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"Quando o mundo estiver
unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." Lauro de Araújo Silva Neto
Guia de Investimentos Planejando a Poupança Avaliando o Risco
SÃO PAULO. – 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Silva Neto, Lauro de Araújo Guia de Investimentos: planejando a poupança, avaliando o risco / Lauro de Araújo Silva Neto. – São Paulo : 2016. Bibliografia. ISBN 85-224-3450-6 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violação dos direitos de autor (Lei no 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 do Código Penal. Índice Capítulo 1 – Introdução O que é investir Relação Tomador X Doador (Aplicador X Devedor) Capítulo 2 - Mercado Financeiro Renda Fixa Renda Variável Conclusão Capítulo 3 - Instrumentos de Renda Fixa Governo Tesouro Direto Precificação dos Títulos no Tesouro Direto Bancos Garantias Dos Títulos Emitidos Por Instituições Financeiras EMPRESAS CDI e SELIC Conclusão Capítulo 4 - Membros do Mercado Financeiro Mercado de Capitais Mercado Primário e Secundário Mercado de Bolsa Mercado de Balcão Participantes Do Mercado Banco Comercial Banco de Investimentos Banco De Desenvolvimento Banco Múltiplo Sociedade De Crédito Imobiliário Sociedade de Arrendamento Mercantil Financeiras Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários Sociedade Distribuidora De Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) Bolsa de Valores Bolsa de Futuros Câmaras De Compensação e Custódia Entidades Reguladoras Do Mercado Comissão De Valores Mobiliários Conclusão Capítulo 5 Que Investidor Sou Eu – Invisto Logo Existo Poupança X Investimento Por Que Investir Finanças Comportamentais Você Não Pensa Como Pensa Que Pensa... Ancoragem Diferenciação Mental Desvios De Percepção Falácia do Apostador Efeito Rebanho Excesso de Confiança Exagero Disponibilidade Perspectiva Evitando Esses Comportamentos Errados Características Dos Investimentos - Em Que Investir Caderneta de poupança Ações Renda fixa Investimento no exterior Imóveis Cuidados Com Cada Classe De Ativos Tipos de Investidor Evite Ser Um Desses Tipos de Investidores: Tolerância a Risco Questionário De Tolerância a Risco Percepção a Risco Capítulo 6 - Planejamento Financeiro O Que É Planejamento Financeiro Planejamento Financeiro – Negócio De Família! Por Que Poupar Poupando Para A Aposentadoria O Inimigo: Empréstimos E Financiamentos Fundos De Pensão E Plano De Aposentadoria Tipos De Plano Poupança De Curto Prazo Outras Poupanças Como Planejar Planejar, Programar E Gerenciar Capítulo 7 - Como Investir Alocação De Ativos Gerenciando Seus Investimentos O Triangulo Das Bermudas: Planejamento, Disciplina E Objetividade Disciplina Objetividade Planejamento Investimentos De Risco Conclusão Capitulo 8 - Fundos de Investimentos Surgimento Dos Fundos De Investimentos Partes Integrantes Do Fundo Funcionamento Do Fundo Cálculo Do Valor Da Cota Marcação A Preços De Mercado Movimentação De Cotas Tipos De Fundos Classificação De Fundos Outras Classificações Os Fundos E A Tributação Aplicação Em Fundos E A Aposentadoria Custos E Fundos De Investimentos Conclusão Capitulo 9 - Derivativos Bolsas De Mercadorias Contrato A Termo O Contrato Futuro Margem De Garantia e Ajuste Diário Margens De Garantia E Ajuste Diário SWAPS Opções Usando Os Derivativos Conclusão Capitulo 10 - Considerações Finais
Capítulo 1 – Introdução
O que é investir
O investimento é a forma pela qual o dinheiro do poupador, aquele que não gasta tudo que ganha, chega até o tomador de recursos, aquele que necessita de capital, dinheiro, para investir (produzir riquezas), ou simplesmente consumir. Em ambos os lados, encontramos pessoas, empresas e até governos. Os governos raramente estão do lado do poupador e quase sempre, como é o caso do Brasil, estão do lado do tomador de empréstimo. Pois bem, vamos ver o que faz com que alguém não gaste seu dinheiro e decida emprestá-lo. Ou seja, por que poupamos? Poupamos por diversos motivos: para criar uma proteção natural contra períodos difíceis, como na fábula da cigarra e da formiga; para adquirir um bem, tal como um carro, casa ou até uma viagem; ou até para comprar uma roupa nova. Existem vários motivos para poupar, alguns de curto prazo, poupança para algo que esperamos comprar logo, outras de médio prazo, como economizar para trocar de carro e outras de muito longo prazo, como nossa poupança para a aposentadoria. As pessoas poupam, ou investem, para ver seu "dinheiro crescer", ou seja, elas decidem não consumir (comprar bens e serviços) hoje, para poder consumir mais no futuro, sem data certa para gastar o dinheiro ou objetivo previamente definido. Elas decidem poupar para ver seu dinheiro crescer. É bem verdade que, intuitivamente, ninguém faz poupança para ficar com menos dinheiro; nesse caso, o melhor seria simplesmente guardar o dinheiro em casa ou gastá-lo. Entretanto, em nossa história recente, já tivemos períodos em que a inflação era tão alta, que o nosso dinheiro investido perdia valor. No final da década de 90 e início de 2000. Agora (2016) no Japão e em alguns países da Europa as taxas de juros são negativas. Os governos estão tentando forcar as pessoas a gastarem para fazer com que a economia cresça. Existem ainda aqueles que fazem do investimento sua principal atividade; são chamados investidores profissionais e passam uma vida buscando aplicações que proporcionam retorno rápido e alto. Erroneamente, são chamados de especuladores e até classificados como "inimigos de estado", o que não é verdade, como veremos mais adiante. Poupamos, investimos, economizamos por inúmeras razões e de diversas formas, mas para onde vai nosso dinheiro? O que acontece com ele? Só é possível a algumas pessoas poupar, porque existem outras que desejam gastar. Sim, alguém está "usando" nosso dinheiro quando nós não o estamos. Devemos aprender logo que dinheiro parado queima nosso bolso. Quem são eles? Quem são esses "gastadores" ou, como anteriormente denominado, tomadores de recursos? Existem, basicamente, três grupos: (1) os governos; (2) as empresas e (3) as pessoas. Os governos, como é o caso do governo de nosso país, quando necessitam acelerar o processo de desenvolvimento, fazem investimentos diversos, estradas, ferrovias, hospitais, escolas, enfim, tudo o que esperamos que seja feito para que as pessoas tenham emprego, saúde e segurança. Recentemente, na década de 60 e 70, o governo brasileiro, para promover o crescimento de nosso país, criou indústrias, tais como Petrobras, Vale do Rio Doce, Telebrás, construiu e reformou estradas e facilitou a entrada de inúmeras indústrias. Algo similar aconteceu durante o primeiro governo do Lula. Os governos vivem de taxas e impostos pagos pelas pessoas e empresas. É com esse dinheiro que ele paga por essas e obras. Entretanto, bem sabemos que em muitos casos os impostos arrecadados não são suficientes sequer para pagar o salário dos funcionários públicos; portanto, com que dinheiro o governo faz essas obras? Se o dinheiro dos impostos não for suficiente para isso, é necessário atrair a poupança de outros, quer seja de brasileiros, quer de estrangeiros, o que nosso governo vem fazendo há décadas. Hoje estamos vendo o problema da dívida enorme do governo. Isso se deu porque gastamos muito mais do que arrecadamos e para fechar as contas o Tesouro acaba tomando dinheiro emprestado. A dívida só cresce. Empresas também são tomadoras de recursos, normalmente para investir e criar novos produtos e serviços. É claro que o dinheiro para esse crescimento pode vir da própria geração da empresa, ou seja, seu lucro. Mas também pode vir de fora, ou seja, dos poupadores. Ainda, as indústrias podem necessitar de recursos para financiar seus estoques, pagar suas despesas ou, simplesmente, cobrir "furos em seu caixa". Nesse caso, os financiamentos são, normalmente, de prazos mais curtos, e são renovados à medida que a empresa deles necessita. Finalmente, existem os consumidores, pessoas que desejam comprar algo, um carro, uma geladeira, uma casa, mas não possuem dinheiro suficiente hoje. Eles tomam dinheiro emprestado (ou, como normalmente se diz, fazem um financiamento) e adquirem o bem ou serviço. Quase sempre a loja recebe o pagamento a vista e um banco, ou financeira, paga a loja e receberá o pagamento parcelado do devedor. Portanto, lembre-se: Quando aplicamos ou poupamos nosso dinheiro - incluímos aqui a caderneta de poupança -, o banco, para nos pagar algum rendimento, irá repassá-lo a alguém que irá usá-lo para pagar por algo, ou seja, o dinheiro poupado será gasto por outros (os devedores). Devemos aprender logo: dinheiro parado não rende nada. Por permitir que alguém use nosso dinheiro quando não o estivermos gastando, recebemos o que chamamos rendimento, ou seja, um prêmio por deixar alguém usá-lo por algum tempo. Ainda, só fazemos isso, emprestar o dinheiro para alguém, porque esperamos que no futuro conseguiremos consumir mais do que hoje, ou porque queremos ter uma reserva de segurança, para não nos faltar nada no futuro. Ou seja, esse rendimento deve ser maior do que o aumento no custo dos bens e serviços. É a máxima: "Eu só empresto hoje se meu dinheiro crescer." Resumindo, existem dois pontos relevantes nas definições e exemplos apresentados. O primeiro é o fato de o poupador abrir mão de gastar seu dinheiro hoje, porque deseja gastá-lo futuramente. Ele quer constituir uma reserva, uma poupança. O segundo ponto muito importante apresentado é que esse dinheiro poupado será gasto por outra pessoa, empresa ou até mesmo governo. O fato é: alguém irá gastar nosso dinheiro e é devido a esse fato que recebemos algum rendimento! Relação Tomador X Doador (Aplicador X Devedor)
O entendimento dos dois pontos apresentados é muito importante. A relação entre o aplicador e o devedor revela inúmeras faces do investimento. Infelizmente, essa relação entre os poupadores e tomadores de recursos é complicada e pode ser muito chata; portanto, vamos buscar estudá-la um pouco mais, evitando ao máximo termos técnicos. Suponhamos uma pessoa que esteja desesperada para conseguir algum dinheiro. Imagine só aquela pessoa que está em dificuldades; cartão de crédito vencido, conta especial estourada, prestação da casa atrasada, o banco ameaçando tomar o carro porque o financiamento não está sendo pago... enfim, essa pessoa está desesperada para arrumar dinheiro o mais rápido possível. Ela estará pronta para te prometer um bom lucro se você lhe emprestar seu dinheiro, sua poupança. Existe aí relação entre a necessidade por dinheiro que um possui e a potencial capacidade de outro para poupar. Vamos supor que a pessoa que está nessa situação seja seu cunhado e ele sabe que você irá amanhã à loja trocar seu carro por um modelo novo. Já percebeu onde é que quero chegar, não é? Sei que estou "pegando pesado". Antes de mais nada, perdoe-me a maioria dos cunhados, que, como os meus, são "super boa gente", e espero que eles entendam que a causa é boa. Pois bem. Imaginemos como seria a conversa; seu cunhado chega e fala: Olha, eu estou sabendo (provavelmente, foi a esposa que falou para a sogra que já correu para contar...) que você está com uma grana preta aí! Vai até trocar de carro! Também é merecido, você é um cara legal, inteligente, bonito, trabalhador, dedicado. Devo até reconhecer que nesses últimos dez anos que você está casado com minha irmã não houve um só dia que eu não tenha agradecido por ela ter te encontrado. Inclusive se você tiver alguma reclamação pode me dizer, porque... E por aí vai. Bem faz mineiro que tem gaveta na mesa de jantar. Depois que o cunhado tiver certeza de que você já está bem amaciado, vem a cantada: Sabe o que é? Eu estou para fazer um grande negócio, mas preciso de uns "10 conto" para comprar a mercadoria e pagar o frete para o interior; vai dar pra tirar uns 30 e é só por uns dias; me empresta que até o fim do mês eu te pago 20! Sem susto! Você só adia a compra do carro novo por umas três semanas! Sem susto, EU GARANTO! Partindo do pressuposto de que o banco está pagando-lhe uns 1% ao mês, sem descontar o Imposto de Renda, até que duplicar o capital não é um mal negócio. Por que ele está fazendo esta proposta e pagando tão mais do que o banco? A resposta pode ser muito simples; o banco não topou. Ou, então, ele não tem crédito ou até não tem tempo para esperar. E você o que faz? Empresta ou não. Veja bem, apesar das brincadeiras e situação criada, essa proposta pode até ser um bom negócio. Você tem duas opções, ou continua emprestando seu dinheiro ao banco, recebendo 1% ao mês, ou empresta para seu cunhado, para receber 100% em menos de um mês. Entre eles, qual você diria estar mais querendo seu dinheiro? Sem dúvida, seu cunhado quer muito mais seu dinheiro. O curioso é observar que, com essa proposta, seu cunhado está tentando fazer com que você não consuma hoje, ou compre seu carro novo, e poupe. Lembre-se de que poupar é emprestar seu dinheiro hoje para alguém que quer gastá-lo, na expectativa de auferir algum rendimento. Nesse caso, o alto retorno do investimento é exatamente a ferramenta que ele usa para lhe convencer, ou motivar. O nível de retorno ou rendimento da poupança é um dos principais fatores que determinam o quanto as pessoas estão dispostas a economizar. Os economistas chamam isso de "propensão marginal para a poupança". Vamos ainda supor que a proposta seja real, lícita e que praticamente não tenha risco, o negócio existe e tem tudo para dar certo. Tenho certeza de que de posse dessas informações você não só irá emprestar-lhe o dinheiro, mas desejará ficar sócio dele! As possibilidades são excelentes! Devemos lembrar-nos de que existem centenas de histórias de negócios de sucesso que se iniciaram assim; entretanto. Então, se for esse o caso, a poupança está sendo atraída pelo bom retorno do investimento, gerando riquezas e crescimento para o país, que, por sua vez, gera mais impostos, possibilitando ao governo promover aumento em seus gastos (construindo mais estradas, escolas, hospitais), aumentando a demanda por produtos (cimento, tijolo, madeira etc.) e serviços, que devem ser produzidos, que, como em nosso exemplo, exigem mais investimentos e requerem dinheiro, oferecendo novas oportunidades para os poupadores. Ou seja, a poupança possibilita investimentos que fazem com que o país cresça, demandando mais produtos, que requerem a construção de novas fábricas. Ninguém constrói uma fábrica sem dinheiro; portanto, haverá mais necessidade por investimentos. Como os empresários irão precisar de mais dinheiro, a taxa de juros sobe para incentivar o poupador a economizar seu dinheiro. E aí a história repete-se mais uma vez. Essa é a forma econômica que mais tem dado resultado. Oportunidades como essa do seu cunhado são raras e sabemos que não surgirão a todo momento. Se for o caso, ótimo, vamos aproveitar e investir. Entretanto, o mais provável é que, embora o negócio exista mesmo, ele apresenta riscos. Só estamos recebendo essa grande remuneração porque existem possibilidades grandes de a coisa dar errado. Lembro-me dos tempos em que a produção e o comércio do ouro estavam muito aquecidos. Início da década de 90. Algumas pessoas ficavam ricas comprando ouro nos garimpos e vendendo em São Paulo ou Rio. Era, sem dúvida, um negócio lucrativo, mas com muito risco. Outros morreram em seus aviões ou tiveram toda a sua carga roubada e o avião perdido. Alguns faliram. Sempre que alguém nos oferecer algo muito bom, atenção, o risco deve ser grande, afinal se é tão bom assim por que está sendo oferecido um retorno tão grande? Normalmente, negócios de alto risco pagam rendimentos maiores. Nosso cunhado não é bobo, ele oferece-nos esse investimento com alta possibilidade de retorno, porque o risco de tudo dar errado é grande. Quando você empresa seu dinheiro a um banco (faz uma aplicação ou compra um CDB) se a taxa que o banco paga é muito alta é porque há risco e você pode perder seu dinheiro. Atenção à taxas muito maiores do que a média do mercado. Regra: o retorno de um investimento está diretamente relacionado a seu risco: quanto maior for o ganho esperado, maiores serão as chances de realizarmos perdas. Lembre-se de que risco e retorno estão casados para sempre; eles possuem vários filhos e nem pensam em se separar; portanto, se você quiser levar o lucro para casa, o risco vai junto, pode até estar escondidinho, mas ele vai junto. Nunca se esqueça disso. É importante frisar que investimentos de risco não são maus investimentos, como veremos adiante; eles podem ser adequados para uns e inadequados para outros. Se eles não existissem, ninguém teria chances de ficar realmente rico investindo. Aí vai uma dica: se você quer ficar muito rico investindo, procure investimentos de risco. Vamos ver uma história curiosa. Agora, imagine-se em 1970; de repente, chega uma pessoa e diz que precisa de sua poupança para construir uma fábrica que produzirá uma máquina que fará um monte de coisas para as pessoas: escreverá cartas, calculará fórmulas muito complicadas, guardará receitas de bolos, organizará seus trabalhos e, na hora de lazer, irá jogar xadrez com você. Simples. Ele ainda acrescenta: essa máquina será tão boa que todos vão querer ter uma. Algumas pessoas acreditaram na máquina maravilhosa e investiram, deram origem à principal fábrica de computadores pessoais, a Apple. O Sr. Bill Gates tem uma história semelhante para contar; foi em busca de poupança das pessoas para criar os programas da Microsoft. Sem dúvida, ele teve que batalhar bastante para conseguir dinheiro para financiar seus projetos. Afinal, seu negócio era de altíssimo risco. As pessoas que investiram nessas duas empresas hoje estão muito ricas. O que podemos concluir de toda essa história? Vamos ver: 1- Não existe investimento sem risco, porque, quando poupamos, estamos permitindo que alguém gaste nosso dinheiro. 2- Quanto maior o retorno em nosso investimento maior será o risco de algo dar errado e não conseguirmos recuperar nosso dinheiro. 3- Quanto mais necessitado por dinheiro estiver o tomador do empréstimo, mais juros ele vai pagar. 4- Quanto maiores os juros recebidos, maior será nossa vontade de poupar. Devemos lembrar-nos de que em todos os momentos existem inúmeras empresas, bancos, pessoas e até governos que emprestam e tomam dinheiro emprestado. A isso é que damos o nome de "mercado", ou "mercado de capitais". Os mais necessitados deverão pagar mais pelo dinheiro desejado. Os investidores que desejarem maiores lucros irão procurar por investimentos de maior risco; eles deverão procurar pelos "Bill Gates" do futuro. Portanto, poupar, investir, guardar dinheiro é uma tarefa que deve ser feita com muito cuidado e carinho. Se algo sair errado, pode ser tarde demais.
Capítulo 2 - Mercado Financeiro
Ao longo de nossa história, como resultado do aprimoramento das regras de comércio e do surgimento da moeda, o homem adquiriu o costume de poupar, armazenar poder de compra para o futuro. Mesmo antes de Cristo, já havia a prática de repassar dinheiro de uma pessoa para outra. Junto com esse desenvolvimento surgiram os bancos que logo se especializaram em intermediar a poupança, juntando recursos de quem poupa e repassando a quem deseja consumir ou investir. Para entendermos melhor o funcionamento do mercado financeiro moderno e as opções de investimentos hoje disponíveis, devemos conhecer um pouco mais como essa transferência de dinheiro se dá, afinal é nosso dinheiro que estará sendo usado por outros! Sem esse conhecimento, buscar investimentos que sejam adequados a nosso perfil ou necessidades é uma tarefa impossível. Podemos dizer que existem duas formas básicas de viabilizar a transferência de dinheiro de quem economiza para quem gasta (ou investe, como dizem os economistas), que são: a criação ou constituição de dívida e o compartilhamento de participação, ou sociedade no negócio. A fim de analisar essas duas formas, vamos voltar a nosso exemplo anterior. Suponhamos que você tenha topado a proposta de seu cunhado, a mercadoria foi comprada e transportada, entregue e vendida no interior, enfim, o negócio dele funcionou. Você recebeu seu dinheiro de volta, com os juros prometidos. Empolgado com o sucesso da operação, seu cunhado decide abrir uma empresa para transportar mercadorias para o interior. Ele vai comprar em São Paulo, transportar e vender no interior. Só que existe um problema, ele não tem dinheiro, e abrir uma empresa custa caro, tem que contratar contador, advogado, papelada, mandar fazer nota fiscal, enfim um monte de coisas. O que fazer? Já sabemos a resposta; ele tem que arrumar dinheiro. Como isso é feito? Como anteriormente dito, ele poderá conseguir os recursos necessários por dois caminhos: dívida ou venda de participação, sociedade no negócio.
Renda Fixa
Vamos supor que seu cunhado tenha decidido trabalhar sozinho nessa empreitada; ele não quer sócio. Nesse caso, para conseguir dinheiro, ele terá que fazer dívidas. Poderá chegar até você e tomar seu dinheiro emprestado, mais uma vez, por determinado período de tempo, digamos um ano, e promete-lhe um rendimento maior do que você teria no banco, que, digamos, seja 4% ao mês. Muito bom não? Diante dessa situação, e tendo em vista que o primeiro negócio deu certo, vamos supor que você tope o negócio. Como formalizar isso? Vocês podem fazer um contrato e ele pode assinar "notas promissórias", que são documentos que o tomador do empréstimo assina, para documentar a dívida. Essa documentação é muito usada quando alguém toma um empréstimo. Normalmente, os empréstimos feitos a pessoas físicas são formalizados por contrato. A fim de facilitar a negociação e complementar a documentação, o tomador do empréstimo assina as notas promissórias, documento válido e existente, que pode ser levado a cartório para protesto, segundo as leis, normas e costumes no Brasil. Com isso, você acaba de fazer uma aplicação em um instrumento de renda fixa, ou seja, uma aplicação que não lhe dá direito à sociedade na empresa. Vale ressaltar que esse investimento é normalmente chamado de "renda fixa", porque no vencimento já se sabe qual será a renda, ou o lucro. Quando a taxa de juros é predeterminada chamamos de uma operação "prefixada". Em nosso exemplo, o juro é de 4%. Se calculado de forma composta, isso significa que o valor do rendimento será de 60,10%, ou seja, se emprestarmos R$ 20 mil a nosso cunhado, receberemos R$ 32 mil. Note que o empréstimo foi feito de forma prefixada, ou seja, estou emprestando hoje e já sei que vou ganhar R$ 12.mil em um ano. O valor do retorno já é conhecido, ou certo. Podemos dizer que essa aplicação tem "renda certa" se, e somente se, nosso cunhado pagar o empréstimo no final do ano. Quais são os riscos desse investimento? Existem dois: o risco de crédito e o de mercado. O risco de crédito é definido pela possibilidade de o tomador do empréstimo não pagar, nem o principal (o valor emprestado) e nem o juro, em nosso exemplo, de R$ 12 mil. O outro riso é o de mercado, que é caracterizado pelo fator "renda certa". Vamos supor que a inflação volte a subir e que atinja algo próximo de 50% ao ano. Nesse caso, perderemos dinheiro, pois a inflação comerá a maior parte do juro recebido. A fim de evitar esse risco de inflação, alguns empréstimos, principalmente os de maior prazo, são atrelados a índices de preços, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Normalmente, o empréstimo é corrigido pela variação do índice em determinado período e acrescido de juros. Embora essa operação esteja classificada dentro do segmento "renda fixa", ela não oferece uma renda conhecida, ou certa. Esse investimento é chamado de pós-fixado; só saberemos quanto ganharemos no final, ou vencimento, do contrato. Como você deve ter notado existem duas famílias de renda fixa. A primeira tem juros prefixados, já sabemos quanto iremos receber no vencimento da aplicação. A outra é pós-fixada, só saberemos quanto nosso dinheiro renderá no vencimento da aplicação. Lembre-se disso pois essa diferença é importante. Portanto, quando investimos em uma empresa, ou emprestamos nosso dinheiro sem nos tornarmos sócios, estamos realizando um empréstimo de renda fixa, que pode ser prefixado, em que já sei quanto vou receber no final, ou pós-fixado, que significa que só saberemos quanto iremos receber no final ou no vencimento do empréstimo. A vantagem de uma aplicação pós-fixada é que ela está, normalmente, protegida de alta na inflação. A desvantagem é que, se ocorrer queda na inflação, ou nas taxas de juros, nosso rendimento será menor. Vamos supor que nosso cunhado nos fizesse essa proposta: você me empresta R$ 20 mil hoje e pode escolher se você quer receber R$ 32 mil no final ou então eu te pago R$ 9.500 mais o que der a inflação no período, ambos em um ano. Qual deles você prefere? Difícil pergunta, não? A resposta depende de quanto você espera que a inflação seja para o próximo ano. Se você espera uma inflação em torno de 10% para o próximo ano, seu dinheiro será corrigido para R$ 22.000,00; acrescido dos juros de R$ 9.500,00, totalizará um recebimento de R$ 31.500,00; R$ 20.000,00 serão o principal e R$ 11.500,00 resultantes dos juros mais a correção do principal (valor emprestado) pela inflação. Nesse caso, a opção prefixada seria melhor. Se a inflação fosse de 15%, a história seria outra. Seu dinheiro seria corrigido para R$ 23.000,00; somando-se a isso o juro prometido, teremos R$ 32.500,00; portanto, R$ 500,00 a mais do que a opção prefixada. Voltemos à pergunta anterior. Qual das duas opções é a melhor? A resposta é: Depende. Se você acha que há grande risco de a inflação subir, a pós- fixada é melhor; caso contrário, a prefixada é melhor. Só saberemos realmente qual delas é a melhor daqui a um ano. Existe ainda outro risco importante, o de liquidez. Vamos supor que você tenha optado por fazer o empréstimo prefixado. Seu cunhado assinou uma nota promissória no valor de R$ 32.000,00 para vencimento em 360 dias a contar de hoje. Vamos supor agora que já se passaram 90 dias e você tem um problema: seu carro foi roubado e você, que não tem seguro, necessita de dinheiro para comprar outro. O que fazer? O que você pode fazer é tentar vender a nota promissória que seu cunhado assinou para outra pessoa, mas isso será difícil. Você tem um investimento sem liquidez, ou seja, você não consegue transformá-lo em dinheiro rapidamente. Vamos supor que, em vez de ter emprestado seu dinheiro para o cunhado, você tenha feito um empréstimo para o banco Bradesco, a uma taxa de 20%, por exemplo. Bancos não emitem notas promissórias, mas Certificados de Depósitos Bancários (CDB), que são similares em diversos aspectos. Nesse caso, você teria um CDB de um banco de primeira linha em mãos e poderia vendê-lo para outra pessoa, ou até mesmo para o próprio banco. Nesse caso, o valor final do CDB seria de R$ 24.000,00 e ele estaria valendo hoje algo em torno de R$ 20.932,70, desde que a taxa de juros hoje seja igual 20%. Mais adiante, veremos por que o valor dos investimentos em renda fixa pode variar. O importante aqui é entender que vender um CDB de um grande banco não é problema é apenas uma questão de preço. Quanto você consegue receber pelo seu CDB. Comprar um CDB de um banco de primeira linha não apresenta risco de liquidez. Já a nota promissória de seu cunhado não teria essa mesma facilidade. Um dos motivos de o banco pagar tão menos por seu dinheiro, apenas R$ 4.000,00, é reflexo, também, desse risco de mercado. Como o Bradesco oferece menor risco, o retorno que ele paga também será menor.
Renda Variável
Agora, vamos supor que seu cunhado decida que não vale a pena tomar dinheiro emprestado. Ele quer um sócio. Para viabilizar a venda da sociedade, ele cria uma empresa de capital aberto, chamada Transportes Do Cunha S.A. (em tempos de lava-jato o nome não podia ser melhor...), e emite 40.000 ações. As ações são representações de parte da empresa e quem compra as ações torna-se sócio. Se a pessoa tiver mais do que 50% das ações, ela será sócia majoritária e controladora, ou seja, o sócio principal e quem decide sobre a vida da empresa. Vamos supor que essa empresa emita 40.000 ações e que você compre 19.000, sua irmã compre 999 e seu cunhado compre as 20.001 restantes. Vamos supor também que o valor da ação seja de R$ 1,00. Dessa forma, você torna-se sócio, acionista, da Transportes Do Cunha S.A., gasta R$ 19.000,00 para comprar suas ações e seu cunhado será o sócio majoritário e controlador da empresa recém-criada. Quanto você ganhará com esse investimento? Impossível saber. Se a empresa for mal, ela pode falir e você perderá todo o seu dinheiro. Em caso de falência de uma empresa tanto as ações quanto as notas promissórias perdem todo o seu valor. Em caso de fechamento de uma empresa não há praticamente nenhuma diferença em relação à compra da nota promissória e de uma ação. Ou seja, nesse caso, tanto faz ter investido em renda fixa como em variável, você não iria receber seu dinheiro de volta. Entretanto, se a empresa estiver mal, tendo prejuízo, pode ser que suas ações percam praticamente todo o valor. Já seu empréstimo pode ser pago, no todo ou em parte. Vi isso acontecer algumas vezes: a renegociação de dívida em que o devedor, normalmente em situação financeira delicada, tem parte de sua dívida perdoada caso ele pague o restante. O credor, na tentativa de salvar algum dinheiro, concede um desconto para o pagamento da dívida. Nesse caso, seria como se você aceitasse receber R$ 20.000,00 de seu cunhado e rasgasse a nota promissória. Melhor isso do que nada... Vamos voltar ao exemplo da ação. Bem, você agora é detentor de algumas ações da Transportes Do Cunha S.A.. O que você ganhará com isso? Investimento em renda variável, ações, possui chance de ter duas fontes de renda, participação no lucro da empresa e valorização da ação. Vamos supor que seu cunhado seja bom no que faz. Logo no primeiro semestre a Transportes Do Cunha S.A. tem um lucro de R$ 4.000,00. Ele, a fim de deixar seus acionistas alegres, decide distribuir esse resultado a todos os acionistas. Ele irá então, como se diz, pagar dividendos, ou seja, repassar o lucro obtido ao acionista. O dividendo é muito importante para o investidor, pois ele é a remuneração pelo capital (dinheiro gasto na compra da ação). Existem empresas que possuem a política de distribuir dividendos sempre, como forma de remunerar o acionista. Outras empresas pegam todo o lucro e reinvestem no negócio fazendo-o crescer. Devemos ressaltar que, por motivos tributários, no Brasil é possível a empresa pagar "juros sobre capital próprio", que tem uma carga tributária menor, mas está limitado a um valor máximo por ano. Vamos só registrar essa possibilidade sem entrar em detalhes, pois para o investidor a diferença é pouca. O mais importante de tudo é que a empresa esteja dando lucro. Além dos dividendos, o acionista ganha, ou perde, dinheiro com a valorização da ação. Inúmeros fatores causam oscilações no preço, ou valo, das ações. A grande maioria está relacionada à capacidade de a empresa crescer e gerar lucros. Ninguém quer ficar sócio de uma empresa que não tem boas perspectivas de dar lucro no futuro. Ou, pelo menos, deveria ser assim, não é verdade? É curioso observar que algumas empresas decidem não distribuir todo o seu lucro e investem em seu próprio negócio os resultados positivos, ou seja, promovem o crescimento. Esse fato quase sempre faz com que suas ações se valorizem, pois, entrando mais dinheiro no negócio, mais máquinas, imóveis e equipamentos são adquiridos, o que, além de aumentar a expectativa de resultados futuros positivos, faz com que o valor total da empresa cresça. Como o número de ações não cresce, o valor da ação deverá subir. Resumindo, quando a empresa está crescendo e tendo lucro, enfim, quando ela é eficiente, seus acionistas ganham dinheiro tanto na forma de dividendos quanto pela valorização de suas ações. Normalmente, países com alto grau de crescimento apresentam excelentes oportunidades de investimentos em renda variável. Como o acionista é de certa forma responsável pela gestão da empresa, lembre-se de que todo acionista é sócio do negócio; em caso de problemas e fechamento da empresa, eles serão os últimos a receber. Primeiro, paga-se o governo (com prioridade para os impostos), depois empregados (salários), fornecedores, credores (quem emprestou dinheiro para a empresa na modalidade de renda fixa) e só então, se sobrar algum dinheiro, os acionistas recebem seu investimento de volta. Primeiramente, os preferenciais e depois os ordinários. Vale lembrar que no Brasil existem dois tipos de ações, que são as preferenciais (PN) e as ordinárias (ON). Os detentores das ações preferenciais não podem participar nas decisões da empresa, não podem eleger membros e diretores, enfim, eles não podem mandar na empresa. Quem manda e tem direito a voto nas decisões importantes, incluindo demitir e nomear diretores, conselheiros e presidentes, são os detentores das ações ordinárias. Se, após o pagamento dos acionistas preferenciais, ainda sobrar algum dinheiro, os acionistas ordinários recebem. Devemos esclarecer que essa diferenciação entre preferenciais e ordinários não é uma prática comum em outros países e existe movimentação para acabar com isso aqui no Brasil. Esse investimento apresenta também riscos, como em renda fixa, que pode ser de natureza de crédito, mercado ou liquidez. Quando uma empresa possui dificuldades para pagar suas contas, ou está com problemas de crédito, sua ação perde valor muito rapidamente. No início de 2016 vimos uma rápida e forte queda no valor das ações da Petrobrás, em grande parte causada pela enorme dívida contraída e pela incapacidade da empresa em cortar suas despesas e fazer o lucro cresce. Com a mudança de governo e, principalmente, mudança na diretoria da Petrobrás, o valor da ação subiu, na expectativa que a empresa voltasse a ser lucrativa. Empresas em dificuldade são investimentos de alto risco. Para que esse tipo de investimento valha a pena, a ação tem que estar muito barata e o investidor tenha condições de assumir o risco de perder todo o seu dinheiro. As ações estão sujeitas a inúmeras intempéries; por exemplo, a taxa de câmbio. Se ela sobe, prejudica as empresas que dependem de importação e beneficia as exportadoras; portanto, o valor da ação das primeiras cai e o das outras sobe. Já se o dólar se desvaloriza, ocorre o inverso. Se a economia dá sinais de fraqueza, o valor das ações das empresas tende a cair, pois suas vendas devem piorar e os lucros devem ser menores. Crises internacionais afetam muito os preços das ações; investidores receosos de grandes perdas vendem suas participações e buscam investimentos mais seguros, fazendo com que seu preço caia. Como podemos notar, inúmeros são os fatores que causam oscilações nos preços das ações; o "mercado" influencia muito o valor de nossos investimentos. Finalmente, o risco de liquidez também está presente; ações de empresas menores e menos conhecidas representam maiores riscos. Vamos supor que seu cunhado, embora seja muito bom, esteja tomando atitudes com as quais você não concorda, como, por exemplo, ele quer diversificar e vai comprar aviões para transportar passageiros. Você pode acreditar que transporte rodoviário seja bom, mas aéreo? Você acha que tem muito risco. Então, você decide que não quer mais a sociedade com ele. Para quem vender suas ações? Sem dúvida, vender participações em grandes empresas, por exemplo na Vale do Rio Doce, é mais fácil. Portanto, o risco de liquidez também influencia o preço da ação, quanto maior ele for, ou quanto mais difícil for vender a ação, menor será seu preço. Tudo bem, sei que isso é um pouco complicado; entretanto, esses conceitos apresentados são importantes. Devemos lembrar-nos de que, diferentemente do credor, o acionista é sócio da companhia e só terá sucesso em seu investimento se houver geração de riqueza. Antes de prosseguirmos, mais duas coisas importantes: a diferença entre cota e ação e a subscrição de ações. Nosso cunhado, ao abrir a empresa, muito provavelmente iria emitir cotas de participação e não ações. Emitir ações é complicado e caro. Normalmente, o capital de pequenas empresas é em forma de cotas. Já empresas maiores emitem ações; existem inúmeras vantagens, que não iremos discutir aqui, e inclusive há a possibilidade de se fazer a abertura de capital, que significa possibilitar a negociação de suas ações em Bolsa de Valores. As ações das grandes empresas são negociadas em bolsas e por isso são chamadas de "empresas de capital aberto", ou seja, qualquer pessoa pode participar em seu capital, bastando comprar ações. Para quem se associa a companhias de capital aberto, a principal vantagem é poder vender sua participação relativamente fácil (ou seja, baixo risco de liquidez). A participação em uma empresa que tem obrigação de publicar seu balanço e tornar públicas inúmeras decisões e estratégias é outra vantagem. Normalmente, essas companhias de capital aberto, quando vão investir para ampliar seus negócios, fazem-no emitindo mais ações para ter o dinheiro para sua ampliação. Nesse caso, os atuais acionistas possuem preferência na compra dessas novas ações, o que é conhecido como direito de subscrição. Quase sempre esses direitos possuem valor, pois normalmente a empresa emite ações a preços inferiores aos preços praticados no mercado. Portanto, direitos de subscrição de ações são mais uma forma de remunerar o acionista.
Conclusão
Sempre que alguém quer montar um novo negócio é necessário algum capital, ou dinheiro, que pode ser próprio ou não (de terceiros). No caso de a pessoa não ter capital próprio, ela terá que buscar a poupança que outros formaram. Ele pode atrair essa poupança, oferecendo sociedade no negócio (renda variável), ou simplesmente prometendo um rendimento ou remuneração para poder usar o dinheiro por certo período de tempo (renda fixa). Portanto, existem dois tipos de investimentos, renda fixa, em que o investidor torna-se credor do tomador do empréstimo, e renda variável, em que o investidor torna-se sócio da empresa. Em ambos os casos, existem riscos e o investimento inicial pode ser perdido completamente. Normalmente, os investimentos em renda variável apresentam maior risco e, portanto, maiores retornos. Eles estão muito vulneráveis às condições político-econômicas do país e do mundo, além de estarem diretamente relacionadas às condições da empresa. Podemos também considerar que uma empresa só irá tomar dinheiro emprestado se ela espera gerar lucros maiores do que o juro pago. No mercado costumamos dizer que o lucro obtido tem que ser maior do que o custo do capital. Pense se uma empresa paga R$10 milhões de juros e tem um lucro de R$9 milhões, algo está errado. Ela não gera lucro suficiente para pagar juros. Se isso ocorrer, o prejuízo é certo. Ainda, devemos lembrar-nos de que ela sempre pode emitir mais ações para obter o capital de que necessita. Se ela não o faz, é porque não há, ou não deveria haver, vantagens nisso. Esse fato nos faz esperar maiores retornos na renda variável do que na renda fixa. Finalmente, apesar de o risco de crédito tanto na renda fixa quanto na renda variável ser praticamente o mesmo, no caso de falência da empresa, em outras situações ele pode ser diferente. Vamos supor que a Transportes Do Cunha S.A. está indo bem, gera caixa (está entrando dinheiro na empresa) mas ela não tem lucro. A dívida será paga, mas os acionistas não receberão dividendos e o valor das suas ações, muito provavelmente, cairá. Portanto, se você for um investidor que tolera mais risco e investe em ações, é muito importante avaliar bem todos os riscos e ver se o custo atual do capital para a empresa está em linha com o retorno que suas ações vêm proporcionando. Essa informação é valiosa.
Capítulo 3 - Instrumentos de Renda Fixa
Em nosso exemplo, o cunhado emite uma nota promissória como forma de conseguir tomar recursos emprestados na modalidade renda fixa; entretanto, existem vários outros instrumentos de renda fixa em uso no Brasil. Eles variam conforme o emissor, que pode ser uma pessoa, o governo, o banco ou a empresa. Eles também podem variar conforme a garantia do empréstimo. A seguir, faremos uma breve explicação sobre os instrumentos de renda fixa mais usados no Brasil.
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