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RELIGIÃO, ATEISMO, FÉ
Da Acusação
É certo que há alguma coisa em Freud que não está em Nietzsche, é certo;
a redução da consciência ética ao Super Eu procede da convergência entre,
por um lado, a experiência clínica aplicada á neurose obsessiva, á
melancolia e ao masoquismo moral, e por outro, uma sociologia da cultura.
(RICOEUR, p. 434)
Em todos estes fenômenos, em que Freud viu a origem da nossa consciência
ética e religiosa, são, segundo ele, a resultante de um processo de substituição que
se referem a figura oculta do pai oriunda do complexo de Édipo. Não obstante é
complicado pensar se está aí unicamente o mito da psicanálise, o “mito freudiano”,
ou se Freud verdadeiramente alcançou a origem radical dos deuses, ainda assim,
ela indica uma ideia bem próxima da de Nietzsche na Genealogia da moral, em que
o bem e o mal são gerados por projeção numa situação de fraqueza e de
dependência.
É, pois, devido a isto que Ricoeur afirma que, depois de Nietzsche, nada fica
decidido, antes apenas um caminho mantém-se fechado, o do deus moral, que é a
origem da ética da condenação e interdição.