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Curso de Psicologia
Artigo
Gama-DF
2021
PEDRO PAULO AZEVEDO SILVA
Gama-DF
2021
PEDRO PAULO AZEVEDO SILVA
Orientador
Examinador
Examinador
Adoecimento Mental: Uma análise da influência de representações
sociais
Pedro Paulo Azevedo Silva
Resumo:
Este trabalho apresenta uma análise do que se entende por adoecimento mental a partir da
consideração das representações sociais e de seus impactos sobre indivíduos em sofrimento
psíquico. Discute-se a hipótese de que a percepção dos profissionais de saúde, da pessoa em
sofrimento psíquico e daqueles que interagem com esta no âmbito familiar, social e de trabalho
pode ter forte influência sobre o modo de abordar esse problema. Foi realizada uma revisão de
literatura para construir tal análise, especificamente no que diz respeito ao diagnóstico, à
prevenção e ao tratamento desse tipo de doença. Foram utilizados na pesquisa 20 artigos, três
livros e duas dissertações de mestrado, e foram excluídos os trabalhos que fugiam da proposta do
tema, ou tratavam-no de uma maneira já citada na pesquisa, assim como aqueles de fontes não
confiáveis. As palavras chaves utilizadas na pesquisa foram: adoecimento mental; percepção;
psicopatologia; transtornos mentais; representações sociais. Com base nos resultados fica
evidente que as representações sociais, principalmente as do sujeito adoecido, são pouco
consideradas na prevenção, diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais. Também pode ser
observada uma ausência de pesquisas que visem averiguar os impactos das representações sociais
sobre os processos referentes ao adoecimento mental, ficando assim uma sugestão para criação de
tais pesquisas.
Palavras-chave: adoecimento mental; percepção; psicopatologia; transtornos mentais;
representações sociais.
Abstract:
This study is an analysis of what is understood by mentally getting sick based upon the
consideration of social representations and their impacts on individuals in psychological
suffering. The hypothesis of the perception of healthcare professionals, the person that is in
psychological suffering and the ones that interact with him/her in family, social and work
environment may have a strong influence of the way of approaching this problem. A literature
review was conducted to construct this analysis, specifically concerning the diagnostics,
prevention, and treatment of this type of illness. 20 research articles, three books and two
master’s theses were used, and studies that escaped the proposal of the topic, or that did treat it in
a way already cited in research, as well as the ones from unreliable resources. The keywords used
in this research were: mentally getting ill; perception; psychopathology; mental disorders; social
representations. Based on the results, it is evident that social representations, principally the ones
of the ill person, are little considered in prevention, diagnostics, and treatment of mental
disorders. It may also be observed a lack of research that aims to evaluate the impacts of social
representations upon the processes referring to mental health, suggesting future research to this
matter.
Metodologia
Os estudos base utilizados na pesquisa foram encontrados nas plataformas Scielo Brasil,
Pepsic, Google Acadêmico, no site da Organização Mundial da Saúde (OMS) e no livro
“Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais” (DALGALARRONDO, 2019). Foram
utilizados na pesquisa 20 artigos, três livros e duas dissertações de mestrado, e foram excluídos
os trabalhos que fugiam da proposta do tema, ou tratavam-no de uma maneira já citada na
pesquisa, assim como aqueles de fontes não confiáveis. A revisão de literatura não foi limitada a
um período de tempo especifico, pois se entendeu que a configuração do tema permite que este
seja tratado de maneira a não ser afetado por estudos de pesquisas datadas, com pesquisas mais
antigas inclusive tendo uma boa contribuição para uma construção de artigos como estes que
visem trazer maior esclarecimento acerca da percepção e representações sociais sobre o
adoecimento mental, sendo assim o artigo mais antigo foi publicado no ano de 2000 e o mais
recente em 2020. O material reunido para a construção da pesquisa teve como critério a presença
de informações que contribuem para trazer maior esclarecimento e reflexões sobre a maneira com
que o adoecimento mental é percebido. Para isso recorreu-se as fontes citadas buscando
credibilidade de dados. Propositalmente, o tema não foi delimitado a uma população específica,
pois a proposta da pesquisa visa trazer uma perspectiva focada na percepção do adoecimento
mental e suas implicações de forma mais abrangente. Uma restrição de pesquisa tem como fator
positivo mais precisão das informações, porém como fator negativo o adoecimento mental ficaria
em segundo plano. No decorrer da pesquisa foram utilizadas as seguintes palavras chaves:
psicopatologia, adoecimento mental, percepção, transtornos mentais, representações sociais.
Resultados e Discussões
Tratando do adoecimento mental, buscou-se aqui dividi-lo em três subtemas aos quais
descrevem de maneira mais organizada e dinâmica a forma com que os agentes de intervenção
abordam a questão. Sendo esses subtemas o diagnóstico, a prevenção e o tratamento.
A temática do adoecimento mental tem seu próprio campo de estudo dentro da ciência,
sendo conhecido como psicopatologia. Segundo Campbell (1986) apud Dalgalarrondo (2019), a
psicopatologia é a área da ciência que se dedica a estudar as doenças ou transtornos mentais,
também sendo referida como o conjunto de conhecimentos acerca do adoecimento mental obtido
de maneira sistemática, elucidativa e desmistificante. Os transtornos mentais de acordo com o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (2014), têm definições
atravessadas pelos valores culturais, sociais e familiares. Dentro desta perspectiva, a definição do
que pode ser considerado adoecimento mental está associada à presença de um comportamento
ou estado individual destoante do que é considerado normal dentro do que é prescrito pela cultura
da sociedade em que este individuo está inserido. Evidentemente, essa prescrição cultural se
associa a representações sociais sobre o adoecimento.
Uma das primeiras atribuições do psicólogo foi a de aferir diagnóstico e estes eram
feitos com base na aplicação de testes psicológicos de modo a reconhecer síndromes indicativas
de diferentes patologias e tinham o pressuposto de conseguir medir características psíquicas com
a mesma exatidão de características físicas. O paciente nesse sentido tem um papel secundário no
próprio diagnostico de adoecimento mental, sendo colocado no lugar de objeto a ser testado e
observado, com suas próprias considerações sobre si não tendo a relevância reconhecida
(PIMENTEL, 2003). Especificamente, Paoliello (2001) aponta que o psicodiagnóstico em
psiquiatria possui um foco no modelo biomédico, centrado em identificar doenças classificadas
no DSM-5, sendo esse foco uma linha de análise equivocada, pois desconsidera o fato de os
transtornos mentais não terem um caráter objetivo e sim subjetivo. Ainda, o diagnóstico em
transtornos mentais tem base em exames e observação clínica que muitas vezes não são
realizados de uma maneira satisfatoriamente minuciosa, por conta do contexto em que se
apresenta ser recorrentemente de precariedade, como no caso de muitos serviços de atendimento
publico (IRIBARRY, 2003). Com o psicodiagnóstico sendo atravessado por tamanhas limitações,
cabe questionar se isso também se estende a prevenção em saúde mental.
Prevenção:
Seguindo uma trajetória que demonstra as consequências das formas com as quais o
tratamento vem sendo considerado, Ribeiro et al (2008) aponta que existe uma alta taxa de
abandono ou falta de adesão aos tratamentos das pessoas com transtornos mentais, com essa
proporção podendo chegar a um quarto das pessoas que começam esse tipo de tratamento. Isso
pode está associado a fatores sociodemográficos, características do atendimento, crenças do
paciente e a rejeição da estratégia de atendimento, entre outros. Essas crenças são construídas
socialmente junto ao ambiente de convivência. Portanto, exploraremos a seguir as representações
sociais sobre o adoecimento.
Representações sociais:
Perspectiva Familiar:
Partindo para uma perspectiva familiar sobre o adoecimento mental, Galera et al (2011)
colocam que a família já teve um papel de responsabilidade sobre o adoecimento mental dos
indivíduos atribuído a si. Porém com um aprofundamento de estudos da temática, posteriormente
chegou-se a conclusão de que a família está sob forte efeito deste contexto, não sendo
propriamente a causadora, mas sim sofrendo com as consequências e exigindo cuidado por parte
dos profissionais da saúde. Sobre os efeitos advindos da presença de uma ou mais pessoas em
estado de adoecimento na família, estes podem se apresentar na forma de perdas financeiras,
prejuízos nas relações pessoais e na rotina, agressões físicas e verbais, aspectos subjetivos do
cuidador, etc. Além disso, fatores psicossociais tais como religião, orientação sexual, relações
interpessoais do sujeito com familiares, amigos e colegas de trabalho exercem grande influência
em relação ao surgimento de um contexto de adoecimento mental, atuando como elementos de
proteção ou de risco a depender do caso (JESUS , 2019). Em relação ao trato familiar vemos que
as representações sociais são de tamanha importância a ponto de definir socialmente se a família
é colocada como responsável pela patologia do sujeito inserido nela, ou padecedora do
adoecimento mental presente em seus membros.
Uma área de atuação em psicologia que considera e utiliza o que se entende por
representações sociais no trato com a população é a Psicologia Social. Diversos profissionais
dessa área optam por dar forte ênfase ao senso comum trazido pela população atendida, com a
consciência de que isto tem relevância para o sucesso ou insucesso da intervenção
(NASCIMENTO et al, 2000). Portanto, existe na Psicologia social uma forte mobilização para
identificar e considerar o saber do plural, daqueles que estão inseridos no contexto ao qual se
propõe uma intervenção. Dentro dessa visão pode ser identificada uma hierarquização da
consideração do saber do outro, na qual comumente se observa que saberes são considerados
superiores ou inferiores a depender do grupo ou individuo que o proclama (JOVCHELOVITCH,
2004). Um exemplo dessa hierarquia é o trato que se dá ao conhecimento popular, proferido pelo
leigo com base em suas vivencias e o conhecimento cientifico proferido pelos intelectuais.
Porém, a Psicologia Social, mesmo com suas contribuições, não esta em um cenário ideal. De
acordo com Scarparo et al (2007) a área de atuação em Psicologia Social ainda carece de
profissionais com qualidade em suas formações e engajamento social. Nesse sentido, apesar de
haver uma consideração das representações sociais na atuação em Psicologia Social, esta por suas
limitações ainda não se apresenta como um modelo de atuação que utiliza de maneira abrangente
e efetiva o entendimento popular na construção de um suporte ao adoecimento mental.
Considerações Finais
O presente estudo demonstrou alguns dos graves impactos que o adoecimento mental
tem sobre o sujeito, sobre os grupos e sobre a sociedade em si. Ele também trouxe algumas
definições consolidadas do que é entendido por adoecimento mental pelos estudiosos do assunto
e apresentou informações que expressão a ineficiência no trato da questão, com serviços de
suporte em saúde mental sendo pouco abrangentes e eficientes. Isso nos leva ao seguinte
questionamento: O que está faltado para que o suporte aos adoecidos mentalmente seja eficiente?
Ao longo do processo de pesquisa se pode concluir que existem muitos estudos acerca
dos diversos tipos de adoecimento mental, estudos estes que se propõem a analisar definições,
impactos, fatores de risco e populações, entre outros aspectos envolvidos. Porém nesses estudos é
dada pouca ou nenhuma importância ao fator da representação social do adoecimento mental que
o sujeito ou grupo trás consigo. Tal fato nos leva a uma possível resposta ao questionamento
anteriormente apresentado.
É necessário que sejam feitas mais pesquisas acerca das representações sociais que as
pessoas têm em relação ao adoecimento mental. Abordar essa questão com medidas de
prevenção, diagnóstico e tratamento sem que o entendimento dos principais envolvidos seja
levado em conta têm se mostrado um fracasso.
Referências
ABREU, Samia; MIRANDA, Ana Aparecida Vilela; MURTA, Sheila Giardini. Programas
preventivos brasileiros: quem faz e como é feita a prevenção em saúde mental?. Psico-USF,
2016, 21: 163-177.
BONADIMAN, Cecília Silva Costa, et al. A carga dos transtornos mentais e decorrentes do
uso de substâncias psicoativas no Brasil: Estudo de Carga Global de Doença, 1990 e
2015. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2017, 20: 191-204.
SALLES, Mariana Moraes; BARROS, Sônia. Vida cotidiana após adoecimento mental:
desafio para atenção em saúde mental. Acta Paulista de Enfermagem, 2009, 22.1: 11-16.
SANTOS, Simone Agadir, et al. Prevalência de transtornos mentais nas tentativas de suicídio
em um hospital de emergência no Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 2009,
25: 2064-2074.
Por fim venho aqui expressar minha gratidão, primeiramente a Deus deixando clara
minha fé e o reconhecimento do agir deste em minha vida, depois a minha família sobre a qual
não citarei nomes, mas que de forma indireta me apoio bastante em toda a caminhada até aqui,
agradeço também aos meus valorosos companheiros de curso que estiveram juntos a mim durante
tantas tarefas em grupo e compartilharam de alegrias e sofrimentos, cito aqui como mais
próximos dentre eles Yara Martins Nunes, Ana Gabrielle Pinheiro dos Santos, Polyane Cristina
da Silva Nogueira, Meirille Barbosa da Silva e Suyzi Gomes Ferreira. Por ultimo, mas não menos
importante agradeço a meus professores que me ensinaram, que foram referência durante meu
processo de torna-se psicólogo e que continuarão sendo.