O réu não apresentou contestação e foi considerado em revelia. O juiz julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o réu a pagar R$ 58,50 pelos créditos não repassados, acrescido de correção monetária e juros de 1% ao mês desde a citação. Não houve condenação em danos morais ou em custas processuais e honorários advocatícios.
O réu não apresentou contestação e foi considerado em revelia. O juiz julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o réu a pagar R$ 58,50 pelos créditos não repassados, acrescido de correção monetária e juros de 1% ao mês desde a citação. Não houve condenação em danos morais ou em custas processuais e honorários advocatícios.
O réu não apresentou contestação e foi considerado em revelia. O juiz julgou parcialmente procedente o pedido, condenando o réu a pagar R$ 58,50 pelos créditos não repassados, acrescido de correção monetária e juros de 1% ao mês desde a citação. Não houve condenação em danos morais ou em custas processuais e honorários advocatícios.
DECIDO. Cuida-se de hipótese de julgamento antecipado da lide, nos moldes previstos no art. 355, inciso II, do Novo Código de Processo Civil, pois o réu, apesar de devidamente citado, não apresentou contestação, ocorrendo os efeitos da revelia, a qual decreto neste momento. Não vislumbro, pois, na ocasião, nenhum vício que macule o andamento do feito. Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, passo à análise do mérito. Inicialmente, cabe salientar que a relação jurídica estabelecida entre as partes é de natureza consumerista, tendo em vista que a parte requerida é fornecedora de serviço cuja destinatária final é a parte requerente. Portanto, a controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº 8.078/90). A parte autora narra que realizou contrato junto ao requerido, no qual deveria pagar um pacote de serviço pelo valor de R$ 21,50, sendo prometido benefício de receber, em seu celular, crédito no valor de R$ 19,50 todo mês. Afirma que o requerido não cumpriu com o ofertado e, ao buscar informações, a atendente lhe disse que o cadastro feito estava equivocado, que não seria possível repassar os créditos no seu celular. Formulou pedido de condenação da requerida para o pagamento de R$ 58,50, referente aos meses em que o crédito em seu celular não foram repassados, bem como ao pagamento de danos morais. Ante a ausência de contestação, os fatos narrados na inicial tornaram-se incontroversos. Neste caso, Cumpre ressaltar que a informação adequada e clara sobre produtos e serviços no mercado de consumo é direito do consumidor dos mais relevantes, a teor do que dispõem os arts. 6º, III e 46 da Lei n. 8.078/90. E nos contratos de adesão, em que não há margem à discussão das cláusulas impostas aos consumidores aderentes, o dever de lealdade imposto aos contraentes deve ser especialmente observado, obrigando o fornecedor a agir com probidade e boa-fé na confecção do instrumento. Nestes tipos de contratos, o consumidor limita-se a aceitar em bloco (muitas vezes sem sequer ler completamente) as cláusulas, que foram unilateralmente e uniformemente pré-elaboradas pela empresa, assumindo, assim, um papel de simples aderente à vontade manifestada pela empresa no instrumento contratual massificado, restando-lhe a mera alternativa de aceitar ou rejeitar o contrato. O consentimento do consumidor manifesta-se por simples adesão ao conteúdo pré-estabelecido pelo fornecedor de bens ou serviços. Informação inadequada, a teor do art. 6º, inciso III, da Lei 8.078/90, caracteriza falha na prestação de serviço, restando o dever de indenizar. No caso em análise, ainda que o cadastro do autor tenha sido feito equivocadamente, o serviço oferecido pelo autor tem que ser cumprido, pois a decisão do consumidor, em adquirir novo pacote de serviços, foi influenciada em razão da opção de receber crédito em seu celular. Neste caso, deverá o requerido proceder ao pagamento do valor de R$ 58,50 (cinquenta e oito reais e cinquenta centavos), referente aos três meses em que os créditos, no valor de R$ 19,50, não foram repassados ao consumidor. Incabível devolução em dobro, pois não houve pagamento algum pelo autor. Quanto ao pedido de danos morais, sabe-se que o dano moral indenizável é aquele que afeta os direitos da personalidade, assim considerados aqueles relacionados com a esfera íntima da pessoa, cuja violação causa humilhações, vexames, constrangimentos, frustrações, dor e outros sentimentos negativos. Pode ser definido como a privação ou lesão de direito da personalidade, independentemente de repercussão patrimonial direta, desconsiderando-se o mero mal- estar, dissabor ou vicissitude do cotidiano, sendo que a sanção consiste na imposição de uma indenização, cujo valor é fixado judicialmente, com a finalidade de compensar a vítima, punir o infrator e prevenir fatos semelhantes que provocam insegurança jurídica. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o prejuízo imaterial é uma decorrência natural (lógica) da própria violação do direito da personalidade ou da prática do ato ilícito. Assim, o dano moral, de acordo com Sérgio Cavalieri Filho: "deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de modo que, provada a ofensa... está demonstrado o dano moral" (Programa de Responsabilidade Civil. 5ª ed. São Paulo: Editora Malheiros. 2003. p. 99). Desse modo, cumpre à parte lesada apenas provar os fatos que ensejaram a reparação pretendida, sendo desnecessária a prova da violação ao direito da personalidade ou do sofrimento experimentado. No presente caso, a parte autora não logrou demonstrar que teve maculada a sua dignidade e honra, muito menos que tenha sido submetido à situação vexatória ou constrangimento capaz de abalar sua moral, porquanto os fatos narrados na inicial não se configuram potencialmente hábeis a causar dor, vexame, sofrimento ou humilhação que cause angústia e desequilíbrio no bem estar da parte. Não se ignora que a autora possa ter passado por dissabores, todavia, tal fato configura mero contratempo, por não caracterizar ofensa anormal à personalidade, mas aborrecimentos próprios da vida em sociedade. Até porque, deve se ter em conta que nem todos os fatos que as pessoas particularmente consideram desagradáveis e/ou constrangedores são aptos a caracterizar o dever de indenizar. Inexistindo, na hipótese, situação que caracterize a ocorrência do dano moral indenizável, impõe-se a improcedência deste pedido. Em face do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial, para condenar o requerido a efetuar o pagamento do valor de R$ 58,50 (cinquenta e oito reais e cinquenta centavos), referente aos créditos que deveriam ser repassados ao autor. Este valor deverá ser corrigido desde o vencimento, com juros de 1% a.m. desde a citação. Resolvo o processo, com julgamento do mérito, com fundamento no artigo 487, inciso I, do Novo Código de Processo Civil. Incabível a condenação em custas processuais e honorários advocatícios, conforme determinação do artigo 55, "caput", da Lei 9.099/95.
Após o trânsito em julgado, intime-se o requerido para que, no prazo de 15
(quinze) dias, efetue o pagamento do montante a que foi condenado, sob pena de sujeição à multa de 10% (dez por cento), na forma do disposto no §1º artigo 523 do Novo CPC.
Por fim, não havendo novos requerimentos, arquivem-se os autos com as