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RESUMO
Este artigo constitui-se no trabalho final produzido para conclusão do Programa de Desenvolvimento
Educacional-PDE proposto pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná. Esta produção
objetiva discutir questões relativas à aula, ao planejamento docente e às possibilidades de trabalho com
projetos em sala de aula. Trata-se de produção de cunho bibliográfico, que reflete sobre o cenário
educacional, considerando Canário CANÀRIO (2006), que caracteriza momentos vivenciados pela escola no
século XX, como a escola das certezas, das incertezas e das promessas. O texto discute o trabalho pedagógico
e o planejamento docente, que caracteriza-se pela intencionalidade, objetividade, vinculadas ao processo
ensino-aprendizagem. O texto aponta também entraves ao trabalho docente com relação ao planejamento,
seus elementos, e a concepção de conhecimento apontada nas Diretrizes Curriculares Estaduais; as estratégias
de ensino discutidas por Vasconcelos (2007), dentre as quais, aula expositiva, expositiva dialogada e a aula
por projetos, que constitui-se foco central desta produção. Define-se projetos multi, inter e pluridisciplinares,
referenciando SANTOMÉ (1998), apontando as possibilidades de organização do trabalho docente, do
planejamento, da própria aula, através do desenvolvimento de projetos. Pode-se inferir que o planejamento
docente constitui-se como tarefa complexa, exige reflexão, conhecimento, e elaboração prévia e o trabalho
com projetos em aula pode dinamizar o processo pedagógico, desenvolver capacidade investigativa, pesquisa
bibliográfica e de campo permitindo aprofundamento dos conteúdos desenvolvidos, envolvendo os alunos no
processo de construção/reelaboração do conhecimento.
ABSTRACT
This article is the final work produced as a conclusion for Programa de Desenvolvimento
Educacional- PDE, proposed by the Secretariat of Education of the State of Paraná. The objective of this
production is to discuss some questions related to lessons, teachers´plans (and) the possibilities of working by
projects in classrooms. It is a bibliographic work which reflects about the educational scenery, considering
CANÁRIO (2006) who characterizes experienced moments in schools during the XX century, when the
school was a space of certainties, uncertainties and promises. The text discuss the pedagogical work, teaching
plans which are based on intentionality, objectivity, linked with the teaching/learning process. The text also
points teachers’ work obstacles related to planning, its elements and the knowledge conception pointed at
Diretrizes Curriculares Estaduais; the teaching strategies discussed by VASCONCELOS (2007) including
explanatory lessons, explanatory and dialogued lessons and lessons developed by projects, which is the
central focus of this work. Project is defined as multi, inter and referring to SANTOMÉ (1998) points the
possibilities of organization of the teaching work, of the plans and of the lesson itself, by development of
projects. It could be inferred that teaching planning is a complex work, which demands reflection, knowledge
and previous preparation and project working can motivate the pedagogical process, develops the
investigative capacity, bibliographic and field researches allowing content improvement involving the
students in the process of knowledge construction/reelaboration.
A escola entendida como uma instituição de ensino, que tem uma cultura
própria, mas que precisa conhecer, compreender as diferenças culturais que se
fazem presentes em seu interior, trabalhar com o conhecimento científico e
priorizar sua finalidade primeira que é a formação dos educandos. Veiga (2004),
esclarece que a escola é um espaço educativo, lugar de aprendizagem em que
todos aprendem a participar dos processos decisórios, mas é também local em
que os profissionais desenvolvem sua profissionalidade.
Candau (2000), traz a idéia de que cabe à instituição, não somente
propiciar a aquisição, apreensão dos conhecimentos socialmente relevantes, mas
a escola precisa se constituir num espaço de diálogo entre diferentes saberes, e
também estimular a capacidade de reflexão, proporcionar aos educandos uma
visão plural e histórica dos conhecimentos, da própria ciência e do mundo
tecnológico.
Trata-se de uma percepção ampla da escola, de seu trabalho, tendo como
referência a perspectiva apontada por Saviani (2000), de que a educação destina-
se à promoção do homem, no sentido de que os conhecimentos, conceitos
trabalhados pela instituição escolar possam de fato contribuir para o
desenvolvimento do homem, para que tenha condições de viver e conviver em
sociedade, compreendendo criticamente a realidade em que está inserido.
Esta compreensão da escola, a ponderação entre o contexto da escola, e a
cultura vigente na sociedade, a construção de trabalho coletivo 1 entre os
profissionais constitui-se num processo complexo, pelo fato de que ainda estão
fortemente presentes na escola as concepções que privilegiam a reprodução da
cultura dominante na sociedade, priorizando a formação para a individualidade e
competitividade, dentre outros fatores que agem fortemente para que a escola não
avance na perspectiva apontada por Saviani (2000).
São bastante esclarecedoras as idéias de Libâneo (2005) que chama a
atenção para o fato de que na sociedade contemporânea, caracterizada pela
relação dicotômica entre riqueza e pobreza, exclusão e inclusão, a escola não tem
contribuído de forma significativa para a superação dessas contradições.
Pode-se inferir que mesmo com as mudanças nas concepções de escola, a
idéia de universalização do ensino, igualdade social, ao trabalhar os princípios e
1
[...] há necessidade de trabalho coletivo que propicie, a partir do diálogo com a atividade, na construção,
reconstrução do conhecimento, o confronto entre pontos de vista diferenciados e, a partir daí, a imersão de
confluências, amadurecendo perspectivas para que emerja uma nova competência, tanto dos profissionais
quanto da escola. (RIBAS; CARVALHO, 1999, p. 39).
normas vigentes na sociedade, simplesmente traduzindo a cultura dominante,
repassando a herança cultural da humanidade, a escola contribui para reforçar a
idéia de reprodução do sistema vigente, desconsiderando sua própria cultura.
Diante destas compreensões, e do entendimento de que a escola se
constitui num universo complexo, caracterizado por diferentes grupos de
profissionais e educandos é necessário pensar e discutir de que forma vem sendo
organizado e desenvolvido o momento da aula, que de acordo com Rays (2000),
se constitui num processo de apropriação crítica do conhecimento científico,
envolvendo educador e educando.
Configura-se ainda, como atividade que traz um caráter político na
perspectiva de que ao fundamentar-se, ao optar por determinada concepção
teórica em educação, o professor revela seu pensar sobre a escola, seu
entendimento sobre a formação dos educandos que se reflete em sua prática
docente.
Para melhor compreensão da dimensão do trabalho docente, apresenta-se
a idéia de Azzi, in: Pimenta, 2000, p.43:
Portanto, a aula constitui-se num ato político, pois nesse momento são
evidenciadas, confrontadas, discutidas e refletidas as concepções que se tem, é
neste espaço que torna-se possível a apreensão, compreensão e reconstrução
dos conhecimentos.
Porém, importante salientar que o momento da aula, o planejamento
docente é construído pelos profissionais, que precisam ter clareza de que para a
efetivação do trabalho pedagógico é necessário, dominar, conhecer os conceitos
com os quais trabalha, é preciso ter o entendimento de que a prática docente
precede domínio de metodologia de ensino que favoreça o desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem, a compreensão da dimensão social de sua
profissão.
Também é preciso ter o entendimento de que as tecnologias se constituem
em recursos e que de acordo com Rays (2000) o seu uso na escola não dispensa
os papéis essenciais tais como, o diálogo entre professor e aluno, o planejamento,
a reflexão, as interações comunicativas.
Trata-se de compreender como se efetiva o momento da aula, que de
acordo com Rays (2000), na sociedade do conhecimento é emergente que o
conceito de aula se amplie, na perspectiva de processo relacional crítico,
fundamento na Didática crítica. Nesse processo a relação professor-aluno é
compreendida na perspectiva crítico-relacional, caracteriza-se pelo diálogo,
consideram-se as vivências dos alunos no trabalho pedagógico e
os interlocutores são: a ciência, o saber cotidiano, prática social (Rays, 2000)
.
Veiga (2002), contribui na compreensão do trabalho docente, apontando
que é preciso pensar e refletir sobre as formas de organização do planejamento
docente2, no sentido de que sejam considerados não só os aspectos pertinentes
ao interior da escola, mas principalmente, observar os educandos, as relações que
se estabelecem na sociedade, as formas como o conhecimento se organiza,
dentre outros fatores.
Aos docentes, cabe a reflexão, que na concepção de (Dewey, 1959, p. 14):
“[...] não é simplesmente uma seqüência, mas uma conseqüência - uma
ordem de tal modo consecutiva que cada idéia engendra a seguinte com
seu efeito natural, ao mesmo tempo apóia-se na antecessora ou a esta
se refere” .
2
O planejamento docente é organizado tendo como referência o Projeto Político-Pedagógico, que de acordo
com Veiga (2004) não se traduz como um simples agrupamento de planos e atividades diversas, mas é um
documento construído, vivenciado por todos os envolvidos no trabalho educativo da escola.
“ [...] o projeto político pedagógico tem a ver com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como
organização de toda a escola e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto
social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar que o
projeto político-pedagógico busca a organização do trabalho pedagógico na escola na sua globalidade
(VEIGA, 2004, p. 15).”
escola contribui para a formação de pessoas que compõem uma sociedade e que
se constituem enquanto sujeitos sociais e históricos.
Libâneo (2004), destaca que o trabalho docente é uma atividade intencional
e planejada, que requer estrutura e organização, portanto a elaboração de uma
aula caracteriza-se por um processo flexível e criativo do professor,
desenvolvendo a perspicácia de saber como agir diante de situações didáticas,
como reorganizar o processo que muitas vezes não acontece como havia sido
planejado, e traz situações imprevisíveis e requer do professor ações imediatas
para encaminhamento do processo de ensino.
A aula, como momento planejado e organizado do ensino traz consigo
características que requerem do professor a necessidade de sistematização de
seu trabalho junto aos alunos, pois é preciso definir os objetivos que se pretende
atingir, pensar sobre os problemas e desafios que devem ser superados no
momento da aula, as características dos grupos de alunos a que essa aula se
destina, os conhecimentos que serão desenvolvidos, os recursos didáticos a
serem selecionados, enfim trata-se de um processo amplo, que terá sua
concretização no encontro com os educandos.
Diante desses apontamentos, percebe-se que a escola, o trabalho
pedagógico, o momento da aula, precisa ser repensado tendo em vista que:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
DEWEY, J. Como pensamos. São Paulo: Nacional, 1959. (DEWEY, 1959, p. 14).
LIBÂNEO, J.C. Didática: velhos e novos temas. Goiânia: Edição do Autor, 2002.