos de grânulos) (MORAIS; CASTRUCCI, 2007).
Foi organizado um arquivo de programa para cada silo.
Particularmente, o do silo K33_1_AT9 é mostrado na Figura 4.14 da
seguinte forma:

1. Prontos os equipamentos auxiliares do silo, aguarda a


seleção do silo pelo supervisório.
2. Aciona equipamentos auxiliares e válvulas referentes ao
silo.
3. Descarrega o silo.
4. Estado seguro, após condições de anormalidade serem
deletadas.
Além dos passos há também, no mesmo arquivo de
programa, outras linhas que são sempre lidas e executadas,
como, por exemplo, linhas que tangem à segurança do
processo. (MORAIS; CASTRUCCI, 2007, p. 198)

U4 - Processos de automação industrial 123


Figura 4.14 | Exemplo de rotina implementada

Passo 1

SEC_IND_OK
Silo_K33_1_AT9
IND_1_RUN
FIM_K33_1_AT9

Passo 2

Válvula XEV02
fechada

Passo 3

K32_8_ZEC02
SEL_IND_1
SELO_OFF_SPEC_1

Passo 4

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 198).

2.5 Verificação de programas


A verificação do programa é uma etapa fundamental de todo
projeto de automação, seja este em Lader, SFC ou em Function Block.
O próximo passo desta análise é apresentar um método para uma
parte dessa fase criando um lader adicional no próprio equipamento
de programação do CLP. Costumeiramente, o projetista de automação
traz consigo a estrutura sistêmica apresentada na Figura 4.15. Nela
estão dispostos “com ênfase os sinais de interface entre o programa
aplicativo do CLP e a planta industrial. Na montagem do programa de
automação, o projetista visa que o CLP execute operações lógicas e/
ou sequenciais, concebidas para produzir o que o usuário define como
processo automático (uma receita)” (MORAES; CASTRUCCI, 2007, p.
199).

124 U4 - Processos de automação industrial


Figura 4.15 | Modelo genérico de processo de automação

Sistemas a eventos discretos


Programa de CLP

CLP
Comandos
Externos

S E

Interfaces Interfaces

Atuadores Sensores

Planta Industrial
Estado
Inicial
Sistemas a eventos discretos

Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 199).

É possível constatar que um determinado programa desempenhará


o que se espera por meio da aplicação de todas as combinações e
sequências de entradas E; e, assim, constatar também que o programa
corresponde aos resultados desejados Sj. Um problema que pode
ocorrer, principalmente em processos mais complicados, é o risco
de omissão de algumas combinações que de fato ocorrerão. Outra
possível dificuldade são possíveis inversões na ordem dos eventos.
Para solucionar tais questões, sugere-se a montagem de um segundo
programa para simular a planta, pois esse reproduzirá as relações de
causa e efeito interligados aos fenômenos da planta. Isso proporcionará
maior segurança e facilitará a verificação dos dados necessários
(MORAES; CASTRUCCI, 2007).

Assim:
Programa Lader de automação: Ei → Si
Programa de simulação da planta de computador: E' j → S' j

U4 - Processos de automação industrial 125


Interconexões: E ' j = Sj e S'J e S'i

A Figura 4.16, a seguir, apresenta o sistema de simulação em sua


totalidade, que pode ser realizado no computador, utilizado “para a
programação do lader, fechando uma malha formada pelo programa
aplicativo de automação e pelo de simulação da planta, com as
interconexões. Note que o programa adicionado para simular a planta
representa uma realimentação (feedback) em torno do programa de
automação” (MORAES; CASTRUCCI, 2007, p. 199).

Figura 4.16 | Exemplo de aplicação de processos

Bomba 1
TON
Tempo T1

DN
T1

DN MD
Fonte: adaptada de Moraes e Castrucci (2007, p. 200).

É importante destacar a observância dos seguintes aspectos:


• É importante fixar os tempos Ti bem mais rápidos que os
reais, mas lentos o suficiente para que, na simulação, o projetista possa
conferir todos os eventos e, assim , verificar as particularidades.
• Com a intenção de facilitar o trabalho, existe a propensão de
selecionar os Ti de forma igual, no entanto, é necessário atentar-se para
o fato de que se dois ou mais temporizadores correm simultaneamente
e demonstram processos físicos que podem terminar, na planta real, em
qualquer ordem temporal, é necessário realizar a checagem impelindo
todas as diferentes ordens alternativas de término. Isso significa que
é necessário selecionar Ti diferentes entre si e que reproduzam tais
ordens de término.
• Por meio desse método, fica percebido o desempenho do
programa aplicativo do CLP, perante todas as particularidades e os

126 U4 - Processos de automação industrial


comandos externos previstos. Isso reduz de forma significativa o tempo
necessário na fase de star-up da planta (MORAES; CASTRUCCI, 2007).

Atividades de aprendizagem
1. Em por quais circunstâncias é possível acionar a interrupção do
acionamento das bombas de um processo industrial (planta industrial)?

2. Quais são as regras de segurança em cada subprograma (em projetos


com linguagem Lader)?

Fique ligado!
A automação de processos está intimamente relacionada com
à necessidade de se produzir mais utilizando menos recursos,
um aspecto imprescindível diante de um mercado cada vez mais
competitivo. Para isso, torna-se imprescindível o desenvolvimento
técnico de meios produtivos. Esse desenvolvimento se baseia tanto no
conhecimento das necessidades de mercado quanto das técnicas de
implementações para os processos industriais.
Conforme visto nesta unidade, os processos industriais podem ser
representados por meio de diagramas em blocos, instrumentação,
fluxo de processos e P&ID. Como controlador principal dos processos
é utilizado o controlador lógico programável, o qual é um dispositivo de
estado sólido e desempenha as mesmas tarefas que um computador
convencional, entretanto, para fins industriais. Para a sua programação,
podem ser utilizadas cinco linguagens normatizadas pela norma
IEC61131-3. Dentre estas, a mais difundida é a linguagem Lader, a qual
se baseia na lógica de contatos de um processo. Vale ressaltar que
para o entendimento das referidas linguagens, os conhecimentos
sobre lógica combinacional são de extrema importância.
A combinação dos conhecimentos de lógica combinacional
e das linguagens de programação dos CLP é essencial para o
desenvolvimento de um projeto de automação industrial. Entre as
informações necessárias para o desenvolvimento de um projeto de

U4 - Processos de automação industrial 127


automação, pode-se destacar como prioridades a lista de instrumentos
de entrada e saída, a descrição da operação automática, o esquema de
controle lógico, os esquemas de causa e efeito, a lista de entradas e
saídas no CLP e os diagramas de controle dinâmico.

Para concluir o estudo da unidade


Como podemos ver, a automação industrial necessita de
tecnologias avançadas, bem como de uma boa estruturação. Para isso,
vimos que os projetos de processos industriais são criteriosamente
representados por meio de fluxogramas, diagramas e esquemas.
Assim, é possível implementar tecnologias complexas para otimizar
e aumentar a produção industrial. Nesse contexto, estudos têm
apresentado estratégias para apresentar melhores desempenhos na
gestão, no controle, na supervisão e na predição de falhas ou faltas
em processos em industriais. Dentre as estratégias apresentadas na
atual literatura, pode-se destacar a utilização de sistemas baseados em
inteligência artificial para a otimização dos processos. Técnicas, como
Redes Neurais Artificiais, Lógica Nebulosa e Algoritmos Genéticos, são
aplicadas para solucionar problemas em controle, gestão e supervisão
de sistemas de automação industrial (SILVA; SPATTI; FLAUZINO, 2010).
Assim, para o desenvolvimento e a otimização do novo modelo
de indústria (indústria 4.0), torna-se imprescindível o conhecimento de
técnicas baseadas em sistemas inteligentes por parte dos profissionais
envolvidos em tarefas, tais como gestão, controle, supervisão e
operação dos processos de automação industrial, ideia de processos
com sistemas inteligentes, indústria 4.0 etc.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. O controlador lógico programável pode ser definido como um dispositivo
de estado sólido - um computador industrial, capaz de armazenar instruções e
executar cálculos por meio de operações lógicas e aritméticas, manipulação
de dados e comunicação em rede, sendo utilizado no controle de sistemas
automatizados. Com base nos conhecimentos sobre o controlador lógico
programável, assinale a alternativa que corresponde aos principais blocos
que compõem esse dispositivo, respectivamente:

a) ULA, CPU, fontes de alimentação e base.


b) CPU, módulos de I/O, fonte de alimentação e rack.

128 U4 - Processos de automação industrial


c) Fonte de alimentação, manipulador, CPU e base.
d) CPU, módulos de I/O, fonte de alimentação e bandeja.
e)ULA, CPU, módulos de I/O e fonte de alimentação.

2. A programação de controladores lógicos programáveis é realizada por


meio de uma ferramenta de programação, que pode ser um programador
manual ou um computador com software de programação específico. Com
o intuito de atender aos diversos seguimentos da indústria, bem como seus
usuários, a norma IEC61131-3 definiu cinco linguagens de programação para
a programação de CLP. Desse modo, assinale a alternativa que corresponde
às cinco linguagens disponíveis para os controladores lógicos programáveis,
respectivamente:

a) FDB, SFC, IL, ST e LD.


b) FDB, C++, SFC, ST e LD.
c) C++, Assembly, SFC, LD e ST.
d) LD, Java, C++, ST e IL.
e) LD, IL, FDB, C++ e Assembly.

3. A álgebra booleana é uma ferramenta matemática relativamente simples


que nos permite descrever a relação entre as saídas de um circuito lógico e
suas entradas através de uma equação. Uma função lógica é uma operação
da álgebra booleana, aplicada a uma ou mais variáveis lógicas. Com base
nos conhecimentos sobre álgebra booleana, assinale a alternativa que
corresponde às três funções lógicas básicas utilizadas para implementação
das funções lógicas:

a) AND, OR, NOT.


b) AND, NOR, NOT.
c) NAND, NOR, OR.
d) NAND, NOR, NOT.
e) AND, NAND, NOT.

4. Os processos industriais podem ser representados por diagramas


de blocos; diagrama de fluxo de processos e diagramas de tubulação e
instrumentação ou fluxograma de engenharia - P&ID. Para a construção de
projetos de automação industrial, são necessárias informações importantes
sobre o processo. Assinale a alternativa que corresponde aos itens

U4 - Processos de automação industrial 129


necessários para um projeto de automação industrial:

a) (I) Lista de instrumentos de entrada e saída, (II) descrição da operação


automática e (III) esquema do controle lógico.
b) (I) Esquemas de causa e efeito, (II) listas de entradas e saídas do CLP e (III)
esquema de programação C++ do CLP.
c) (I) Diagrama de controle dinâmico, (II) diagrama de sintonia dos
controladores e (III) esquema de causa e efeito.
d) (I) Lista de instrumentos de entrada e saída, (II) descrição da operação
automática e (III) esquema de programação C++ do CLP.
e) (I) Esquemas de causa e efeito, (II) diagrama de sintonia dos controladores
e (III) esquema de programação C++ do CLP.

5. Existem diversas formas de representação gráfica e de sistemas dinâmicos


que se parecem com esquemas de circuitos eletrônicos, representados por
meio de símbolos padronizados, que mostram o funcionamento entre os
diversos componentes. Isso permite que o engenheiro compreenda e possa
restaurar as questões operacionais de um sistema. Assinale a alternativa que
corresponde às formas de representação de um processo industrial:

a) Diagrama em blocos, diagrama de fluxo de processos e diagrama elétrico.


b) Diagrama P&ID, diagrama de fluxo de processos e diagramas de tubulação
e instrumentação.
c) Diagrama elétrico, diagrama lógico e diagrama P&ID.
d) Diagrama P&ID, diagrama lógico e diagrama em blocos.
e) Diagrama em blocos, diagrama elétrico e diagrama lógico.

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Referências
SILVA, Ivan Nunes da; SPATTI, Danilo Hernane; FLAUZINO, Rogério Andrade. Redes
neurais para engenharia e ciências aplicadas. São Paulo: Artliber, 2010.
GEORGINI, Marcelo. Automação aplicada: descrição e implementação de sistemas
sequenciais com PLCs. 3. ed. São Paulo: Érica, 2000.
MORAES, Cícero Couto de; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Engenharia de automação
industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
NISE, Norman S. Engenharia de sistemas de controle. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., 2000.
OGATA, Katsuhiko. Engenharia de controle moderno. 4. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil, 2010.

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