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O que é ciência forense?

A ciência forense é o conjunto de métodos e técnicas científicas aplicadas para a resolução de


crimes. Na antiguidade as investigações criminais levavam em consideração as confissões e
testemunhos das pessoas, pois as práticas forenses não eram padronizadas. Entretanto, há alguns
escritos que demonstram o desenvolvimento de métodos para solucionar possíveis práticas
criminais. A partir do Século XVI a ciência forense começa a se organizar academicamente, com o
início de estudos sobre a causa e circunstâncias da morte. No século XVIII, foi revelada a primeira
evidência de patologia moderna. Em 1909 foi formada a primeira escola de ciência forense. A
ciência forense tem se desenvolvido cada vez mais e, apesar de não ser tão emocionante quanto se
mostra nas séries, a área é bastante diferenciada e proporciona aos profissionais momentos de
contato com conhecimentos técnicos e científicos, além de auxiliar na investigação de crimes.

Quais são as áreas da ciência forense?


A complexidade envolvendo a ciência forense faz com que esteja envolvida com diversos campos do
conhecimento, como:

Toxicologia forense: voltada para a análise efeitos prejudiciais de substâncias tóxicas no organismo.

Podologia forense: mostra a associação de uma pessoa com a cena do crime, ou para responder
qualquer outra pergunta legal que esteja relacionada ao pé ou calçado.

Patologia forense: consiste em analisar os tecidos e constatar se há algum tipo de alteração que
possa ter sido a causa ou potencializador de um óbito.

Sexologia forense: estuda as ocorrências médico-legais atinentes à reprodução humana, como o


estupro, aborto, infanticídio e a exclusão da paternidade

Odontologia forense: é a especialidade que investiga os processos físicos, psíquicos, químicos e


biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou esqueletizado, e mesmo
fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis.

Linguística forense: atua em casos de chamadas de emergência, pedidos de resgate, comunicações


de ameaça, bilhetes de suicídio, cartas anônimas e verificação de plágio

Geologia forense: atua em casos que necessitam do estudo dos minerais, amostras de solo, fósseis,
etc.

Entomologia forense: utiliza a aplicação do conhecimento da biologia dos insetos e artrópodes para
investigações criminais.

Engenharia forense: é a aplicação de princípios de engenharia na investigação de falhas ou


problemas de desempenho em edificações ou máquinas.

Genética forense: é quando se trabalha com amostras encontradas em locais de crime, você tenta
encontrar vestígios biológicos que possibilitam identificar o autor do crime.

Botânica forense: realiza a análise e tratamento de vestígios vegetais para a obtenção de evidências
científicas na solução de casos.
Arqueologia forense: está relacionada com a aplicação da teoria, métodos e técnicas arqueológicos
em procedimentos de investigação dentro de cenas de crimes modernos ou em contextos
arqueológicos.

Antropologia forense: tentando estabelecer um perfil biológico, auxiliar na determinação da causa


de morte e estimativa do intervalo posterior à morte.

Forense digital: é o ramo da ciência forense que averigua a autoria de um crime virtual.

Criminologia forense: ciência que aborda os diferentes ângulos que resultam num crime, levando
em conta fatores biopsicossociais que compõem o enredo do delito.

O que faz um cientista forense?


O cientista forense, também conhecido como perito criminal ou perito forense, é o
profissional que aplica as técnicas de ciência forense para conseguir evidências para
averiguar os fatos verdadeiros de uma questão. A sua principal tarefa é a coleta de dados e
evidências, por isso ele tem o olhar apurado para conseguir descobrir vestígios que
passariam despercebidos por pessoas não treinadas para a função. A sua atuação
dependerá do campo escolhido para se especializar, não estando restrito apenas a área
criminal. O profissional pode participar de julgamentos, concedendo o seu testemunho
judicial e informando as suas descobertas. Apesar de desempenhar um importante papel
com as provas criminais, a sua função é coletar e analisar as evidências, portanto o cientista
forense não possui o poder de resolver os crimes. Outras características importantes são:
organização, responsabilidade e ser metódico.

Como se tornar um cientista forense?


A forma mais comum de ingressar na profissão é através de concursos públicos para Polícia. Após a
aprovação no concurso, ainda será necessário realizar um curso de formação específica promovido
pela Polícia. Como não há uma graduação em ciência forense, neste segmento é possível encontrar
profissionais formados no curso de Medicina, Fotografia, Farmácia, Engenharia, Química, entre
outros. As técnicas forenses podem ser aprendidas em uma pós-graduação. Desta forma, o
profissional pode unir as habilidades da sua formação com os conhecimentos adquiridos na
especialização. No cargo de Perito Criminal se inicia ganhando R$ 6.867,00 de salário e pode vir a
ganhar até R$ 11.029,00. A média salarial para Perito Criminal no Brasil é de R$ 9.107,00, já nos
Estados Unidos o salário médio anual para perito criminal nos Estados Unidos é de US$ 59.150,
variando entre US$ 35.620 e US$ 97.350.
Casos solucionados pela ciência forense.
Caso PC Farias:
Em 23 de junho de 1996, o empresário e ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à
presidência da república, Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, e sua namorada Suzana
Marcolino foram encontrados mortos na casa de praia de PC, em Maceió. A primeira versão, dada
pela polícia e corroborada pelo perito Fortunato Badan Palhares, era de que Suzana havia matado PC
Farias e, em seguida, se suicidado. Em 1998, a equipe dos peritos Daniel Munhoz e Genival Veloso de
França. contestou o laudo de Badan Palhares. De acordo com a nova perícia, tanto PC quanto Suzana
teriam sido assassinados. Uma divergência crucial entre as perícias se refere à altura de Suzana. A
altura é essencial para saber se o tiro que matou o empresário poderia ter partido de Suzana ou não.
O revólver encontrado na cena do crime não tinha digitais. Se Suzana tivesse matado PC Farias e,
depois, se matado, ela deveria estar com luvas nas mãos, o que não aconteceu. O perito Ricardo
Molina, ao analisar as gravações das ligações do celular de Suzana, constatou a presença de uma
terceira pessoa no local do crime. Fatos como a família Farias ter queimado o colchão e os lençóis
onde estavam os corpos menos de 72h após o crime e os seguranças de PC não terem ouvido os
tiros também provocaram dúvidas a respeito da versão de assassinato seguido de suicídio. Em 18 de
novembro de 1999, a polícia encerrou o inquérito sobre a morte de PC e indiciou os então
seguranças e o irmão do empresário, o ex-deputado Augusto Farias. Quase 16 anos depois, o caso
ainda não foi julgado.

Caso Isabella Nardoni:


Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi morta na noite de 29 de março de 2008. A perícia
concluiu que a menina foi atirada do sexto andar do prédio onde moravam o pai, Alexandre
Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na Zona Norte de São Paulo. A versão do pai e
da madrasta afirmava que alguém teria entrado no apartamento e jogado a menina pela
janela. Segundo o casal, eles teriam chegado ao prédio naquela noite com Isabella e os dois
filhos, Pietro e Cauã. Alexandre Nardoni teria subido primeiro apenas com Isabella, que
estaria dormindo. Depois de deixar a filha na cama, ele teria voltado até a garagem para
ajudar Anna Carolina com os dois meninos. Ao voltar para o apartamento, Alexandre teria
encontrado a porta aberta, a tela de proteção cortada e a menina caída no jardim do prédio.
Mas a perícia desmentiu tal versão: rastros de sangue foram encontrados na porta de
entrada do apartamento do casal, na sala, no corredor e no quarto dos irmãos da menina.
Havia sangue, também, na maçaneta, no carro da família, na tela de proteção e no
parapeito da janela do quarto das crianças. A tela de proteção da janela estava cortada. Os
laudos mostram que havia indícios de que Isabella havia sido espancada antes da queda.
Não havia sinal de arrombamento do apartamento e nem de furto. A perícia revelou,
também, que a menina não foi jogada pela janela agressivamente, mas de forma delicada,
pelos pulsos. Havia marcas da mão e dos joelhos de Isabella logo abaixo da janela. A defesa
dos Nardoni não contestou as provas técnicas, mas sustentou que elas não comprovavam a
culpa do pai e da madrasta de Isabella. Após cinco dias de julgamento, o júri condenou o
casal. Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos e Anna Carolina Jatobá, a 26 anos, em
regime fechado.

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