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BRASILEIRAS:
questões contemporâneas
Victor Hugo Nedel Oliveira
Rosane Castilho
Organização
JUVENTUDES
BRASILEIRAS:
questões contemporâneas
2021
Conselho Editorial
Dr. Clívio Pimentel Júnior - UFOB (BA)
Dra. Edméa Santos - UFRRJ (RJ)
Dr. Valdriano Ferreira do Nascimento - UECE (CE)
Drª. Ana Lúcia Gomes da Silva - UNEB (BA)
Drª. Eliana de Souza Alencar Marques - UFPI (PI)
Dr. Francisco Antonio Machado Araujo – UFDPar (PI)
Drª. Marta Gouveia de Oliveira Rovai – UNIFAL (MG)
Dr. Raimundo Dutra de Araujo – UESPI (PI)
Dr. Raimundo Nonato Moura Oliveira - UEMA (MA)
Dra. Antonia Almeida Silva - UEFS (BA)
JUVENTUDES BRASILEIRAS:
questões contemporâneas
© Victor Hugo Nedel Oliveira - Rosane Castilho
1ª edição: 2021
Editoração
Acadêmica Editorial
Diagramação
Danilo Silva
Capa
Marcus Vinícius Machado Ramos
Reprodução e Distribuição
CAJU: Educação, Tecnologia e Editora
ISBN: 978-65-88307-97-7
CDD: 305.235
Bibliotecária Responsável:
Nayla Kedma de Carvalho Santos – CRB 3ª Região/1188
DOI: 10.29327/541522
Link de acesso: https://doi.org/10.29327/541522
SUMÁRIO
8
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
APRESENTAÇÃO
JUVENTUDES BRASILEIRAS:
QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS
APRESENTAÇÃO 9
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
10 APRESENTAÇÃO
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
12 APRESENTAÇÃO
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
14 APRESENTAÇÃO
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
PALAVRAS INICIAIS
O ano de 2020 foi marcado, em nível global, pela
chegada daquilo que se denominou como a maior crise
sanitária dos últimos 100 anos, a partir da pandemia da
doença chamada COVID-19, que se origina na infecção de
uma nova classe do coronavírus. A cobertura midiática em
relação à pandemia colocou o mundo frente à realidade da
necessidade do distanciamento corporal, do uso de máscaras
e da constante higienização das mãos. Os cenários urbanos
foram completamente transformados, no que se pode
visualizar cidades vazias, escolas fechadas e um ensino
transformado rapidamente para a modalidade em rede,
hospitais em superlotação, dentre outros aspectos. Também
foi possível acompanhar as diversas formas de condução da
CAMINHOS METODOLÓGICOS
Metodologicamente, a partir do entendimento de Gil
(2007), tratou-se de investigação quantitativa, que buscou
traduzir em números e porcentagens as informações coletadas
com os sujeitos da investigação. Quanto à natureza, tratou-se
de pesquisa aplicada, já que os conhecimentos produzidos pela
proposta podem ser empregados em situações práticas, tanto
de interpretação de novas realidades, quanto na proposição,
por exemplo, de políticas públicas para as juventudes em
tempos de pandemia e no pós-pandemia. Em relação aos
objetivos, tratou-se de pesquisa descritiva, já que o objetivo
esteve relacionado com a caracterização de certa população
(juventudes) em certo fenômeno (pandemia da COVID-19). Por
fim, em relação aos procedimentos, tratou-se de investigação
de levantamento, uma vez que buscou caracterizar os sujeitos
e coletar suas opiniões e percepções sobre o fenômeno
estudado.
O instrumento de coleta de dados da pesquisa foi um
questionário auto-aplicável, disponibilizado na plataforma
Google Forms, composto por três partes básicas: a primeira,
caracterização da amostra de investigação, na qual foram
solicitadas informações referentes à idade, gênero, etnia,
ocupação, acesso à internet, dentre outros. A segunda parte,
denominada “afirmações na escala Likert”, apresentou quatro
afirmações sobre o tema da pandemia, para que os sujeitos
pudessem assinalar seu grau de concordância, discordância
ou indiferença em relação ao que lhes era apresentado, a
partir do modelo desenvolvido por Likert (1932). Por fim, a
terceira e última parte, apresentou duas frases aos jovens
participantes, nas quais os mesmos deveriam completar com
a primeira palavra que lhes vinha à mente. As frases elegidas
“GRIPEZINHA? NÃO! ALGO MUITO GRAVE E PREOCUPANTE”: AS PERCEPÇÕES DE JOVENS DE 17
PORTO ALEGRE (RS) EM RELAÇÃO À PANDEMIA DA COVID-19
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse trabalho foi possível proporcionar reflexão
acerca das percepções de jovens da cidade de Porto Alegre
sobre a pandemia da COVID-19, a partir das análises de
questionário que buscou montar um perfil da amostra de
pesquisa e dos graus de concordância, discordância ou
indiferença em relação às afirmações sobre a pandemia. Os
estudos que visam descrever e explorar os novos cenários
constituídos a partir da chegada da pandemia da COVID-19
possuem o desafio teórico e metodológico de realizar
investigações ainda nos momentos “quentes” dos fatos, pois
os mesmos ainda encontram-se em andamento.
Através do presente estudo montou-se a caracterização
da amostra da pesquisa, etapa fundamental nas investigações
sobre, de, para e com os jovens contemporâneos. Conhecer
quem são os jovens e o que pensam sobre determinados
assuntos, constitui-se de elemento chave para a compreensão
“GRIPEZINHA? NÃO! ALGO MUITO GRAVE E PREOCUPANTE”: AS PERCEPÇÕES DE JOVENS DE 27
PORTO ALEGRE (RS) EM RELAÇÃO À PANDEMIA DA COVID-19
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
38 Rosane Castilho
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40 Rosane Castilho
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
42 Rosane Castilho
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
INTRODUÇÃO
As experiências investigativas que aqui
problematizamos formulam uma tríplice vertente de ensino,
pesquisa e extensão, por meio das atividades do Observatório
das Juventudes e Violências nas Escolas (OBJUVE), que
integra uma das linhas de atuação do Núcleo de Estudos
e Pesquisas “Educação, Gênero e Cidadania” (NEPEGECI),
do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd),
da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Nesse espaço, os
estudos e as pesquisas debruçam-se sobretudo acerca das
exclusões e violações de direitos humanos de juventudes,
por meio das formas biopolíticas e necropolíticas de poder
institucionalizado no processo histórico e socioeducacional,
potencializando e dando visibilidade aos processos de criação
e às resistências, por meio de micropolíticas que possibilitam
práticas socioeducativas e comunitárias.
Diante disso, somos convocadas a pensar: o que falar
das violências, que envolvem especialmente as/os jovens das
escolas públicas, que viram manchete de jornais, transformam-
se em discurso científico de entidades locais, nacionais e
REFERÊNCIAS
dmdocuments/Manobras%20sociopo%C3%A9ticas%20
-%20aprendendo%20em%20movimento%20com%20
skatistas%20do%20litoral%20do%20Piau%C3%AD.pdf
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em: file:///C:/Users/UFPI%20PC%2003/Downloads/6780-
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2021.
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brazil/media/4091/file/Educacao_que_protege_contra_a_
violencia.pdf Acesso em: 9 jul. 2021.
INTRODUÇÃO
Nos estudos que estabelecem uma relação entre
juventude e religião, observa-se significativas contribuições
na afirmação da pluralidade de juventudes, demonstrando
que os jovens também se diferenciam em relação à religião.
As pesquisas mostram que a religião, de certo modo, tem se
transformado em “um dos aspectos que compõem o mosaico
da grande diversidade da juventude brasileira” (Novaes,
2008, p. 263). Além disso, enfatizam os modos de adesão dos
jovens e as novas configurações das religiões, como forma
de contribuir também com o campo de estudos da religião.
Contudo, as relações entre pertencimento religioso e atuações
de jovens estudantes na ressignificação da escola têm sido
pouco exploradas no âmbito das pesquisas sobre religião e
juventude (PORELLI; ZAN, 2020).
Pouco se sabe sobre como jovens estudantes do
ensino médio com pertencimento religioso vivenciam os
últimos anos da educação básica e estabelecem relações com
a escola e com a religião. Em geral, as pesquisas sobre religião
e juventude abarcam faixas etárias entre os 18 e 24 anos e,
quando enfatizada a categoria educação/escolarização dos
64 Ana Beatriz Gasquez Porelli - Douglas Franco Bortone - Luís Antonio Groppo -
Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
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Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
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Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
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Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
ORGANIZAÇÃO E ATUAÇÃO DO GC
O GC foi formado em 2000 por um pequeno grupo
de sete estudantes evangélicos e católicos carismáticos,
que levavam o violão para escola e no horário dos intervalos
cantavam músicas religiosas. No mesmo ano, o grupo pediu a
autorização da direção para começar a usar uma sala de aula
para se reunir uma vez por semana. Os encontros também
passaram a contar com momentos de oração e reflexões sobre
a bíblia e foi estabelecida a primeira liderança. Conforme
relatos de estudantes e funcionários da escola, o grupo vem
aumentando em número e atuação desde 2015, passando
a divulgar mais suas atividades, ampliando o número de
encontros semanais e alcançando médias de mais de 20
jovens frequentes nas reuniões.
72 Ana Beatriz Gasquez Porelli - Douglas Franco Bortone - Luís Antonio Groppo -
Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
74 Ana Beatriz Gasquez Porelli - Douglas Franco Bortone - Luís Antonio Groppo -
Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
DESINSTITUCIONALIZAÇÃO NO INTERIOR DO GC
O grupo se denomina cristão para não se associar a
nenhuma vertente religiosa. Mesmo que prevaleça uma maioria
evangélica participante e atuante como liderança. No tempo
em que acompanhei o grupo, só soube de duas jovens que eram
da igreja católica carismática e frequentavam assiduamente o
GC. Nos convites para a reunião que circularam no grupo de
WhatsApp e em formato impresso nos murais da escola, lê-se:
“Grupo Cristão Um grupo sem denominação focado em falar de
Cristo”. De mesmo modo, em toda ocasião em que o grupo é
apresentado, é salientado a não vinculação a uma denominação
evangélica e seu foco exclusivo no cristianismo. Tal aspecto
chama a atenção porque, segundo Oro e Tadvald (2019), por
longo período histórico na sociedade brasileira, considerava-
se cristão como sinônimo para católico, e essa equivalência
só deixa de existir nas últimas décadas com expansão do
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Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
80 Ana Beatriz Gasquez Porelli - Douglas Franco Bortone - Luís Antonio Groppo -
Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No limite desse trabalho, destacamos a importância
de se conhecer as articulações múltiplas e complexas que
vêm sendo feitas por jovens estudantes do ensino médio
na re-construção de suas identidades e trajetórias, entre
religiosidade, educação escolar e política. Ademais, ao
apresentarmos parte de nossas investigações, notamos o início
do processo de compreensão da significação e ressignificação
dos valores presentes em diferentes dimensões da vida –
religião, educação escolar e política – mediadas pelos próprios
jovens, que não são simplesmente guiados ou tutelados por
instituições, como se vê na criação e manutenção de um grupo
cristão autônomo na ETEC, ou na capacidade de mobilizar
comunidades escolares e comunidades locais nos movimentos
de ocupações estudantis em 2015 e 2016.
Entendemos que os significados atribuídos pelos
jovens à experiência religiosa e às atuações juvenis no
campo escolar podem se apresentar de maneiras distintas e
específicas, quando se considera também os aspectos que
forjam em cada contexto. Assim, é válida a reflexão sobre
os desafios que emergem das relações da juventude com o
pertencimento religioso em relação à escola de ensino médio,
os quais exigem que se lance luz sobre as trajetórias desses
sujeitos que compõem este grupo social significativamente
heterogêneo.
Nos dias atuais, em nosso país, assim como em todo
mundo, tem sido cada vez mais complexas e desafiantes as
articulações entre religião e política. As crenças e filiações
religiosas têm sido ativadas, por vezes manipuladas, em
relação a debates no espaço público, posicionamentos
eleitorais e até mesmo em conflitos sociais e guerras civis.
Conhecer como novas gerações têm vivido a religiosidade nos
parece de suma importância para entender as possibilidades
e os riscos contidos nesta relação entre religião e política.
REFERÊNCIAS
82 Ana Beatriz Gasquez Porelli - Douglas Franco Bortone - Luís Antonio Groppo -
Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
84 Ana Beatriz Gasquez Porelli - Douglas Franco Bortone - Luís Antonio Groppo -
Dirce Djanira Pacheco e Zan
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
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JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
Juventudes brasileiras e
participação política no contexto
das tecnologias digitais
Aline Cristina Camargo
DOI: 10.29327/541522.1-5
INTRODUÇÃO
Historicamente tem-se observado a inserção das
tecnologias nos processos de transformação econômica,
social, cultural e política. Também estão evidentes os padrões
geracionais no uso das tecnologias, bem como padrões
de classe, de acesso a serviços públicos e privados, e seu
potencial para mobilizar opiniões e configurar ou reformatar
movimentos de protesto e reivindicações sociais. A internet
e as redes sociais digitais são importantes para a inclusão
participativa de parcelas da sociedade que permaneciam
excluídas da convivência política.
As juventudes são um exemplo concreto de aumento
da participação online. Neste sentido, a tese de Doutorado1
que originou este artigo teve como objetivo analisar os usos
e apropriações das tecnologias digitais para a participação
político-cidadã pelas juventudes brasileiras. Foram definidos
os seguintes objetivos específicos: a) verificar quais elementos
e contextos caracterizam o processo de apropriação de novas
CONTEXTUALIZAÇÃO
Desde os meados dos anos 1980, os processos sociais
e políticos que culminaram na redemocratização do Brasil
geraram esperança em parte da população de que a cidadania,
JUVENTUDES BRASILEIRAS E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NO CONTEXTO DAS 89
TECNOLOGIAS DIGITAIS
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
RESULTADOS
A fim de compreender como se dá a relação entre
jovens brasileiros e a participação política, neste capítulo são
apresentados e analisados os resultados das duas primeiras
técnicas metodológicas: i) aplicação de 500 questionários
eletrônicos para um público de jovens, com idade entre 15 e 29
anos, das cinco regiões do país; ii) realização de 30 entrevistas
episódicas com jovens de 15 a 29 anos, das cinco regiões do país.
Optou-se pela não identificação nominal dos respondentes,
portanto são caracterizados por E (entrevistado) e sua idade.
No perfil da amostra, observou-se que 56% dos respondentes
identificaram-se como mulheres e 44% como homens. Em
relação à faixa etária, 61% têm entre 20 e 24 anos, 21% entre
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A questão da participação político-cidadã das
juventudes brasileiras nos leva a duas tentativas de apreensão
do mundo digital: a primeira delas consiste na abordagem
pelo viés das práticas e dos hábitos dos usuários na internet.
Por meio dela, procuramos compreender como os indivíduos
se comportam, quanto tempo gastam nos ambientes virtuais,
quais os perfis desses usuários, se estão mais propícios a
produzir conteúdo ou compartilhar, por exemplo. Já a segunda
tentativa relaciona-se à prática de atividades de participação
política no ambiente virtual, sendo essa segunda dependente
JUVENTUDES BRASILEIRAS E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA NO CONTEXTO DAS 99
TECNOLOGIAS DIGITAIS
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
A DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
E AS JUVENTUDES: AMPLIAÇÃO DAS
RELAÇÕES PEDAGÓGICAS EM UMA
PERSPECTIVA HUMANIZADORA
Caroline Simon Bellenzier
Simone Zanatta Guerra
Altair Alberto Fávero
DOI: 10.29327/541522.1-6
INTRODUÇÃO
O contexto atual, cada vez mais dinâmico e heterogêneo,
apresenta diversas questões ao campo educacional, abrindo
um amplo leque de discussões sobre as políticas educacionais,
as práticas educativas e os espaços escolares e universitários.
Nesse conjunto, ganham voz os debates acerca dos modos de
fazer a docência universitária a fim de reconstruí-la sobre
uma base teórico-metodológica crítica e formativa.
Com tal intento, diversos autores, entre eles Masetto
(2005), Fávero e Tonieto (2010, 2015), Fávero e Ody (2015),
Nörnberg e Forster (2016) e Cruz (2017), realizaram pesquisas
acerca da docência universitária visando a repensar a didática,
os processos de ensino–aprendizagem e a relação entre
ensino e pesquisa, conjugando esses aspectos com outras
temáticas relacionadas à docência no ensino superior. Nessa
ampla esfera, as pesquisas realizadas por Pais (1990), Dayrell
(2003), Gomes (2010) e Pais, Lacerda e Oliveira (2017) auxiliam
na construção de uma análise acerca dos modos de ensinar,
110 Caroline Simon Bellenzier - Simone Zanatta Guerra - Altair Alberto Fávero
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
118 Caroline Simon Bellenzier - Simone Zanatta Guerra - Altair Alberto Fávero
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação superior enfrenta cotidianamente
diversos desafios. No contexto atual, um desses desafios
é a necessidade de compreender quem são os jovens que
encontramos na sala de aula, de onde eles vêm, quais são os
contextos familiares e comunitários em que estão inseridos
e em que etapa da vida se encontram, pois os jovens têm se
desenvolvido física, psicológica e criticamente de modos
diversos, e é inegável que esses fatores influenciam o contexto
universitário e a relação professor–estudante.
Essa pluralidade de juventudes que adentra os espaços
educacionais demanda, assim, ser olhada, considerada e
valorizada em sua riqueza cultural, formativa e humana, a fim
de possibilitar trocas significativas entre os diferentes sujeitos
sociais, pois, conforme Dayrell (2003, p. 42), a(s) juventude(s)
pode(m) ser entendida(s) como uma das etapas do relevante
processo de construção de tais sujeitos: “a juventude constitui
um momento determinado, mas não se reduz a uma passagem;
ela assume uma importância em si mesma. Todo esse processo
é influenciado pelo meio social concreto no qual se desenvolve
e pela qualidade das trocas que este proporciona”.
120 Caroline Simon Bellenzier - Simone Zanatta Guerra - Altair Alberto Fávero
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
124 Caroline Simon Bellenzier - Simone Zanatta Guerra - Altair Alberto Fávero
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
INTRODUÇÃO
Manoel de Barros certa vez escreveu que “[...] o olho
vê, a memória revê e a imaginação transvê o mundo. É preciso
transver o mundo [...]” (1996, p.75). Nesse poema, ele cita
algumas lições que aprendeu com o pintor boliviano Rômulo
Queiroga, entre elas, que “é preciso desformar o mundo”.
Trazendo esses versos para o contexto da educação, podemos
considerar a arte uma via de mobilização do imaginário dos
jovens e de reinvenção. Por sua vez, o “transver”, citado pelo
poeta, aponta para uma ação que convoca os sentidos, como
uma redescoberta ou talvez uma forma de ver as coisas mais
banais como se fosse a primeira vez. Fazer uma outra leitura
sobre a realidade que está posta.
Um dos grandes desafios educacionais da sociedade
contemporânea reside, justamente, na concepção da
escola como um lugar de possibilidades, experimentações
e elaborações de diferentes percepções do real. As
transformações tecnológicas provocaram mudanças radicais
nos modos de vida e nas relações interpessoais, criando
novos meios de comunicação e expressão através das redes
virtuais. Inserida nessa dinâmica social, a arte, além de
EDUCAÇÃO, CULTURA E JUVENTUDE: UMA EXPERIÊNCIA SENSÍVEL 127
NA PRÁTICA DE ARTES VISUAIS
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
128 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
130 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
134 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
136 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
FRUIÇÃO E REFLEXÃO
A interpretação e apreciação de imagens é um tópico
fundamental no ensino de Arte. Ana Mae Barbosa reflete
sobre a Abordagem Triangular desenvolvida por ela no final
da década de 1980, apresentando três eixos essenciais para
o ensino e aprendizagem em arte, são eles: contextualização
histórica, a leitura de imagem e o fazer artístico. A autora
enfatiza que a abordagem não precisa ser engessada, dispensa
um ordenamento e é passível de adequações. (BARBOSA,
1998)
A experiência dos jovens a partir de uma trilha de
aprendizagem em artes visuais teve o intuito de desenvolver
o gosto pela fruição e analisar diversas produções
contemporâneas. Para iniciar a atividade, utilizamos como
referências obras de arte contemporâneas e manifestações
culturais de construção coletiva apresentadas em várias
regiões do país e, principalmente, os elementos artísticos da
comunidade em que a escola está inserida, como a capoeira,
as apresentações de dança, os jogos que utilizam brinquedos
produzidos em casa, como arraias ou pipas. Esse foi um
momento exploratório, em que os alunos ampliaram os seus
conhecimentos acerca de diversos atravessamentos sobre
as obras analisadas, permitindo investigar, compreender e
perceber as sensações ou ideias provocadas.
Essas observações fomentaram nos alunos a
discussão sobre a arte como deleite e como esta poderia gerar
transformações nos indivíduos e na sociedade, trazendo à tona
a reflexões acerca da atual conjuntura, a partir das situações
concretas vivenciadas por esses jovens: desigualdades
138 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
O MURAL
Tendo em mente a importância da sensibilização
do ambiente escolar, essa fase do projeto se desenvolveu
buscando o trabalho coletivo e colaborativo nas artes visuais
para a transformação do espaço físico da unidade de ensino
(Figura 2). Os grupos levaram à produção coletiva dos
murais as suas experiências, os seus aprendizados e as suas
140 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
APRESENTAÇÃO
O mural foi inaugurado e apresentado à comunidade
escolar. Promovemos uma roda de conversa sobre a criação
e sobre a execução do projeto, com o objetivo de refletir
sobre o processo, apresentar comentários e ideias para novas
atividades. Desse modo, buscou-se também experimentar
uma postura crítica prezando a sensibilidade e o respeito pelo
trabalho individual e coletivo.
Produzido nas paredes dos espaços coletivos da escola,
o mural convocou a valorização das poéticas pessoais dos
estudantes em um movimento de construção compartilhada.
Pôde-se constatar com esse projeto, que os momentos de
discussão e contextualização por meio da fruição de obras de
arte e debates de alguns temas sociais, políticos e da vida em
comunidade fizeram com que o alunado, ao final do trabalho,
142 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escola, como espaço plural e democrático, deve ter
o objetivo de formar os jovens constituindo um terreno fértil,
mobilizando-os para experiências sensíveis que façam deles
sujeitos atuantes e transformadores na sociedade. O professor
deve estabelecer um espaço de escuta, contextualizando
os saberes e práticas artísticas à bagagem cultural trazida
pelo aluno, voltando o olhar para as percepções individuais e
coletivas sobre a cultura local, às questões sociais e outros
temas que estão além dos muros da escola. Para fertilizar e
144 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
146 Marise Berta de Souza - Nádia Pires Alves - Poliana Deusa Almeida Cordeiro de Jesus
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
INTRODUÇÃO
A juventude tem sido abordada por perspectivas
diversas, incluindo a de categoria etária que homogeneiza e
naturaliza modos de subjetivação; criminaliza e discrimina o
que foge a esse padrão, numa estratégia de enfraquecer a
potencialidade dos/as jovens serem sujeitos de transformação
social. No presente trabalho, a juventude é abordada como
uma construção social, uma categoria política caracterizada
pela transversalidade (gênero, raça, classe social, etc), sendo
diversa e histórica, e tendo potencial para gerar novos modos
de viver coletivamente e de subjetivação que se contrapõem
ao capitalismo (GROPPO; SILVEIRA, 2020; ZAMBONI, 2007).
METODOLOGIA
O presente estudo consistiu em uma pesquisa
bibliográfica realizada a partir de um levantamento das
produções científicas brasileiras, publicadas no período de
2005 a 2019 referente à temática “Juventude e Economia
Solidária”. Realizou-se uma busca com a expressão
“juventude e economia solidária”, no idioma português, de
produções em instituições de ensino e pesquisa, periódicos
e eventos científicos brasileiros nas seguintes plataformas
digitais: catálogo de teses Capes, biblioteca digital de teses
JUVENTUDE E ECONOMIA SOLIDÁRIA: POTENCIALIDADES E DESAFIOS PARA INSERÇÃO DA 153
JUVENTUDE NO TRABALHO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA EMANCIPATÓRIA
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresenta-se aqui algumas considerações, reflexões
e sugestões finais no sentido de avançar no debate e nas ações
para fortalecimento da relação entre juventude e Economia
Solidária.
O contexto da pandemia do Covid-19 exige resistência,
perseverança e criatividade diante da urgência da superação
do capitalismo e de sua necropolítica via construção de outros
modos de ser e viver que tenham a vida como centro. Assim,
torna-se salutar fortalecer a Economia Solidária e outras
alternativas sistêmicas como Bem-Viver, decrescimento,
Economia Feminista, etc.
A maior escolaridade, a familiaridade com as
tecnologias de comunicação e informação, a criatividade e
o desejo de parte da juventude em construir uma sociedade
justa e igualitária, parecem indicar que a aproximação com
os/as jovens torna-se crucial para a Economia Solidária. Além
disso, a juventude pode contribuir para que essa não perca seu
caráter contra-hegemônico. Igualmente, apesar de seus limites
e contradições, a Economia Solidária pode ser uma via pela
160 Maria Luisa Carvalho
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
qual os/as jovens possam não apenas obter renda, mas pelo
trabalho autogestionário, solidário e cooperativo, vivenciar e
construir outros modos de subjetivação e experiências de uma
vida coletiva.
Os resultados da presente pesquisa indicaram que
dificuldades de geração de renda, de gestão e de acesso a
tecnologias nos empreendimentos são questões recorrentes
na Economia Solidária, não apenas no que tange à juventude,
e que precisam ser urgentemente enfrentados a fim de que
se torne uma opção efetiva e consciente e não uma escolha
transitória, motivada apenas pelo desemprego.
Percebeu-se nas pesquisas a importância de
trabalhar questões intergeracionais, em especial no âmbito
rural onde as relações familiares e de trabalho se confundem,
a fim de fortalecer as relações de troca, horizontalidade e
reciprocidade entre jovens e adultos.
As pesquisas demonstraram ainda a importância
da aproximação entre Educação e Economia Solidária a fim
de que a mesma se torne conhecida pelos/as jovens, e se
dissemine a cultura solidária; bem como que as instituições
de ensino possam ser espaços de experiências embrionárias
e de fomento à criação de empreendimentos econômicos
solidários. Destaca-se o papel das instituições públicas
de ensino técnico e superior em incentivar estudantes e
egressos a constituírem empreendimentos autogestionários
e desenvolverem tecnologias sociais, de modo que o acesso
à educação pública e de qualidade não implique apenas em
uma conquista com repercussões privadas e reprodutoras da
ordem capitalista. Ressalta-se que em todos esses processos,
o protagonismo deve ser da própria juventude.
Esse foi um estudo inicial e sugere-se que novas
pesquisas sejam feitas, como estudos de casos de experiências
de êxito da inserção da juventude na Economia Solidária;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
org.br/?_ga=2.189895011.911269966.1619810690-
1622456350.1619810690. Acesso em: 03 nov. 2019.
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(Mestrado em Serviço Social) - Programa de Pós-graduação
em Serviço Social, Pontifícia Universidade Católica do Rio
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tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/455. Acesso em: 15 nov.
2019.
RUEDA, Daniela; ELIAS, Werbert da Cruz. A juventude
na Economia Solidária: reflexões sobre engajamento e
JUVENTUDE INVISÍVEL:
UMA ANÁLISE SOBRE A INTERFACE
DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO ESCOLAR,
VIOLÊNCIAS E AS CRIANÇAS E
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL1
Camila Daniele de Oliveira Dutra
DOI: 10.29327/541522.1-9
INTRODUÇÃO
O presente estudo pretende fazer uma rápida
elucidação a respeito das diversas violências às quais as
juventudes estão expostas na interface e nas instituições de
modo individual, que tangem o espaço escolar e as unidades
de acolhimento institucional, trazendo uma provocação
acerca da relação entre a sociedade, a família, a educação
e as crianças e adolescentes, considerando estes cidadãos
JUVENTUDE INVISÍVEL: UMA ANÁLISE SOBRE A INTERFACE DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO 169
ESCOLAR, VIOLÊNCIAS E AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONCEITUANDO VIOLÊNCIA
Faz-se necessária uma breve elucidação sobre os
conceitos de violência usados para elaboração desse trabalho.
Sendo assim, podemos destacar os autores Faleiros e Faleiros,
que trazem que a violência é uma relação de Poder. O poder
é caracterizado como violento em uma relação onde o mais
forte subjuga o mais fraco, mas nem toda relação de poder é
necessariamente violenta:
Todo poder implica a existência de uma relação,
mas nem todo poder está associado à violência.
O poder é violento quando se caracteriza como
uma relação de força de alguém que a tem e
que a exerce visando alcançar objetivos e obter
vantagens (dominação, prazer sexual, lucro)
previamente definidos. (FALEIROS; FALEIROS,
2008, p. 29).
JUVENTUDE INVISÍVEL: UMA ANÁLISE SOBRE A INTERFACE DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO 173
ESCOLAR, VIOLÊNCIAS E AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA
Antes de analisarmos a relação entre a família e a
escola, faz-se necessária a contextualização do conceito
família, pensando como parâmetro o que explicita a autora
Maria Alice Nogueira, que nos traz uma perspectiva da família
ocidental nos países industrializados e na propagação dos
JUVENTUDE INVISÍVEL: UMA ANÁLISE SOBRE A INTERFACE DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO 177
ESCOLAR, VIOLÊNCIAS E AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa vem dizer sobre a relação social das
crianças e adolescentes que frustram o imaginário das
políticas educacionais, uma vez que esse infante se difere do
adolescente generalizado e esperado nas políticas, que advém
de uma família pré-moldada e que corresponde a todas as
expectativas. Tais políticas, assim como as políticas voltadas
para as juventudes em si, trazem no seu planejamento e
execução uma complexidade que é apresentada pela própria
juventude. Como expõe Pais, as políticas juvenis “têm por objeto
uma realidade complexa: não apenas porque as trajetórias dos
jovens são complexas, mas porque elas decorrem em terrenos
labirínticos” (PAIS, 2005).
Para discutirmos essa complexidade apresentada,
é preciso retomar as noções sobre juventudes, uma vez
que entendemos que esta é plural, multifacetada e está em
constante transformação. Segundo Dayrell (2002), “essa
diversidade se concretiza com base nas condições sociais
(classes sociais), culturais (etnias, identidades religiosas,
valores) e de gênero, e também das regiões geográficas, dentre
outros aspectos”. Para além, ainda segundo Dayrell, para a
construção da noção de juventude que utilizamos, é preciso
entender que esta é uma etapa de preparo e construção:
“Construir uma noção de juventude na perspectiva
da diversidade implica, em primeiro lugar,
considerá-la não mais presa a critérios rígidos, mas
sim como parte de um processo de crescimento
mais totalizante, que ganha contornos específicos
no conjunto das experiências vivenciadas pelos
indivíduos no seu contexto social. Significa não
entender a juventude como uma etapa com um
JUVENTUDE INVISÍVEL: UMA ANÁLISE SOBRE A INTERFACE DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO 183
ESCOLAR, VIOLÊNCIAS E AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
JUVENTUDE INVISÍVEL: UMA ANÁLISE SOBRE A INTERFACE DA RELAÇÃO ENTRE ESPAÇO 185
ESCOLAR, VIOLÊNCIAS E AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
186
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
INTRODUÇÃO
O presente texto versa sobre as percepções
consideradas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)
sobre o papel da juventude como agente do desenvolvimento.
A consagração da juventude como agente do desenvolvimento
por parte da OIT pode ser encarada sob diversos ângulos, tal
fato pode ser verificado dada a estreita associação presente
nos discursos de distintos Organismos Internacionais (OI)
sobre emprego, educação, pobreza e crescimento econômico.
No entanto, quando o assunto está atrelado à adjuvância
que os jovens passaram a assumir no período recente sob os
respaldos destes discursos, nota-se que a OIT é a Organização
que reforça a necessidade de debater sobre o jovem de forma
mais ampla e dedica especial atenção às condições sociais
dos jovens no sistema laboral.
Dessa forma, discutir o papel histórico da OIT e suas
percepções sobre o jovem como agente do desenvolvimento
implica compreender o contexto de relações no qual está
inserida. Assim, a matriz que serviu de base para situar os
limites da construção da percepção da juventude por parte
da OIT está nas qualidades que giram em torno do conceito
de desenvolvimento sustentável. A investigação se valeu da
A PERCEPÇÃO DA JUVENTUDE COMO AGENTE DO DESENVOLVIMENTO: 187
UMA ANÁLISE CRÍTICA A PARTIR DOS ENFOQUES DA OIT
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os indicadores de precarização das relações de
emprego e os elevados índices de desemprego da população
jovem, persistentes por mais de três décadas, apontam para
a necessidade de rever os tipos de relações sociais, políticas
e econômicas que determinam as formas deficientes de
integração da esmagadora parcela dos jovens no mercado
de trabalho. Somando-se a isso, o abuso de drogas, crime e
pobreza, afastam as possibilidades de aproveitamento do
potencial humano desta população, bloqueando as Janelas de
Oportunidades e contribuindo para ser fonte de instabilidade
social e política.
Neste ínterim, a OIT tem se demonstrado preocupada
por todas as consequências que as crises econômicas têm
incidido sobre a população jovem. No entanto, por trás de toda
202 Wagna Maquis Cardoso de Melo Gonçalves
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
BIBLIOGRAFIA
DIÁLOGOS E (DES)ENCONTROS NA
ESCOLA: (IM)POSSIBILIDADES PARA A
RELAÇÃO ENTRE JOVENS E ADULTOS
Luciana Winck Corrêa
Konstans Steffen
DOI: 10.29327/541522.1-11
INTRODUÇÃO
A escola tem sido espaço de encontros e desencontros
das relações entre os mundos culturais juvenis e das culturas
adulta e escolar. Jovens e adultos se deparam com temas
compartilhados, em termos de experiências ou demandas
curriculares, mas é comum que diante deles os posicionamentos
e interesses sejam diversos e por vezes até antagônicos. A
partir deste cenário de diversidade, é possível que alguns
tensionamentos se estabeleçam e deles decorram movimentos
por vezes considerados de resistência pelos jovens ou de
contrariedade dos adultos em relação a eles, dependendo do
ponto de vista adotado. As discussões apresentadas neste
texto versam sobre observações das práticas das autoras,
inseridas em uma escola privada na região metropolitana de
Porto Alegre. Algumas considerações aqui presentes foram
apresentadas inicialmente na dissertação de mestrado de
uma das autoras (CORRÊA, 2021).
Os tempos decorridos nos últimos meses, onde viveu-
se a escola de forma remota devido ao distanciamento físico
causado pela pandemia do Covid-19, têm demonstrado que o
que já se experimentava nas complexas relações presenciais
na escola, segue se manifestando também, nos ambientes
CULTURAS EM DIÁLOGO
Conforme afirma Dubet (2007. p. 45): “[...] espera-
se que o professor e o professor representem os valores da
instituição, sacrificando-se por eles, adotando uma vida
virtuosa e exemplar (tradução nossa).” Ora, os professores
também são a gente que constitui o dia a dia na escola, e
como tal, não há como deixar de estar implicados com o
projeto curricular que a instituição lhe contrata para executar.
As Diretrizes Curriculares Nacionais declaram que “educar
é, enfim, enfrentar o desafio de lidar com gente, [...] criaturas
tão imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao longo
de uma existência inscrita na teia das relações humanas,
neste mundo complexo” (BRASIL, 2013, p. 12), referendando
que os envolvidos neste entrelaçamento estão imersos na
DIÁLOGOS E (DES)ENCONTROS NA ESCOLA: (IM)POSSIBILIDADES PARA A 209
RELAÇÃO ENTRE JOVENS E ADULTOS
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A cultura escolar - pautada pelas experiências que
deseja promover e os conceitos, as competências e as
habilidades que intenciona desenvolver - vai gerar espaços de
relação que podem, ou não, coincidir com as expectativas e as
produções culturais que os jovens carregam em suas histórias.
Neste sentido, Dayrel (2007, p. 1106) afirma que “a relação
da juventude com a escola não se explica em si mesma.”,
certamente porque os interesses e as experiências que os
jovens vivenciam não têm relação direta com as expectativas
de seus professores ou familiares.
Para analisar de que forma as culturas juvenis se
inserem ou entram em conflito com a cultura escolar, é preciso
observar como tem se ressignificado quem é o jovem no âmbito
social, a partir das próprias transformações socioculturais
pelas quais o mundo ocidental vem passando nas últimas
décadas (DAYREL, 2007). Importante observar e perceber
que há múltiplas condições juvenis implicadas na cultura
que produzem: as relações econômicas, as possibilidades de
emprego ou desemprego, o acesso à informação ou o limite
deste por questões associadas à pobreza, à falta de estrutura,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES E VIVÊNCIAS DAS JUVENTUDES NEGRAS 223
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES E VIVÊNCIAS DAS JUVENTUDES NEGRAS 225
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES E VIVÊNCIAS DAS JUVENTUDES NEGRAS 233
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
RESISTÊNCIA AO RACISMO
Como apresentado nos itens anteriores, a população
negra e sobretudo os jovens negros convivem cotidianamente
com diversos tipos de violências e preconceitos, estruturados
em uma falsa concepção de democracia racial, que reproduz
uma cultura racista que invisibiliza a história e a cultura do
povo negro.
Entretanto, a juventude negra está atenta a todas as
formas de preconceitos e discriminações que sofre e diante
disso ela inventa e reinventa, todos os dias, formas de resistir.
As discussões sobre a temática indicam que
Há um movimento novo no cenário protagonizado
por esses jovens. A raça, usada e vista como
fonte de extermínio pela sociedade, é por eles
transformada e ressignificada como símbolo de
afirmação, de luta e emancipação. Os cabelos
crespos, as religiões de matriz africana, o mundo
da cultura, da música, a entrada na universidade
via cotas, o empreendedorismo negro e juvenil
principalmente no mundo da comunicação e do
design, são alguns dos espaços que têm sido
tomados, hoje, pelos jovens negros e negras. Em
todos esses espaços eles levam a denúncia: Parem
de nos matar. Parem de nos matar quer sejamos
negros de classe média ou pobres. Parem de nos
matar com medidas socioeducativas que nos
deseducam. Parem de nos matar com a desculpa
de que o Estado precisa zelar pelas pessoas
de bem. Outro orgulho negro vem surgindo.
Consciente e resistente. E ele está nas escolas de
Educação Básica e no Ensino Superior. (GOMES e
LABORNE, 2018, p.22)
DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES E VIVÊNCIAS DAS JUVENTUDES NEGRAS 235
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresenta algumas reflexões importantes
desenvolvidas na dissertação de mestrado da autora, intitulada
“O Ensino de sociologia no ensino médio: enfrentando o racismo
a partir da sala de aula”, que contribuem para o enfrentamento
DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES E VIVÊNCIAS DAS JUVENTUDES NEGRAS 237
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
DIÁLOGOS ENTRE A SOCIOLOGIA DAS JUVENTUDES E VIVÊNCIAS DAS JUVENTUDES NEGRAS 239
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
INTRODUÇÃO
O presente estudo é um recorte de uma pesquisa
realizada no Mestrado em Saúde Coletiva da Universidade
Federal Fluminense - UFF (RAPELLA, 2020), que teve como
objetivo analisar o cuidado oferecido aos jovens cadastrados
em ponto da rede do SUS, um Centro de Atenção Psicossocial
de atenção ao uso de álcool e outras drogas (CAPS AD).
Por meio das narrativas dos jovens, busca-se refletir sobre
questões estratégicas e de qualidade da atenção à saúde por
parte daquela unidade de assistência.
Primeiramente, cabe destacar o que chamamos de
jovem. É considerado jovem nesta pesquisa o sujeito social
com idade compreendida entre 15 e 29 anos, conforme
preconizado no Estatuto da Juventude - Lei 12.852/13 (BRASIL,
2013), que aponta na Seção V (Do direito à Saúde) o direito
ao cuidado integral, incluindo temas relativos ao consumo de
álcool, tabaco e outras drogas, à saúde sexual e reprodutiva,
com enfoque de gênero e dos direitos sexuais e reprodutivos
nos projetos pedagógicos dos diversos níveis de ensino.
EXPERIÊNCIA DE CUIDADO PELO SUS COM JUVENTUDES NA REGIÃO METROPOLITANA 241
DO RIO DE JANEIRO: ITINERÁRIOS POSSÍVEIS COM JOVENS VINCULADOS AO CAPS AD
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
MÉTODOS
A natureza da pesquisa é qualitativa, ou seja, que se
debruça e interpreta realidades sociais e em uma perspectiva
emancipatória, pode ser pensada como uma maneira de poder
ouvir as pessoas, em vez de tratá-las como objetos (BAUER;
GASKELL, 2002).
Para se aproximar da compreensão do que se pretendia
como questão de pesquisa, os sujeitos foram escutados em
entrevistas semiestruturadas gravadas (BONI; QUARESMA,
2005).
Foram propostas questões disparadoras semiabertas
a partir de um roteiro criado pela pesquisadora para
identificação do jovem, tais como nome, idade, gênero,
orientação sexual, raça/cor, conjuntura familiar e de moradia,
conjuntura de trabalho e renda, presença de diagnóstico em
saúde mental para além do referente ao uso de álcool e outras
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria dos jovens entrevistados se autodeclarou
não branco (unindo pardos e negros), a maioria é do sexo
masculino e de orientação sexual heterossexual. Tais dados
coincidem com o perfil dos usuários de crack e similares do
Brasil, apresentado na Pesquisa Nacional Sobre o Uso de
Crack (BASTOS; BERTONI, 2014).
Apenas um jovem ingressou no ensino superior e
interrompeu por questões relativas ao processo de saúde-
doença1. Seis deles pararam os estudos ou estão cursando
o ensino fundamental ou médio em defasagem. Quatro
concluíram o ensino médio.
CHEGADA AO CAPS AD
Dos onze entrevistados, nenhum buscou o serviço por
conta própria. Destes, nove foram com a família ou amigos, um
foi levado pela escola, e um o serviço criou vínculo a partir de
busca ativa, ou seja, a equipe, através de atuação no território,
construiu uma demanda de atendimento com o jovem.
Tal resultado corrobora com o encontrado na pesquisa
de Galhardi e Matsukura (2018) e outros sobre a importância
da família enquanto suporte para o tratamento. Foram os
familiares que correram atrás para saber onde poderiam
buscar ajuda e, dos dois que já conheciam o CAPS AD e vieram
como primeira referência no município, foram pelo fato de já
terem alguma experiência na família em que precisaram do
CAPS AD.
[...] eu comecei a me dar conta que eu tava
totalmente fora de controle, foi aí que eu voltei pra
casa, pedi ajuda aos meus pais e como na minha
família já tinha histórico, a gente já foi direto ao
CAPS (AD), já conhecia o CAPS (AD) por conta do
meu primo (IDENTIFICAÇÃO OCULTADA).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar em estratégias de Cuidado para as juventudes,
de modo não tutelar, pode ser um desafio para aqueles que
se colocam como referência. Este trabalho buscou trazer um
pouco do que a juventude pensa sobre a própria vida e história
de cuidado relacionado ao uso de drogas.
O momento de construção do que o usuário está
tratando no serviço é atravessado pelo vínculo. O processo
de tornar o CAPS AD casa ou acolhida para a família e para
o sujeito inicia no processo de acolhimento, no modo como se
escutam as queixas sem determinar para estes a demanda,
mas mostrando que está junto e que entende o que está sendo
exposto.
258 Kássia Fonseca Rapella - Aluísio Gomes da Silva Junior
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
REFERÊNCIAS
GRÊMIO ESTUDANTIL:
GARANTIAS E LEGISLAÇÕES
NO CONTEXTO DA PARTICIPAÇÃO
DOS ESTUDANTES NA ESCOLA
Plínio Xavier de Figueirôa
DOI: 10.29327/541522.1-14
INTRODUÇÃO
O grêmio estudantil é um colegiado formado por
estudantes que nas escolas contribuem e fomentam a
participação ativa nos problemas cotidianos escolares e
comunitários. As ações devem assumir práticas voluntárias
e comunitárias, no livro Educação integral: uma educação
holística para o século XXI, do autor Rafael Yus (2002) “A
escola deve ser um espaço social regido por critérios de
participação inspirados na mesma filosofia que alimenta
os sistemas democráticos, porém é esperado que estas
realizações educativas contribuam decisivamente para
impulsionar projetos de transformação social” (YUS, 2002, p.
155).
A Lei Nº 7.398 de novembro de 1985, garante a
organização de entidades estudantis de 1º e 2º graus (ensino
fundamental e médio, afirmando o direito dos estudantes a
se organizarem em grêmios estudantis (secundaristas). A
Constituição Federal de 1988 no artigo 205 assumida pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente: “Art. 53. A criança
e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da
§ 1º - (VETADO).
§ 2º - A organização, o funcionamento
e as atividades dos Grêmios serão
estabelecidos nos seus estatutos,
aprovados em Assembléia Geral do corpo
discente de cada estabelecimento de ensino
convocada para este fim.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil existem várias legislações que garantem a
participação dos estudantes nas escolas. Abordar a temática
do grêmio estudantil é apresentar a própria história do país.
Desde a ditatura civil-militar, os estudantes são personagens
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
O que você quer ser quando crescer? Esta é uma
das perguntas mais corriqueiras, difíceis e, geralmente,
embaraçosas que se pode dirigir a uma pessoa. Pergunta
simples, resposta complexa. Certamente imprecisa e
ambígua, as crianças costumam respondê-la sem grandes
preocupações e as respostas costumam divertir os adultos.
Já para adolescentes, às vésperas do ingresso na vida adulta,
universitária ou profissional, este questionamento pode
causar grande apreensão.
Fazer escolhas não é fácil, pois sempre implica riscos
de acertos, erros, arrependimentos, frustrações, alegrias e
recompensas. Viver é fazer escolhas, mas isso não significa
Formação Básica
Ensino Médio Matrícula
05 EMI e Formação Adolescentes Escola Única Híb
Integrado Única
Profissional
Técnico
Formação Matrícula
07 TS Subsequente Adultos Escola Única FP
Profissional Única
ou Pós-Médio
SIGLAS:
TC – Técnico Concomitante – quando os estudantes fazem dois cursos de Nível Médio ao mesmo
tempo, com matrículas diferentes, podendo ser na mesma escola (concomitância interna) ou escolas
distintas (concomitância externa).
EJA – Educação de Jovens e Adultos – para as pessoas que não completaram, abandoaram ou não
tiveram acesso à educação formal na idade apropriada. Antigo Ensino Supletivo.
FB – Formação Básica.
FP – Formação Profissional.
Híb – Híbrido ou misto (Formação Básica e Formação Profissional no mesmo curso).
Fonte: CURI, 2021c.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que a adoção de estratégias de
Orientação Profissional para a EPTec devem ser permanentes
e institucionalizadas no Ensino Fundamental, uma política
pública educacional. Isso colaboraria para uma maior
integração entre as duas etapas escolares, dando mais
articulação a OEB.
Nesse sentido, a reflexão sobre a EPTec no EF não
deveria ser facultativa ou episódica ou deixada a cargo da
benevolência de alguns docentes, ao contrário deveria ser
obrigatória e permanente, seja através de uma disciplina
escolar ou de outros formatos que lhe garantissem a
efetividade e a sua prática real na vida dos estudantes. Afinal,
cada etapa escolar deveria refletir e preparar os estudantes
para a etapa seguinte, o que,também, é direito dos estudantes
saber e conhecer suas possibilidades educativas e escolares.
A Orientação Profissional foi criticada e acusada de
ser uma forma de ajustamento das pessoas ao capitalismo
ou a sua classe social. Essa mesma crítica foi endereçada a
toda escolarização e mesmo à sociedade que, geralmente,
tende a manutenção do status quo. Então, é preciso avaliar
sem excessos essa questão. A OP é uma reflexão sistemática,
elaborada a partir de instrumental científico para uma escolha
presente na vida da maioria das pessoas. Seus resultados
dependem de inúmeros fatores, mas, no geral, as escolhas
orientadas são mais acertadas e podem descortinar opções
REFERÊNCIAS:
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0692186349325716
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2189-7745
Dirce Djanira Pacheco e Zan
Docente do Departamento de Ciências Sociais e Educação da
Faculdade de Educação/Unicamp, pesquisadora vinculado
ao Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Educação e
Sociedade (GPPES/Unicamp) e ao Grupo Interinstitucional
EMpesquisa (Ensino Médio em Pesquisa). Tem desenvolvido
trabalhos investigativos sobre a relação entre juventude e
escola de ensino médio, tendo como foco o currículo escolar
e as culturas juvenis. Atualmente pesquisa o processo de
implementação da reforma do ensino médio no estado de São
Paulo.
E-mail: dircezan@unicamp.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3663-2232
Link do Lattes: http://lattes.cnpq.br/7180508418109437
Douglas Franco Bortone
Possui graduação em Teologia pela Universidade Metodista de
São Paulo (2016). Pós-Graduando em Ensino de Sociologia no
Ensino Médio pela Universidade Federal de São João Del Rei
(UFSJ) e em Ciência da Religião pela Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF). Mestrando em Educação pela Universidade
Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) e integrante do Grupo de
Estudos sobre a Juventude na respectiva universidade.
E-mail: douglas.bortone@sou.unifal-mg.edu.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9750788125318767
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0290-3601
Flávia Cristina Zanquetta Rodrigues
Graduada em Administração pela Uniube (2010). Especialista
em Gestão Pública pela Unipac (2013). Mestranda em
Educação do PROFEPT e servidora da UFTM (Universidade
Federal do Triângulo Mineiro).
E-mail: flavia.rodrigues@uftm.edu.br
SOBRE O(A)S AUTORE(A)S 313
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5089353701629943
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7569-5511
Isabela Rodrigues Ligeiro
Mestra em Educação pela UEMG; Especialista em Ensino de
Sociologia pela UFSJ; Especialista em Supervisão Escolar
pela FETREMIS; Licenciada em Ciências Sociais pela UFMG.
Participou de projetos de extensão na UFMG e de órgãos
colegiados, sendo Conselheira Universitária da UFMG em 2011
e 2013. Estagiária no CECIMIG, em 2013 e 2014, e na Revista
Ensaio da Faculdade de Educação da UFMG em 2015. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Sociologia e
Supervisão Escolar.
Kássia Fonseca Rapella
Psicóloga graduada pelas Faculdades Integradas Maria
Thereza (2013), com Especialização em Saúde Mental e
Atenção Psicossocial pela Escola Nacional de Saúde Pública
Sérgio Arouca - ENSP/Fiocruz (2016). Mestra em Saúde
Coletiva no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal
Fluminense - UFF (2020). Co-fundadora do movimento
“Isoporzinho da Prevenção” de Educação em Saúde com
Juventudes em contextos de Cultura Urbana, hoje projeto de
extensão universitária da Universidade Federal Fluminense.
E-mail: kassiarapella@gmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2252046085725860
ORCID: 0000-0002-0780-4234
Konstans Steffen
psicóloga (ULBRA-RS, 2009); especialista em Psicologia
Escolar e Educacional (CFP, 2014) e em Gestão da Educação:
aspectos contemporâneos da Administração, Supervisão e
Orientação (PUCRS, 2016); mestre em Educação (PPGEDU/
UFRGS- 2019) com experiência de atuação em escola privada
desde 2012.
Email: konstanssteffen@gmail.com
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4217332525219374
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5453-4794
Luciana Winck Corrêa
psicóloga (PUCRS/RS, 1998). Esp. Gestão de Pessoas (FGV-
Decision, Porto Alegre/RS. 2013) e Gestão Curricular Marista
(PUCRS/Rede Marista. 2016). Lic. Psicologia (PUCRS, 2018).
Mestre em Educação (PUCRS, PPG Educação, Escola de
Humanidades, 2021). Experiência: escola pública munic. POA/
RS (1989 a 1994); escolas privadas desde 1988. Gestora da
Rede Marista desde 20218
Email: luciana.correa@maristas.org.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8231169371873546
Orcid: http://orcid.org/0000-0002-6187-177X
Luciano Marcos Curi
Pós-Doutor em História Social e professor do Mestrado
Profissional em Educação Tecnológica (MPET) do IFTM –
Câmpus Uberaba e do Mestrado Profissional em Educação
Profissional e Tecnológica ofertado em Rede Nacional
(PROFEPT) do IFTM-Câmpus Uberaba Parque Tecnológico.
E-mail: lucianocuri@iftm.edu.br
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6230715943028936
Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7309-0578
Luís Antonio Groppo
Professor da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-
MG) desde 2013, onde atua atualmente como professor do
Programa de Pós-graduação em Educação e exerce o cargo
de Coordenador de Pesquisa e Pró-reitor adjunto de Pesquisa
e Pós-graduação. Doutor em Ciências Sociais e Mestre
em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Bolsista Produtividade pelo CNPq na área de
Educação desde 2006. Pesquisador dos temas movimento
estudantil, juventude, educação não formal e sociologia da
SOBRE O(A)S AUTORE(A)S 315
JUVENTUDES BRASILEIRAS: questões contemporâneas