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INTRODUC::ÁO
......
A ÉTICA
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acima discriminados. Numa segunda parte, de carácter histórico, que preenche 30 • José Manuel Sancos
O mapa e a bússola
urna questáo normativa deverá recorrer a critérios náo empíricos para justificar o
privi légio acordado a um dado modo de agir em rela o amodos concorrentes.
Os juí zos éticos ou morais sao, como dizia Kant, a priori. Daí que qualquer
resposta dadaa urna questáo normativa seja imediatamente seguida daquestáo
«porque?».
Isto significa-que a tarefa da ética náo se fica por urna orienta<;:áo
mecanica do agir, mas inclui igualmente a justificaráo de urna determinada
maneira de
agir. É sobretudo por este esfor<;:o de justifica<;:áo de modos de agi que a
ética se distingue dos meios pré-éticos que todas as sociedades humanas
colocam a
disposi<;:á:'o dos seus membros para os orientar na vida individual e social. Estes
meios sao o conjunto de regras, mandamentos ou preceitos constituintes de
urna tradi o cultural. As tradi<;:óes culturais pré-modernas esta.o normalmente
associadas a conteúdos e vivencias de carácter religioso.
justificas;ao, verificam-se assinaláveis diferens;as entre as épocas. Como notava «valores», sao frequentemente desrespeitados (porque acreditar em valores e apli
Hegel (1770-1831) no seu tempo, e a sua afirmas;ao é talvez ainda mais perti car valores que ninguém respeita e em que poucos acreditam?); b) porque se
nente actualmente, «aquilo que nos nossos dias pretende ser válido já nao o duvida que esses valores tenham um fundamento sólido; c) porque surgem cir
pode ser apenas por obra daviolencia, do hábito ou dos costumes, mas por evi cunstancias e desafios em que as normas vigentes parecem insuficientes para
dencia e razóes»2. Esta exigencia de «evidencias e razóes» pode explicar, em di dar respostas orientadoras.
versas épocas, um recrudescimento da procura em matéria de teoría ética. Na história do Ocidente podemos identificar tres momentos-chave em
Finalmente, urna última causa possível do aumento da procura de ética que se verificou um tal acréscimo da necessidade de reflexáo ética.
reside em desafios exteriores a evolus;ao imanente das culturas e das cren<;:as
individuais ou colectivas. Na nossa época, em particular, surgiram desafios I) Antiguidade grega (séculos V e IV a. C.). Nascimento da reflexao ética
completamente inéditos, literalmente impensáveis mesmo num pass do ainda na época de Sócrates (470-399 a. C.). A ética como disciplina filosófica autó
recente, ligados ao desenvolvimento da técnica moderna e as suas noma e sistemática é fundada por Aristóteles (384-322 a. C.). A interrogas;áo
implicas;óes para a vida humana na Terra. O facto de os comportamentos da ética de Sócrates nasce do facto de os valores legados pela tradis;ao estarem,
geras;ao pre sente, nomeadamente no uso de técnicas como o nuclear ou as no
biotecnologías,
poderem pór em causa a sobrevivencia de geras;óes futuras, por exemplo, 2 Hegel, 1821, 483. Grundlinien der Philosophie des Rechts, § 316. Referéncias bibliográficas: ver
cons titui um desafio a ser reflectido numa perspectiva ética. Bibliografia.
seu tempo, a ser postos em causa pela sociedade e pela especulas;ao teórica dos
chamados «sofistas». Na ausencia de valores orientadores é o indivíduo que
tem de encontrar por si próprio resposta a pergunta central que se coloca a to
dos os seres humanos a quemé dada urna vida: «Como devo viver?», talé a
questao ética formulada por Sócrates. As pessoas poderao, sem dúvida, viver
sem se preocuparem com ela, viver para o sucesso social e material ou sim
plesmente para o pra:zer imediato, mas também há os que sofrem daquilo a
que se poderia chamar urna inquietude ética, e que pensam, como dizia Só
crafés, que «urna vida sem exame», sém justificas;ao do modo de viver e em
que o sujeito nao procure critérios de resposta a questao ética, «nao vale a
pena ser vivida».
...\..,
1 «Auconomia» vem do grego autonomos, que, por seu turno é um composro de nomos, «lei».
O termo tem um sentido oposco a «hereronomia». Auto-nomos é, a letra, aquele que se rege pela sua pró
pria lei. Hetero-nomos, alguém que se rege por urna «lei» que nao vem de si, que rem origem na vontade
de ourrem ou em algo exterior.
Introduc;:áo a hrica • 37
.. 111) Época actual. O factor inédito que explica, hoje, o aumento do inte
resse pela ética reside, antes de mais, num certo número de desafios que seco
locam ao hornero hodierno. Estes novas desafios sao sobretudo derivados da 38 • José Manuel Sancos
O êthos e o ethos
modo, objecto de escolhas humanas e deverá ser um «bom» carácter, este sen
tido do termo já é «ético». Para Aristóteles, esta aquisi¡;:ao tem lugar - para
digmaticamenteno processo educativo - através da aquisi¡;:ao de hdbitos, que,
por seu turno, se ganham pela execu¡;:ao reiterada de actos correspondentes.
Adquirir um bom hábito passa por repetir as boas ac¡;:óes correspondentes. Social
mente, os hábitos considerados bons correspondem aos (bons) costumes ou
usos de urna dada sociedade.
Existe, por exemplo, o coscume de dizer «bom dia», «boa tarde» ou «boa
noite» a urna pessoa conhecida que se acaba de encontrar; dizem;s «até ama
nha» quando nos separamos de alguém. As crian¡;:as muito novas, cqnstitucio
nalmente egocentricas e ainda pouco conscientes do sentido e da importancia
dos costumes sociais, tem de ser frequentemente lembradas, ou mesmo obri
gadas pelos país a efectuar cenos gestos - «diz bom dia a senhora!», «diz ob
rigado a tia!» -· para adquirirem os hábitos correspondentes e respeitarem
os bons costumes. Qual a rela¡;:ao entre o carácter e os coscumes? A
etimología de
«ética» pode dar alguns elementos de resposta a esta questao.
Paralelamente a termo ethos, carácter, o grego antigo tem ainda um ou tro,
foneticamente quase identico, ethos, que significa «hábito» ou «costume» e só
se distingue do primeiro pela vogal inicial. Ethos (carácter) escreve-se coma
vogal inicial longa eta (TJ); ethos (hábito, costume) escreve-se coma vogal inicial
épsilon (E), que é curta.
Se a ética, hoje, se chama ética, isso deve-se a importancia central desees
dois conceitos na ética de Aristóteles. Para a etimología do termo ética, con
tudo, o primeiro é, manifestamente, o mais importante. O étimo de «ética» é
ethos e nao ethos. Para Aristóteles a ética come¡;:a por ser urna «disciplina relativa
as questóes do cardcter»4, enquanto, por exemplo, para Kant será urna «meta
física dos costumes». Conviria saber porque.
O carácter é um núcleo ético relativamente estável da personalidade do
sujeito, o conjunto de qualidades éticas adquiridas, qualidades do carácter.
4 «Peri ta ete pragmateia», Ret6rica, I, 1356 a26 e 1359 610. Na Política (por exemplo em Po!., IV,
1235 a36) Aristóteles refere-seas suas próprias obras de ética como ta ethika. A ética seria a «parte da
ciencia que estuda o carácter», Magna moralia, 1181a24.
Por seu turno, os costumes, outro significado de ethos, sao hábitos sociais
Estas qualidades podem ser boas ou más, ou seja, «virtudes» (como, por que nao só sao aceites, mas normativamence prescritos numa dada sociedade.
exem plo, coragem, modera¡;:ao, lealdade, veracidade, etc.) ou defeitos Por exemplo: há o costume de dizer «bom día» as pessoas conhecidas que
(cobardía, descontrolo, deslealdade, falsidade, etc.). As acroes de um en
sujeito sao, em boa contramos. Num costume está implícita urna norma social, que pode ser expli
parte, expressao do seu carácter, sendo, assim, geralmente previsíveis e citada em cerras situa¡;:óes como, por exemplo, na educa¡;:ao das crian¡;:as. No
confor mes as qualidades (positivas ou negativas) desse carácter. exemplo referido a norma é «deves sempre saudar as pessoas conhecidas que
Entre as ac¡;:óes e o carácter existe urna rela¡;:ao circular algo paradoxal: encontras». É óbvio que o facto de urna crian¡;:a ser educada numa comuni
por um lado, o carácter está ná origem dos actos, é a «fonte»S de que dade que se caracteriza pelos seus «bons costumes» facilitará a forma¡;:ao nela de
brotam as ac um carácter igualmente «bom,,.
¡;:óes particulares do sujeito, que sao normalmente consonantes com esse Todavia, a rela¡;:ao existente entre o ethos-costume e o ethos-carácter nao é
ca rácter. Por outro lado, o carácter tém origem nos hábitos (ethe), portanto urna simples rela¡;:ao mecanica de causa a efeito. Se é verdade que o carácter
em actos singulares. A aquisi¡;:ao ou formaráo do carácter, visto que este «ético» nao é um produto da natureza (algo inato ou hereditário), também nao
nao é na tural ou, como diríamos hoje, hereditário, faz-se por habitua¡;:ao, se pode dizer que ele seja um simples produto da «sociedade», a mera adop o
\..
ou seja, pra ticando repetidamente determinados actos - que podem
5Ametáfora do carácter como «fonte» provém do filósofo escóico Zenao de Chipre: «o carácter
ser bons ou maus. Daí que Aristóteles afirme que o ethos-carácter provém (ethos) é a fome da vida (pege biou) deque brotam asao;óes singulares (kata meros praxeis)»,citado em
do ethos-hábito6. Prati car reiteradamente boas ac¡;:óes induz a forma¡;:ao Max Pohlenz, Die Stoa. Geschichte einergeistigen Bewegung, Vandenhoeck & Ruprecht, Gottingen, 1984,
p. 128.
de um bom carácter, e de alguém com um «bom» carácter esperamos que 6 EN, l 103a15sq.
fa¡;:a boas ac¡;:óes. Neste caso te rnos um círculo virtuoso; no caso de as
ac¡;:óes serem más, um círculo vicioso. a Ética
lntroduo¡ao • 41
ética ou filosofia prática, no início do segundo livro da Ética a Nicómaco: «nao é
para saber em que consiste a virtude na sua essencia que efectuamos esta in
vestigac.;ao [isto é, que elaboramos urna ética], mas para nos tornarmos bons
dos costumes sociais, a simples interioriza o pelo indivíduo das normas (hin'agathoi ginómetha)»9.
vigentes na sociedade em quevive. lsto porque nao sao só as normas sociais A principal preocupac;ao do autor é, portanto, a formac;ao e, se for caso disso, o
que tem in fluencia nas acc.;óes e, portanto, na formac;ao das qualidades éticas e melhoramento do ethos-carácter. A ética, como disciplina filosófica, comec;ou, assim,
do carácter do sujeito, mas também o logos, no sentido de pensamento por ser urna ética do ethos, e nao do ethos, da norma, dos cri térios do bem. É como
racional, reflexao ou razáo. Os homens, afirma Aristóteles, «agem muitas vezes se a ideia, em si, do que é «ser bom», do que é um «ho rnero excelente», um «bom»
contra oshábitos ou carácter, etc. nao pusesse grandes problemas e fosse, para Aristóteles e para os seus
costumes, bem como contra a natureza, por estarem convencidos, devido a razáo contemporaneos, de algum modo óbvia
(dia ton logon), ser melhor agir de outro modo»?. Ora, como as acc;óes e consensual. A«desorientac.;ao ética», de que fala Ernst Tugendhat em relac;ao
particu lares estao na origem da formac.;ao dos hábitos individuais e do carácter a situac;ao actual, nao se verificava.
(ethos), o logos, a razáo, também poderá influir na formac;ao deste. É por isso A questao ética central era saber como nos tornamos aquilo que somos enquanto
que se pode dizer que «nós somos», enquanto seres que pensam, que possuen:i ethos, ou ainda como podemos melhorar aquilo que somos, através daquilo que
o logos, fazemos. Em termos mais concretos, a questao incidía sobre as acc.;óes, as práticas, os
«de certo modo e em parte, causas parciais das nossas próprias disposic;óes»8 modos de vida susceptíveis de influir sobre o carácter
éticas, ou :-¡a, das qualidades e dos defeitos que constituem o nosso carácter.
Compreende-se, assim, o objectivo principal que Aristóteles atribuí a
7 Poi.,
1332 b6-8.
s EN, 1114 b23.
9 EN, 1103 b26-28.
1
0 Como notaram vários autores, o sentido de éthos vai muito além do que se entende hoje por mo
ralidade ou moral, estando esta apenas centrada na questao do cumprimenco ou da viola<;áo da «norma.. \_,.
moral». Assim, como nota o filósofo espanhol Xavier Zubiri, «o vocábulo éthos tem um sentido infinita
mente mais amplo do que o que damos hojea palavra "ética''. O ético [de éthos] compreende, antes de
mais, as disposi<;óes do homem na vida, o seu carácter, os seus costumes, mas também, naturalmente, o
moral. Na realidade poder-se-ia traduzir [éthos] por "modo ou forma de vida'', no sentido profundo da
palavra.» X. Zubiri, citado em Aranguren, 1997, 23.
lntroduváo a Ética • 43
q9e ele «é», o ethos aponta para a rela<;:áo comos outros, para a dimensáo in buído a mores faz com que a «moral» se refira, antes de mais, a urna ordem so
tersubjectiva e social, colectiva, de normas éticas que se impóem a todos. cial e tenha por objecto valores e normas «morais», aceites como tais pelos
Entre estes dois pólos existe urna tensáo constitutiva que, em caso de con membros de urna dada sociedade.
flito, é resolvida, na ética antiga, a partir do ethos individual. Para Plata.o, por No quadro seguinte sao apresentados os termos gregos e latinos na origem
exemplo, a missáo do bom político é «tornar melhores as almas dos cida de «ética» e «moral», bem como os termos modernos com sentido equivalente
dáos»11, o que significa que o seu ethos terá de ser suficientemente force para ou derivado. Analisaremos em seguida, mais em pormenor, ossentidos actuais
poder agir sobre o ethos colectivo de forma a corrigi-lo ou «melhorá-lo». de «moral» e «ética».
Historicamente, pode dizer-se quea ética comes:ou como urna ética do
ethos, do carácter, e evoluiu para urna ética do ethos-costume e, portanto, das
ETIMOLOGIA DE «ÉTICA►>E
normas que regulamos «costumes». No ponto extremo a que chega esta «MORAL»
evolu<;:_áo,a ética mo derna acaba por expulsar da ética a questáo do ethos (do Termos gregos ethos: carácter, modo de ser ethos: hábito, coscume
carácter) - conside rando-a puramente «empírica», psicológica ou pedagógica - e Termo latino mos, mores: costumes, hábitos, carácter
por se concentrar na do ethos, ou seja, mais precisamente, na quesea.o da
Termos o moral
conformidade dos actos e costurnes com normas morais, para, em seguida, se dar portugueses
amoral
a a «eticidade» (Sittlichkeit,
por tarefa a «fundamen ta<;:áo» destas normas. A tradu<;:áo para latim, por modernos moralida Hegel)
Cícero, dos termos ethos e ethos constitui, de cerco modo, urn primeiro passo no de o ético
SENTIDOS DE (substantivo)
«MORAL>>
• Sentidos Exemplos de uso
lntrodur;áo a Ética • 49
«pessoa moral», por oposic;ao a componente física e/ou biológica do ser norma moral e está consciente da imoralida.de do seu acto. Se considerarmos a
humano. Trata-se, obviamente, de um sentido relacionado com o sentido (E) que moralidade urna dimensáo fundamental da vida humana, o agente do acto imo ral
encontrá náo está fora dela. Existem, contudo, seres cuja experiencia. nao apresenta urna
mos no uso de «moral» como substantivo masculino. Um outro caso particular do tal dimensao. Para caracterizar os comportamentos <lestes seres utiliza-se o
uso de «moral» é aquele em que este adjectivo qualifica algo relativo a ética. Isto
adjectivo amoral, por oposic;:ao a moral. Os actos dos a.nimais, das crianc;:as
acontece, em particular, em textos de autores que prescindem de distirn;:óes
muito novas ou dos adultos afecta.dos por certos distúrbios psíquicos graves15
se manticas entre «ética» e «moral» (quer como substantivos, quer como
sao, propriamente, t1,morais: Ta.mbém se qualifica de «amoral» um sujeito que,
adjectivos). O uso mais corrente de «moral» como adjectivo faz-se por referencia
nao a.presentando distúrbios psíquicos graves, é totalmente desprovido de
aos sen «sen tiáo moral». Mas será que um indiv(duo sem «sentido moral» náo tem
tidos (A) e (F) do substantivo «moral». No primeiro caso, quando se dizque urna acesso a
acc;ao é «moral», quer-se dizer que ela é conforme ªº código moral ou as normas dimensao da moralida.de? A questao de saber se pode de facto existir um indi
morais vigentes numa dadasociedade. Considera-se essa a aocomo moralmente víduo amoral, neste sentido, um verdadeiro «amoralista.», é controversa entre
«correcta». Hoje em dia, em portugues, nota-se urna certa tendencia para usar os
também, neste sentido, o adjectivo «ético/ética»; diz-se que um da.do acto ou teóricos da ética. O sentido do termQ, no entanto, é claro: a.o contrário de um
comportamento é, ou nao é, «ético». É, contudo, preferível dizer que um com
sujeito imoral, um ser amoral nao tem a.cesso a dimensao da moralida.de, a ex
portamento é moral ou imoral, deixando o a.djectivo «ético» para a esfera da ética periencia do moral. A oposic;:ao entre moral e imoral é intramoral; a diferenc;:a
enquanto disciplina filosófica. Um acto imoral nao respeita o código moral vi entre moral e amoral marca a fronteira da esfera da moralidade.
gente, viola as normas morais aceites, numa da.da sociedade ou
universalmente. O uso dos adjectivos «moral» e «imoral» pressupóe, por
SENTIDOS DE (adjectivo)
conseguinte, a re ferencia. a um código·ou a urna norma social de carácter axiológi- «MORAL»
co, que esta.be lece urna diferenra entre um valor positivo e um negativo. Um Senti Exemplos de uso
dos
tal código pode,
sem dúvida, ser encara.do como um facto social, ou seja, como urna coa.cc;:áo da A Moral versus imoral. - O que X fez, roubar, é imoral.
Ser «moral»: comporcamento conforme
sociedade que pressiona. o indivíduo a ter em conta essa. diferenc;:a. e a a.gir de ao código, as normas da moral (nos
acordo como «valor positivo». Toda.via, o código ou a norma nao representa.m sentidos A ou C do termo «moral»), a
apenas «mecanismos» sociais; eles também exprimem, e tem como condic;:ao consciencia moral.
Ser «imoral»: comportamento nao
de possibilidade, urna dimensáo da vida, urna esfera da experiencia humana, na conforme as normas da moral (nos
qual adquirem o seu sentido profundo. Esta dimensao é a moralidade ou o sentidos Aou C), ou a consciencia
moral.
mo ral. A moralida.de apresenta trac;:os próprios que fazem dela urna dimensáo
B Moral versus amoral. - X é completamente desprovido de
ir redutível da vida, distinta de outras dimensóes da experiencia, como, por Ser ,,moral»: percencer a esfera da morali- sentido moral, é um indivíduo
exemplo, as do político, do estético, do religioso, do jurídico, etc. A ética terá amoral. dade, ao moral (no sentido F do termo «mo- - Apesar de ter cometido um
crime, um
como urna das suas principais ta.reías a interpretaráo e caracteriza,ráo da morali ral»). É «amoral» um acto ou urna pessoa in- acto imoral, Raskolnikov tem consciencia -
dade enquanto dimensáo irredutível da vida humana. diferente a moralidade, totalmente alheia a moral do que fez. É um individuo moral.
.
1.ª distinrao"ética/moral 2.ª distinrao ética/moral
(A) MORAL(!): Conjunto de fenómenos,
nor- mas de comportamenro e juíws morais.
Objecto da ética.
(B) ÉTICA (1): Reflexao filosófica sobre a (A) MORAL (2): «Filosofia moral»
moral.
(B) ÉTICA (2): «Ética das virtudes»
Jntrodu\áo a .Ética • 59