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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

EP 12 – Álgebra Linear II – Gabarito

Prezados tutores,

Nesta semana estudamos os operadores autoadjuntos e formas bilineares, conteúdos apresentados


nas Aulas 24 e 25. Favor recomendar aos alunos que antes de resolverem os exercı́cios propostos façam
a lista das propriedades dos operadores ortogonais e também a lista das propriedades dos operadores
autoadjuntos.

Alertem os alunos de que o texto em uso é Álgebra Linear II-3a edição, Volumes 1 e 2.
O texto de edições anteriores deve ser corrigido, conforme os arquivos Errata-ALII-V1.pdf e
Errata-ALII-V2.pdf, que estão na pasta dos EP’s mas não recomendamos. A melhor alternativa é
estudar no texto da 3a edição, cujas figuras estão corretas.
A Pasta Cadernos Didáticos já contém as Aulas 01 a 32 3a edição. Estará na plataforma na
Sala de Aula, semanalmente, o texto 3a edição de Álgebra Linear II nos arquivos Algebra Linear-
V1(revisto).pdf e Algebra Linear-V2(revisto).pdf.

Atenciosamente,

Silas Fantin
Coordenador de Álgebra Linear II

( )
Exercı́cio 1: Seja T : R2 −→ R2 um operador ortogonal tal que T (1, 0) = √1 , √3
10 10
.

(a) Quais os possı́veis valores de T (0, 1)? Quantos operadores ortogonais T há?

(b) Algum desses operadores é autoadjunto? Justifique a sua resposta.

(c) Qual dos operadores é uma rotação?

Solução:
(a) Um operador é ortogonal se, e somente se, leva uma base ortonormal em uma base ortonormal. A
base canônica α = {(1, 0), (0, 1)} é uma base ortonormal do R2 .
Seja T (0, 1) = (a, b). Então,
⟨( ) ⟩
(i) T (1, 0) ⊥ T (1, 0) ⇐⇒ √1 , √3
10 10
, (a, b) = 0 ⇐⇒ √a10 + √3b10 = 0 ⇐⇒ a = −3b e
(ii) ∥T (0, 1)∥2 = 1 ⇐⇒ a2 + b2 = 1 ⇐⇒ 9b2 + b2 = 1 ⇐⇒ b2 = ⇐⇒ b = √110 ou b = − √110 .
1
) (10
Portanto, há dois valores possı́veis para T (0, 1) com T (1, 0) = √110 , √310 .
( )
Caso 1: T (0, 1) = − √310 , √110 , .
[ 1 ]
√ − √3
Nesse caso, a matriz de T na base canônica é [T ] = √310 10
√1
.
( ) 10 10
Caso 2: T (0, 1) = √310 , − √110 , .

1
[ ]
√1 √3
Nesse caso, a matriz de T na base canônica é [T ] = 10 10 .
√3
10
− √110
(b) Olhando para a matriz que representa cada um dos operadores ortogonais na base canônica (base
ortonormal) obtidos no item anterior, vemos que apenas a matriz do Caso 2 é simétrica. Logo, apenas
o operador ortogonal do Caso 2 é também autoadjunto.

( )
Exercı́cio 2: Seja T : R3 −→ R3 um operador linear tal que T (1, 0, 0) = √1 , √1 , 0
2 2
e T (0, 0, 1) =
(0, 0, 1). Determine T (0, 1, 0), sabendo que T é autoadjunto e ortogonal.

Solução: Primeiramente, a base canônica do R3 α = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} é uma base ortonor-
mal. O operador T é autoadjunto se, e somente se, sua matiz com respeito a qualquer base ortonormal
é simétrica.
Seja T (0, 1, 0) = (a, b, c). Então, a matriz [T ], que representa T na base α é
 1 
√ a 0
 2 
[T ] =  √12 b 0  .
0 c 1

Portanto, T é autoadjunto se, e somente se, a = √1 e c = 0. Assim,


2
 
√1 √1 0
 √1
2 2

[T ] =  2
b 0 .
0 0 1

Por outro lado, T é ortogonal se, e somente se, T leva bases ortonormais em bases ortonormais.
Devemos verificar se há valores para b de modo que as colunas de [T ] sejam ortogonais e unitárias.
A primeira e a terceira colunas são ortogonais e unitárias.
A segunda coluna é ortogonal à terceira coluna para qualquer valor de b, pois √12 · 0+ b · 0+ 0 · 1 = 0.
A segunda coluna é unitária ⇐⇒ 1
2 + b2 + 0 = 1 ⇐⇒ b2 = 2 ⇐⇒ b = 2 ou b = − 2 .
1 √1 √1

A primeira coluna é ortogonal à segunda coluna ⇐⇒ √1 · √1 + b · √1 + 0 · 0 = 0


2 2 2

⇐⇒ 1
2 +√b = 0
2√
⇐⇒ b = − 22 = − √12 .
 1 
√ √1 0
 2 2

Portanto, o único valor possı́vel é b = − √12 e [T ] =  √1
2
− √12 0  .
0 0 1

Exercı́cio 3:

(a) Seja T : R2 −→ R2 um operador autoadjunto com polinômio caracterı́stico p(x) = (x − 1)(x − 2)


e tal que T (1, −2) = (2, −4). Dê uma base do R2 formada por autovetores de T .

(b) Seja T : R3 −→ R3 um operador autoadjunto com polinômio caracterı́stico p(x) = (x − 1)2 (x − 2)


e tal que T (1, 1, 1) = (2, 2, 2). Dê uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T .

(c) Seja T : R2 −→ R2 um operador autoadjunto com autovalores 2 e 3, tal que E(λ = 2) =


{(x, y) ; x + 3y = 0}. Dê o polinômio caracterı́stico de T e uma base do R2 formada por
autovetores de T .

2
(d) Seja T : R3 −→ R3 um operador autoadjunto com polinômio caracterı́stico p(x) = (x + 2)2 (x − 2)
e tal que E(λ = 2) = [(1, −1, 0)]. Dê uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T .

(e) Seja T : R4 −→ R4 um operador autoadjunto tal que p(x) = (x + 2)2 (x − 2)(x − 3) é o seu
polinômio caracterı́stico. Explique como é possı́vel construir uma base ortogonal do R4 formada
por autovetores de T .

Solução: As seguintes propriedades serão utilizadas na resolução dos itens propostos.


Pelo fato de T : Rn −→ Rn ser um operador autoadjunto, sabemos que:

(i) existe uma base ortonormal, portanto ortogonal, formada por autovetores de T ;
(ii) autovetores associados a autovalores distintos são ortogonais;
(iii) a multiplicidade geométrica de cada autovalor λ0 (a dimensão de E(λ0 )) é igual à sua multi-
plicidade algébrica, pois T é diagonalizável.
∑ ∑
(iv) grau(p(λ)) = dim(Rn ) = n = (multiplicidade algébrica) = (multiplicidade geométrica).
| {z } | {z }
vale em qualquer T T é diagonalizável

Levando em conta essas informações, e os nossos conhecimentos de Geometria Analı́tica, vamos


resolver os itens (a), (b), (c), (d) e (e).

(a) O polinômio caracterı́stico é p(x) = (x − 1)(x − 2).


De (iii) temos que dim(E(λ = 1)) = 1 e dim(E(λ = 2)) = 1, logo são retas no R2 passando pela
origem. De (ii) sabemos que têm que ser retas perpendiculares e passando pela origem.
Como T (1, −2) = (2, −4) = 2(1, −2), então (1, −2) ∈ E(λ = 2), logo E(λ = 2) = [(1, −2)].
A reta pela origem e normal à reta gerada por (1, −2) é a reta gerada por (2, 1).
Logo, T (2, 1) = (2, 1) e assim, E(λ = 1) = [(2, 1)].
Uma base do R2 formada por autovetores de T é {(1, −2), (2, 1)}, que é uma base ortogonal.
| {z } | {z }
λ=2 λ=1
Caso tivéssemos interesse, poderı́amos determinar T (x, y), pois conhecemos T numa base do seu
domı́nio.
(b) O polinômio caracterı́stico de T é p(x) = (x − 1)2 (x − 2).
De (iii) temos que dim(E(λ = 1)) = 2 e dim(E(λ = 2)) = 1, logo E(λ = 1) é um plano pela origem
e E(λ = 2) é uma reta no R3 passando pela origem.
De (ii) sabemos que a reta é normal ao plano.
Como T (1, 1, 1) = (2, 2, 2) = 2(1, 1, 1), então (1, 1, 1) ∈ E(λ = 2). Logo, temos que E(λ = 2) =
[(1, 1, 1)].
O gerador da reta E(λ = 2) é o vetor normal ao plano E(λ = 1). Portanto, o autoespaço E(λ = 1)
é o plano Π de equação x + y + z = 0.
Para ter a base ortogonal do R3 formada por autovetores de T basta construir uma base ortogonal
do plano x + y + z = 0 e acrescentar (1, 1, 1).
Escolhemos v = (1, −1, 0) ∈ Π. Seja w = (a, b, c) tal que:
w ∈ Π ⇐⇒ a + b + c = 0 e
v ⊥ w ⇐⇒ ⟨v, w⟩ = 0 ⇐⇒ a − b = 0.
Logo,
{ { {
a+b+c=0 b+b+c=0 c = −2b
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒ w = (b, b, −2b) = b(1, 1, −2), b ∈ R.
a−b=0 a=b a=b
Tomando b = 1 obtemos w = (1, 1, −2).
Uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T é {(1, −1, 0), (1, 1, −2), (1, 1, 1)}.
| {z } | {z } | {z }
λ=1 λ=1 λ=2
Caso quiséssemos, poderı́amos determinar T (x, y, z), pois conhecemos T numa base do seu domı́nio.

3
(c) Pelo item(iv), grau(p(λ)) = 2 e como 2 e 3 são os autovalores de T , segue que o polinômio
caracterı́stico é p(x) = (x − 2)(x − 3).
De (iii) temos que dim(E(λ = 2)) = 1 e dim(E(λ = 3)) = 1, logo são retas no R2 passando pela
origem. De (ii) sabemos que têm que ser retas perpendiculares e passando pela origem.
Como E(λ = 2) = {(x, y); x + 3y = 0} = {(−3y, y); y ∈ R}, temos que (−3, 1) ∈ E(λ = 2) logo
E(λ = 2) = [(−3, 1)].
A reta pela origem e normal à reta gerada por (−3, 1) é a reta gerada por (1, 3).
Logo, T (1, 3) = 3(1, 3) e E(λ = 3) = [(1, 3)].
Uma base do R2 formada por autovetores de T é {(−3, 1), (1, 3)}, que é uma base ortogonal.
| {z } | {z }
λ=2 λ=3

(d) O polinômio caracterı́stico de T é p(x) = (x + 2)2 (x − 2).


De (iii) temos que dim(E(λ = −2)) = 2 e dim(E(λ = 2)) = 1, logo E(λ = −2) é um plano pela
origem e E(λ = 2) é uma reta no R3 passando pela origem.
De (ii) sabemos que a reta é normal ao plano.
Como E(λ = 2) = [(1, −1, 0)] temos que o vetor (1, −1, 0) é um vetor gerador da reta. Assim
(1, −1, 0) é um vetor normal ao plano E(λ = −2). Portanto, o autoespaço E(λ = −2) é o plano Π de
equação x − y = 0.
Para ter a base ortogonal do R3 formada por autovetores de T basta construir uma base ortogonal
do plano x − y = 0 e acrescentar (1, −1, 0).
Escolhemos v = (1, 1, 0) ∈ Π. Seja w = (a, b, c) tal que:
w ∈ Π ⇐⇒ a − b + 0c = 0 e
v ⊥ w ⇐⇒ ⟨v, w⟩ = 0 ⇐⇒ a + b + 0c = 0.
Logo, 
{ {  a=0
a−b=0 a=b
⇐⇒ ⇐⇒ b = 0 ⇐⇒ w = (0, 0, c) = c(0, 0, 1), c ∈ R.
a+b=0 a+a=0 
c∈R
Tomando c = 1 obtemos w = (0, 0, 1).
Uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T é {(1, −1, 0), (1, 1, 0), (0, 0, 1)}.
| {z } | {z } | {z }
λ=2 λ=−2 λ=−2
Caso quiséssemos, poderı́amos determinar T (x, y, z), pois conhecemos T numa base do seu domı́nio.
(e) O polinômio caracterı́stico de T é p(x) = (x + 2)2 (x − 2)(x − 3).
Os autovalores de T são −2, 2 e 3, além disso:
mg (λ1 = −2) = ma (λ1 = −2) = 2, então podemos construir uma base ortogonal β1 = {v1 , v2 }
para E(λ1 = −2);
mg (λ2 = 2) = ma (λ2 = 2) = 1, então podemos construir uma base β2 = {v3 } para E(λ2 = 2);
mg (λ3 = 3) = ma (λ3 = 3) = 1, então podemos construir uma base β3 = {v4 } para E(λ3 = 3).
Os vetores v1 , v2 , v3 , v4 são ortogonais, pela escolha de v1 e v2 , pelo fato de v1 , v3 , v4 e, também,
v2 , v3 , v4 serem autovetores associados a autovalores distintos. Logo,
β = β1 ∪ β2 ∪ β3 = {v1 , v2 , v3 , v4 }
| {z } |{z} |{z}
λ1 =−2 λ2 =2 λ3 =3

é uma base ortogonal do R4 formada por autovetores de T .

Exercı́cio 4: Seja T : R3 −→ R3 o operador linear definido por

T (x, y, z) = (x + 4y + 2z, 4x − 5y − 4z, 2x − 4y + z).

4
(a) Verifique que T é autoadjunto.

(b) Determine uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T .

(c) Determine uma matriz ortogonal P que diagonaliza T , tal que det(P ) = 1, e dê a correspondente
matriz diagonal D.

Solução:
(a) Temos T (1, 0, 0) = (1, 4, 2), T (0, 1, 0) = (4, −5, −4) e T (0, 0, 1) = (2, −4, 1), então a matriz [T ],
que representa T na base canônica (base ortonormal) é
 
1 4 2
[T ] =  4 −5 −4 .
2 −4 1

Como [T ] é simétrica, T é autoadjunto.


(b) Antes de fazermos qualquer cálculo, pelo fato de T ser autoadjunto, sabemos que:

(i) existe uma base ortonormal, portanto ortogonal, formada por autovetores de T ;
(ii) autovetores associados a autovalores distintos são ortogonais;
(iii) a multiplicidade geométrica (a dimensão de E(λ)) de cada autovalor λ é igual à sua multipli-
cidade algébrica, pois T é diagonalizável.
∑ ∑
(iv) grau(p(λ)) = dim(R3 ) = 3 = (multiplicidade algébrica) = (multiplicidade geométrica).
| {z } | {z }
vale em qualquer T T é diagonalizável

Antes de fazermos os cálculos sabemos que T é diagonalizável em uma base ortonormal de au-
tovetores. Levando em conta todas essas informações, podemos simplificar muito os cálculos a serem
feitos, conforme verão a seguir.
Vamos determinar, primeiramente, o polinômio caracterı́stico de T .

 3 − A)
p(λ) = det(λI 
λ − 1 −4 −2
= det  −4 λ + 5 4 
−2 4 λ−1 ( )
= (λ − 1)2 (λ + 5) + 32 + 32 − 4(λ + 5) + 16(λ − 1) + 16(λ − 1)
= (λ − 1)2 (λ + 5) − 36λ + 76
= λ3 + 3λ2 − 45λ + 81
= (λ − 3)2 (λ + 9).

O autovalor 3 tem multiplicidade algébrica 2, logo de (iii) E(λ = 3) é um plano pela origem.

- Cálculo E(λ = 3)
Reduzindo por
 linhas a matriz 3I3 − A, obtemos:  
2 −4 −2 2 −4 −2 1 −2 −1
3I3 − A =  −4 8 4  ∼1  0 0 0  ∼2  0 0 0 , onde fizemos a seguinte
−2 4 2 0 0 0 0 0 0
sequência de operações elementares: em ∼1 : L2 ← L2 + 2L1 e L3 ← L3 + L1 e em ∼2 : L1 ← 21 L1 .

Portanto, E(λ = 3) = {(x, y, z) ∈ R3 ; x − 2y − z = 0}.

- Cálculo E(λ = −9)

5
Como dim(E(λ = −9)) = 1, então E(λ = −9) é uma reta; além disso, os autovetores associados a
λ = −9 são ortogonais aos autovetores associados a λ = 3, que estão no plano x−2y −z = 0. Portanto,
não resta outra alternativa a não ser que E(λ = −9) seja a reta normal ao plano x − 2y − z = 0.
Logo, E(λ = −9) é a reta gerada por (1, −2, −1), isto é, E(λ = 9) = [(1, −2, −1)].
Sabemos que o espaço das soluções do sistema linear homogêneo associado à matriz −9I − A é
[(1, −2, −1)] sem precisar resolver o sistema! É muito mais rápido usar a teoria do que resolver o
sistema.

Para determinar uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T precisamos de uma base
ortogonal do plano Π de equação x − 2y − z = 0 e completamos com o vetor w = (1, −2, −1), vetor
normal ao plano.
Escolhemos u = (1, 1 − 1) ∈ Π, fazendo x = 1, y = 1 e obtendo z = −1 (1 equação a 3 incógnitas
tem grau de liberdade 3 − 1 = 2).

Seja v = (a, b.c) ̸= (0, 0, 0) tal que


v ∈ Π ⇐⇒ a − 2b − c = 0 e
v ⊥ u ⇐⇒ ⟨(a, b, c), (1, 1, −1)⟩ = 0 ⇐⇒ a + b − c = 0.

Logo,
{ { {
a − 2b − c = 0 a − 2b − c = 0 a−c=0
⇐⇒ ⇐⇒ ⇐⇒ v = (a, 0, a) ; a ∈ R.
a+b−c=0 3b = 0 b=0

Tomamos a = 1 e v = (1, 0, 1).


Uma base ortogonal do R3 formada por autovetores de T é {(1, 1, −1), (1, 0, 1), (1, −2, −1)}.
| {z } | {z } | {z }
λ=3 λ=3 λ=−9

(c) Para construir a matriz ortogonal P precisamos de uma base ortonormal {u1 , u2 , u3 } do R3 formada
por autovetores de T .

Sempre que u3 = u1 × u2 temos que det(P ) = 1. Por quê?


[ ]
De fato, P = u1 u2 u3 e dos nossos conhecimentos de Geometria Analı́tica, temos que

det(P ) = produto misto de u1 , u2 , u3 = ⟨u1 × u2 , u3 ⟩ = ⟨u3 , u3 ⟩ = ∥u3 ∥2 = 1.

Vamos aproveitar os cálculos do item anterior.


 
⃗i ⃗j ⃗k
u × v = det  1 1 −1 
[ 1 0 ]1 [ ] [ ]
1 −1 ⃗ 1 −1 ⃗ 1 1 ⃗
= det i − det j + det k
0 1 1 1 1 0
= ⃗i − 2⃗j − ⃗k = (1, −2, −1) = w.

Logo, ∥w∥ = ∥u × v∥ = ∥u∥∥v∥ sen π2 = ∥u∥∥v∥, em virtude u ⊥ v. Assim,


u
∥u∥ × v
∥v∥ = u×v
∥u∥ ∥v∥ = w
∥u∥ ∥v∥ = w
∥w∥ .

Basta normalizar os vetores da base ortogonal obtida no item anterior. Como


√ √ √ √ √ √
∥u∥ = 12 + 12 + (−1)2 = 3, ∥v∥ = 12 + 02 + 12 = 2 e ∥w∥ = 12 + (−2)2 + (−1)2 = 6,

6
temos que uma base ortonormal formada por autovetores de T é
 

 

 ( ) ( ) ( )

1 1 1 1 1 1 2 1 
u1 = √ , √ , − √ , u2 = √ , 0, √ , u3 = √ , − √ , − √ .

 3 3 3 2 2 6 6 6 


 | {z } | {z } | {z }

λ=3 λ=3 λ=−9

Assim, a matriz P , matriz de mudança de base da base ortonormal de autovetores para a base
canônica,e a correspondentematriz diagonal D, matriz de T na base de autovetores, são dadas por
√1 √1 √1    
3 2 6 λ1 0 0 3 0 0
 0 − √26 
P =  √13  e D =  0 λ2 0  =  0 3 0  e det(P ) = 1, pois tomamos
− √3 √2 − √6
1 1 1 0 0 λ3 0 0 −9
u3 = u1 × u2 .

Exercı́cio 5: Seja F : R2 −→ R2 a função definida por


( )
F (x1 , x2 ), (y1 , y2 ) = x1 y1 + 3x1 y2 − x2 y1 + 4x2 y2 .

(a) Determine a matriz que representa F na base β = {(2, 1), (0, 1)}.

(b) Determine a matriz que representa F na base canônica α = {(1, 0), (0, 1)}.

Solução:
(a) A matriz B = (bij ) ∈ M2 (R) é dada por bij = F (vi , vj ), onde v1 = (2, 1) e v2 = (0, 1). Então,
( ) ( )
b11 = F (v1 , v1 ) = F (2,
( 1), (2, 1) )= 12, b12 = F (v1 , v2 ) = F ((2, 1), (0, 1)) = 10,
b21 = F (v2 , v1 ) = F (0, 1), (2, 1) = 2, b22 = F (v2 , v2 ) = F (0, 1), (0, 1) = 4.
[ ]
12 10
Logo, B = .
2 4

(b) A matriz A = (aij ) ∈ M2 (R) é dada por aij = F (ei , ej ), onde e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1). Então,
( ) ( )
a11 = F (e1 , e1 ) = F( (1, 0), (1, 0)) = 1, a12 = F (e1 , e2 ) = F ((1, 0), (0, 1) )= 3,
a21 = F (e2 , e1 ) = F (0, 1), (1, 0) = −1, a22 = F (e2 , e2 ) = F (0, 1), (0, 1) = 4.

Esse cálculo é tedioso e pode ser evitado. Note que aij = F (ei , ej ) =coeficiente de xi yj . Basta
olhar para a expressão de F para obter a matriz de F na base canônica,
( )
F (x1 , x2 ), (y1 , y2 ) = x1 y1 + 3x1 y2 −x2 y1 + 4x2 y2 .
| {z }| {z }
coefic. da linha 1 coefic. da linha 2

O ı́ndice i de xi indica a linha e o ı́ndice j de yj indica a coluna em que o coeficiente de xi yj deve


ser colocado na matriz.
Nesse caso,

1 é
o coeficiente de x1 y1 deve ficar na linha 1 e coluna 1,
3 é
o coeficiente de x1 y2 deve ficar na linha 1 e coluna 2,
−1 é o coeficiente de x2 y1 deve ficar na linha 2 e coluna 1,
4 é
o coeficiente de x2 y2 deve ficar na linha 2 e coluna 2.
[ ]
1 3
Logo, A = .
−1 4

7
Observação: A obtenção da matriz B no item (a) foi muito, muito trabalhosa. Uma vez na vida
devemos fazer esse cálculo. Como fazer mais rápido? Precisamos de saber a teoria para simplificar os
cálculos.
Conforme vimos no item (b) é muito fácil obter a matriz A, que representa uma forma bilinear F
na base canônica. Para obter a matriz B de F numa outra base β construı́mos a matriz P de mudança
da base β para a base canônica e usamos a seguinte propriedade:

B = P t AP .
[ ] [ ]
2 0 1 3
No item (a) a base é β = {(2, 1), (0, 1)}. Assim, P = e como A = , então
1 1 −1 4
[ ][ ][ ] [ ][ ] [ ]
2 1 1 3 2 0 1 10 2 0 12 10
B = P t AP = = = .
0 1 −1 4 1 1 −1 4 1 1 2 4

Muito mais fácil e rápido do que os cálculos que fizemos anteriormente e devem ser evitados daqui
para frente. Não esqueça da propriedade acima e de como obter a matriz na base canônica olhando
para a expressão da forma bilinear F .

Exercı́cio 6: Seja F : R3 −→ R3 a função definida por


( )
F (x1 , x2 , x3 ), (y1 , y2 , y3 ) = x1 y1 + x1 y2 − x2 y3 + 2x3 y1 + x3 y2 .

Determine a matriz que representa F na base canônica α = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)}.

Solução: Como a base dada é a base canônica, basta olhar para a expressão de F
( )
F (x1 , x2 , x3 ), (y1 , y2 , y3 ) = x1 y1 + x1 y2 + 0x1 y3 + 0x2 y1 + 0x2 y2 − x2 y3 + 2x3 y1 + x3 y2 + 0x3 y3 .
| {z } | {z } | {z }
coeficientes da linha 1 coeficientes da linha 2 coeficientes da linha 3
 
1 1 0
e escrever a matriz. Temos A =  0 0 −1 .
2 1 0

Exercı́cio 7: Seja F : R2 −→ R2 a função definida por


( )
F (x1 , x2 ), (y1 , y2 ) = 2x1 y1 + x1 y2 − x2 y1 − 3x2 y2 .

Determine a matriz que representa F na base canônica α = {(1, 0), (0, 1)}.

Solução:

Solução: Como a base dada é a base canônica, basta olhar para a expressão de F
( )
F (x1 , x2 ), (y1 , y2 ) = 2x1 y1 + x1 y2 + −1x2 y1 − 3x2 y2 .
| {z } | {z }
coeficientes da linha 1 coeficientes da linha 2

8
[ ]
2 1
e escrever a matriz. Temos A = .
−1 −3

O objetivo dos dois exercı́cios a seguir é trabalhar a definição de operador autoadjunto (Definição
1 da Aula 24).

Exercı́cio 8: Seja T : Rn −→ Rn um operador linear inversı́vel. Mostre que se T é autoadjunto,


então T −1 também é autoadjunto.

Solução:
Sejam u, v ∈ Rn .
(1) (2) (3)
< T −1 (u), v > = < T −1 (u), I(v) > = < T −1 (u), T (T −1 (v)) > = < T (T −1 (u)), T −1 (v) >
(4)
= < I(u), T −1 (v) >=< u, T −1 (v) > .

onde em (1) I significa o operador identidade; em (2) usamos que I(v) = T (T −1 (v)), pois I = T T −1 ;
em (3), que T é operador autoadjunto e em (4), que T T −1 = I

Logo, < T −1 (u), v >=< u, T −1 (v) > para qualquer u, v ∈ Rn .


Portanto, T −1 é autoadjunto.

Exercı́cio 9: Sejam T : Rn −→ Rn e S : Rn −→ Rn operadores autoadjuntos. Mostre que se


T ◦ S = S ◦ T , então T ◦ S é autoadjunto.

Solução:
Sejam u, v ∈ Rn .
(1) (2) (3)
< (T ◦ S)(u), v > = < T (S(u)), v > = < S(u), T (v) > = < u, S(T (v)) >
(4) (5)
= < u, (S ◦ T )(v) > = < u, (T ◦ S)(v) >
Note que:

em (1) usamos a definição da composição de funções;


em (2), que T é operador autoadjunto;
em (3), que S é operador autoadjunto;
em (4), novamente a a definição da composição de funções;
em (5), que T ◦ S = S ◦ T ;

Logo, < (T ◦ S)(u), v >=< u, (T ◦ S)(v) >, para todo u, v ∈ Rn .


Portanto, T ◦ S é autoadjunto.

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