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CRISTIANO GOULART NOVAES

CURSO DE SEGUNDA GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO


DIREITO TRIBUTARIO

APLICAÇÕES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

I. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
A obrigação tributária é integrada, originariamente, pelos mesmos elementos
de uma obrigação privada. O tributo é o objeto da obrigação tributária, que é uma
relação obrigacional criada por lei.
A competência tributária, de forma simples e direta, pode ser encarada como
poder que a Constituição Federal confere à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios para que instituam seus respectivos tributos. Nos claros dizeres de
Celso Ribeiro Bastos 2 “Competência, em matéria tributária, é a faculdade atribuída
pela Constituição às pessoas de direito público com capacidade política para criar
tributos”. A competência tributária é formada pelas capacidades de legislar, fiscalizar
e arrecadar tributos, sendo indelegável. No entanto, é permitida a delegação da
capacidade de fiscalizar e arrecadar para outra pessoa jurídica de direito público,
bem como a revogação desta delegação a qualquer tempo.
A prestação, que pode ser positiva ou negativa, é o elemento objetivo que
vincula o credor e o devedor na relação obrigacional tributária. No Direito Civil são
conhecidas como obrigações de dar, fazer ou não fazer algo. Na relação tributária, a
obrigaçãopoderá ser definida da seguinte forma:
“Pagar tributo ou multa tributária caracteriza-se como uma obrigação de dar
(dinheiro); Escriturar livros fiscais e de entregar declarações tributárias são
obrigações de fazer; Não rasurar a escrituração fiscal e não receber mercadorias
sem os documentos fiscais previstos na legislação são obrigações de deixar de
fazer. Pode se aplicar, ainda, uma quarta modalidade; O dever de permitir algo
(tolerar que se faça), como seria a obrigação de permitir o acesso da fiscalização a
livros, documentos e mercadorias”.(ALEXANDRE, p. 290, 2015):

No presente , a doutrina atual estuda a obrigação jurídico tributária, por um


enfoque constitucional, na qual não é considerada apenas uma obrigação
decorrente da lei, tendo em vista os princípios constitucionais e a soberania do
estado . Assim pensam, entre outros, Ricardo L. Torres no Brasil, K. Tipkee Birk,na
Alemanha e F. Escribano, na Espanha.
A obrigação tributária não se esgota na lei formal, pois deve buscar o seu
fundamento na ideia de justiça e nos princípios constitucionais dela oriundo , como
por exemplo os princípios da princípio da irretroatividade da lei Tributária, da
capacidade contributiva, do custo/beneficio e da solidariedade social.
Importante ressaltar que apesar da abordagem constitucional do problema,
imprescindível para melhor compreensão da relação jurídica tributária, esta continua
a se definir como obrigação ex lege. Entretanto, sua origem legal se complementa
com os princípios constitucionais e com os “momentos ulteriores do exercício do
poder de administrar e do poder de julgar as controvérsias surgidas da aplicação da
lei, sem os quais não se forma, na vida real, o vínculo de direito”, conforme
ressaltado por Ricardo Lobo Torres (TORRES, 2011, p. 236).

“A imbricação constitucional da relação tributária orienta a sua problemática


para o campo das conexões entre a receita e os gastos públicos, dado
importantíssimo na atual fase das finanças públicas.A relação jurídica tributária, por
outro lado, aparece totalmente vinculada pelos direitos fundamentais declarados na
Constituição. Nasce, por força da lei, no espaço previamente aberto pela liberdade
individual ao poder impositivo estatal. É rigidamente controlada pelas garantias dos
direitos e pelo sistema de princípios da segurança jurídica. Todas essas
características fazem com que se neutralize a superioridade do Estado, decorrente
dos interesses gerais que representa, sem que, todavia, se prejudique a publicidade
do vínculo jurídico.” (TORRES, 2011, p. 237)

II. FATO GERADOR E HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA


O fato gerador, assim entendido como a situação de fato, prevista na lei
tributária de forma genérica e abstrata, ao ocorrer de plano, concretamente, viabiliza
a materialização do direito ocorrendo, assim, o nascimento da obrigação tributária,
como principal ou acessória, conforme os artigos 114 e 115 do CTN.
“Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei
como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na
forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não
configure obrigação principal.”

Fato gerador e hipótese de incidência são conceitos distintos. Entretanto, o


Código Tributário Nacional por vezes é impreciso na distinção, pois trata como fato
gerador tanto a situação abstrata prevista na lei, quanto a concretização observada
no mundo real.
A doutrina majoritária crítica a denominação como fato gerador de uma
situação abstrata, vez que o vocábulo “fato” é algo efetivamente realizado, concreto,
daí o motivo da preferência em distinguir o “fato gerador” da “hipótese de incidência”,
afastando a imprecisão trazida pelo CTN. Conforme aduz Ricardo Lobo Torres:
“A mesma expressão “fato gerador" designa dois fenômenos distintos,
conforme seja apreciado no plano abstrato ou no concreto, isto é, no plano da norma
ou no da experiência.(...)A falta da distinção entre o plano da norma e o da
experiência pela doutrina contemporânea à elaboração do CTN levou a inúmeros
equívocos no campo da interpretação e da aplicação do direito tributário, bem como
no da isenção e da não-incidência” (TORRES, 2011, p.247)

Assim, pode ser considerado como o fato efetivamente realizado,


materializado. É a realização concreta de um comportamento descrito na norma,
cuja observação faz nascer uma obrigação jurídica, bem como define juridicamente
a natureza do tributo. O professor Sabbag (2011, p. 672) aduz que “fato gerador ou
‘fato imponível’, nas palavras de Geraldo Ataliba, é a materialização da hipótese de
incidência, representando o momento concreto de sua realização, que se opõe à
abstração do paradigma legal que o antecede.

III APLICAÇÃO DA LEI TRIBUTÁRIA


ARTIG0 105 E 106 DA CTN.
Em regra, a lei tributária será aplicada aos fatos geradores que ocorrem após
a sua vigência (fatos geradores futuros/pendentes). EXCEPCIONALMENTE, será
aplicado a fatos geradores pretéritos, nas hipóteses do artigo 106 do CTN:
– Lei interpretativa;
– Lei mais benéfica, pois deixa de definir o ato como infração ou contrário a
exigência de ação/omissão, ou quando cominar penalidades menos severa.
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores
futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início
mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a
aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou
omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de
pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente
ao tempo da sua prática.

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