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Disciplina: IHS355 – Teoria Antropológica I

Ano Letivo: 2020 – Semestre: 2 – Ano Civil: 2021 – Semestre: 2

Curso: IH10 – Ciências Sociais

Aluno(a): Vinícius José Oliveira Mendes

OS PRINCÍPIOS DO TRABALHO DE CAMPO SEGUNDO MALINOWSKI

Malinowski, ao introduzir o capítulo VII (Introdução: Argonautas do

Pacífico Ocidental), afirma que o trabalho científico é superior as produções

amadoras, porém, apesar da afirmação, ele reconhece que a descrição dos

detalhes íntimos referente à vida dos nativos ganham contornos mais

aproximados em tais obras, o que, segundo ele, apenas seria possível devido a

um contato por tempo suficiente e uma relação de proximidade para com os

nativos. Sendo assim, as produções científicas trariam ótima conjectura de

uma constituição tribal, ao mesmo tempo que falta-lhe esse apego aos detalhes

íntimos do povo estudado, à proximidade, o que Malinowski faz

correspondência à “carne e o sangue” da tribo. Esta seria a razão, portanto,

pela qual as obras amadoras implicaram mais riqueza de vivência e

plasticidade que pretenciosos trabalhos puramente científicos.

À vista disso, a observação restrita à vida nativa, com finalidade de

recolher informações, permite presenciar os elementos culturais de

determinada sociedade, suas cerimônias, costumes e o modo como as

transações são realizadas naquele lugar, a importância dessa observação

torna-se evidente, quando mais adiante em seu texto, Malinowski explicita que

determinados fenômenos que podem deter relevante importância, não podem

ser puramente capturados e analisados através de simples questionários ou


análise documental, mas sim por sua observação no instante em que ocorre,

sua observação em“pleno funcionamento”.

Nesta mesma linha, ao comentar sobre os atos de caráter formal, em

meio a vida da tribo, bem como cerimônias, festas, rituais e semelhantes,

citados anteriormente, Malinowski conclui que detalhes e a diversidade de

comportamentos devem ser observadas e capturadas pelo Etnólogo, a fim de

enquadrar o comportamento genuíno e o que ele chama de imponderabilia da

vida real, conceito que faz referência aos detalhes que não podem

ser puramente capturados e analisados através de simples questionários ou

análise documental, tal como dito anteriormente.

Por fim, na abertura do capítulo posterior (VIII), Malinowski atenta-se

também a outros aspectos que constituem-se de fundamental importância, e,

como tal, não devem ser suprimidos frente aos citados anteriormente, trata-se

das visões, opiniões e expressões dos nativos, que também devem ser

capturadas, pois, em suas palavras “Um homem que se submete a várias

obrigações costumeiras e que actua segundo a tradição, fá-lo impelido

por certos motivos, acompanhado de certos sentimentos, guiado por certas

idéias” (MALINOWSKI, 1996, p. 34).

Em suma, podemos canalizar alguns conceitos básicos acerca do método

de Malinowski, de forma basilar, o autor acredita que os resultados das

pesquisas de caráter científica devem ser apresentadas de maneira neutra e

honesta, bem como devem ser apresentados, sumariamente, os métodos de

observação e como os dados foram coletados, a fim de dar rigor científico ao

estudo. Esclarecido este ponto, pode-se dizer que existem três princípios

importantes para o trabalho de campo aos moldes de Malinowski. Em

primeiro lugar, deve-se conhecer as normas e critérios da etnologia, sem

deixar, obviamente, que tais pressupostos venham a constituir filtros


à observação da sociedade estudada. Em segundo lugar, deve-se criar boas

condições de trabalho, Malinowski afirma que esta é a condição principal

para o trabalho de campo, para ele, tal condição pressupõe o afastamento de

homens brancos, a fim de conviver e estreitar os laços com os nativos. Por fim,

deve-se ter bons métodos de coleta, a fim de ter maior poder de análise e

interpretação dos dados coletados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALINOWSKI, Bronislaw. “Introdução”. In: Argonautas do Pacífico

Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1986.

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