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LIGAS METÁLICAS

Uma liga metálica é um sistema material formado por dois ou mais componentes,
no qual o componente principal é um metal (SANTOS, 2006). Pode também ser
definida como uma combinação de elementos químicos, com propriedades metálicas,
que contém ao menos um elemento metálico (MOORE, 1976). Uma liga metálica pode
ser caracterizada pela presença de outros elementos a um metal base, com a finalidade
de se obter um material com as propriedades desejadas. Se esse elemento adicional for
um ametal, a liga passa a ser denominada de compósito (CHAWLA, 2005).

De acordo com Santos (2006), o componente em maior quantidade é denominado de


solvente, e os elementos adicionados ao solvente afim de constituir a liga metálica, que
podem ser metais ou não-metais, são denominados soluto ou elementos de liga. Como
exemplo, podemos citar uma liga contendo 88% de alumínio e 12% de silício, o
alumínio que é o metal, é o solvente, e o silício, que é um semicondutor, é o soluto.

Normalmente as ligas são elaboradas para modificar ou acrescentar propriedades


tais como propriedades mecânicas, elétricas, térmicas, físicas, de fabricação ou
magnéticas, diferentes das propriedades dos metais que as formam. Alguns exemplos de
sistemas de ligas mais utilizadas são: aço (ferro e carbono), latão (cobre e zinco), bronze
(cobre e estanho) e duralumínio (alumínio e cobre) (MARTINS, 2008).
As ligas metálicas podem ser classificadas como binárias, ternárias ou complexas, se o
número de componentes for respectivamente, 2, 3 e 4 ou mais constituintes. Segundo
Moore (1976), sob o ponto de vista da composição química e estrutural, uma liga é
formada por componentes e fases.

O número de combinações possíveis entre dois componentes de uma liga, dos quais um
deve ser sempre metal, é gigantesco. Por outro lado, para cada composição específica de
uma liga, busca-se determinar as modificações estruturais que podem ocorrer às
diversas temperaturas. Uma forma de representar ou descrever esses fenômenos são
denominados de diagramas de equilíbrio de constituição ou diagrama de fase (RHINES,
1956). Na Figura 2.12 são exemplificados os diagramas de fase para os sistemas de liga
Al-Sn e Sn-Pb.
Conforme Santos (2006), considerando-se as ligas binárias com as possíveis
combinações entre elementos metálicos e elementos metálicos e não metálicos, o
número de diagramas de fase que podem ser traçados é muito elevado. Nas ligas
metálicas elementos de liga são adicionados intencionalmente ao metal com a finalidade
de melhorar as propriedades usuais ou obtenção de certas propriedades específicas.
Por apresentar uma vasta variedade de combinações de propriedades, o alumínio é
considerado um dos mais versáteis materiais utilizados na engenharia e em construções.
A gama que compreende suas características é bastante vasta e destacável, entre elas
pode-se destacar o baixo peso específico, boa fundibilidade, boa usinabilidade, bom
acabamento superficial e alta condutibilidade térmica e elétrica (ABAL, 2004; ASM
HANDBOOK, 1992).

Segundo Joshep, Nagarajan e Ravindran (2001), a maioria das indústrias, especialmente


a automobilística e a aeroespacial, está atualmente à procura de ligas leves ou ligas
cujas propriedades são favoráveis com altos valores de resistência mecânica em
contrapartida com o baixo peso específico, boa ductilidade, dureza, resistência à
corrosão entre outras. Dessa forma, muitas aplicações requerem extrema versatilidade
que somente o alumínio possui. Diariamente, cada combinação de suas propriedades
vem sendo trabalhada de novas formas (HANDBOOK, 1992). Na Figura abaixo pode
ser observado dois exemplos de peças obtidas a partir de ligas de alumínio.

As ligas do sistema Al-Cu, bastante utilizadas na indústria de aviação, na construção de


aeronaves, em elementos estruturais que requerem elevadas características mecânicas,
ferragens e parafusos, rebites para serem aplicados em estado temperado antes
da maturação, moldes para filme soprado, calçado e asa delta (INFOMET, 2015;
MARTIN, 1968).

Conforme Cruz (2008), ligas do sistema Al-Sn são bastante conhecidas por
apresentarem excelentes propriedades tribológicas, tornando este tipo de sistema de liga
adequado para aplicações de engenharia, particularmente em pistões do motor de
combustão e camisas de cilindro. Em aplicações tribológicas, as ligas do sistema Al-Sn
são conhecidas por apresentarem boas propriedades tribológicas e mecânicas, fazendo
com que este sistema de liga seja adequado para aplicações que exigem uma satisfatória
resistência ao desgaste, como exemplo, em mancais de deslizamento (YUAN et al.,
2000; NEALE, 1995).
Segundo Perrone (2002), sua estrutura metalográfica heterogênea é caracterizada por
uma matriz de alumínio com partículas de estanho dispersas através da matriz. Este tipo
de estrutura determina o comportamento tribológico da liga, com a matriz tenaz sendo
responsável pela resistência mecânica, enquanto as partículas de Snatuam como um
lubrificante sólido, apresentando boas propriedades anti-derrapamento por falta de
lubrificação (seizure), devido à acção do Sn como lubrificante sólido, ação estaque
possibilita a utilização desta liga em sistemas tribológicos sujeitos a lubrificação pobre
ou ausência total da mesma (YANG et al., 2000). Utilizadas também em rolamentos
devido à excelente lubrificação a qual o estanho é responsável, além de outras
aplicações como em bielas e mancais do cárter para os motores diesel. Este tipo de
sistema de liga foi desenvolvido para diversas aplicações de rolamento, em que a
capacidade, resitência à fadiga e à corrosão, são critérios importantes (ASM
HANDBOOK, 1992).

Segundo Prasada, Murty e Chakraborty (2004) o sistema de liga Al-Si são utilizados na
forma de componentes fundidos principalmente em peças essenciais de sistemas
automotivos, como pistôes, válvulas, blocos de motores etc. (PERES, 2005; SAHEB,
2001; GOULART, 2006; YUAN et al., 2000).

Ligas Metálicas

Ligas metálicas são substâncias resultantes da mistura de dois ou mais elementos, entre
os quais pelo menos um é metal. Na maior parte das vezes recorre-se às ligas metálicas
para dar aos metais determinadas propriedades mecânicas, térmicas, elétricas,
magnéticas ou anticorrosivas.

Os metais utilizados pela indústria raramente apresentam todas as características


desejadas para uma aplicação específica. Caso seja muito quebradiço, ou muito mole,
ou pouco resistente à oxidação, busca-se obter uma liga com outro elemento que resulte
num material de maior resistência mecânica, duração ou outra qualidade desejável. Por
apresentarem propriedades e características físicas mais satisfatórias que as de seus
componentes, as ligas metálicas têm importância primordial na indústria metalúrgica.

O procedimento mais frequente na preparação de ligas metálicas consiste em fundir,


em primeiro lugar, o metal cujo ponto de fusão é mais elevado, acrescentando-se em
seguida os demais componentes. Também é possível inverter a ordem ou fundir os
componentes simultaneamente. O método de fusão mais simples é o do cadinho,
utilizado em pequenas fundições. Quando é necessário obter grandes quantidades de
liga, usam-se fornos elétricos de diferentes tipos, como os de arco e de indução de baixa
ou alta frequência.

A preparação de algumas ligas metálicas consiste no próprio processo de obtenção do


metal, já que alguns minérios já contêm os elementos necessários à liga que se deseja
obter. Um exemplo disso é o bronze (liga de cobre e estanho), primeira liga utilizada
pelo homem, há mais de cinco milênios. Os homens primitivos fabricavam bronze pela
simples fundição do minério de cobre, que já continha estanho.

Classificação das ligas metálicas

Ao planejar a combinação de metais, entre si ou com outros elementos, considera-se


com especial cuidado a variação das proporções, fator que influi decisivamente nas
propriedades do material final. Certas misturas formam uma rede cristalina perfeita,
com os átomos de diversos materiais dispostos em posições perfeitamente determinadas;
em outros casos, os átomos se distribuem aleatoriamente.

No estudo das características de uma liga metálica são empregados gráficos ilustrativos
da relação entre tempo e temperatura. Outro recurso útil à análise é o diagrama de fases,
em que se apresentam a porcentagem dos componentes e a temperatura. A partir desses
diagramas, que exibem as diversas fases ou formas de cristalização a que estão sujeitos
os materiais, é possível classificar cinco tipos genéricos de ligas.
Tipo I: ligas com solução sólida. As ligas metálicas do tipo I são miscíveis tanto no
estado sólido quanto no líquido. Na elaboração das combinações de solução sólida,
formam-se cristais que contêm todos os metais componentes da liga.

Tipo II: ligas eutéticas. Chamam-se eutéticas as ligas que, em estado sólido, apresentam
proporções inalteráveis e ponto de fusão constante e característico, também chamado
eutético. Por manter constantes os pontos de fusão e solidificação, a liga eutética se
comporta como um metal puro.

Tipo III: No grupo III os metais são totalmente miscíveis em estado líquido, mas em
estado sólido só se misturam parcialmente.

Tipo IV: O grupo IV inclui as ligas de metais não miscíveis em estado líquido.

Tipo V: ligas que formam compostos. Os metais do tipo V combinam-se para formar
compostos denominados intermetálicos, principais endurecedores das ligas industriais.
Alguns, como os carbonetos de boro e de tungstênio, estão entre os materiais mais duros
e resistentes que se conhecem.

principais ligas metálicas?

De acordo com a composição química, as ligas metálicas podem ser subdivididas em


ligas ferrosas e ligas não-ferrosas.

Ligas Ferrosas

Quando o principal elemento constituinte é o ferro, a liga metálica é denominada


ferrosa, e devido à sua constituição com predominância do ferro, há facilidade de
ocorrer corrosão. Apesar do alto teor de corrosão, as ligas ferrosas são amplamente
utilizadas nas indústrias e no dia a dia, vez que o ferro é encontrado em abundância na
natureza, e seu custo não é tão elevado.

Aço

Exemplos de ligas metálicas ferrosas são o aço e o aço inoxidável. O primeiro,


produzido em siderúrgicas, possui 98,5% de sua composição sendo ferro, enquanto o
1,5% de composição restante é de carbono e traços de silício, enxofre e fósforo. 
As vantagens do aço sobre o ferro são a maior resistência à tração, o que possibilita
seu uso na construção civil (estrutura de edificações e concreto amado), e o menor
custo envolvido na construção. Além disso, o aço possui maior dureza, então pode
passar por processos de forja, laminação e extrusão. 

Aço Inoxidável

O aço inoxidável, por sua vez, tem sua composição dada por 74% de aço, 18% de
cromo e 8% de níquel. Sua vantagem, em relação ao ferro, é que ele praticamente não
sofre oxidação, o que possibilita seu uso em peças que sofrem o contato direto com o
oxigênio e com a umidade do ar.

Ferro fundido

Uma outra categoria das ligas ferrosas são os ferros fundidos, que contém entre 3% e
4,5% de carbono em sua composição, além de outros elementos. Eles possuem esse
nome porque seus pontos de fusão são considerados baixos, entre 1150°C e 1300°C se
comparados aos aços, por exemplo.

De maneira geral, eles são muito frágeis, como os ferros fundidos cinzentos, mas que
são extremamente eficientes no amortecimento de energia vibracionais, sendo muito
utilizados na construção da base de máquinas que são expostas a vibrações constantes.
Além disso, eles são resistentes ao desgaste e são um dos metais mas baratos que
existem.

Ligas metálicas não-ferrosas

As ligas metálicas não-ferrosas, por sua vez, não possuem ferro como principal
constituinte; por consequência, comparadas às ligas ferrosas, são mais resistentes à
corrosão. Algumas das principais ligas não-ferrosas as de Latão, Amálgama, Cobre,
Alumínio e Titânio.

Ligas de Cobre

 Latão
O latão é constituído por quantidades variantes de cobre (95% a 55%) e de zinco (5% a
45%). Dada essa composição, suas principais propriedades são a alta flexibilidade e a
fácil moldagem.

 Bronze

Já o bronze é constituído por cobre, estanho, alumínio, silício e níquel. Além de ser
mais resistente que o latão, ele possui um alto grau de resistência à corrosão e uma boa
à tração.

Ligas de Amálgama

A amálgama possui sua composição por 70% de prata, 18% de estanho, 10% de cobre
e 2% de mercúrio. Consequentemente, suas principais propriedades são a resistência à
oxidação, alta maleabilidade e baixo coeficiente de dilatação. 

Ligas de Alumínio

As ligas de alumínio são constituídas por cobre, magnésio, silício, manganês e zinco.
Elas possuam uma condutividade elétrica e térmica elevadas, assim como uma alta
resistência a corrosão na atmosfera ambiente, possibilitando seu uso em diversos
momentos do nosso dia-a-dia. Entretanto, sua baixa temperatura de fusão, (660°C), o
impede de ser utilizado em ambientes onde a temperatura é muito elevada.

Recentemente, há muitos estudos na junção das ligas de alumínio com metais de baixa
massa específica, a fim de serem utilizados na área de transportes, reduzindo o peso,
como consequência, a redução do consumo de combustíveis.

Ligas de Titânio

As ligas de titânio são materiais recentes, mas que já vem demonstrando propriedades
extraordinárias. Elas são extremamente resistentes, possuem uma alta resistência à
tração à temperatura ambiente. Além disso, elas são muito dúcteis, o que significa que
elas podem ser forjadas e usinadas com facilidade.
Sua alta resistência à corrosão possibilita sua aplicação nos mais diversos campos da
indústria de ponta, como no ambiente marinho para a indústria do petróleo, até na
estrutura de aeronaves e veículos espaciais.

Exemplo de uma liga de titânio. Note a coloração bem característica desse tipo de liga.

Entretanto, mesmo possuindo tantas propriedades vantajosas e inúmeras aplicações,


ainda mais quando combinados com outros metais, como o nióbio, o titânio é um metal
que possui uma alta  reatividade química, quando submetido a temperaturas elevadas.
Esse problema exigiu que técnicas não convencionais de processamento fossem
desenvolvidas, tornando as ligas bastante caras.

Superligas

As superligas são utilizadas em momentos que necessitem suportar a exposição a


ambientes altamente oxidantes e temperaturas elevadas, como turbinas de
aeronaves, reatores nucleares e equipamentos na indústria petroquímica.
A liga com escândio é um exemplo de superliga. Fonte

Aplicações

As ligas metálicas são de grande importância para o setor industrial metalúrgico


brasileiro, tendo ampla utilização em caldeirarias, ferramentarias e usinagens. 

Por terem propriedades alteradas e aprimoradas, quando comparadas aos metais puros,
as ligas metálicas podem ser utilizadas além da indústria, com inúmeras outras
finalidades.

Tratando primeiramente das ligas metálicas ferrosas, tem-se o exemplo do aço e do aço
inoxidável. O aço, por suas propriedades já tratadas, pode ser utilizado em panelas,
caldeiras, palhas de aço, mesas, portões, rodas de automóveis, pontes, entre outros. O
aço inoxidável, que possui menos chance de oxidar, pode constituir, por exemplo,
talheres e utensílios de cozinha, peças de carro, brocas e equipamentos de construção
civil, e itens de decoração.

Para as ligas metálicas não-ferrosas, são trazidos como exemplos o latão e a amálgama.
O latão, por ser bastante flexível, pode ser usado para a produção de instrumentos
musicais de sopro, peças de máquinas, tubos, armas e torneiras. A amálgama, por sua
vez, possui propriedades que possibilitam seu uso na área odontológica, sendo uma liga
predominante nas obturações dentárias.

Como produzir ligas metálicas?

As ligas metálicas são fabricadas através da mistura de elementos, sendo pelos um deles
o metal, em predominância na composição. Para que essa produção seja feita de forma
satisfatória, há várias etapas realizadas na indústria, que necessitam de manuseio e
equipamentos específicos.

Primeiramente, ocorre a fusão dos componentes da liga em alta temperatura, para


que seja formada uma mistura homogênea. Usualmente, funde-se o metal de maior
ponto de fusão, e então se adiciona os demais elementos. Nesse processo, não é
necessária uma ordem de adição de elementos, e todos os elementos da liga podem
ser fundidos ao mesmo tempo, pois o produto final não será alterado.
Entretanto, quando ligas metálicas possuem elevado ponto de fusão ou um de seus
componentes sendo imiscível no estado líquido, é feito o processo de compressão no
lugar da fusão. Na compressão, a obtenção da liga metálica se dá através da aplicação
de altas pressões sobre porções adequadas de cada um de seus componentes.  

Após ser obtida a mistura homogênea, a liga metálica é despejada em uma forma
específica, com tamanho, largura e comprimento apropriados, de acordo com as
necessidades de sua futura aplicação. Esse recipiente do despejo deve necessariamente
resistir a altas temperaturas, e é chamado na indústria de cadinho de ferro, aço ou
grafite.

Cadinho feito de grafite.

Por fim, a mistura da liga metálica é resfriada, para que possa solidificar e tomar o
formato determinado. 

Ademais, durante todo o processo de produção da liga metálica, é necessário ter o


cuidado com a oxidação, pois há grande chance de exposição das ligas ao sol e a
ambientes úmidos, o que as deixam suscetíveis à corrosão.

Para evitar a deterioração das ligas metálicas, pode-se aplicar pinturas protetoras, ou
então, alterar a composição da liga, trazendo como base elementos que minimizem a
ocorrência de oxidação. 

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