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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

MARCELO SAMPAIO COSTA FILHO

RESOLUÇÃO DA QUESTÃO REFERENTE A PROVA ATRIBUÍDA A


DISCIPLINA DE FILOSOFIA

CRUZ DAS ALMAS


2018
Marcelo Sampaio Costa Filho

RESOLUÇÃO DA QUESTÃO REFERENTE A PROVA ATRIBUÍDA A


DISCIPLINA DE FILOSOFIA

Este trabalho é uma resolução da questão referente


a prova estabelecida pela professora Dalila, referente
a pontuação final da média na disciplina de filosofia.

CRUZ DAS ALMAS


2018
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA CCA 235
(PROFA. DALILA PINHEIRO DA SILVA)
SEMESTRE 2018.2

Utilize o texto a seguir como guia para discutir aspectos relevantes do problema do
conhecimento da vida tal como este aparece em ao menos dois autores discutidos na
disciplina:

O que quero deixar claro [...] é, em resumo, que a partir de tudo o que aprendemos sobre a
estrutura da matéria viva, devemos estar preparados para descobrir que ela funciona de uma
forma que não pode ser reduzida às leis comuns da física. E isso, não sobre o fundamento de
que exista alguma “nova força” ou o que quer que seja dirigindo o comportamento de cada
um dos átomos de um organismo vivo, mas sim porque sua construção é diferente de
qualquer outra coisa que já tenhamos testado em um laboratório de física. Em termos mais
diretos: um engenheiro, familiarizado apenas com motores térmicos, estará preparado,
depois de inspecionar a construção de um dínamo, para descobrir que este funciona baseado
em princípios que ele ainda não entende. Ele vê o cobre, que lhe é familiar por seu uso em
caldeiras, usado aqui sob a forma de longos fios enrolados em bobinas; o ferro, que lhe é
familiar em alavancas, barras e cilindros de motores a vapor, usado aqui para preencher o
interior dessas bobinas de cobre. Ele estará convencido de que se trata do mesmo cobre e do
mesmo ferro; sujeitos às mesmas leis da Natureza e, nisso, estará certo. A diferença na
construção é suficiente para prepará-lo para uma maneira inteiramente diferente de
funcionar. Ele não vai pensar que o dínamo é dirigido por um fantasma, só porque é posto a
girar pelo movimento de um interruptor, sem fornalha ou vapor. [...] O desdobramento de
eventos no ciclo de vida de um organismo exibe uma admirável regularidade e ordem, sem
comparação com qualquer coisa que encontramos na matéria inanimada. [...] Em biologia,
temos uma situação inteiramente diferente. Um só grupo de átomos, existindo em uma cópia
apenas, produz eventos ordenados, maravilhosamente afinados entre si e com o ambiente, de
acordo com as leis mais sutis. [...] não é preciso imaginação poética, mas apenas uma
reflexão científica clara e sóbria, para reconhecer que estamos, no caso, frente a frente com
eventos cujo desenvolvimento regular e ordenado é guiado por um “mecanismo”
inteiramente diferente do “mecanismo probabilístico” da física. Pois é um fato observacional
simples que o princípio-guia em toda célula é corporificado em uma única associação
atômica que existe em apenas uma (às vezes duas) cópia e é também um fato observacional

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que o princípio resulta na produção de eventos que são um paradigma de ordem. Quer
achemos espantoso ou plausível que um pequeno mas altamente organizado grupo de
átomos seja capaz de agir dessa forma, a situação não tem precedentes, sendo desconhecida
em qualquer outro lugar além da matéria viva. [...] A ordem encontrada no desenvolvimento
da vida vem de uma fonte diferente. Parece que existem dois “mecanismos" diferentes pelos
quais eventos ordenados podem ser produzidos: o “mecanismo estatístico”, que produz
“ordem a partir da desordem" e um novo, que produz “ordem a partir da ordem". Para a
mente sem preconceitos, o segundo princípio parece muito mais simples, muito mais
plausível. Sem dúvida o é. Esse é o motivo pelo qual os físicos tanto se orgulhavam de ter
encontrado o outro, o princípio da “ordem a partir da desordem”, que é realmente seguido
pela Natureza e que sozinho permite entender a grande linha de eventos naturais,
primeiramente, sua irreversibilidade. Mas não podemos esperar que as “leis da física” dele
derivadas bastem para explicar o comportamento da matéria viva, cujas mais evidentes
características são visivelmente baseadas no princípio da “ordem a partir da ordem”. Não
seria de esperar que dois mecanismos inteiramente diferentes resultassem no mesmo tipo de
lei. Você não esperaria que sua chave abrisse também a porta do vizinho. Não devemos,
portanto, sentir-nos desencorajados pela dificuldade de interpretar a vida a partir das leis
comuns da física. Pois dificuldade é justamente o que se deve esperar do conhecimento que
adquirimos da estrutura da matéria viva. Devemos estar preparados para nela encontrar um
novo tipo de lei física. Ou devemos dizer uma lei não física, para não dizer superfísica?1

1 Schrödinger, Erwin. O que é vida? O aspecto físico da célula viva seguido de Mente e matéria e Fragmentos
autobiográficos. Tradução de Jesus de Paula Assis e Vera Yukie Kuwajima de Paula Assis. São Paulo: Editora
UNESP, 1977. [ebook]

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RESPOSTA:
E quem somos nós nessa imensidão infinita do universo? Talvez cada um de nós já tenha
feito esta pergunta e buscado incessantemente uma resposta. Questionamos sempre por que
seríamos apenas nós, seres do planeta Terra, únicos habitantes de um infinito de galáxias e planetas.
Se pensamos que sim, elevamos nossa condição de privilegiados em relação a outras existências, se
pensamos que não abrimos possibilidades para questionar nossa significância no universo. Essa
dicotomia nos impulsiona a encontrar respostas para nossas indagações mais inquietantes e com o
olhar mais apurado encontramos no pensamento filosófico de Pascal e John Locke, argumentos e
subsídios que lançam uma luz sobre nossas dúvidas e questionamentos.
Para Pascal, se o homem é nada em relação ao infinito, é tudo em relação ao nada . Para ele, o
homem é parte de um grande mecanismo que funciona independente da sua consciência ou não de
que faz parte dele. Dessa forma ele está numa situação intermediária entre o tudo e o nada, e a ele
não é possível o conhecimento da verdade, pois para isso ele precisaria ter conhecimento dos dois
opostos. É nesse momento que a condição humana é colocada em xeque: afinal, o homem é ou não
humano? Em contrapartida, Locke afirma que o ser humano é um ser biológico, composto de
células como qualquer organismo vivo e o que o difere dos demais é a sua capacidade de pensar,
raciocinar e refletir. Como ser pensante, veria a si mesmo como um produto das suas experiências
vividas mas teria consciência de que ainda assim seria único, e independente do que aconteça no
processo de conhecimento de si mesmo não perca sua identidade.
Vivemos uma época distanciamento das nossas verdades mais intrínsecas. O contato com o
mundo virtual apesar de nos proporcionar diversos bens, nos afasta das relações verdadeiras,
tornando-as fluidas e superficiais. Nesse ambiente de pouco contato é cada vez mais difícil
gerarmos seres humanos contentes com sua própria existência, questionando se realmente sua
estadia na terra é válida. A interação no ambiente virtual, gera falsos conceitos acerca dos
verdadeiros valores humanos, cria preconceitos e gera sentimentos de insatisfação por fazer os
usuários acreditarem que nunca serão tão valiosos ou perfeitos quanto os modelos difundidos por
mídias sociais que cria consumidores cada vez mais compulsivos em busca de uma perfeição
inatingível.
Talvez se os filósofos vivessem na contemporaneidade se debruçariam sobre esse tema que
existem diversos aspectos que merecem ser analisados a luz dos seus pensamentos e teorias. Nesse
ambiente virtual as pessoas deixam de ser para se tornarem o que outros gostariam que ela fosse, ao
mesmo tempo que uma pessoa pode se sentir incrível por possuir diversos likes em uma foto, se
trouxermos para um ambiente humano e real,é possível que ela se sinta inferior ou infeliz por sua

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condição divergente da exposta na vida virtual. Podemos observar a dicotomia da qual Pascal cita,
ao mesmo tempo que somos tudo se comparados com coisas irrelevantes, também podemos nos
sentir um nada ao defrontarmos com a realidade.
Ainda se pudéssemos atualizar o pensamento de John Locke, quando afirma que a condição
de ser humano é diferente de ser pessoa, analisando que, o que nos torna pessoas é a condição de
pensar e refletir sobre nós mesmos e sobre o tudo que nos cerca, a fim de criarmos um pensamento
crítico veríamos que vivemos em uma sociedade na qual não nos colocaríamos na condição de
pessoas, apenas de humanos, visto que se torna cada vez mais difícil humano que tenham a
preocupação de formar uma consciência crítica diante da sua existência. Dá-se muita importância ao
que realmente não importa, ao que não nos torna pessoas mais capacitadas. A valorização do fútil e
efêmero está em todos os aspectos da vida humana: desde os bens materiais até as relações pessoais,
nada é pensado para durar, dessa forma, precisamos fingir algo que não somos, para obtermos uma
aprovação da sociedade que julga as pessoas que não correspondem aos modelos impostos pela
mídia e por padrões.
Atentamos também para algumas condições de saúde, como a depressão, cada vez mais se
tornando o grande mal do século, independente da classe social, escolaridade, raça ou gênero. A
depressão afasta o indivíduo da sua condição humana, já que há o pensamento crítico se torna cada
vez mais instável, pois há um isolamento do seu eu, se tornando incapaz de analisar os fatos como
são na realidade. Muitas vezes esse isolamento leva a condições extremas de morte e de problemas
psicológicos graves. Esse paciente depressivo não é capaz de se posicionar diante do mundo se
achando sempre na condição de inferioridade e como não tem capacidade de discernimento ele se
torna incapaz de sair dessa condição, achando que ele é merecedor de tal sofrimento. Ele não
vivencia a possibilidade de se transportar de uma condição inferior (o nada) para uma situação de
sucesso(o tudo).
Existem ainda condições inumanas em que muitas pessoas são colocadas que as incapacitam
de ter um olhar crítico sobre si mesmo. Essas pessoas vivem à margem da sociedade, são invisíveis
aos olhos e ignoradas por todos, gerando uma condição da qual é difícil sair. Nessas condições
podemos citar trabalhadores escravos, moradores de periferia, negros, comunidade LGBT, mulheres
e outras minorias.
Daí, conclui-se que, caso Locke ou Pascal vivessem nos dias atuais, teriam bastante material
para se debruçar e comprovar seus pensamentos e teorias formuladas há séculos passados e ainda
sim serve como pauta para uma sociedade atual.

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