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ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO


HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Conference Paper · September 2016

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Tatiane Geralda André


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ADMINISTRAÇÃO EM ENFERMAGEM EM UNIDADE
DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: RELATO DE
EXPERIÊNCIA

Tatiane Geralda André¹


Fabiane Melo Heinen Ganassin²

¹Estudante do Curso de Enfermagem da UEMS, Bolsista de IC, Unidade Universitária de


Dourados; Email: tatianeandre1@hotmail.com. Relator
²Professora do Curso de Enfermagem da UEMS, Unidade Universitária de Dourados. Email:
fabiane_heinen@hotmail.com

Introdução: Administração em enfermagem é uma função


inerente ao trabalho do enfermeiro, ou seja, não dá para fazer
enfermagem sem utilizar os conhecimentos da administração.
Assim, a administração dos serviços de enfermagem é atribuição e
responsabilidade privativa do enfermeiro, conforme preconiza a Lei
de Exercício Profissional Nº 7.498/86. Ela pode ser pensada a partir
de dois momentos: a gerência do cuidado e a gerência da unidade
sendo que nos dois momentos o enfermeiro assiste e administra em
níveis diferentes. Objetivo:Este trabalho tem por objetivo relatar as
experiências vivenciadas por uma acadêmica do curso de
Enfermagem da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.
Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo acerca de um relato
de experiência no qual apresenta os desafios e as atividades
vivenciadas durante as aulas práticas da disciplina de Administração
de Enfermagem Hospitalar, do Curso de Enfermagem, da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, no período de
agosto a setembro de 2016 , em um hospital público, no município
de Dourados/MS. Resultados: O gerenciamento no processo de
trabalho da enfermagem tem como foco principal a organização da
assistência que se traduz como o planejamento de ações
compartilhadas que permitirão ao enfermeiro conseguir que sua
equipe desenvolva o trabalho de forma eficiente e de qualidade. As
atividades administrativas desenvolvidas pelo enfermeiro se
referem ao planejamento, organização, comando, coordenação e
controle de atividades realizadas nas unidades de assistência

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propriamente dita. Desta forma, o processo de trabalho do
enfermeiro gerente é amplo e complexo e deve atender as
necessidades da unidade para que o objetivo final, o cuidado, seja
feito de forma efetiva, eficiente e segura. A passagem de plantão e a
visita aos leitos, são pontos chaves para organização da assistência,
pois, serve para estabelecer conhecimento, habilidade e atitude,
além de competência para delegar o trabalho em equipe, facilitando
a tomada de decisão através do planejamento e organização. O
processo de enfermagem engloba a sistematização da assistência de
enfermagem - SAE, que também é uma atividade privativa do
enfermeiro que orienta o trabalho da equipe de enfermagem. É uma
atividade que ajuda o enfermeiro no processo de decisão e avaliação
da assistência prestada pela equipe. A disciplina possibilita a
elucubração e construção do saber e fazer enfermagem e seus
processos administrativos que não devem ser dissociados da
assistência e que devem ser continuamente avaliados.

GT: Práticas Educativas em Saúde

INTRODUÇÃO

A necessidade da administração existe desde antigas


sociedades, entretanto foi com a expansão do processo de produção
industrial na Inglaterra, França e EUA que as mudanças na
organização do trabalho, fizeram com que a prática e a teoria da
(1)
administração/gerência do trabalho ganhassem impulso .
A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência
para) e minister (subordinação ou obediência), significando aquele
que realiza uma função, um serviço, sob um comando, para o outro,
(2)
estando frequentemente associada à função controle .
Administrar é ler os objetivos propostos pelas instituições e
empresas e transformá-los em ação organizacional partindo das
funções administrativas ou seja do planejamento, organização,
direção e controle através do esforço de todos, a fim de alcançar os
objetivos propostos da maneira mais adequada à situação (2).

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A enfermagem moderna surgiu na segunda metade do
século XIX, com Florence Nightingale, sendo que seu início como
profissão científica se deu juntamente com o surgimento da
administração como ciência. A utilização dos conhecimentos
administrativos pela enfermagem vem da necessidade de estar-se
organizando um ambiente terapêutico nos hospitais, constituindo
um saber de administração em enfermagem (3).
Assim, a administração em enfermagem é uma função
pertinente ao trabalho do enfermeiro, pois, não dá para fazer
enfermagem sem usar os conhecimentos da administração. Pode ser
realizada a partir de dois momentos: a gerência do cuidado e a
gerência da unidade sendo que nos dois momentos o enfermeiro
assiste e administra em níveis diferentes.
Em resumo pode-se dizer que na enfermagem, a função
administrativa, consiste no planejamento da assistência, no
provimento de recursos físicos, humanos, materiais e financeiros,
bem como a tomada de decisão, na supervisão e na liderança da
equipe de enfermagem, provisão de recursos necessários à
implantação do plano terapêutico de Enfermagem, utilizando no
decorrer desse processo ações de comando, coordenação,
(4)
acompanhamento, orientação e avaliação da equipe de trabalho .
Além de tudo, é importante ressaltar ainda que consta na Lei
7498/86 que dispõe sobre a regulamentação do Exercício da
Enfermagem em seu art. 11 como atividades privativas do
enfermeiro - direção do órgão de Enfermagem integrante da
estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia
de serviço e de unidade de Enfermagem; organização e direção dos
serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares
nas empresas prestadoras desses serviços; planejamento,
organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de
(5)
assistência de Enfermagem .
Dessa forma o objetivo desse trabalho é relatar as
experiências vivenciadas em aula prática de Administração em
Enfermagem Hospitalar.

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METODOLOGIA

O presente trabalho consiste em um estudo descritivo, do


tipo relato de experiência, realizado durante as aulas práticas da
disciplina de Administração em Enfermagem Hospitalar do 4º ano
de Enfermagem da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
em Unidade de Clínica Médica de um hospital público de
Dourados/MS.
A disciplina visa desenvolver a capacidade de
gerenciamento do processo de trabalho em enfermagem no âmbito
hospitalar, através da integração do acadêmico na rotina hospitalar,
por meio da observação, participação e execução de atividades
prioritariamente administrativas e de investigação em enfermagem.
 As atividades desenvolvidas em aula prática ocorreram no
período de agosto a setembro de 2016, de maneira sistematizada e
intencional, entre outras atividades programadas incluíram:
Passagem de plantão, realização das escalas de atividades, visita aos
leitos, sistematização da assistência em enfermagem (SAE) focos
deste estudo com o intuito de socializar algumas funções do
enfermeiro no processo de trabalho no modelo do cuidado integral
ao paciente internado em unidade hospitalar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Passagem de plantão/ Delegação de Cuidados


A passagem de plantão realizada pelos enfermeiros é a beira
do leito e sempre se mantem a ética, o sigilo e a privacidade. Na
passagem de plantão, utilizam o censo, e sinalizam nele todas as
informações pertinentes a cada paciente. As informações
transferidas sempre constam: nome do paciente, grau de
complexidade, estado geral, alterações no tratamento, se houve
alguma intercorrência e se tem alguma pendência assistencial.
A literatura, nos mostra que a passagem de plantão tem o
objetivo de garantir a sequência de informações durante a

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internação, e assim evitar que a assistência de enfermagem fique
ameaçada. Quando realizada de forma efetiva, a passagem de
plantão pode trazer muitos benefícios para a instituição, para o
paciente e para todos os profissionais envolvidos, garantindo a
continuidade do cuidado (6).
É uma atividade dinâmica e cabe ao enfermeiro coordená-la
e planejá-la, pois se trata de uma forma rápida de transmitir, receber
e delegar atribuições, podendo também, dependendo de como que é
conduzido, levar o paciente a contribuir, cooperando para um
(6)
melhor atendimento de enfermagem .
Após receber o plantão, os enfermeiros fazem a escala de
serviço dos técnicos de enfermagem, atribuindo a cada um a
responsabilidade pelos cuidados integrais dos pacientes. Fazendo
uma divisão por grau de complexidade de assistência, promovendo
uma rotatividade entre eles. Pois a média de permanência na
unidade é de 30 dias de internação, assim, um paciente em cuidados
de maior complexidade não fica a cargo de um único profissional,
evitando sobrecarrega-lo. Essa escala é confeccionada no sistema e
fixada em local de fácil visualização, e depois fixada ou transcrita no
Livro de Escala de Enfermagem.
É importante destacar que quando tem absenteísmo na
equipe de enfermagem maior do que o normal fica difícil fazer a
escala de atividades, pois, há uma sobrecarga de trabalho entre eles.
Dessa forma, carga horária extensa, com poucos funcionários e
muitos pacientes, prejudica a qualidade de assistência de
enfermagem, principalmente devido à complexidade dos cuidados
e estado geral dos pacientes.
O perfil do enfermeiro contemporâneo segue uma
tendência, lhe é exigido que seja um gestor de uma unidade, tenha
competências gerenciais e de liderança, com conhecimento e
entendimento da dimensão da administração do serviço e da
assistência(7). Assim, é importante que ele tenha controle da escala
geral dos funcionários, para que esse desfalque na equipe seja
evitado e com isso não há sobrecarg a de trabalho e
consequentemente uma assistência efetiva e eficiente.

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Visita aos leitos
A visita aos leitos ou corrida de leitos, é o momento em que
há o conhecimento recíproco entre enfermeiro e paciente. Nessa
hora, o profissional identifica o estado de saúde do paciente e suas
necessidades, de forma a determinar prioridades e assumir o
compromisso de uma assistência de enfermagem contínua e de
(8)
qualidade .
Proporciona a interação entre pacientes, familiares e equipe
multidisciplinar, facilita o esclarecimento de dúvidas quanto à
evolução do estado de saúde e à terapêutica adotada e aos
procedimentos a serem realizados. Estimula, ainda, um sentimento
de confiança, favorecendo que os pacientes se sintam seguros e
satisfeitos, o que, diminui a ansiedade e a tensão que podem
influenciar o quadro clínico. Para que seja efetiva e alcance seu o
objetivo, a visita deve ser realizada todos os dias e em todos os
turnos de trabalho dos enfermeiros (8).
Na Clínica Médica a ronda era realizada pelo enfermeiro, o
mesmo já é bem conhecido por todos os pacientes, nota-se o
vínculo criado entre eles, pois, ele realiza todos os dias. Quando é
um paciente novo, ele se apresenta, fala para paciente em caso de
qualquer intercorrência pode chamar ele ou o técnico responsável
por pelo paciente (ele diz o nome do técnico). O enfermeiro avalia o
estado geral dos pacientes, verifica os dispositivos, faz a conferencia
da identificação e também dos riscos que o paciente se encontra.
Nessa ação vemos o potencial como instrumento
estratégico para dar suporte ao planejamento das atividades que
devem ser realizadas.

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)


A SAE é um dos mecanismos que o enfermeiro tem para
aplicar seus conhecimentos técnico - científicos e humanos na
assistência ao paciente e evidenciar sua prática profissional,
colaborando na definição do seu papel (9).
O Processo de Enfermagem deve ser realizado, de modo

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deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou
privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem(10).
No hospital, a SAE começou a ser implementada neste ano.
Na Clínica Médica, os enfermeiros estão realizando gradativamente,
cada turno faz um determinado número de pacientes com o
objetivo de contemplar todos os pacientes. No período matutino, o
enfermeiro realizava a coleta de dados, através de anamnese;
histórico e exame físico, depois fechava os diagnósticos de
enfermagem, fazia planejamento, realizava a prescrição de
enfermagem e por fim, a evolução. A prescrição de enfermagem é
impressa e anexada ao prontuário físico, o mesmo orienta aos
técnicos sobre as atividades prescritas que devem ser realizadas.
Quanto à SAE, identificam-se pontos que atrapalham o
alcance dos seus objetivos: quando os cuidados prescritos são
relacionados aos procedimentos rotineiros e básicos, observa-se
que estes são implementados antes de sua leitura e, posteriormente,
checados. Com isto, a finalidade de orientar a equipe no cuidado ao
paciente não é atingida, uma vez que os cuidados prescritos são de
conhecimento da grande maioria dos auxiliares e técnicos de
enfermagem.
Isto evidencia que a necessidade de educação permanente
junto aos colaboradores de enfermagem para que os cuidados
prescritos pelos enfermeiros sejam efetivos e que realmente
interfiram positivamente no estado clínico do paciente.

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DIAGRAMA DO PROCESSO GERENCIAL DO ENFERMEIRO

Recebe Plantão Verifica os Recursos Humanos

Vê pendências Realiza escala dos técnicos/


Vê as prescrições Divisão por grau de
complexidade dos pacientes

Atualiza Censo diário;


Visita aos leitos
Acompanha Prescrição de
Médica

Realiza Prescrição de
Enfermagem;

Define Grau de complexidade


dos pacientes;

Exames
Serve para estabelecer
Conhecimento, habilidade e atitude

Competência

Delegar trabalho entre a equipe

Saber fazer Saber decidir

Mapa Real
Processo Gerencial do Enfermeiro AÇÕES

Planejamento
Mapa Mental
Organização Direção Controle

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CONCLUSÃO
Administrar em enfermagem não é uma tarefa fácil, e na
maioria das vezes não é considerada uma tarefa nobre. Na
enfermagem para muitos o valor do profissional está em assistir
diretamente ao paciente e também, consideram a administração
em enfermagem a culpada pelo distanciamento do enfermeiro da
assistência direta.
Porém, administração em enfermagem faz parte do
cotidiano de trabalho do enfermeiro, que precisa saber realizar as
funções administrativas e aplicar os conhecimentos
administrativos de modo correto, para que se possa alcançar uma
assistência de enfermagem de qualidade.
Dessa forma, a disciplina possibilita a elucubração e
construção do saber e fazer enfermagem e seus processos
administrativos que não devem ser dissociados da assistência e
que devem ser continuamente avaliados.

REFERÊNCIAS

1 Pinheiro TXA. Administração Pública. Rev. Adm. Públ; 3(11); 95-101, 1998.

2 Chiavenato I. Teoria Geral da Administração. São Paulo, MAKRON


BOOKS, 1993.

3 Almeida MCP, Rocha SMM. O trabalho de enfermagem. São Paulo, Cortez,


1997.

4 Vicentim L, Marra CC, Cunha ICKO, Carmagnani MIS, Tacara M,


Fernandes NS. Administração da assistência de enfermagem e a atuação do
enfermeiro. In: Anais. Jubileu de Ouro do Curso de Graduação em
Enfermagem da Escola Paulista de Medicina - Departamento de Enfermagem,
131-142, 1991.

5 Brasil. Lei 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a Regulamentação do


Exercício da Enfermagem e dá outras providências. Brasília: Ministério da
Saúde; 1986.

99
6 Pereira MMM. À beira do leito: sentimentos de pacientes durante a passagem
de plantão em Unidade de Terapia Intensiva. Dissertação (mestrado) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2011, 92 f.

7 Peres AM, Ciampone MHT. Gerência e competências gerais do enfermeiro.


Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 15(3): 492-9, Jul-Set, 2006.

8 Pereira BT, Brito CA, Pontes GC, Guimarães EMP. A passagem de plantão e
a corrida de leito como instrumentos norteadores para o planejamento da
assistência de enfermagem. reme - Rev. Min. Enferm.;15(2): 283-289, abr./jun.,
2011.

9 Andrade EF, Grando SR, Boing JS,Viecelli AM, Silva JBS. Sistematização da
assistência de enfermagem: a criação de uma ferramenta informatizada. s/d.
Disponível em:
http://www.abennacional.org.br/2SITEn/Arquivos/N.121.pdf.

10 Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN nº


358/2009, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem
em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de
Enfermagem, e dá outras providências. In: Conselho Federal de Enfermagem
[legislação na internet]. Brasília; 2009. [citado 2009 out 15]. Disponível em: <
http: //www.portalcofen.gov>.

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