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DOI: http://dx.doi.org/10.22562/2020.52.08
Palavras-chave: Resumo: O artigo analisa alguns aspectos que evidenciaram a ação da Igreja Católica
Igreja Católica na configuração das lutas agrárias no Brasil entre as décadas de 1950 a 1980. Entende-
Questão agrária se ser um período efervescente de lutas sociais em torno do que se convencionou
Luta sociais chamar de “questão agrária brasileira”. O objetivo é demonstrar a mediação da
referida instituição, as disputas internas, as ambiguidades nas ações e sua intensa
influência na constituição e nas ações iniciais do Movimento dos Agricultores Sem
Terra (MST). As fontes utilizadas foram leituras sobre o tema e o contexto político e
econômico brasileiro do período, mas, em particular, boletins, documentos, cartas,
relatórios, dentre outros, frutos de encontros, seminários e assembleias efetivados
pela oficialidade da Igreja Católica e publicados pela CNBB no período em questão.
As conclusões que se chega são que houve várias disputas no interior da instituição
religiosa em torno das diretrizes de suas ações no horizonte social e no meio rural
em particular; sempre houve uma preocupação com as questões que envolviam o
pequeno agricultor e o modelo de desenvolvimento que produziam sua exclusão.
Essa experiência de inserção social lhe deu credenciais para a mediação na efetivação
do MST.
Keywords: Abstract: The article analyzes some aspects that highlighted the action of the Catholic
Catholic Church Church in the configuration of agrarian struggles in Brazil between the 1950s and
Agrarian question 1980s. It is understood to be an effervescent period of social struggles around what
Social struggle has been called the “brazilian agrarian question”. The objective is to demonstrate
the mediation of the institution, the internal disputes, the ambiguities in the actions
and their intense influence on the constitution and initial actions of the Landless
Farmers Movement (MST). The sources used were readings on the theme and the
Brazilian political and economic context of the period, but in particular, bulletins,
documents, letters, reports, among others, the fruits of meetings, seminars and
assemblies held by the official of the Catholic Church and published by CNBB for
the period in question. The conclusions reached are that there were several disputes
within the religious institution over the guidelines of its actions in the social horizon
and in the rural area in particular; There has always been concern about the issues
surrounding the small farmer and the development model that produced his
exclusion. This experience of social insertion gave him credentials for mediation in
the implementation of the MST.
* Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pós-doutorado nas Universidade de Verona e Milão. Professor
do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF). Pesquisador do tema das migrações, dos processos de
colonização no norte do Rio Grande do Sul e de conflitos agrários. E-mail: <jctedesco@upf.br>.
** Doutor em História Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS); professor do Programa de Pós-graduação em História da Universidade
Federal da Fronteira Sul (UFFS). E-mail: <emerson.silva@uffs.edu.br>.
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Nesse cenário, a partir da década de 1950, mesma em torno de algumas pastorais consideradas
a Igreja Católica apoiou a reforma agrária, porém, mais progressistas. O cardeal Dom Vicente Scherer
ao seu modo, talvez não em sintonia com propostas no Rio Grande do Sul foi o seu porta-voz, com
outras que, na década de 1950, fizeram-se sentir grande atuação através de jornais, rádios, homilias,
através das Ligas Camponeses, mais ao nordeste documentos e artigos escritos e assinados pela
do país e ao Master (Movimento dos Agricultores CNBB (RODEGHERO, 1998; BRUNEAU, 1979).
Sem Terra) no Rio Grande do Sul, aquele Na história da Igreja Católica no Brasil, talvez, esse
capitaneado, em boa parte, pelo Partido Comunista período do final da década de 1950 e início da de
e, esse último, pelo PTB do governador Brizola. No 1960 tenha sido o mais intenso nas ações contra a
entanto, é interessante que se diga que esse apoio presença de agremiações e de ideias comunistas. O
que indicamos da Igreja Católica consiste em duas contexto político do período, a efervescência social
fases bem distintas. No período anterior a 1964, a produzida por instituições políticas e movimentos
preocupação motiva-se pela prevenção às agitações sociais, mas cima de tudo pela realidade vivida
que ameaçavam o campo (LENZ, 2002, p. 598). Com por grande parte dos pequenos agricultores no
esse sentido, o bispo Dom Inocêncio Engelke, do país. Havia uma grande mobilização das massas
município de Campanha (Minas Gerais), em 1950, rurais por agremiações consideradas progressistas,
inaugura a primeira proposta de reforma agrária as quais politizavam a pobreza e as desigualdades
da Igreja no Brasil, com o documento “Conosco, sociais. Essa politização é que preocupava a elite
sem nós, ou contra nós, se fará a reforma agrária”, o religiosa e oficial da Igreja Católica. Havia Bispos
qual sistematizou as discussões da Primeira Semana que se declaravam a favor da reforma agrária,
Ruralista da Diocese de Campanha, que contou com da necessidade de exigência de justiça social.
a participação de 60 párocos rurais, 250 fazendeiros, Documentos da CNBB de 1954 deixavam clara a
mais de 270 professoras rurais, religiosos e preocupação social com a dignidade do homem
religiosas (CNBB, 1981a, p. 43-53). O documento do campo, porém, sem condenar abertamente o
chama a atenção para a necessidade de melhoria das latifúndio.
condições de vida da população no campo, através Não obstante essa inquietação, a qual
da participação do trabalhador nos lucros da envolve concorrência da tutela de grupos sociais, em
empresa agrícola e do acesso à propriedade privada. particular, os pequenos agricultores, a II Assembleia
Caso contrário, se a Igreja Católica não perceber Ordinária da CNBB (Conferência Nacional dos
o perigo iminente da penetração de agitadores no Bispos do Brasil), por meio do documento A Igreja e
meio rural, o documento sentencia: “Já perdemos a reforma agrária, em 1954, ressalta a pertinência de
os trabalhadores das cidades. Não cometamos a
uma reforma agrária na vida rural, em especial no
loucura de perder, também, o operariado rural”
que diz respeito à posse e ao uso da terra e aos meios
(CNBB, 1981a, p. 43-53).
de vida da população empobrecida do meio rural,
com identificação maior aos pequenos agricultores,
Disputas no interior do campo nas suas várias manifestações regionais do país, com
eclesiástico em torno da questão o objetivo de fixá-los a terra como proprietários. O
agrária documento apresenta o conceito de reforma agrária
elaborado pela CNBB, o qual consiste no conjunto
No período em questão, há um sentimento de medidas que modificam o atual estatuto jurídico-
anticomunista fortíssimo e explícito nos social da propriedade rural, tendo como objetivo:
documentos oficiais da CNBB. Nesse sentido, houve
uma cruzada ideológica da oficialidade da Igreja [...] vincular o homem a terra como
seu proprietário; possibilitar em larga
Católica para combater as ideias comunistas que
escala o acesso à terra àqueles que
estavam sendo disseminadas por partidos políticos, estejam aptos a se tornar proprietários
determinadas lideranças, bem como no interior dela e criar condições para que o homem
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obtenha, pela posse e uso adequado da estações de rádio e produções literárias, na educação
terra, os meios de proporcionar uma e formação de massas de camponeses (ALVES,
existência digna a si e à família, sem
ferir as legítimas exigências do bem 1979). O Concilio Vaticano II (1962-65) auxiliou na
comum (PAIVA, 1985, p. 88). renovação para o âmbito social da Igreja Católica
nesse período, em especial em sua preocupação
O desenvolvimento atrelado e dependente da com o rural, em seus planos de pastoral, em suas
segunda metade dos anos 1950, pregado e viabilizado diretrizes para o mundo político (a Revolução
pelo presidente Juscelino, encontrava eco no interior Cubana de 59 produziu mais tensões internas)
da oficialidade da Igreja por ser uma alternativa e para o mundo do trabalho (encíclicas papais
entre o ateísmo comunista e o “capitalismo iníquo”. contribuíram nesse sentido) (BEOZZO, 1994).
A ideologia cristã da encíclica Mater et Magistra (de Nesse amplo contexto de embates e
1961) dava respaldo nesse sentido. A Ação Católica posições, outro elemento histórico importante no
(movimento no interior da Igreja Católica, já nascido processo de desenvolvimento da compreensão e
em meados dos anos 40) se fortalece, legitima seu ação da Igreja sobre a questão agrária no Brasil foi
comprometimento com as transformações sociais, o I Encontro dos Bispos do Nordeste. Reunidos em
engajando-se na realidade social através dos vários Campina Grande (PB), durante dois dias, no mês de
movimentos (MATOS, 2003). Visões progressistas, maio de 1956, o encontro substanciou o Movimento
em adequação com a dinâmica política e social do Nordeste, ou seja, “o conjunto do comportamento
país, no interior do comando e da oficialidade da político que configurou a união regional entre
Igreja Católica, permitiram que isso se concretizasse. as classes subalternas, setores médios e certas
Renovação pastoral, mudança nas estruturas frações da classe dominante” (PAIVA, 1985, p.
sociais, nova presença da Igreja na sociedade e o 89). A essência do documento é o discurso sobre o
compromisso cristão com a realidade social, dão o Nordeste explorado, subdesenvolvido, e a proposta
tom desse período. de um projeto de industrialização, via alteração da
estrutura agrária (PAIVA, 1985, p. 89).
É igualmente verdade que no interior
Cabe destacar que a repercussão do referido
desses movimentos e no seu raio de
atuação, se plasmou pouco a pouco encontro se fez ecoar não somente na sociedade,
uma relação fraternalmente evangélica mas também sobre o Estado; diretrizes elaboradas
entre militantes, dirigentes, sacerdotes e no encontro foram incorporadas pelo governo
bispos, pois os membros do Ministério
hierárquico atuavam antes de tudo
JK. Conforme Albert Hirschman, as autoridades
como educadores de fé e recebiam dos eclesiais receberam a sanção da Presidência da
militantes e dirigentes de instituições de República para a execução de vários projetos para
inestimável valor sobre a realidade dos comunidades por meio de grupos de trabalho,
meios em que estes estavam inseridos
[...]. (BARROS, 2002, p. 78). composto por representantes de diferentes
agências. Esses grupos de trabalho ocupavam-se
A Igreja e o Estado, no período anterior com projetos que iam desde o abastecimento e a
ao golpe civil-militar, possuíam laços bastante purificação da água na cidade de Campina Grande,
estreitos. A instituição católica (CNBB), constituída no sertão, até a melhor utilização de açudes e
em 52, tendo Dom Hélder Câmara na sua frente, projetos de povoamento agrícola (HIRSCHMAN,
em especial no Nordeste e no Sul do Brasil, buscava 1965, p. 104). Sem dúvida, a Operação Nordeste,
auxiliar o trabalhador rural em suas organizações denominação desse movimento que envolveu o
e representações. O deslocamento dela para o poder público federal e a Igreja Católica, embrião
“campo social” permitiu uma “reinterpretação da da Superintendência do Desenvolvimento do
fé”. Os movimentos de Educação de Base (MEB) Nordeste (SUDENE), tem como um dos elementos
em defesa da escola pública e também para o meio constitutivos o I Encontro dos bispos do Nordeste
rural permitiram difundir informações, através de (PAIVA, 1985, p. 90). Percebe-se, nesse sentido,
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poder e tutela no meio rural, aliam-se às de cunho descobrir os meios práticos de defender
econômico e mercadológico. o trabalho (CNBB, 1981c, p. 127).
Tanto a Revolução Cubana de 1959, quanto
a eleição de Jânio (1961) e a posse de João Goulart A CNBB, em 1963, pronuncia-se na defesa da
(1963) contribuíram em muito para que houvesse reforma agrária, ao apoiar a emenda constitucional
uma “guinada conservadora” no interior da Igreja que permitia a desapropriação por interesse social
Católica (BEOZZO, 1994). Grupos conservadores com indenização total ou parcial em dinheiro
atuaram com força no meio social através de ou em títulos da dívida pública (CNBB, 1981d).
marchas, manifestações populares, uso de rádios e É importante destacar que esse posicionamento
jornais para disseminar o perigo comunista, a defesa não teve caráter unânime do episcopado. Vozes
da fé, da liberdade e da família. Foi um período, sem dissonantes, disputas ideológicas, filosofia religiosa,
dúvida, de grande envolvimento da Igreja Católica poderes regionais e descentralizados, como foi o
com a dimensão política e ideológica dos rumos do caso do cardeal Dom Vicente Scherer no Rio Grande
país. Isso tudo vai se refletir na sua ação no meio do Sul, áreas prioritárias de atuação, apoio ao golpe
rural e nos combates aos movimentos sociais que civil-militar de 1964, dentre uma série de outros
aspectos que aqui não temos condições de enfatizar
possuem certa base política de cunho marxista,
e nem de aprofundar, marcaram as multifaces
ou que se imaginava que tinham dimensões nesse
da entidade. Nesse sentido, para a questão que
campo. Essas ações revelavam a não existência de
estamos desenvolvendo, formou-se um pequeno
consenso no interior da referida instituição. Fatos
grupo contrário à reforma agrária e discordante das
políticos vão revelando as múltiplas faces do campo
posições oficiais da CNBB, liderado pelos bispos D.
eclesial brasileiro no período.
Proença Sigaud e D. Castro Mayer (LENZ, 2002, p.
Em tom de disputa com o PCB e as Ligas
600). Numa perspectiva mais de ação, num âmbito
Camponesas, houve, no interior das pastorais
regional, o cardeal Dom Vicente Scherer sempre
sociais da CNBB, uma tentativa de demonstrar forte
se posicionou contrário à reforma agrária e às
apoio e presença da referida instituição no meio
diretrizes que documentos da CNBB evidenciavam
rural através da Juventude Católica Rural (JAC) e
no período. O referido líder religioso criou um
da Liga Eleitoral Católica (LEC); da sindicalização;
órgão promotor da organização dos pequenos
das Frentes Agrárias e do Movimento de Educação
agricultores, denominado de FAG (Frente Agrária
de Base (MEB) (CNBB, 1981c, p. 126). Além de
Gaúcha), com a intenção de criar organizações
alertar e exortar o clero a assumir uma postura ativa
sindicais, concorrer com o PTB, PCB e Ligas
no combate aos comunistas:
Camponesas na tutela dos pequenos agricultores.
Os comunistas, no campo como na Nesse sentido, destacamos, também, a carta
cidade, não se interessam realmente pastoral de Dom Inocêncio, bispo de Minas Gerais,
pelas soluções. Ao contrário: para o qual menciona o grande perigo comunista que a
eles, quanto pior, melhor. Mas o fato Igreja alardeava: “E os agitadores estão chegando
mais grave que denunciamos é que
os agitadores vermelhos, em várias ao campo. Se agirem com inteligência, nem vão ter
frentes, preparam-se para a tática de necessidade de inverter coisa alguma. Bastará que
guerrilha de acordo com os melhores comentem a realidade, que ponham a nu a situação
exemplos cubanos ou chineses. em que vivem ou vegetam os trabalhadores rurais”
Assim como não podemos parar no
mero anticomunismo simplista e (CNBB, 1976).
contraproducente, não podemos ser Muitos outros documentos na década e
ingênuos a ponto de entregar-nos a 1960 reiteram o caráter preventivo e anticomunista
grandiosos planos de recuperação da Igreja Católica, preocupada em manter o
econômico-social dos meios rurais,
esquecidos da retaguarda e dos flancos controle sobre os trabalhadores rurais. Destacamos
invadidos pelos guerrilheiros. Em cada depoimento de um bispo de São Paulo em 1960:
diocese, caberá à perspicácia do pastor “Quando o comunismo vos convidar para grupos
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cristã” (MAINWARING, 1989). Porém, aos poucos, no meio rural para favorecer a expansão
os militares mostraram sua face, suas práticas e para da empresa capitalista, particularmente
os grandes grupos econômicos”
quem estavam governando. Seus acordos com os (MARTINS, 1989, p. 48).
grandes capitais (nacionais e internacionais), seu
endurecimento político, sua centralidade política, a Contrapondo-se, pelo menos em parte,
“guerra” contra os direitos humanos fundamentais frente aos processos excludentes da modernização
dos cidadãos, produziam certo descontentamento socioeconômica em andamento pelo Regime
na oficialidade da Igreja Católica. Um documento Militar, a Igreja Católica evoca o direito natural
da CNBB de 1969, após o AI-5, deixa claro que e a dignidade da pessoa humana para defender
os direitos humanos como anteriores a qualquer
“[...] é firmado o direito da Igreja
de pronunciar-se sobre assuntos ordenamento jurídico do Estado. Enquanto uma
políticos quando estiver em questão amostra precisa da incompatibilidade da concepção
o bem da população. [...]. A situação de política encarnada pela Igreja com o modelo de
institucionalizada no mês de dezembro
desenvolvimento econômico do Regime Militar, o
[AI-5] possibilita arbitrariedades,
entre as quais a violação de direitos qual negligenciava os direitos humanos, destaca-se
fundamentais, como o de defesa, de o documento elaborado pela 15° Assembleia Geral
legitima expressão do pensamento e da CNBB, Exigências cristãs de uma ordem política
de informação; ameaça à dignidade
(CNBB, 1977), o qual enfatiza a “clara precedência
da pessoa humana [...], institui um
amplo poder que torna muito difícil o de humanos, individuais e sociais, baseados no
diálogo autentico entre governantes e direito natural, portanto, anteriores a qualquer
governados” (CENTRO DE PASTORAL ordenamento jurídico e que esse ordenamento
VERGUEIRO, 1986, p.120).
apenas reconhece, não cria”. Também se observa, no
posicionamento da Igreja frente ao Estado, a defesa
Esse documento do final da década de
de uma nova ordem social baseada nos valores
1960 apresenta uma ideia da mudança que foi se
de justiça e solidariedade. Lenz (2002) sintetiza a
constituindo na relação entre Igreja e Estado no
concepção dessa nova sociedade da seguinte forma:
período. Membros da Igreja foram reprimidos,
acusados de “agentes do comunismo”. A própria A Igreja dizia ter consciência de agir
Igreja se viu na iminência de redefinir sua aliança motivada por uma visão de fé inspirada
com o regime e com as classes dominantes que o no testemunho cristão. Sob o influxo
da inspiração brotada do Concílio
sustentavam (MATOS, 2003).
Vaticano II e dos posicionamentos
O golpe militar de 1964 veio a fortalecer essa das Conferências do Celam,1 os
tendência repressiva aos camponeses pela dimensão documentos desse período se destacam
governamental e deu à questão agrária outro por uma visão antropológica, que
tem em vista o homem todo; por uma
enquadramento, numa tentativa de despolitizá-la,
doutrina social, baseada numa visão
visto que os militares impuseram ao Congresso filosófica e transcendente da vida
Nacional uma modificação constitucional que humana, desembocando num projeto
viabilizasse a reforma agrária (o Estatuto da Terra). de sociedade, orientado a uma ampla
transformação econômica e social,
tendo como base e meta o ser humano,
“O Estatuto da Terra seria, na verdade,
dando prioridade ao trabalho sobre o
um instrumento de modernização do
capital, unindo políticas de crescimento
campo e de estímulo à disseminação
com políticas sociais e participativas
da empresa rural. Condenava-se o
(LENZ, 2002, p. 601).
latifúndio e também o minifúndio,
isto é, a agricultura praticada por
grande número de pequenos lavradores Motivado pelas disputas de terras entre
no país. De fato, o governo militar posseiros e os latifundiários, nas quais a Igreja
propunha, pelo Estatuto da Terra, uma
Católica se fazia presente, sobretudo na Amazônia
intervenção no direito de propriedade e
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e no sul do Brasil, havia, no final da década de 1970, alternativas ao modelo capitalista enquanto uma
uma organização de sem-terra que se negavam a experiência social que respeita a dignidade humana
aderir ao programa governamental de colonização e os direitos dos trabalhadores:
da Amazônia. Nesse sentido, havia o apoio de agentes
de pastoral, bem como de religiosos e religiosas Formas de propriedade, alternativas
à exploração capitalista, abrem
na organização de meeiros e outras categorias de claramente um amplo caminho, que
trabalhadores da região Nordeste. Como expressão viabiliza o trabalho comunitário, até
disso, a 18° Assembleia Geral da CNBB produziu o em áreas extensas, e a utilização de
uma tecnologia adequada, tornando
documento “Igreja e Problemas da Terra” (CNBB,
dispensável a exploração do trabalho
1980). Na primeira parte do documento, os bispos alheio. Há no país uma clara oposição
fazem uma crítica contundente ao modelo de entre dois tipos de propriedade. De
modernização do campo implantado no país, a um lado, o regime que leva o conflito
aos lavradores e trabalhadores rurais,
partir de 1973, que resultam na concentração do
que é a propriedade capitalista; de
capital e do poder, advertindo: outro, aqueles regimes alternativos de
propriedade, mencionados antes, que
[...] desejo incontrolado de lucros leva estão sendo destruídos ou mutilados
a concentrar os bens produzidos com pelo capital: o da propriedade
o trabalho de todos nas mãos de pouca familiar, como os lavradores do sul e
gente. Concentram-se bens, o capital, de outras regiões; o da posse, no qual
propriedade da terra e seus recursos, a terra é concebida como propriedade
concentrando-se ainda mais o poder de todos e cujos frutos pertencem
político, num processo cumulativo à família que nela trabalha, regime
resultante da exploração do trabalho difundido em todo país e, sobretudo, na
e marginalização social e política da Amazônia Legal; a propriedade tribal e
maior parte do nosso povo (CNBB, comunitária dos povos indígenas e de
1980, p. 142). algumas comunidades rurais (CNBB,
1980, p. 152, Grifo nosso).
Em decorrência desse processo, as
populações constituídas por trabalhadores rurais Aprofundando a análise acerca da realidade
que “não conseguem continuar como posseiros, social do campo brasileiro, os bispos, de uma ala
arrendatários, colonos, parceiros, moradores; do campo eclesiástico, enfatizam a função social
transformam-se em proletários, em trabalhadores da denominada propriedade privada da terra, a
à procura de trabalho, não só no campo, mas na qual se opõe ao conceito de propriedade capitalista.
cidade” (CNBB, 1980, p. 144).2 Na segunda parte Segundo os bispos que assinaram o documento,
do referido documento, a abordagem caracteriza- a propriedade privada da terra “é usada como
se pelo cunho doutrinal. Os bispos reafirmam a instrumento do próprio trabalhador e de sua
concepção da Igreja referente à propriedade, a qual família, ou cultivada pelo proprietário com mão-de-
concebe a terra como um dom de Deus em benefício obra assalariada, tendo função social e respeitando
de todos, fazendo alusão à doutrina de Santo Tomás, os direitos fundamentais do trabalhador” (CNBB,
segundo a qual a apropriação individual é um dos 1980, p. 151); ao passo que, a propriedade capitalista
meios para realizar a destinação universal dos notabiliza-se “como instrumento de exploração do
bens a todos. Também fazem menção ao Concílio trabalho alheio” (CNBB, 1980, p. 151). A terceira
Vaticano II e citam uma afirmação de João Paulo parte do documento é marcada pelo tom de
II: “Sobre toda a propriedade privada pesa uma proposição e mobilização da Igreja Católica diante
hipoteca social” (CNBB, 1980, p. 150). do quadro de deterioração da dignidade humana
O documento menciona o fato de a terra em virtude da modernização agrícola. Os bispos
de trabalho ser um direito popular de propriedade assumem sete compromissos pastorais: submeter
familiar, tribal, comunitária e de posse, e ressalta terras possuídas pela instituição religiosa a um
a relevância social das formas de produção estudo quanto ao seu uso adequado; denunciar
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agricultores. Ela organizou sínodos, encontros outros setores, trabalharam na conscientização das
ecumênicos, os quais acentuavam a opção pelos pessoas e fortaleceram iniciativas de organização
pobres. Motivadas por estas opções eclesiais, ainda social. No final da década de 1970, quando o
em pleno regime de repressão, lideranças e setores regime militar dava sinais de enfraquecimento,
religiosos empreenderam iniciativas de trabalho iniciaram novos movimentos sociais populares, em
junto às camadas mais pobres da população com particular, no campo do sindicalismo entendido
o chamado trabalho de “conscientização de base”. como “combativo”, ou o “novo sindicalismo”
Estas pastorais específicas e pioneiras, junto com (BASSANI, 1986).
Figura 1: A presença das forças militares em acampamento no norte do Rio Grande do Sul, em agosto de 1983.
Fonte: Daniel de Andrade. A luta dos trabalhadores Sem-terra. Álbum de fotografias.
Na década de 1970, uma ala da CNBB com o processo de organização dos trabalhadores
assume com veemência a luta pela terra e busca fazer de até então em nível de país. O mesmo extinguiu
valer o Estatuto da Terra (de 1964). Nessa liderança definitivamente as Ligas, manteve o sindicalismo
está D. Helder Câmara, bem como alguns bispos rural no interior da Igreja Católica, ou melhor,
no Sul do Brasil. No entanto, D. Vicente, já como confiando em sua mediação (DALLA NORA, 2002).
cardeal, manteve-se irredutível e assumiu para si Porém, no final da década de 1970, conflitos sociais
a fundamentação ideológica e prática da FAG no em torno da questão da terra eclodiram. Alguns
Estado que, não obstante, não destoava em vários contra o latifúndio, outros envolvendo indígenas,
outros aspectos da oficialidade da Igreja Católica muitos deles contra o estado, exigindo a aplicação
no Brasil, principalmente em torno do combate às do Estatuto da Terra (esse, elaborado em 1964
orientações marxistas. pelos militares), incorporação de direitos sociais,
O golpe civil-militar de 1964 encarregou-se, seguridade social, etc. Muitos desses conflitos eram
por toda a década de 1970 de dificultar e/ou romper mediados pelas ações pastorais, em particular, a
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Comissão Pastoral da Terra, o Conselho Indigenista os oprimidos assumissem a sua autonomia política
Missionário, as Comunidades de Base, essas em e intelectual, ou seja, entendessem a realidade
gestação, dentre outras mediações políticas que que lhes cercava em todas as suas dimensões;
foram se constituindo. mais precisamente, as causas e os mecanismos de
No início dos anos 80, a principal manutenção da exclusão econômica, social e política
agremiação de luta social pela terra e de grande da população latino-americana. Tão importante
mediação da ala progressista e combativa da Igreja quanto intervir socialmente era ter clareza e
Católica, é o MST. Esse é fruto de uma construção condições de pensar a práxis sem necessitar de
social mediada por atores sociais representativos tutela cognitiva exterior.
da Teologia da Libertação. O arcabouço teórico do Nesse sentido, a transformação social
Movimento é delimitado originariamente a partir era compreendida como o processo de mudança
da influência do trabalho pastoral e do ideário da daquela sociedade, impregnada de contradições
Teologia da Libertação. No entanto, esse encontro socioeconômicas em decorrência do modelo
não foi refratário às contradições. Os conceitos econômico. A sociedade vislumbrada pelos agentes
centrais da Teologia da Libertação: autonomia, de pastoral - a denominada “Terra Sem Males” -
transformação social, protagonismo histórico é a antítese da sociedade capitalista. Em suma, é
contribuíram para o processo de distanciamento do marcada pelo trabalho cooperativo, pela valorização
Movimento do campo de influência da Igreja. do ser humano acima do material, pela existência de
Na década de 1980, a oficialidade da Igreja democracia política e econômica capaz de produzir
Católica reafirma sua opção pelos pobres, adentrando a equidade social e pelo modelo econômico
para a discussão dos direitos humanos, pela oposição orientado para as necessidades e os interesses dos
sindical, pela luta pela redemocratização do país, da seres humanos, e não da reprodução do capital.
pobreza que se generaliza, pela reorganização social No entanto, por mais que esse ideário
e política, pelo Estado de Direito e contra as ações dialogasse com as concepções do MST, após sua
do FMI. Documentos da CNBB são elaborados estruturação, a partir de 1986, surge a oposição
nesse sentido dando ênfase à conjuntura política, à das ideias relativas à estratégia de atuação do
sua missão evangelizadora, aos valores éticos e de Movimento. A metodologia de trabalho de investir
justiça, à necessidade de reconstituir instituições em ações coletivas efetivas, caracterizadas pela ampla
democráticas. O trabalho da Igreja junto ao participação dos atores em todas as instâncias de
Movimento dos Sem Terra (MST), na sua origem, direção, empregada pela Igreja progressista, depara-
foi coerente com a Doutrina Social da Igreja e se com a nova orientação do MST de estabelecer
inspirado na prática da Teologia da Libertação. uma centralização nas decisões do movimento. O
Exaltava a população degradada pela expansão e ideário do MST, ao valorizar a questão da autonomia
aceleração do modelo de desenvolvimento baseado política, uma herança da Igreja Católica em suas
na internacionalização desmedida do capital a ações pastorais, estabelece, com a ela e, também,
organizar-se para estabelecer outro modelo de com outras instituições ligadas a ela, uma relação
desenvolvimento, considerado mais justo e que de distanciamento no que se refere à reflexão e à
contemple os subalternizados do meio rural. construção da leitura da realidade.
Nesse processo de construção, era relevante que
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Igreja Católica, questão agrária e a luta social no campo (1950-1980) – João Carlos Tedesco e Emerson Neves Da Silva
de 1964, quando a Igreja Católica tinha uma grande sociais, constituiu importantes espaços para os
preocupação em ter o controle social no meio rural, trabalhadores rurais e urbanos lutarem contra as
ao mesmo tempo reivindicava direitos, cidadania e injustiças e por seus direitos. A CPT, principalmente
justiça social para manter esse coletivo no meio rural a partir de 1979, com ampla expressão no interior
nas atividades agrícolas. O objetivo era, também, do país, orientou a formação das lideranças que
fortalecer os agricultores para que permanecessem conduziram a organização dos sem-terra, que
ligados à Igreja. passariam a pressionar as autoridades para o
Contudo, com o golpe militar, esse grande assentamento de reforma agrária. Assim, a Igreja
medo que a Igreja tinha do avanço das facções Católica, através de um campo eclesiástico unido em
ligadas ao comunismo acabou sendo eliminado torno da CPT, passou a ser o alicerce fundamental
com a repressão promovida pelos militares a todos na constituição dos MST.
os que destoavam de sua ideologia e do status quo A partir de meados dos anos 80, novas
político do período. Outra dimensão expressava- dimensões políticas e outras mediações, em
se em meados da década de 1960, e que norteou particular, a partidária, redefiniram o papel central
as deliberações do Concílio Vaticano II, a qual da Igreja Católica junto ao coletivo do MST em
apontava em direção ao compromisso da Igreja para nível de Brasil. Ela foi perdendo espaços para outros
com as causas populares. grupos, os quais passam a racionalizar as ações do
Porém, em nível nacional, a oficialidade campo religioso e adentrando mais para esferas
esteve atrelada às diretrizes sociais e políticas que político-partidárias. Esse processo revelou uma
o regime militar impôs. Mas isso tudo não se deu reconfiguração do MST, em suas diretrizes, ações
sem conflitos e tensões internas. Talvez esse período e pedagogia de orientação coletiva. Porém, essa
tenha sido um dos mais tumultuados da oficialidade nova realidade revelou, também, novas dimensões
da Igreja, organizada em torno da CNBB. Várias presentes no próprio interior da Igreja Católica e de
pastorais e linhas de evangelização foram acionadas outras que, sem sombra de dúvidas, alteraram seus
com ou sem apoio da referida instituição. Grupos quadros de mediação, seus vínculos institucionais
sociais, em suas lutas sociais, possuíam mediação com determinados movimentos sociais, um deles
de sujeitos e/ou organizações do campo eclesial foi a luta pela terra na esteira da reforma agrária.
e de lideranças leigas, porém sem vínculos com a No entanto, é bom que se ressalve e se enfatize que
oficialidade da Igreja. muitos dos rituais e ações produzidas no interior
Os anos 70 revelaram certa alteração e/ dos acampamentos de luta pela reforma agrária
ou redefinição nas diretrizes da CNBB. Os seus são ainda hoje os que foram cristalizados nos
documentos são claros no sentido de que o regime de anos 80 quando o campo religioso, organizado e
exceção não lhe era mais de todo agradável. Muitas determinado por um campo eclesiástico específico,
das práticas opressivas desse atingem lideranças do os disseminava.
campo eclesiástico ou ações do campo religioso em
prol dos excluídos, doutrinas e rituais. Narrativas Notas
em torno de noções como libertação, exclusão,
liberdade, reformas, direitos e organização popular 1 O autor refere-se às Conferências Episcopais de
Medellín (1968) e Puebla (1979), nas quais a Igreja
eram constantes nessa nova dimensão teológica e
Católica firma a opção preferencial pelos pobres e sua
evangélica, bem como elementos do campo social leitura da realidade social à luz de uma ética cristã,
estrutural (economia, dependência estrangeira, libertadora e evangelizadora.
multinacionalização, imperialismo, dentre outras) e 2 Os lavradores, assalariados, posseiros, arrendatários,
da hierarquia e do vínculo com o estado e o poder meeiros, peões de estância, agregados, dentre outros que,
no interior da própria Igreja Católica. em termos quantitativos, somavam centenas de milhares
em todo o Brasil por toda a década de 50, eram os sujeitos
Essa nova dimensão que alia macro- e atores sociais que expressavam as contradições da
questões da sociedade brasileira com as pastorais propriedade e viram-se excluídos pelas novas diretrizes
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políticas e econômicas do país. Esse processo todo foi CNBB. Estudos da CNBB – Pastoral da Terra. São
agregado e matéria-prima para as lutas sociais, em Paulo, Paulinas, 1976.
particular das Ligas Camponesas. No seu conjunto e em
suas especificidades, as lutas sociais pela terra no período
CNBB. Exigências cristãs de uma ordem política.
revelavam o lado contraditório e atrasado da estrutura
latifundista e irracional em termos econômicos. No Rio São Paulo: Paulinas, 1977.
Grande do Sul, segundo o IBGE, eram contabilizados
em mais de duas centenas de milhares, contingente CNBB. Estudos da CNBB – Pastoral da Terra. São
considerado imenso num estado de colonização oficial Paulo: Paulinas, 1979
e de performance agrícola em termos econômicos no
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