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FISIOLOGIA DO

TRABALHO
Especialização Enfermagem do Trabalho
SISTEMA
MUSCULO-ESQUELÉTICO
Funções: proteger, sustentar, armazenar os íons de cálcio
e potássio.

Permite o deslocamento do corpo, no todo ou em parte, e


de produzir certas células do sangue.

Os ossos em conjunto com os músculos são responsáveis


pelo movimento, armazenamento e liberação de vários
minerais no sangue, produção de células sanguíneas e
reserva de energia.
No Sistema Muscular há músculos em lisos e estriados.

Lisos: Formam órgãos como o estômago, intestinos,


artérias, veias, etc.
Estriados: Se dividem em dois grupos:
Cutâneos: se prendem à pele e ao esqueleto e são
responsáveis, por exemplo, pelas expressões do seu
rosto.
Esqueléticos: Ligam um osso a outro, ou seja, se
prendem diretamente ao esqueleto. Desse modo, são eles
os responsáveis pelos nossos movimentos.
• Os ossos classificam-se em:

Longo: É aquele que apresenta um comprimento


consideravelmente maior que a largura e a espessura.
Exemplos são; fêmur, úmero, rádio, ulna e outros.
Plano: É o que apresenta comprimento e largura
equivalentes, predominando sobre a espessura. Exemplos
são; ossos do crânio, como o parietal, occipital, frontal e
outros.
Curto: É aquele que apresenta equivalência das três
dimensões. Os ossos do carpo e do tarso são excelentes
exemplos.
Irregular: Possui morfologia complexa. As vértebras e o
osso temporal são exemplos.
Pneumático: Apresenta uma ou mais cavidades, de
volume variável, revestida de mucosa e contendo ar. Estas
cavidades recebem o nome de seio.
• Biomecânica Ocupacional:

Estuda as interações entre o trabalho e o homem sobre


o ponto de vista dos movimentos musculoesqueléticos
envolvidos e as suas consequências.
Analisa basicamente a questão das posturas corporais no
trabalho e a aplicação de forças. Muitos produtos e postos
de trabalho inadequados provocam tensões musculares,
dores e fadiga.
Existem dois tipos de trabalho muscular: o dinâmico
(movimento) e o estático (postura).
Trabalho Dinâmico:

São sequências alternadas de contração (tensão) e


descontração (relaxamento) muscular. O aporte
sanguíneo é bastante favorável para a musculatura, não
apenas pela facilidade de fluxo durante a descontração,
como pela ação rítmica de bombeamento sanguíneo
exercida pelos músculos em atividade. Este fluxo facilitado
possibilita também a retirada adequada dos metabólitos
(resíduos) resultantes da atividade muscular. É, portanto,
um trabalho tido como mais saudável, porque busca um
equilíbrio entre produção e consumo de energia.
Trabalhadores mais jovens se recuperam do cansaço de
forma mais rápida do que trabalhadores com mais idade.
Os indivíduos com até 28 anos, conseguem fazer suas
reposições metabólicas mesmo permanecendo acordados.
Após esta faixa etária, para recuperar o cansaço, a fadiga
e/ou o estresse decorrente da atividade profissional é
necessário dormir para repor as energias.
Trabalho Estático:

Há contração prolongada de alguns músculos, para


manter a posição. Extremamente prejudicial quando
realizado sem as devidas pausas, pois, acarreta a
contração prolongada da musculatura ocasionando
uma menor irrigação sanguínea, maior número de
batimentos cardíacos, portanto, maior consumo de
energia. Com isso, se quer dizer que, permanecer muito
tempo sentado (digitando, escrevendo, lendo, calculando)
faz com que o organismo sofra uma diminuição da
coordenação motora, de forma mais rápida, levando à
fadiga muscular e suas consequências, o aumento do
risco de falhas e acidentes.
Grande parte das atividades é realizada na posição
sentada. Do ponto de vista ergonômico, os assentos
ressaltam os aspectos biomecânicos como postura ideal,
flexibilidade postural, espaço de alcance para membros
superiores, inferiores e campo visual e, postura semi-
sentada. Todos estes aspectos guardam uma relação
direta com a antropometria, que constituem a base para
bons desenhos de postos de trabalho.
Posturas do Corpo:
Trabalhando ou repousando, o corpo assume três posturas
básicas: as posições deitada, sentada e em pé.
• Posição deitada

- Não há concentração de tensão;


- O sangue flui livremente;
- Consumo energético assume o valor mínimo;
- Recomendada para repouso e recuperação da fadiga.
• Posição sentada
- Exige atividade muscular do dorso e do ventre;
- Praticamente todo o peso do corpo é suportado pela pele
que cobre o osso ísquio;
- Consumo de energia de 3 a 10 % maior em relação a
horizontal;
- Postura ligeiramente inclinada para frente é mais natural
e menos fatigante que a ereta;
- O assento deve permitir mudanças
frequentes de postura.
• Como proceder no trabalho sentado:
- Alterne as posições sentada / em pé / andando;
- Ajuste a altura do assento e a posição do encosto;
- Limite o número de ajustes possíveis da cadeira;
- Ensine a forma correta de regular a cadeira;
- Use cadeiras especiais para tarefas específicas;
- A altura da superfície de trabalho depende da tarefa;
- Compatibilize as alturas da superfície de trabalho e do
assento;
- Use apoio para os pés;
- Evite manipulações fora do alcance;
- Incline a superfície para leitura;
- Deixe espaço para as pernas.
• Posição de pé
- Altamente fatigante;
- O coração encontra maiores
resistências;
- Trabalhos dinâmicos em pé
apresentam menos fadiga
que o estático.
Como proceder no trabalho em pé:

- Alterne as posições em pé / sentada / andando;


- A altura da superfície de trabalho em pé depende da
tarefa;
- A altura da bancada deve ser ajustável;
- Reserve espaço suficiente para pernas e pés;
- Evite alcances excessivos;
- Coloque uma superfície inclinada para leitura
Muitas vezes assentos ou bancadas de trabalho obrigam o
trabalhador a usar posturas inadequadas. Mantidas por um
longo período de tempo, podem provocar fortes dores
localizadas naquele conjunto de músculos solicitados.
Inclinação da cabeça para frente:

- O assento é muito alto;


- A mesa é muito baixa;
- A cadeira está longe do trabalho;
- Há uma necessidade específica (microscópio).
• Análise de postura: Durante uma jornada de trabalho, o
trabalhador pode assumir centenas de posturas
diferentes. Em cada postura, um diferente conjunto de
músculos é acionado.

• Registro da postura: Uma das maiores dificuldades


em analisar e corrigir más posturas no trabalho está na
identificação e registro das mesmas.
DO GREGO
METRON =
MEDIDA

ANTROPOMETRIA
ANTHROPOS = HOMEM

Mensura as medidas físicas do corpo humano ou de suas partes.


Cada indivíduo tem um biotipo específico para altura,
peso, medida de mãos, dedos, braços, pernas, peito do
pé, coxas, quadril e ombros, e se nota que devemos ter
cuidado para dimensionar postos de trabalho, uniformes,
calçados entre outros EPI.

As variações das medidas diferem entre sexo, homens e


mulheres; faixa etária entre crianças, jovens, adultos e
idosos; etnia; genótipo; região climática.
As variações das medidas diferem entre sexo, homens e
mulheres; faixa etária entre crianças, jovens, adultos e
idosos; etnia; genótipo; região climática, etc. Há diferenças
nas proporções corporais para diversas etnias, por
exemplo: homem americano branco e negro, o japonês e o
brasileiro.

Os movimentos migratórios fazem com que hábitos


alimentares, locais de convívio, clima e culturas se
mesclem gerando descendentes miscigenados, ou seja,
mistura de etnias em decorrência de fatores externos.
De acordo com a autora Iida, uma máquina projetada para
acomodar 90% da população masculina dos EUA
acomoda também 90% dos alemães. Mas não ofereceria a
mesma comodidade para os latinos e orientais. Ela
acomodaria 80% dos franceses, 65% dos italianos, 45%
dos japoneses, 25% dos tailandeses e apenas 10% dos
vietnamitas.
Estas questões antropométricas reiteram que a ergonomia
não trabalha com médias corporais, pois conforme o
relato da autora uma máquina, layout ou posto de trabalho
deve ser projetado e desenvolvido para cada indivíduo
em particular, sob medida ou de forma personalizada
para gerar conforto, segurança e bem-estar.

Claro que para não se ter tanta especificidade a


ergonomia busca o ajuste, a adaptação ou regulagem dos
postos e do layout para que cada trabalhador faça as
devidas adaptações do seu local de trabalho para as suas
proporções físicas.
William Sheldon (1836-1915), arquiteto americano,
definiu três tipos físicos básicos, cada um com certas
características bem específicas.
• Ectomorfo: Tem formas alongadas, corpo e membros longos e
finos, com mínimo de gorduras e músculos. Os ombros são
mais largos, mas caídos. O pescoço é fino e comprido, o rosto é
magro, queixo recuado e testa alta e abdômen estreito e fino.

➢Tem dificuldade de engordar mesmo bem alimentado.

➢Mesmo com excesso de peso, um ectomorfo não se torna


gordo, mas sim apenas com peso excedente.

➢Tem metabolismo acelerado e se queixam da dificuldade em


ganhar peso mesmo comendo muito.
• Mesomorfo: tipo físico musculoso, de formas angulosas.
Apresenta ombros e peitos largos e abdômen pequeno. Os
membros são musculosos e fortes. Possui pouca gordura
subcutânea.

➢Aparência atlética, corpo bem proporcional e distribuído


marcam um mesomorfo.

➢Mandíbula mais quadrada

➢Cintura baixa
• Endomorfo: tem formas arredondadas e macias, com grandes
depósitos de gordura. O abdômen é grande e o tórax parece
ser relativamente pequeno. Braços e pernas são curtos e
flácidos. Os ombros e a cabeça são arredondados. Os ossos são
pequenos. A pele é macia.

➢Corpo Mais Robusto


➢Acumula mais Gordura Corporal
➢Pés e Mãos Pequenos
➢Dificuldade em Perder Gordura
➢Apetite Insaciável
A maioria das pessoas não está categorizada em nenhum
dos tipos físicos básicos, e pode ocorrer uma mescla
destas características surgindo assim um novo perfil físico.
Para quê definir estas medidas?
Onde poderei utilizá-las?
Para desenvolver um projeto de um posto de trabalho
algumas medidas devem ser levadas em consideração
para que este mesmo posto não comprometa a saúde
ocupacional do trabalhador.

• Altura lombar: encosto da cadeira;


• Altura poplítea: altura do assento;
• Altura do cotovelo: altura da mesa;
• Altura da coxa: espaço entre o assento e a mesa;
• Altura dos olhos: posicionamento do monitor, painel ou
sistema de controle visual;
• Ângulo de visão;
Outra forma de análise antropométrica é pertinente à
maneira de execução das tarefas.

Iida (2005) apresenta a antropometria estática, dinâmica e


funcional.

Mas o que quer dizer com estes termos???

Que há um diferencial caso a pessoa tenha a sua


atividade laborativa parada, em movimento e as
relacionadas com a execução de tarefas específicas.
Antropometria estática

se refere ao corpo parado ou com poucos movimentos


onde as medições a serem feitas serão através de pontos
anatômicos claramente identificados. Por exemplo, o
comprimento entre ombro e cotovelo ou entre o quadril e
joelho.
EXEMPLOS DE PROFISSÕES???
Antropometria dinâmica

Mede os alcances dos movimentos. “Os movimentos de


cada parte do corpo são medidos mantendo-se o resto do
corpo estático”. O autor sugere como exemplo o alcance
máximo das mãos com a pessoa sentada. Todos os
autores sugerem que, quando necessário, se façam
ajustes para acomodar os movimentos corporais.
EXEMPLOS DE PROFISSÕES???
• Antropometria funcional

Refere-se às medidas na execução de uma tarefa, como


ao acionar uma manivela ao fechar uma comporta. Nesta
situação a extensão do braço será acompanhada por uma
inclinação do tronco para frente ou para o lado, sem estes
movimentos integrados não há como executar a tarefa
prescrita.
EXEMPLOS DE PROFISSÕES???
Sempre que a adaptação não for possível entre as
dimensões corporais e a realidade dos postos de trabalho,
a eficácia da tarefa estará comprometida.

Muitas decorrências podem advir desta situação como:


falhas, retrabalho, acidentes, desencadeamento ou
agravamento de doenças ocupacionais, ou seja, custos
que são acrescidos ao produto ou ao serviço mas que
não devem ser repassados ao
consumidor/cliente/usuário.
Para que ocorram as adaptações necessárias e se garanta
um trabalho seguro e produtivo, Iida comenta sobre cinco
princípios para a aplicação das medidas
antropométricas. São eles:

1 - Os projetos são dimensionados para a média da


população: a ideia é ter um produto de uso coletivo para
servir vários usuários/clientes/consumidores, como um
banco, uma altura de pia ou bancada de recepção. Já
comentamos sobre a ergonomia não ser utilizada para
uma média de pessoas e neste caso significa que este
banco ou bancada não será ótimo para todos. Haverá
inconvenientes e dificuldades para a grande maioria das
pessoas.
2 - Os projetos são dimensionados para um dos
extremos da população: boa parte dos produtos
industrializados é dimensionada para acomodar e
satisfazer até 95% da população, muito em função de
questões econômicas. Aumentar ou reduzir o tamanho,
tornar ajustável o produto implica em aumentar custos e
nem sempre às indústrias se dispõe a isto.
3 - Os projetos que apresentam dimensões reguláveis:
as dimensões variáveis não abrangem o produto como
um todo, ou que ergonomicamente seria ideal, mas são
ajustáveis algumas variáveis consideradas críticas para o
desempenho: altura do assento, do apoio para braços e
pés ou mesmo ângulo do encosto.
4 - Os projetos são dimensionados para faixas da
população: os produtos são fabricados em diversos
tamanhos e números que vão desde o PP ao GG, como
também a numeração dos calçados que é variável:
calçados masculino (números maiores) ou femininos
(numeração menor). Uma diversidade maior de tamanhos
e numerações tornariam o produto no mercado muito
caro. As pessoas buscam se adaptar as numerações. Há
pessoas que gostariam de comprar para o pé direto uma
numeração e para o pé esquerdo outra; ou compram
calçados com cadarço, pois o peito do pé é maior de um
lado que outro e comprar um calçado não ajustável
significa ter algum desconforto ao usar aquele produto.
5 - Os projetos são adaptados ao indivíduo: Ação
ergonômica ideal, o produto projetado é feito para o
indivíduo como uma roupa feita pelo alfaiate, uma cadeira
de rodas específica para o cadeirante ou o cockpit
(cabine) de um carro de fórmula 1.
Para a indústria a padronização é ideal, pois barateia os
custos de produção e estoque, mas esta redução
financeira para uns implica em custos de medicamentos,
cirurgias, consultas médicas para outros.

As dimensões das mesas, das bancadas, das cadeiras


dentre tantos outros móveis e objetos utilizados na
atividade laborativa deveria propiciar um ajuste ou
adaptação do posto e nunca do trabalhador. Na Figura a
seguir podemos observar as áreas de alcance ótimo e
máximo na mesa para um trabalhador que executa tarefas
na maior parte do tempo de forma estática (sentado).
Os profissionais da saúde ocupacional devem estar
atentos para questionar junto ao trabalhador sua real
necessidade de conforto, segurança e bem-estar na
execução das tarefas.

Também procurar oferecer e conscientizar o trabalhador


que é possível ter um banco semi-sentado, alternar
posições, diversificar o ritmo do trabalho e executar
pausas. Garantir uma maior longevidade funcional sem
comprometer a saúde física e mental do mesmo.
DO GREGO
NOMIA – NOMOS
= LEI OU REGRA

ERGONOMIA
ERGO – ERGON
= TRABALHO

Adaptar o trabalho ao ser humano e nunca o contrário!


“Pode-se dizer que a ergonomia se aplica ao projeto de
máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o
objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e
eficiência no trabalho”.

CONCEITO:

“Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem


e seu trabalho, equipamentos e ambiente, e
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de
anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas
surgidos desse relacionamento” (IIDA, 2005, p. 54).
O enfoque está no homem, no seu processo de trabalho
para a eliminação de riscos e esforços, na constante
busca da maximização do conforto e da eficiência do
sistema.

As contribuições dos estudos ergonômicos auxiliam no


ajuste das exigências do trabalho em relação do ajuste de
carga física e mental, a concepção de máquinas,
ferramentas ou instrumentos que ofereçam maior eficácia,
precisão com segurança, buscando sempre adaptar o
ambiente às necessidades do trabalhador.
RISCOS ERGONÔMICOS
Os riscos ergonômicos estão muito presentes dentro da
empresa e, infelizmente, são mais comuns do que se
gostaria. Identificá-los é o primeiro passo para eliminá-los
e, por isso, é preciso reconhecer que algumas situações
que parecem comuns são, na verdade, riscos nesse
sentido.
1 – Repetitividade:

A repetitividade dos movimentos e das atividades laborais


pode provocar fadiga e desgaste, tanto físico quanto
psicológico. No aspecto físico, compromete o sistema
musculoesquelético, podendo surgir lesões e inflamações,
como: tendinites, bursites, lombalgias e dores crônicas na
coluna.
A maioria desses problemas faz parte dos Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) e
trazem sérias consequências para a qualidade de vida do
trabalhador.
A melhor forma é estabelecer pausas frequentes, gerando
pequenos intervalos de atuação ou realizar ginástica
laboral, pois ajuda a fortalecer músculos e articulações
usados nessa atividade, evitando seu desgaste intenso.
2 - Postura inadequada
Pode ocasionar lesões, fadiga e enfraquecimento de
certas regiões do corpo como pulso, ombros, coluna e
lombar. Assim, há um comprometimento do sistema
osteomuscular, que pode desencadear o surgimento de
LER/DORT.
Se a postura incorreta estiver associada à repetitividade
do trabalho, pode ser ainda pior para a saúde, facilitando
ainda mais o surgimento de outras consequências.
Onde é necessário trabalhar sentado, é fundamental que a
cadeira dê total sustentação à coluna, além de garantir
que as pernas fiquem em um ângulo de 90°. Os cotovelos
também devem ficar nessa posição, sendo apoiados
corretamente na mesa logo à frente.
No trabalho em pé, o ideal é que a configuração de todos
os móveis seja de tal forma que leve em consideração a
altura e essas necessidades. Além disso, vale a pena
estimular os colaboradores a terem uma postura
adequada.
3 - Iluminação inadequada
Pode provocar danos aos colaboradores, tanto em níveis
excessivos de luz como em níveis insuficientes.
Problemas de visão, dores de cabeça, irritação e estresse,
favorecem erros que podem levar à ocorrência de
acidentes de trabalho.
Um ambiente excessivamente iluminado de maneira
natural pode ter níveis de radiação UV muito intensos,
causando possíveis problemas na saúde do colaborador.
A falta de iluminação faz com que o ambiente seja quase
insalubre, contribuindo para o que é conhecido como vista
cansada.
A NR 17 estabelece parâmetros considerados seguros
para que o ambiente de trabalho seja iluminado
corretamente e isso deve ser seguido. Uma das questões
mais importantes é que a iluminação deve ser planejada
de modo a evitar reflexos ou ofuscamentos, garantindo o
campo de visão do trabalhador.
Para tanto, ela deve ser difusa — ou seja, não deve ser
intensa e direta —, além de ser bem distribuída por todo o
ambiente, evitando cantos escuros ou que são
excessivamente iluminados.
4 - Ritmo excessivo de trabalho

Mesmo cumprindo a carga horária previamente


estabelecida, o colaborador pode ter um ritmo muito
intenso de trabalho. Ele precisa cumprir prazos muito
curtos ou deve assumir uma grande quantidade de tarefas,
fazendo com que ele trabalhe de maneira muito mais
intensa do que o normal.

Pode leva-lo ao estresse físico e psicológico e,


consequentemente, sua disposição e seu sistema
imunológico são afetados.
A pessoa fica com a saúde fragilizada e podem surgir
distúrbios e doenças como ansiedade, depressão,
hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, úlceras e
gastrites.

O ímpeto de conseguir dar conta de tudo pode fazer com


que os colaboradores abandonem certas práticas,
consideradas consumidoras de tempo. O aumento das
chances de retrabalho é apenas a mais leve
consequência, já que o grande problema consiste nos
acidentes de trabalho, deixando de lado cuidados com a
segurança, colocando a si mesmo e os outros em risco
físico.
O melhor é buscar um ritmo que seja condizente com a
atividade profissional e que não sobrecarregue o
colaborador.
5 - Jornadas de trabalho prolongadas
Outro problema são as jornadas de trabalho prolongadas,
especialmente quando não são previamente acordadas. O
trabalhador precisa ultrapassar o seu horário de trabalho,
fazendo uma jornada de 10 ou 12 horas, por exemplo, ele
está passando por um risco ergonômico.
O esforço mental e/ou físico exagerado pode levar a
fadiga, estresse, lesões e surgimentos de vários distúrbios.
De maneira crônica, as chances são de que ocorra a
síndrome do burnout — como é conhecido, atualmente, o
esgotamento profissional.
Isso diminui a produtividade pois compromete a motivação
e a capacidade de executar tarefas e solucionar
problemas. Na jornada noturna, a empresa gasta com
horas extras, sem observar resultados efetivos.

Estimular o cumprimento de tarefas dentro do horário


previamente estabelecido tende a ser a melhor saída,
impedindo que os colaboradores trabalhem de maneira
excessiva ou que comprometam a qualidade dos
resultados.
6 - Monotonia das atividades

Pode levar o colaborador a desenvolver distúrbios


psicológicos como ansiedade e até mesmo depressão.
Além de ser uma condição que favorece a desmotivação e
o presenteísmo, pode fazer com que o colaborador esteja
presente fisicamente, mas ausente mentalmente, afetando
diretamente a produtividade do trabalhador.
Um exemplo são as tarefas burocráticas ou que exigem
atenção minuciosa a detalhes, mas sem realizar grandes
mudanças. Isso faz com que o colaborador se interesse
cada vez menos pela atividade, comprometendo sua
saúde psicológica.
Caso esteja associada à repetitividade e ao ritmo intenso
de trabalho, as consequências psicológicas podem ser
ainda maiores. Para lidar com isso, é relevante buscar
uma variabilidade de ações, diversificando a atuação no
trabalho.
7 - Controle rígido de produtividade

O controle excessivo do rendimento do colaborador


também gera estresse mental e psicológico,
comprometendo sua produtividade. Ele passa a se sentir
pressionado constantemente, gerando irritação, desvio de
humor, cansaço e insatisfação.
Esse tipo de situação acontece no setor de telemarketing.
Os operadores precisam entregar níveis elevados de
resultados, fazendo com que eles se sintam pressionados
a atuar de maneira cada vez mais eficiente.
Criar a conhecida “ansiedade ótima” é positivo para
estimular a produtividade dos colaboradores, porém
exagerar nesse tipo de atuação só terá o efeito contrário.
Em vez disso, é melhor realizar ações de capacitação,
motivação e engajamento, colhendo os resultados da
produtividade.
8 - Levantamento e manuseio de cargas

Realizar o levantamento ou a movimentação manual de


cargas é uma atividade de risco para a saúde física do
colaborador, pois quando é exercida de maneira incorreta,
pode provocar lesões no seu sistema musculoesquelético.
Podem surgir dores intensas na coluna, na região lombar,
nos ombros, nos braços e nos pulsos. Se realizado de
maneira continuamente e inadequada também pode
provocar a incidência de LER/DORT.
Com o tempo, o colaborador pode ter comprometimentos
sérios, afastando-o temporariamente ou, em casos mais
graves, permanentemente das atividades por incapacidade
física.
Esse tipo de ação deve ser combatido e o colaborador
jamais deve ser estimulado a realizar o levantamento de
um peso que seja maior do que sua capacidade ou que
possa, provocar algum tipo de lesão ou consequência para
o organismo.
É indispensável que a postura na execução da tarefa seja
a correta, evitando que determinadas regiões da coluna
sejam mais exigidas do que outras, por exemplo.
INTERVENÇÕES
Há alguns métodos e técnicas para este processo de
intervenção. Recomenda-se as pesquisas participantes,
onde o colaborador expressa sua opinião sobre a forma de
executar a tarefa, o funcionamento do posto, as
dificuldades pertinentes às ferramentas em uso, ou
mesmo, o desconforto.
Nas pesquisas descritivas, o ergonomista procura
conhecer e interpretar a realidade, sem nela interferir,
somente descreve, classifica e interpreta os dados,
eventos, fatores, situações ou problemas. Para tanto, os
métodos recomendados para fazer uma exploração
ergonômica são:
1. Observação: direta (pessoalmente), indireta (registro
através de fotografia, filmagem, binóculo, etc.),
assistemática (ocasional, sem agendamentos, não
segue nenhum padrão sequencial) ou de forma
sistemática (estruturada, controlada, planilhas de
registro, fichas de entrevista, etc.).
2. Registro de comportamento: anotações expressões
verbais e não-verbais em relação a posturas,
deslocamentos, comunicações, exploração visual,
tomada de informação, movimento do corpo em geral:
cabeça, braços, pernas, olhos, etc.
3. Inquirição: entrevistas tanto abertas como fechadas,
testes, enquetes, escalas de avaliação, etc.
Seguindo estas técnicas e métodos, pode-se estabelecer
parâmetros para aplicar uma intervenção ergonômica dentro de
uma organização, seja no chão de fábrica, no operacional, seja
nos escritórios, no setor administrativo.

Diversas etapas são descritas por diferentes autores para


explicarem a maneira apropriada para a análise ergonômica. As
autoras Moraes e Mont’Alvão (2000) dividem este processo em
cinco etapas:
A primeira etapa é o mapeamento dos problemas
denominada por Apreciação ergonômica (levantamento
sobre situações problemas).

A segunda etapa, a Diagnose ergonômica, se entrevista o


trabalhador, filma e fotografa para depois comparar com as
melhorias feitas. Deve-se ouvir as queixas para focar no
problema.

A terceira etapa adaptar as condições de trabalho na


promoção da qualidade de vida, gerando maior segurança
ao trabalhador.
A quarta etapa, Avaliação ou Validação testa o projeto
proposto através de simulações ou outras formas
pertinentes.

A última etapa, Detalhamento ergonômico e otimização


consiste de uma revisão durante o acompanhamento do
projeto na busca de falhas para novas melhorias.
O objetivo da ergonomia, através de sua ação, procura
“resolver os problemas da relação entre
homem/trabalhador, máquina, equipamentos, ferramentas,
programação do trabalho, instruções e informações,
solucionando os conflitos entre o humano e o tecnológico,
entre a inteligência natural e a artificial nos sistemas
homem-máquina-produção”.
Da mesma forma, é válido repetir que a ação do
ergonomista dentro de uma organização, busca melhorar
as condições ambientais; aumentar a motivação, a
segurança, o conforto e a satisfação do trabalhador; evitar
riscos de acidentes de trabalho; reduzir o retrabalho e o
absenteísmo, como também, atua diretamente na saúde
ocupacional.

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