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Ordem do Discurso

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A ordem do Discurso (em francês: L'Ordre du


discours) é um livro que traz a versão integral do L'ordre du discours: leçon inaugurale
texto que Michel Foucault deveria enunciar em 2 de au Collège de France, prononcée le 2
Dezembro de 1970 em sua aula inaugural e, décembre 1970
simultaneamente, sua posse no Collège de France na
A Ordem do Discurso: aula inaugural no Collège de
nova cátedra criada[1] para substituir aquela que
France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970
tinha como titular Jean Hyppolite, morto em outubro
de 1968. Foucault havia sido eleito em 12 de abril Autor(es) Michel Foucault
de 1970 para ocupar a nova cátedra[2]. Tal obra
Idioma francês
pode ser considerada um texto de ligação entre as
obras, datadas da década de 1960, como História da País França
loucura (1961 revisado em 1972), As Palavras e as Assunto filosofia
coisas (1966), A Arqueologia do saber (1969),
centradas predominantemente na análise das Editora Éditions Gallimard
condições de possibilidade das ciências humanas. Lançamento 1971

Índice
Procedimentos de controle e exclusão do
discurso
Processos externos
Processos internos
Procedimentos de rarefação do sujeito
(imposição de regras a quem fala no
discurso)
O programa de Foucault
Análise dos discursos
Referências

Procedimentos de controle e exclusão do discurso


Foucault apresenta a hipótese de que, em toda sociedade, a produção de discursos é controlada com o
objetivo de:

1. exoricizar-lhe os poderes e os perigos, 2. diminuir-lhe a força de eventos incontroláveis; 3. esconder as


reais forças que materializam a constituição social.

Para tanto, o pensador francês teoriza que são utilizados procedimentos externos ou internos.
Processos externos

Limitações impostas pela sociedade à produção de discursos. Vêm de fora e neles interferem. Dividem-se
em três: interdição da palavra, segregação da loucura e vontade de verdade.

Interdição da palavra: definição do que pode ser dito em cada circunstância. Divide-se em
três: tabu do objeto (exemplo: suicídio na mídia), ritual da circunstância e direito privilegiado
ou exclusivo de quem fala.
Segregação da loucura: o discurso do louco, segundo Foucault, "não pode transmitir-se
como o dos outros": ou ele é tido como nulo, ou é dotado de poderes especiais, como de
prever o futuro.

Vontade de verdade: a vontade de verdade e as


instituições que a cercam exercem pressão sobre a
produção discursiva. Ele cita como exemplo a
subordinação da Literatura Ocidental ao verossímil e ao
natural impostos pela Ciência.

Processos internos

São aqueles que partem do próprio discurso com a função de


classificar, ordenar e ditar sua distribuição. Dizem respeito às
dimensões de acontecimento e do acaso do discurso.
"Mendel dizia a verdade, mas não
Comentário: há um desnível entre os discursos estava no verdadeiro do discurso
recorrentes ("são ditos"), constantemente revisitados, e biológico de seu tempo", diz
os corriqueiros ("se dizem"). Aos que recorrem a outros Foucault a respeito das disciplinas.
maiores, dá-se o nome de comentário. Através desse
desnível há a possibilidade da criação de diversos
discursos, onde os comentários, independentemente de sua aparente novidade, hão
sempre de ser uma repetição do texto primeiro.
Autor: não deve ser entendido como o indivíduo que produz o discurso, mas sim como um
"princípio de agrupamento do discurso", um recorte desse indivíduo. É pela função do autor
que o indivíduo irá distinguir o que escrever ou não, o que entrará para sua obra dentro de
tudo aquilo que ele diz todos os dias.
Disciplinas: princípio que se dá pela delimitação de um "campo de verdade" onde o
discurso deve inserir-se . Esse campo diz respeito às regras impostas para a construção de
um discurso em um determinado campo de conhecimento (como o da botânica ou da
medicina que dizem respeito à sua construção) bem como a "um domínio de objetos, um
conjunto de métodos, um corpo de proposições consideradas verdadeiras, um jogo de
regras e de definições, de técnicas e de instrumentos" necessários para sua aceitação
dentro do "verdadeiro" de determinada disciplina.

Procedimentos de rarefação do sujeito (imposição de regras a


quem fala no discurso)
Foucault apresenta três processos que agem sobre os sujeitos que proferem os discursos, com o objetivo de
determinar condições para o emprego de discursos, impor regras aos indivíduos que os produzem e limitar
o acesso ao seu conteúdo.

Ritual: define a qualificação dos que pronunciam o discurso, além dos gestos,
comportamentos, circunstâncias e o conjunto de sinais que devem acompanhá-lo. Um
p , j q p
exemplo são os discursos religiosos e judiciários que, utilizando rituais para fixar os

sujeitos falantes e a eficácia de suas palavras, criam


um efeito preestabelecido sobre aqueles a quem se
dirigem.
Sociedade de discurso: as sociedades de discurso
produzem e conservam discursos, porém o número de
indivíduos que os falam tende a ser limitado e a
distribuição de seus conteúdos é sujeita a regras
estritas.
Doutrinas: a doutrina, ao contrário, tende a difundir-se.
A única condição necessária para pertencer a esse tipo
Um show de rock é um exemplo de
de discurso é aceitar uma certa regra de conformidade
ritual, pois há uma série de
com seu conteúdo. Porém, da mesma maneira que ela
procedimentos que acompanham o
liga indivíduos a uma mesma enunciação, ela lhes
discurso
afasta de todos os outros.
Apropriação social dos discursos: é como Foucault
classifica o sistema educacional. Atualmente, todos os indivíduos têm acesso aos mais
diversos tipos de discurso, porém a distribuição deles ainda segue as linhas marcadas
politicamente pelas distâncias, oposições e lutas sociais.

O programa de Foucault
Foucault mostra seu método de trabalho, apresentando alguns princípios que orientariam as tarefas dele à
frente da cátedra História dos Sistemas de Pensamento.

Inversão: consiste em reconhecer nas fontes tradicionais de discursos - como o autor, a


disciplina e a vontade de verdade - o papel de limitar e recortar o discurso.
Descontinuidade: não existe um grande discurso ilimitado que está escondido pelos
procedimentos de controle. Os discursos são praticas descontínuas que podem se ignorar
ou se excluir.
Especificidade: o discurso não é um jogo de significações prévias nem cúmplice do nosso
conhecimento, mas sim uma violência imposta às coisas e uma prática a elas imposta.
Exterioridade: não se deve ir do discurso ao seu núcleo interior, mas sim partir do próprio
discurso para as condições externas de possibilidade.

Análise dos discursos


Foucault aborda as duas perspectivas que devem ser usadas em conjunto para uma análise completa.

Perspectiva crítica: põe em ação o princípio da inversão. Procura distinguir os meios de


exclusão, limitação e apropriação do discurso. Também investiga como esses meios se
formaram, a que necessidades vieram responder, como se modificaram durante o tempo,
qual a limitação que realmente exerceram e em que medidas foram modificadas.
Perspectiva genealógica: põe em ação os três outros princípios. Analisa como foi a
formação das séries de discurso (se por intermédio, apoio ou apesar dos sistemas de
exclusão), qual foi a norma específica que as nortearam e quais foram as suas condições
de aparecimento, crescimento e variação.

Referências
1 Al P i d A j (h //i / id d i l i /d / id d i l i 19/ /
1. «Alex Pereira de Araujo» (https://issuu.com/unidadsociologica/docs/unidadsociologica19/s/
13989998). issuu. Consultado em 22 de novembro de 2021
2. Assemblées des Professeurs. Comptes-rendus XX-XXIèmes siècles (https://salamandre.coll
ege-de-france.fr/ead.html?id=FR075CDF_000AP0004_2). Paris: Service archives du
Collège de France. 2008-20.. Verifique data em: |data= (ajuda)

ARAUJO, Alex Pereira de. Para ler A ordem do discurso de Michel Foucaul: To read The Discourse on
Language of Michel Foucault: Lire l'ordre du discours de Michel Foucaul.PDF (https://www.academia.edu/
33268899/Para_ler_A_Ordem_do_discurso_de_Michel_Foucault_To_read_the_Discourse_on_Language_
of_Michel_Foucault_Lire_Lordre_du_discours_de_Michel_Foucault_2017_pdf_)

ARAUJO, Alex Pereira de .A ordem do discurso de Michel Foucault: 50 anos de uma obra que revelou o
jogo da rarefação dos sujeitos e a microfísica dos discursos. (http://unidadsociologica.com.ar/UnidadSociol
ogica_19.pdf) Revista Unidad Sociologica, Buenos Aires, ano 5, nº19, junho-setembro, 2020.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de


dezembro de 1970. (https://projetophronesis.files.wordpress.com/2009/08/foucault-michel-a-ordem-do-disc
urso-aula-inaugural-no-college-de-france.pdf) Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. - São Paulo:
Edições Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. L'ordre du discours: Leçon prononcée au Collège de France le 2 décembre 1970 (htt
p://1libertaire.free.fr/Foucault64.html). Paris: Éditions Gallimard,1971

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