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Moacir Neto

Graduado em Direito pela UniFanor | Wyden


Defensor Publico de Mato Grosso
Especialista em Ciências Penais

Victor Pinho
Graduado em Direito pelo Centro Universitário Farias Brito
Aprovado no concurso de Juiz do TJ.CE
Assessor Jurídico com atuação em vara criminal

código de defesa do consumidor (n. 8.078/1990)

NETO, Moacir; PINHO, Victor. Código de defesa do consumidor


(N. 8.078/1990). Fortaleza: Ouse Saber, 2020.

Consumidor Direito. Defesa do Consumidor.


ISBN:– 978-65-990143-6-9.
#LEGIS

Proposta do Legis

A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-
sos públicos do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públi-
cos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei
é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova
objetiva, o conhecimento adequado da legislação.

Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante.
Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legis-
lação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na
preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários
rápidos e objetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamen-
to do conteúdo estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e
organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias.

É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e
agradável possível.

Bons estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
#LEGIS

Sumário

Plano de Leitura da Lei:

Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 4º


Dia 02....................................................................... Dos Arts. 12º ao 27º
Dia 03....................................................................... Dos Arts. 28º ao 45º
Dia 04....................................................................... Dos Arts. 46º ao 80º
Dia 05..................................................................... Dos Arts. 81º ao 119º

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DIA 1 Comentários: o artigo 2º, caput, do CDC traz a


figura do consumidor stricto sensu ou standard.
É entendimento da doutrina que o caput do arti-
Disciplina: Direito do Consumidor. go tem relação com o elemento teleológico: uso
Responsável: Prof. Moacir Neto. como destinatário final. Assim, se ocorrer de uma
empresa utilizar os serviços ou aquisição de pro-
Dia 01: Do Art. 1ª ao 4º.
dutos com o fim de incremento da atividade pro-
dutiva, isto é, como insumo, não será caracteriza-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 da a relação de consumo, e devem ser afastadas
as normas protetivas do CDC.

TÍTULO I Jurisprudência: Em regra, a jurisprudência do


Dos Direitos do Consumidor STJ afirma que o art. 2º deve ser interpretado de
forma restritiva e que deve ser considerado des-
tinatário final tão somente o destinatário fático
CAPÍTULO I e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa
física ou jurídica. Com isso, em regra, fica excluí-
Disposições Gerais do da proteção do CDC o consumo intermediário,
assim entendido como aquele cujo produto re-
torna para as cadeias de produção e distribuição,
Art. 1° O presente código estabelece nor- compondo o custo (e, portanto, o preço final) de
mas de proteção e defesa do consumidor, de or- um novo bem ou serviço (Min. Nancy Andrighi).
dem pública e interesse social, nos termos dos
arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Embora consagre o critério finalista para inter-
Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. pretação do conceito de consumidor, a jurispru-
dência do STJ também reconhece a necessidade
Comentários: Art. 5º (...) XXXII - o Estado promo- de, em situações específicas, abrandar o rigor
verá, na forma da lei, a defesa do consumidor; desse critério para admitir a aplicabilidade do
CDC nas relações entre os adquirentes e os for-
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e necedores em que, mesmo o adquirente utilizan-
vinte dias da promulgação da Constituição, ela- do os bens ou serviços para suas atividades eco-
borará código de defesa do consumidor. nômicas, fique evidenciado que ele apresenta
vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que
isso é a teoria finalista mitigada, abrandada ou
Comentários: lei de ordem pública pode ser con- aprofundada.
ceituada como toda lei imperativa ou proibitiva
que organiza, disciplina e garante as condições Em suma, a teoria finalista mitigada, abrandada
existenciais da sociedade e o seu funcionamen- ou aprofundada consiste na possibilidade de se
to, que defende o interesse de todos, e não pode admitir que, em determinadas hipóteses, a pes-
ser alterada pela vontade ou por convenções dos soa, mesmo sem ter adquirido o produto ou ser-
particulares. viço como destinatária final, possa ser equipara-
da à condição de consumidora, por apresentar
frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade.
Jurisprudência: São, portanto, indisponíveis e
inafastáveis, pois resguardam valores básicos e Nesse sentido: REsp 1.195.642/RJ, Min. Nancy
fundamentais da ordem jurídica do Estado So- Andrighi, 3ª Turma, julgado em 13/11/2012.
cial, daí a impossibilidade de o consumidor delas São espécies de vulnerabilidade:
abrir mão ex ante e no atacado (STJ, REsp 586316/
MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009). a) Jurídica: A vulnerabilidade jurídica ou
científica pressupõe falta de conhecimento
jurídico, contábil ou econômico. A vulnera-
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou
bilidade jurídica é presumida no caso do
jurídica que adquire ou utiliza produto ou ser- consumidor não-profissional.
viço como destinatário final.
b) Fática (ou socioeconômica): A vulnera-
bilidade fática ou socioeconômica abrange

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situações em que a insuficiência econômi- Súmula 563, STJ: O Código de Defesa do


ca, física ou até mesmo psicológica do con- Consumidor é aplicável às entidades aber-
sumidor o coloca em desigualdade frente tas de previdência complementar, não inci-
ao fornecedor. dindo nos contratos previdenciários cele-
c)Informacional: Trata-se de uma nova ca- brados com entidades fechadas.
tegoria, antes enquadrada como vulnera-
bilidade técnica. A vulnerabilidade infor- § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou
macional ocorre quando o consumidor não imóvel, material ou imaterial.
detém as informações suficientes para rea-
§ 2° Serviço é qualquer atividade forne-
lizar o processo decisório de aquisição ou
cida no mercado de consumo, mediante
não do produto ou serviço.
remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitá-
Parágrafo único. Equipara-se a consumi- ria, salvo as decorrentes das relações de
dor a coletividade de pessoas, ainda que inde- caráter trabalhista.
termináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo. Comentários: No que se refere aos serviços gra-
tuitos, só são excluídos se forem pura ou intei-
Comentários: O parágrafo único traz a figura do ramente gratuitos. Se houver uma remuneração
consumidor em sentido coletivo. A finalidade da indireta (serviços aparentemente gratuitos), im-
equiparação é instrumental: viabilizar a tutela põe-se a incidência do CDC. São aparentemente
coletiva dos interesses dos consumidores, deter- gratuitos, dentre outros:
mináveis ou não, sem que para isso se exija a prá-
tica de um ato de consumo Transporte coletivo para maiores de 65 anos: há
uma remuneração por parte da coletividade de
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou usuários, que, de uma certa forma, submetem-­­se
jurídica, pública ou privada, nacional ou es- a uma tarifa maior para que a gratuidade seja le-
trangeira, bem como os entes despersonaliza- vada a efeito;
dos, que desenvolvem atividade de produção,
Estacionamentos gratuitos em supermercados,
montagem, criação, construção, transformação,
shopping centers, etc.: há uma intenção de remu-
importação, exportação, distribuição ou comer- neração, pois o objetivo é atrair o consumidor ao
cialização de produtos ou prestação de servi- estabelecimento. O fornecedor obtém benefícios
ços. indiretos. A empresa responde, perante o cliente,
pela reparação do dano ou furto de veículo ocor-
Comentários: Fornecedor é quem “desenvolve rido em seu estacionamento (súmula 130 do STJ),
atividade”. Exige-se habitualidade (que não se ainda que o consumidor nada tenha consumido;
confunde com profissionalismo), excluindo-se
da legislação consumerista os contratos celebra- Associação que presta serviços médicos gratui-
dos entre consumidores ou entre o consumidor e tos a seus associados: é evidente a remuneração
o comerciante que age fora da sua atividade-fim. indireta, porquanto esse tipo de associação é
mantida pelo dinheiro captado dos próprios as-
Súmulas: sociados;
Súmula 297, STJ: O Código de Defesa do Empresa de captação e fornecimento de sangue
Consumidor é aplicável às instituições fi- doado: com efeito, embora o doador não receba
nanceiras. nenhuma remuneração e o sangue não possa ser
Súmula 602, STJ: O Código de Defesa do comercializado, o certo é que há uma remunera-
Consumidor é aplicável aos empreendi- ção indireta, pois, a infraestrutura é mantida pelo
mentos habitacionais promovidos pelas preço embutido noutros serviços.
sociedades cooperativas.
Súmula 608, STJ: Aplica-se o Código de De-
fesa do Consumidor aos contratos de plano
de saúde, salvo os administrados por enti-
dades de autogestão.

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Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação:

Foi considerada INCORRETA a seguinte alternati-


va na prova do TJ/BA – Juiz de Direito Subtituto
– BA/2012 – CESPE: “Segundo a corrente finalista
ou subjetiva, o destinatário final é o destinatário
fático, não importando a destinação econômica
dada ao bem nem se aquele que adquire o pro-
duto ou o serviço tem, ou não, finalidade de lu-
cro”.

Foi considerada CORRETA a seguinte alternativa


pela banca CESPE na prova para cargo de Juiz
Federal – TRF-1 – Ano - 2015: “O fornecedor equi-
parado é o terceiro intermediário ou aquele que
auxilia na relação de consumo principal, a exem-
plo dos bancos de dado nos serviços de proteção
ao crédito.”

Foi considerada INCORRETA a seguinte alternati-


va no concurso MP/Piauí – 2002: “Em se tratando
de produto industrial, ao fornecedor cabe prestar
as informações relativas à saúde e à segurança
nas relações de consumo, através de impressos
que devam acompanhar o produto.”

Foi considerada CORRETA a seguinte alternativa


na prova para cargo de Promotor de Justiça –
MPE – SC – SC/2013: “Ainda que no conceito de
serviço presvisto no art. 3º, § 2º, do CDC esteja in-
serido o requisito de que seja prestado mediante
remuneração para que seja considerado como
relação de consumo, também devem ser consi-
derados os serviços oferecidos por meio de re-
muneração indireta, partindo do pressuposto de
que toda atuação do fornecedor no mercado de
consumo tem por objetivo a obtenção de vanta-
gem econômica”.

Anotações:

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CAPÍTULO II hipossuficiência não é requisito das relações de


consumo.
Da Política Nacional de Relações de Consumo
II - ação governamental no sentido de pro-
Art. 4º A Política Nacional das Relações de teger efetivamente o consumidor:
Consumo tem por objetivo o atendimento das a) por iniciativa direta;
necessidades dos consumidores, o respeito à
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção b) por incentivos à criação e desenvolvi-
mento de associações representativas;
de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparên- c) pela presença do Estado no mercado de
cia e harmonia das relações de consumo, aten- consumo;
didos os seguintes princípios: (Redação dada d) pela garantia dos produtos e serviços
pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) com padrões adequados de qualidade, se-
gurança, durabilidade e desempenho.
I - reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo; III - harmonização dos interesses dos
participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consu-
Comentários: A vulnerabilidade é o que justifica
midor com a necessidade de desenvolvi-
a intervenção do Estado no contrato, mediante
mento econômico e tecnológico, de modo
edição de normas cogentes, cujo objetivo é o res-
a viabilizar os princípios nos quais se funda
tabelecimento do equilíbrio da relação ali esta-
a ordem econômica (art. 170, da Constitui-
belecida.
ção Federal), sempre com base na boa-fé
e equilíbrio nas relações entre consumido-
Ressalta-se que há presunção legal absoluta de
res e fornecedores;
vulnerabilidade quando se tratar de consumidor
pessoa física. Ou seja, em qualquer relação de
consumo, a vulnerabilidade do consumidor é IV - educação e informação de fornecedo-
presumida pela lei, sem possibilidade de afasta- res e consumidores, quanto aos seus di-
mento. Porém, em relação às pessoas jurídicas, reitos e deveres, com vistas à melhoria do
a incidência do CDC em seu favor somente seria mercado de consumo;
viável quando demonstrada a sua situação de V - incentivo à criação pelos fornecedores
vulnerabilidade. de meios eficientes de controle de quali-
dade e segurança de produtos e serviços,
Ou seja, a pessoa jurídica, para ser reconhecida assim como de mecanismos alternativos
como vulnerável, deverá demonstrar no caso de solução de conflitos de consumo;
concreto a presença de alguma das espécies de
vulnerabilidade. VI - coibição e repressão eficientes de to-
dos os abusos praticados no mercado de
Além disso, existe a hipervulnerabilidade: vul- consumo, inclusive a concorrência desleal
nerabilidade agravada por alguma circunstância e utilização indevida de inventos e cria-
fática e objetiva, como no caso de doença, gravi- ções industriais das marcas e nomes co-
dez, turistas, crianças e idosos, podendo ser per- merciais e signos distintivos, que possam
manente ou temporária. causar prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos servi-
Assim, o fornecedor poderia se aproveitar dessas ços públicos;
condições e oferecer contratações abusivas, e o VIII - estudo constante das modificações
consumidor aceitaria sem tomar as devidas cau- do mercado de consumo.
telas.

Importante ressaltar a diferença entre vulnera- Art. 5° Para a execução da Política Nacio-
bilidade e hipossuficiência, sendo a primeira um nal das Relações de Consumo, contará o poder
fenômeno de direito material com presunção ab- público com os seguintes instrumentos, entre
soluta – jure et de juris – enquanto a segunda, é outros
um fenômeno processual que deverá ser analisa-
do pelo juiz segundo as regras de experiência. A

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I - manutenção de assistência jurídica, Para Fixação:


integral e gratuita para o consumidor ca-
rente; Foi considerada FALSA a alternativa na prova
II - instituição de Promotorias de Justiça para cargo de promotor de justiça – MPE-GO –
de Defesa do Consumidor, no âmbito do Mi- Ano: 2016: “Por serem os princípios da hipossufi-
nistério Público; ciência e da vulnerabilidade conceitos jurídicos,
pode-se afirmar que todo consumidor é vulnerá-
III - criação de delegacias de polícia espe- vel e, logicamente, hipossuficiente”.
cializadas no atendimento de consumido-
res vítimas de infrações penais de consu-
mo;
A banca CESPE considerou CORRETA a alternativa
IV - criação de Juizados Especiais de Pe- na prova para cargo de juiz do TJ/PA – Ano 2012:
quenas Causas e Varas Especializadas para “O CDC autoriza a intervenção direta do Estado
a solução de litígios de consumo; no domínio econômico, para garantir a proteção
V - concessão de estímulos à criação e efetiva do consumidor.”
desenvolvimento das Associações de De-
fesa do Consumidor.
Anotações:
Anotações sobre os artigos anteriores:

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CAPÍTULO III inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer


outro modo, mesmo por omissão, capaz de indu-
Dos Direitos Básicos do Consumidor zir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, proprie-
dades, origem, preço e quaisquer outros dados
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade dis-
Comentários: O artigo 6º traz, nos seus dez inci- criminatória de qualquer natureza, a que incite
sos, a síntese dos direitos que estão postos à dis- à violência, explore o medo ou a superstição, se
posição do consumidor. Observe que o mencio- aproveite da deficiência de julgamento e expe-
nado artigo apenas trata sobre as regras gerais, riência da criança, desrespeita valores ambien-
sendo posteriormente detalhados os direitos no tais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a
artigo 8º do CDC. se comportar de forma prejudicial ou perigosa à
      sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade
I - a proteção da vida, saúde e segurança
é enganosa por omissão quando deixar de infor-
contra os riscos provocados por práticas no
mar sobre dado essencial do produto ou serviço.
fornecimento de produtos e serviços consi-
derados perigosos ou nocivos;
V - a modificação das cláusulas contratuais
II - a educação e divulgação sobre o con- que estabeleçam prestações desproporcionais
sumo adequado dos produtos e serviços, ou sua revisão em razão de fatos supervenientes
asseguradas a liberdade de escolha e a que as tornem excessivamente onerosas;
igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre Comentários: A primeira parte do inciso diz res-
os diferentes produtos e serviços, com es- peito ao instituto da lesão no Código de Defesa
pecificação correta de quantidade, carac- do Consumidor, ensejando o direito de modifi-
terísticas, composição, qualidade, tributos cação da cláusula contratual. Salienta-se que, de
incidentes e preço, bem como sobre os ris- acordo com o CDC, basta a desproporção entre
cos que apresentem; (Redação dada pela as prestações para ser possível a modificação da
Lei nº 12.741, de 2012)   Vigência cláusula contratual, sendo dispensável qualquer
requisito subjetivo. Difere-se, assim, a lesão do
Jurisprudência: [...] O direito à informação visa CDC da lesão do CC, já que pelo Código Civil, para
a assegurar ao consumidor uma escolha cons- a caracterização da lesão, é necessário que haja
ciente, permitindo que suas expectativas em premente necessidade ou inexperiência da parte
relação ao produto ou serviço sejam de fato lesada.
atingidas, manifestando o que vem sendo deno-         
minado de “consentimento informado” ou “von-
tade qualificada” (Resp 1121275/SP, Rel. Ministra Comentários: a segunda parte do inciso V diz
Nancy Andrighi, 3ª T. julgado em 27/03/2012, DJe respeito à onerosidade excessiva, ensejando o
17/04/2012). direito à revisão das cláusulas contratuais em
razão de fatos supervenientes que as tornem ex-
   cessivamente onerosas.
IV - a proteção contra a publicidade enga-
nosa e abusiva, métodos comerciais coer- O Código de Defesa do Consumidor adota a teo-
citivos ou desleais, bem como contra prá- ria do rompimento da base objetiva do negócio
ticas e cláusulas abusivas ou impostas no jurídico, dispensando a imprevisibilidade do fato
fornecimento de produtos e serviços; posterior, ou seja, basta que o fato superveniente
altere objetivamente as bases pelas quais as par-
tes contrataram, tornando o contrato excessiva-
Artigo correspondente: mente oneroso para o consumidor.
Difere, desse modo, da teoria da imprevisão ado-
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou tada pelo Código Civil, segundo a qual é possível
abusiva. a revisão do contrato em razão de algum fato
superveniente imprevisível que o torne excessi-
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de infor- vamente oneroso. Além disso, o CDC não exige
mação ou comunicação de caráter publicitário, que haja extrema vantagem para a outra parte,

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ao contrário do que preceitua o artigo 478 do Có- Parágrafo único.  A informação de que
digo Civil. trata o inciso III do caput  deste artigo deve ser
acessível à pessoa com deficiência, observado
Jurisprudência: “O preceito insculpido no inciso o disposto em regulamento.  (Incluído pela Lei nº
V do artigo 6º do CDC dispensa a prova do caráter 13.146, de 2015)    (Vigência)
imprevisível do fato superveniente, bastando a
demonstração objetiva da excessiva onerosidade Art. 7° Os direitos previstos neste código
advinda para o consumidor” (STJ, REsp 370598/ não excluem outros decorrentes de tratados ou
RS, DJ 01.04.2002, Rel. Min. Nancy Andrighi). convenções internacionais de que o Brasil seja
signatário, da legislação interna ordinária, de re-
VI - a efetiva prevenção e reparação de gulamentos expedidos pelas autoridades admi-
danos patrimoniais e morais, individuais, nistrativas competentes, bem como dos que de-
coletivos e difusos; rivem dos princípios gerais do direito, analogia,
VII - o acesso aos órgãos judiciários e ad- costumes e eqüidade.
ministrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, Parágrafo único. Tendo mais de um autor a
individuais, coletivos ou difusos, assegu- ofensa, todos responderão solidariamente pela
rada a proteção Jurídica, administrativa e
reparação dos danos previstos nas normas de
técnica aos necessitados;
consumo.
VIII - a facilitação da defesa de seus direi-
tos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quan- Anotações sobre os artigos anteriores:
do, a critério do juiz, for verossímil a ale-
gação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de expe-
riências;

Comentários: O CDC adotou a regra da distribui-


ção dinâmica do ônus da prova, podendo o ma-
gistrado redistribuir (inverter) o ônus da prova,
caso seja verificada a verossimilhança da alega-
ção ou hipossuficiência do consumidor.

Jurisprudência: A inversão do ônus da prova,


nos termos do art. 6°, VIII, do CDC, não ocorre ope
legis, mas ope judicis, vale dizer, é o juiz que, de
forma prudente e fundamentada, aprecia os as-
pectos de verossimilhança das alegações do con-
sumidor ou de sua hipossuficiência. (Tese 03 da
edição nº 39 da Jurisprudência em Teses do STJ).
   
INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA 
Ope Judicis  Ope Legis 
Art. 12, § 3º, II 
Artigo 6º, VIII  Art. 14, § 3º, I 
Art. 38 

IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos ser-
viços públicos em geral.

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#LEGIS

Para Fixação: CAPÍTULO IV

A banca CESPE, em 2007, no concurso do TJ/AC, Da Qualidade de Produtos e Serviços, da


considerou CORRETA a seguinte assertiva: “se- Prevenção e da Reparação dos Danos
gundo o entendimento jurisprudencial do STJ, os
contratos de seguro por danos pessoais abran-
gem automaticamente os danos patrimoniais e SEÇÃO I
morais”.  Da Proteção à Saúde e Segurança

Comentários: Os artigos 8º, 9º e 10, todos do


A banca CESPE na prova para Defensoria Pública/ CDC, cuidam da responsabilidade “pós-contra-
AL – Ano: 2009, considerou CORRETA a seguinte tual”. Assim, o fornecedor, mesmo já havendo
alternativa: “O preceito do CDC de que constitui lançado o produto ou serviço ao mercado de
direito básico do consumidor a modificação das consumo, continua sendo responsável pelo alto
cláusulas contratuais que estabeleçam presta- grau de periculosidade ou nocividade que aquele
ções desproporcionais ou sua revisão em razão possua.
de fatos supervenientes que as tornem excessi-
vamente onerosas dispensa a prova do caráter Serão três os tipos de modalidades de riscos:
imprevisível do fato superveniente, bastando a
demonstração objetiva da excessiva onerosidade a) risco tolerado (artigo 8º);
advinda para o consumidor”.
b) periculosidade ou nocividade potencial
(artigo 9º) e
c) periculosidade adquirida ou alto grau de
A banca CESPE na prova para Defensor Público nocividade (artigo 10).
– SE/2012, considerou ERRADA a seguinte asser-
tiva: “De acordo com decisão pacificada no STJ,       
a inversão do ônus da prova do direito consume- Art. 8° Os produtos e serviços colocados
rista é regra de julgamento, ou seja, deve ser ana- no mercado de consumo não acarretarão riscos
lisada na sentença” à saúde ou segurança dos consumidores, ex-
ceto os considerados normais e previsíveis em
Anotações: decorrência de sua natureza e fruição, obrigan-
do-se os fornecedores, em qualquer hipótese,
a dar as informações necessárias e adequadas a
seu respeito.

§ 1º  Em se tratando de produto industrial,


ao fabricante cabe prestar as informações
a que se refere este artigo, através de im-
pressos apropriados que devam acompa-
nhar o produto.   (Redação dada pela Lei nº
13.486, de 2017)
§ 2º  O fornecedor deverá higienizar os
equipamentos e utensílios utilizados no
fornecimento de produtos ou serviços, ou
colocados à disposição do consumidor, e
informar, de maneira ostensiva e adequa-
da, quando for o caso, sobre o risco de con-
taminação.   (Incluído pela Lei nº 13.486, de
2017)

Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços


potencialmente nocivos ou perigosos à saúde
ou segurança deverá informar, de maneira os-

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#LEGIS

tensiva e adequada, a respeito da sua nocivida- Veja que o acórdão foi minucioso em sua argu-
de ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de mentação, citando, inclusive, casos semelhantes
outras medidas cabíveis em cada caso concreto. em outros Estados da Federação; esclarecen-
do que o procedimento Recall é muito comum,
atualmente, entre as fábricas de automóveis;
Jurisprudência: (...) 3. O comando do art. 9º, do que só haveria culpa do consumidor, caso ele não
Código do Consumidor, indica os direitos básicos atendesse ao chamado da fábrica para o conser-
do consumidor à informação adequada e clara to da peça, mas que, como a correspondência foi
sobre o produto e sobre os riscos que apresen- enviada muito após o evento danoso, o consu-
ta, sobretudo, tratando-se de produto poten- midor fica isento de qualquer responsabilidade;
cialmente nocivo à saúde, cuja informação deve além de outros fundamentos, conforme podem
ser feita de maneira ostensiva, a despeito da Lei ser constatados às fls. 426/434. (STJ, AgRg no Ag
9.294/96 ter deixado de classificar como alcoóli- 555049/ PB, voto do Min. Rel. Aldir Passarinho Jú-
cas as bebidas com teor menor que 13 graus Gay nior, DJ 23.8.04).
Lussac, desviando-se das políticas públicas res-
pectivas.       
4. Assegurado o alerta básico em todos os co- Art. 11. (Vetado).
merciais de produtos alcoólicos, sobre o seu teor
alcoólico, de que o consumo de bebidas em ex- Para Fixação:
cesso pode causar dependência, não deve ser
consumido por gestantes e de que é proibida a Foi considerada CORRETA a seguinte assertiva
venda para menores de 18 anos. (...) (trf 4º r., AC pela banca CESPE na prova para cargo de Juiz
2002.04.04.000611-1 – PR – 3ª T. – Relª Deª Fede- Substituto – TJ – AM – Ano: 2016 “O recall efetua-
ral Inge Barth Tessler, DJ 30.4.2003). do pelo fornecedor mediante anúncios publicitá-
rios não afasta a sua obrigação de reparar o con-
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar sumidor na hipótese de fato do produto pretérito
no mercado de consumo produto ou serviço decorrente desse defeito”.
que sabe ou deveria saber apresentar alto grau
Anotações:
de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança.

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços


que, posteriormente à sua introdução no
mercado de consumo, tiver conhecimento
da periculosidade que apresentem, deve-
rá comunicar o fato imediatamente às au-
toridades competentes e aos consumido-
res, mediante anúncios publicitários.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere
o parágrafo anterior serão veiculados na
imprensa, rádio e televisão, às expensas
do fornecedor do produto ou serviço.
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de
periculosidade de produtos ou serviços à
saúde ou segurança dos consumidores, a
União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios deverão informá-los a respeito.

Jurisprudência: - A circunstância de o adquiren-


te não levar o veículo para conserto, em atenção
a RECALL, não isenta o fabricante da obrigação
de indenizar. (STJ, REsp 1010392 / RJ Rel. Min.
Humberto Gomes de Barros).

13
#LEGIS

DIA 2 Há solidariedade
Responsabilidade civil
entre todos os envol-
pelo fato do serviço. 
vidos na prestação. 
Disciplina: Direito do Consumidor.
Responsável: Prof. Moacir Neto. Art. 12. O fabricante, o produtor, o cons-
Dia 02: Do Art. 12º ao 27º. trutor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de proje-
to, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamen-
SEÇÃO II to de seus produtos, bem como por informações
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e
insuficientes ou inadequadas sobre sua utiliza-
do Serviço
ção e riscos.
        
Comentários: o CDC, ao adotar a premissa da § 1° O produto é defeituoso quando não
responsabilidade objetiva, quebra a regra da res- oferece a segurança que dele legitima-
ponsabilidade subjetiva prevista no CC, fundada mente se espera, levando-se em considera-
na culpa lato sensu, que engloba o dolo (inten- ção as circunstâncias relevantes, entre as
ção de causar prejuízo por ação ou omissão vo- quais:
luntária) e a culpa stricto sensu (desrespeito a
um dever preexistente, seja ele legal, contratual
ou social). I - sua apresentação;
A responsabilidade civil do fornecedor apresen- II - o uso e os riscos que razoavelmente dele
ta-se com a seguinte divisão: se esperam;
III - a época em que foi colocado em circu-
a) responsabilidade pelo fato do produto lação.
(art. 12).
b) responsabilidade pelo fato do serviço § 2º O produto não é considerado defeituo-
(art. 14). so pelo fato de outro de melhor qualidade
ter sido colocado no mercado.
c) responsabilidade pelo vício do produto
(arts. 18 e 19). § 3° O fabricante, o construtor, o produtor
ou importador só não será responsabili-
d) responsabilidade pelo vício do serviço zado quando provar:
(art. 20).
I - que não colocou o produto no mercado;
Há solidariedade II - que, embora haja colocado o produto no
Responsabilidade pelo
entre fabricante e mercado, o defeito inexiste;
vício do produto. 
comerciante. 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de
Não há solidariedade terceiro.
entre fabricante e co-  
merciante. Presente Art. 13. O comerciante é igualmente res-
Responsabilidade pelo uma responsabilida- ponsável, nos termos do artigo anterior, quando:
fato do produto ou de- de direta ou imediata
feito.  do fabricante e uma
responsabilidade sub- I - o fabricante, o construtor, o produtor ou
o importador não puderem ser identifica-
sidiária ou mediata dos;
do comerciante. 
II - o produto for fornecido sem identifica-
Há solidariedade ção clara do seu fabricante, produtor, cons-
Responsabilidade civil
entre todos os envol- trutor ou importador;
pelo vício do serviço. 
vidos na prestação. 

14
#LEGIS

III - não conservar adequadamente os pro- produto, na esteira do que consta dos artigos 12
dutos perecíveis. e 13 do CDC.
      
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pa- § 1° O serviço é defeituoso quando não
gamento ao prejudicado poderá exercer o direi- fornece a segurança que o consumidor
to de regresso contra os demais responsáveis, dele pode esperar, levando-se em consi-
segundo sua participação na causação do evento deração as circunstâncias relevantes, entre
danoso. as quais:

Comentários: a responsabilidade do comercian- I - o modo de seu fornecimento;


te é objetiva e somente ocorre quando verifica- II - o resultado e os riscos que razoavelmente
das as hipóteses dos incisos deste artigo. Nessas dele se esperam;
hipóteses, outrossim, o comerciante responderá
solidariamente aos demais integrantes da cadeia III - a época em que foi fornecido.
de consumo, ressalvada a hipótese de culpa ex-
clusiva.
§ 2º O serviço não é considerado defeituo-
so pela adoção de novas técnicas.
Jurisprudência: 1. A Constituição Federal/88 § 3° O fornecedor de serviços só não será
elegeu a defesa do consumidor como fundamen- responsabilizado quando provar:
to da ordem econômica pátria, inciso V do art.
170, possibilitando, assim, a criação de autar-
quias regulatórias como o INMETRO, com com- I - que, tendo prestado o serviço, o defeito
petência fiscalizatória das relações de consumo inexiste;
sob aspectos de conformidade e metrologia. 2.
As violações a deveres de informação e de trans- II - a culpa exclusiva do consumidor ou de
parência quantitativa representam também ilíci- terceiro.
tos administrativos de consumo que podem ser
sancionados pela autarquia em tela. 3. A respon- § 4° A responsabilidade pessoal dos
sabilidade civil nos ilícitos administrativos de profissionais liberais será apurada mediante
consumo tem a mesma natureza ontológica da a verificação de culpa.
responsabilidade civil na relação jurídica base
de consumo. Logo, é, por disposição legal, so-
lidária. 4. O argumento do comerciante de que Jurisprudência: - Enunciado n. 460 da V Jornada
não fabricou o produto e de que o fabricante foi de Direito Civil: a responsabilidade subjetiva do
identificado não afasta a sua responsabilidade profissional da área da saúde, nos termos do art.
administrativa, pois não incide, in casu, o § 5º do 951 do Código Civil e do art. 14, § 4º, do Código de
art. 18 do CDC. Recurso especial provido. (STJ - Defesa do Consumidor, não afasta a sua respon-
REsp: 1118302 SC 2009/0082309-1, Relator: Mi- sabilidade objetiva pelo fato da coisa da qual tem
nistro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamen- a guarda, em caso de uso de aparelhos ou instru-
to: 01/10/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de mentos que, por eventual disfunção, venham a
Publicação: --> DJe 14/10/2009)      causar danos a pacientes, sem prejuízo do direito
regressivo do profissional em relação ao fornece-
dor do aparelho e sem prejuízo da ação direta do
Art. 14. O fornecedor de serviços respon- paciente, na condição de consumidor, contra tal
de, independentemente da existência de cul- fornecedor.
pa, pela reparação dos danos causados aos con-
sumidores por defeitos relativos à prestação dos Jurisprudência: O médico deverá ser condena-
serviços, bem como por informações insuficien- do a pagar indenização por danos morais ao pa-
ciente que teve sequelas em virtude de compli-
tes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. cações ocorridas durante a cirurgia caso ele não
tenha explicado ao paciente os riscos do proce-
Comentários: No fato do serviço ou defeito, há dimento.
evidente solidariedade entre todos os envolvidos
na prestação, não havendo a mesma diferencia- O dever de informar é dever de conduta decor-
ção para o comerciante prevista para o fato do rente da boa-fé objetiva e sua simples inobser-

15
#LEGIS

vância caracteriza inadimplemento contratual, ciente, não se mostrando suficiente a informação


fonte de responsabilidade civil per se. A indeni- genérica (blanket consent).
zação, nesses casos, é devida pela privação sofri-
da pelo paciente em sua autodeterminação, por O ônus da prova quanto ao cumprimento do de-
lhe ter sido retirada a oportunidade de ponderar ver de informar e obter o consentimento infor-
os riscos e vantagens de determinado tratamen- mado do paciente é do médico ou do hospital,
to que, ao final, lhe causou danos que poderiam orientado pelo princípio da colaboração pro-
não ter sido causados caso não fosse realizado o cessual, em que cada parte deve contribuir com
procedimento, por opção do paciente. os elementos probatórios que mais facilmen-
te lhe possam ser exigidos. STJ. 4ª Turma. REsp
O dever de informação é a obrigação que possui 1540580-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desem-
o médico de esclarecer o paciente sobre os ris- bargador Convocado do TRF 5ª Região), Rel. Acd.
cos do tratamento, suas vantagens e desvanta- Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2018
gens, as possíveis técnicas a serem empregadas, (Info 632).       
bem como a revelação quanto aos prognósticos
e aos quadros clínico e cirúrgico, salvo quando Art. 15. (Vetado).
tal informação possa afetá-lo psicologicamente,
ocasião em que a comunicação será feita a seu Art. 16. (Vetado).
representante legal.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equi-
Para que seja cumprido o dever de informação, param-se aos consumidores todas as vítimas do
os esclarecimentos deverão ser prestados de evento.
forma individualizada em relação ao caso do pa-
Se liga na tabela a seguir:

FORNECEDOR
SITUAÇÃO EXPLICAÇÃO
RESPONDE?

O roubo ou furto praticado contra instituição financeira e que


Furto ou roubo no cofre
atinge o cofre locado ao cliente constitui risco assumido pelo
do banco que estava loca-
SIM banco, sendo algo próprio da atividade empresarial, configu-
do para guardar bens de
rando, assim, hipótese de fortuito interno, que não exclui o
cliente.
dever de indenizar (REsp 1250997/SP, DJe 14/02/2013).

Há responsabilidade objetiva do banco em razão do risco


Cliente roubado no inte-
SIM inerente à atividade bancária (art. 927, p. ún., CC e art. 14,
rior da agência bancária.
CDC) (REsp 1.093.617-PE, DJe 23/03/2009).

Se o roubo ocorre em via pública, é do Estado (e não do


Cliente roubado na rua,
banco) o dever de garantir a segurança dos cidadãos e de
após sacar dinheiro na NÃO
evitar a atuação dos criminosos (REsp 1.284.962-MG, DJe
agência.
04/02/2013).

Cliente roubado no esta- O estacionamento pode ser considerado como uma exten-
SIM
cionamento do banco. são da própria agência (REsp 1.045.775-ES, DJe 04/08/2009).

16
#LEGIS

Tanto o banco como a empresa de estacionamento têm res-


ponsabilidade civil, considerando que, ao oferecerem tal
Roubo ocorrido no esta-
serviço especificamente aos clientes do banco, assumiram
cionamento privado que é
o dever de segurança em relação ao público em geral (Lei
oferecido pelo banco aos
SIM 7.102/1983), dever este que não pode ser afastado por fato
seus clientes e adminis-
doloso de terceiro. Logo, não se admite a alegação de caso
trado por uma empresa
fortuito ou força maior já que a ocorrência de tais eventos
privada.
é previsível na atividade bancária (AgRg nos EDcl no REsp
844186/RS, DJe 29/06/2012).

Passageiro roubado no Constitui causa excludente da responsabilidade da empresa


interior do transporte co- transportadora o fato inteiramente estranho ao transporte
NÃO
letivo (exs.: ônibus, trem em si, como é o assalto ocorrido no interior do coletivo (AgRg
etc.). no Ag 1389181/SP, DJe 29/06/2012).

Tratando-se de postos de combustíveis, a ocorrência de rou-


bo praticado contra clientes não pode ser enquadrado, em
Cliente roubado no pos- regra, como um evento que esteja no rol de responsabilida-
to de gasolina enquanto NÃO des do empresário para com os clientes, sendo essa situação
abastecia seu veículo. um exemplo de caso fortuito externo, ensejando-se, por con-
seguinte, a exclusão da responsabilidade (REsp 1243970/SE,
DJe 10/05/2012).
Fonte: DizeroDireito

VÍCIO (VÍCIO DO PRODUTO) DEFEITO (FATO DO PRODUTO)

O art. 12, § 1º do CDC afirma que defeito diz respeito a circunstâncias


Vício é a inadequação do produ- que gerem a insegurança do produto ou serviço. Está relacionado, por-
to ou serviço para os fins a que se tanto, com o acidente de consumo.
destina. É uma falha ou deficiên-
cia que compromete o produto Ex: Paulo compra um Playstation®, ele liga o aparelho, começa a jogar
em aspectos como a quantidade, e, de repente, o videogame esquenta muito e explode, ferindo-o.
a qualidade, a eficiência etc.
No entanto, a doutrina e o STJ entendem que o conceito de “fato do
Restringe-se ao próprio produto produto” previsto no § 1º do art. 12 pode ser lido de forma mais ampla,
e não aos danos que ele pode ge- abrangendo todo e qualquer vício que seja grave a ponto de ocasionar
rar para o consumidor dano indenizável ao patrimônio material ou moral do consumidor.

Desse modo, mesmo o produto/serviço não sendo “inseguro”, isso po-


Ex: Paulo compra um Playstation® derá configurar “fato do produto/serviço” se o vício for muito grave a
e ele não “roda” todos os jogos. ponto de ocasionar dano material ou moral ao consumidor. Foi nesse
sentido que o STJ enquadrou o caso acima (do piso de cerâmica) como
sendo hipótese de fato do produto.
Prazo para reclamar sobre os ví-
cios é decadencial:
• 30 dias para serviços e produtos O p;razo para ações de reparação por danos causados por fato do pro-
não duráveis; duto ou do serviço prescreve em 5 anos.
• 90 dias para serviços e produtos
duráveis.
Fonte: DizeroDireito

17
#LEGIS

SEÇÃO III cio, a substituição das partes viciadas pu-


Da Responsabilidade por Vício do Produto e der comprometer a qualidade ou caracte-
do Serviço rísticas do produto, diminuir-lhe o valor ou
se tratar de produto essencial.
Art. 18. Os fornecedores de produtos de
consumo duráveis ou não duráveis respondem Comentários: Em regra, o ajuizamento de uma
solidariamente pelos vícios de qualidade ou dessas ações só será possível se o fornecedor não
quantidade que os tornem impróprios ou ina- sanar o vício, reparando a coisa, no prazo de 30
dias. Este prazo, que é de garantia, pode ser am-
dequados ao consumo a que se destinam ou
pliado, no contrato, para o máximo de 180 dias
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles ou diminuído para até 07 dias. Trata-se de um
decorrentes da disparidade, com a indicações prazo de garantia, é impeditivo, portanto, do iní-
constantes do recipiente, da embalagem, rotu- cio da fluência do prazo decadencial.
lagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
      
variações decorrentes de sua natureza, podendo
o consumidor exigir a substituição das partes Jurisprudência: Se o produto que o consumidor
comprou apresenta um vício, ele tem o direito de
viciadas.
ter esse vício sanado no prazo de 30 dias (art. 18,
§ 1º do CDC). Para tanto, o consumidor pode es-
Comentários: A responsabilidade civil dos for- colher para quem levará o produto a fim de ser
necedores pelos vícios do produto ou serviço é consertado: a) para o comerciante; b) para a as-
objetiva, inclusive para os profissionais liberais, sistência técnica ou c) para o fabricante. Em ou-
pois a exceção prevista no § 1º do art. 14 do CDC tras palavras, cabe ao consumidor a escolha para
é restrita aos “acidentes de consumo”, isto é, aos exercer seu direito de ter sanado o vício do pro-
danos pessoais oriundos do fato do serviço, e duto em 30 dias: levar o produto ao comerciante,
não aos danos meramente econômicos que ad- à assistência técnica ou diretamente ao fabrican-
vém dos vícios do serviço. te. STJ. 3ª Turma.REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nan-
         cy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619). 
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo má-
ximo de trinta dias, pode o consumidor § 4° Tendo o consumidor optado pela
exigir, alternativamente e à sua escolha: alternativa do inciso I do § 1° deste artigo,
e não sendo possível a substituição do
bem, poderá haver substituição por ou-
I - a substituição do produto por outro da tro de espécie, marca ou modelo diver-
mesma espécie, em perfeitas condições de sos, mediante complementação ou resti-
uso; tuição de eventual diferença de preço, sem
II - a restituição imediata da quantia paga, prejuízo do disposto nos incisos II e III do §
monetariamente atualizada, sem prejuízo 1° deste artigo.
de eventuais perdas e danos; § 5° No caso de fornecimento de produtos
III - o abatimento proporcional do preço. in natura, será responsável perante o con-
sumidor o fornecedor imediato, exceto
quando identificado claramente seu pro-
§ 2° Poderão as partes convencionar a re-
dutor.
dução ou ampliação do prazo previsto no
parágrafo anterior, não podendo ser infe- § 6° São impróprios ao uso e consumo:
rior a sete nem superior a cento e oitenta
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula I - os produtos cujos prazos de validade es-
de prazo deverá ser convencionada em se- tejam vencidos;
parado, por meio de manifestação expres-
sa do consumidor. II - os produtos deteriorados, alterados,
adulterados, avariados, falsificados, cor-
§ 3° O consumidor poderá fazer uso ime- rompidos, fraudados, nocivos à vida ou à
diato das alternativas do § 1° deste artigo saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em de-
sempre que, em razão da extensão do ví- sacordo com as normas regulamentares

18
#LEGIS

de fabricação, distribuição ou apresenta- II - a restituição imediata da quantia paga,


ção; monetariamente atualizada, sem prejuízo
III - os produtos que, por qualquer motivo, de eventuais perdas e danos;
se revelem inadequados ao fim a que se III - o abatimento proporcional do preço.
destinam.
  § 1° A reexecução dos serviços poderá ser
Art. 19. Os fornecedores respondem soli- confiada a terceiros devidamente capaci-
dariamente pelos vícios de quantidade do pro- tados, por conta e risco do fornecedor.
duto sempre que, respeitadas as variações decor- § 2° São impróprios os serviços que se
rentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for mostrem inadequados para os fins que ra-
inferior às indicações constantes do recipiente, zoavelmente deles se esperam, bem como
da embalagem, rotulagem ou de mensagem pu- aqueles que não atendam as normas regu-
blicitária, podendo o consumidor exigir, alter- lamentares de prestabilidade.
nativamente e à sua escolha:        
Art. 21. No fornecimento de serviços que
I - o abatimento proporcional do preço; tenham por objetivo a reparação de qualquer
produto considerar-se-á implícita a obrigação
II - complementação do peso ou medida;
do fornecedor de empregar componentes de re-
III - a substituição do produto por outro da posição originais adequados e novos, ou que
mesma espécie, marca ou modelo, sem os mantenham as especificações técnicas do fabri-
aludidos vícios;
cante, salvo, quanto a estes últimos, autoriza-
IV - a restituição imediata da quantia ção em contrário do     consumidor.
paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos. Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias ou
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § sob qualquer outra forma de empreendimento,
4° do artigo anterior.
são obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
Comentários: no vício de quantidade não há de contínuos.
se falar em prazo de 30 dias para sanar a irregu-
laridade, podendo o consumidor ajuizar uma das Parágrafo único. Nos casos de descumpri-
quatro ações judiciais mencionadas. O CDC só mento, total ou parcial, das obrigações referidas
prevê o vício de quantidade do produto, mas por neste artigo, serão as pessoas jurídicas compeli-
analogia aplica-se também aos vícios de quanti-
das a cumpri-las e a reparar os danos causados,
dade do serviço.
na forma prevista neste código.

§ 2° O fornecedor imediato será respon- Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre


sável quando fizer a pesagem ou a medi- os vícios de qualidade por inadequação dos pro-
ção e o instrumento utilizado não estiver
aferido segundo os padrões oficiais. dutos e serviços não o exime de responsabilida-
de.
Art. 20. O fornecedor de serviços responde
Art. 24. A garantia legal de adequação do
pelos vícios de qualidade que os tornem impró-
produto ou serviço independe de termo expres-
prios ao consumo ou lhes diminuam o valor,
so, vedada a exoneração contratual do fornece-
assim como por aqueles decorrentes da dispari-
dor.
dade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha: Comentários: O prazo para reclamar o cumpri-
mento da garantia legal está previsto no art. 26,
I - a reexecução dos serviços, sem custo do CDC, sendo de 90 dias caso o serviço ou pro-
adicional e quando cabível; duto seja durável e de 30 dias caso o serviço ou
produto seja não durável. Cumpre observar que,

19
#LEGIS

além da garantia legal, é facultado às partes da Para Fixação:


relação consumerista avençar a garantia con-
tratual. A garantia contratual é complementar a Ano: 2014 / Banca: FCC / Órgão: MPE-PE / Prova:
garantia legal, devendo ser contratada mediante FCC - 2014 - MPE-PE - Promotor de Justiça
termo escrito, não sendo obrigatória como a ga- De acordo com o Código de Defesa do Consumi-
rantia legal. Ademais, vale ressaltar que, no caso dor, a responsabilidade civil pelo fato do produ-
de contratação da garantia contratual, o prazo to, em virtude de danos causados aos consumi-
somente inicia após o término da garantia legal dores, é, como regra geral, do
(obrigatória). Ou seja, caso o indivíduo adquira
um bem durável e contrate a garantia contratual a) fabricante e do comerciante solidariamente.
de 1 ano, seu prazo total de garantia será de 1 ano b) fabricante, apenas.
e 90 dias.
c) fabricante e, subsidiariamente, do comercian-
         te.
GARANTIA LEGAL  GARANTIA CONTRATUAL  d) comerciante e, subsidiariamente, do fabrican-
te.
Decorre diretamente Decorre do acordo/con-
e) comerciante, apenas.
da lei  trato entre as partes 
Obrigatória  Optativa 

Inicia na entrega do
Inicia após o término da Anotações:
produto ou notérmi-
garantia legal 
no do serviço 
Independe da vonta- Depende da vontade das
de das partes  partes 

Art. 25. É vedada a estipulação contratual


de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue
a obrigação de indenizar prevista nesta e nas se-
ções anteriores.

§ 1° Havendo mais de um responsável


pela causação do dano, todos responde-
rão solidariamente pela reparação previs-
ta nesta e nas seções anteriores.
§ 2° Sendo o dano causado por compo-
nente ou peça incorporada ao produto ou
serviço, são responsáveis solidários seu
fabricante, construtor ou importador e o
que realizou a incorporação.

Anotações gerais:

Gabarito: C

20
#LEGIS

SEÇÃO IV § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo


Da Decadência e da Prescrição decadencial inicia-se no momento em que
ficar evidenciado o defeito.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios
aparentes ou de fácil constatação caduca em: Jurisprudência: O Código de Defesa do Consu-
midor, no § 3º do art. 26, no que concerne à dis-
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento ciplina do vício oculto, adotou o critério da vida
de serviço e de produtos não duráveis; útil do bem, e não o critério da garantia, podendo
II - noventa dias, tratando-se de forneci- o fornecedor se responsabilizar pelo vício em um
mento de serviço e de produtos duráveis. espaço largo de tempo, mesmo depois de expi-
rada a garantia contratual. STJ. REsp 984106/SC,
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo deca- Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 20/11/2012.
dencial a partir da entrega efetiva do pro-
duto ou do término da execução dos ser-         
viços. Art. 27. Prescreve em cinco anos a preten-
são à reparação pelos danos causados por fato
Jurisprudência: O STJ entende que o prazo para do produto ou do serviço prevista na Seção II des-
ajuizar ação indenizatória por danos causados te Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a
por vício do produto ou do serviço é o prazo de- partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
cadencial do art. 26 e não o prazo prescricional
do art. 27. A ação de indenização é uma ação con- Jurisprudência: Em caso de pretensão de nu-
denatória, passível de prescrição, mas, como os lidade de cláusula de reajuste prevista em con-
danos são decorrentes de vícios do produto ou trato de plano ou seguro de assistência à saúde
do serviço, o STJ entende que são aplicáveis os ainda vigente, com a consequente repetição do
prazos decadenciais (Info 224). indébito, a ação ajuizada está fundada no enri-
quecimento sem causa e, por isso, o prazo pres-
cricional é trienal, nos termos do art. 206, § 3º, IV,
Súmula: Súmula 477 do STJ: A decadência do
do Código Civil. STJ. 2ª Seção. REsp 1361182-RS,
artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação de
Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Mar-
contas para obter esclarecimentos sobre cobran-
co Aurélio Bellizze, julgado em 10/8/2016 (recur-
ça de taxas, tarifas e encargos bancários.
so repetitivo) (Info 590).
        
§ 2° Obstam a decadência: O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha
do serviço prestado pela instituição financeira,
devendo incidir o prazo prescricional de 5 anos
I - a reclamação comprovadamente for- para a ação de indenização, conforme previsto
mulada pelo consumidor perante o forne- no art. 27 do CDC. STJ. 4ª Turma.REsp 1369579-
cedor de produtos e serviços até a respos- PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
ta negativa correspondente, que deve ser 24/10/2017 (Info 616).
transmitida de forma inequívoca;
II - (Vetado). No que se refere ao prazo prescricional da ação
de indenização por danos morais decorrente da
III - a instauração de inquérito civil, até inscrição indevida em cadastro de inadimplen-
seu encerramento. tes, promovida por instituição financeira ou as-
semelhada, como no caso dos autos, por tratar-
Súmula: Não tem direito à reparação de perdas e -se de responsabilidade extracontratual, incide o
danos decorrentes do vício do produto o consu- prazo de 3 (três) anos previsto no art. 206, § 3º, V,
midor que, no prazo decadencial, não provocou do CC/2002. Não se aplica o art. 27 do CDC, que
o fornecedor para que este pudesse sanar o vício. prevê o prazo de 5 (cinco) anos para ajuizamento
STJ. 3ª Turma. REsp 1520500-SP, Rel. Min. Mar- da demanda, considerando que este dispositivo
co Aurélio Bellizze, julgado em 27/10/2015 (Info se restringe às hipóteses de responsabilidade de-
573). corrente de fato do produto ou do serviço. STJ.
3ª Turma. AgInt no AREsp 663730/RS, Rel. Min. Ri-
cardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/05/2017.
 

21
#LEGIS

Súmulas: Para Fixação:


Súmula 101 do STJ: A ação de indenização do se- Ano: 2008 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-CE /
gurado em grupo contra aseguradora prescreve Cargo: Defensor Público
em um ano.  
Uma explosão, no interior de uma loja localiza-
Súmula 412 do STJ: A ação de repetição de indé- da no centro de uma grande cidade, causou da-
bito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao pra- nos a pessoas que se encontravam no interior e
zo prescricional estabelecido no Código Civil.      no exterior do estabelecimento. Com base nessa
situação e nas normas de proteção e defesa do
consumidor, julgue o item seguinte:
Parágrafo único. (Vetado).
O prazo para requerer a indenização em razão da
Anotações gerais sobre os artigos anteriores: explosão é de cinco anos, contados a partir da
data da ocorrência do evento danoso.

Anotações:

GABARITO: O item está correto. No caso em


questão verifica-se a configuração da relação
de consumo. Portanto, aplica-se ao caso o prazo
prescricional disposto no art. 27 do CDC.

22
#LEGIS

DIA 3 § 4° As sociedades coligadas só responderão


por culpa.
Disciplina: Direito do Consumidor.
Responsável: Prof. Moacir Neto.
SOCIEDADE  RESPONSABILIDADE 
Dia 01: Do Art. 28ª ao 45º.
Grupos societários 
Sociedade controla- Subsidiária 
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
das 
Sociedades consor-
Solidária 
ciadas 
SEÇÃO V
Da Desconsideração da Personalidade Sociedade coligadas  Por culpa 
Jurídica
        
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a per- pessoa jurídica SEMPRE que sua personali-
sonalidade jurídica da sociedade quando, em dade for, de alguma forma, obstáculo ao
detrimento do consumidor, houver abuso de ressarcimento de prejuízos causados aos
direito, excesso de poder, infração da lei, fato consumidores.
ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou con-
trato social. A desconsideração também será Para Fixação:
efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da Ano: 2008 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-CE /
pessoa jurídica provocados por má adminis- Cargo: Defensor Público
tração.
Ano: 2018 / Banca: VUNESP / Órgão: TJ-SP / Pro-
va: Juiz Substituto
CÓDIGO CIVIL  CDC 
Art. 50  Art. 28  Nas obrigações sujeitas ao Código de Defesa do
Consumidor, pelo defeito do produto, as socie-
Hipóteses restritas  Hipóteses amplas  dades

Aplicação da teoria Aplicação da teoria a) coligadas, consorciadas ou integrantes dos


maior  menor  grupos societários e as controladas são solida-
riamente responsáveis, independentemente de
Exige confusão patri- culpa.
Basta haver a insol-
monial ou desvio de b) coligadas só respondem por culpa, as consor-
vência do fornecedor 
finalidade  ciadas são solidariamente responsáveis e as in-
Pode ser aplicada de tegrantes dos grupos societários, ou controladas,
Não pode ser aplicada são subsidiariamente responsáveis.
ofício. O CDC pres-
de ofício. Exige o re-
creve normas de or- c) integrantes dos grupos societários e as con-
querimento da parte
dem pública e inte- troladas são solidariamente responsáveis, as
ou do MP 
resse social.  consorciadas respondem subsidiariamente e as
      coligadas só responderão por culpa.
§ 1° (Vetado). d) consorciadas e as coligadas respondem soli-
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos dariamente, mas só por culpa, e as integrantes
societários e as sociedades controladas, dos grupos societários ou controladas são subsi-
são SUBSIDIARIAMENTE responsáveis pe- diariamente responsáveis.
las obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são SOLI- Anotações:
DARIAMENTE responsáveis pelas obriga-
ções decorrentes deste código.
R – B.

23
#LEGIS

CAPÍTULO V 11. A obrigação de informação é desdobrada pelo


art. 31 do CDC, em quatro categorias principais,
Das Práticas Comerciais imbricadas entre si:

a) informação-conteúdo (= características
SEÇÃO I intrínsecas do produto ou serviço),
Das Disposições Gerais
b) informação-utilização (= como se uso o
produto ou serviço),
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do se-
guinte, equiparam-se aos consumidores todas c) informação-preço (= custo, formas e con-
as pessoas determináveis ou não, expostas às dições de pagamento), e
práticas nele previstas. d) informação-advertência (= riscos do pro-
duto ou serviço). (...)
Comentários: A finalidade da equiparação é am-
pliar o campo de aplicação do CDC, para alcançar 16. Embora toda advertência seja informação,
os consumidores potenciais, assim entendidos os nem toda informação é advertência. Quem infor-
que, sem terem participado, concretamente, de ma nem sempre adverte. (...)
um ato de consumo, estão expostos às práticas 20. O fornecedor tem o dever de informar que o
comerciais e contratuais irregulares e abusivas. produto ou o serviço pode causar malefícios a
um grupo de pessoas, embora não seja prejudi-
SEÇÃO II cial à generalidade da população, pois o que o or-
Da Oferta denamento pretende é resguardar não somente
a vida de muitos, mas também a vida de poucos.
(...) STJ. REsp 586316/MG, Rel. Min. Herman Beja-
Art. 30. Toda informação ou publicidade, min, DJe 19/03/2009.
SUFICIENTEMENTE precisa, veiculada por qual-
quer forma ou meio de comunicação com rela-      
ção a produtos e serviços oferecidos ou apresen- Art. 32. Os fabricantes e importadores
tados, obriga o fornecedor que a fizer veicular deverão assegurar a oferta de componentes e
ou dela se utilizar e integra o contrato que vier peças de reposição enquanto não cessar a fabri-
a ser celebrado. cação ou importação do produto.

Art. 31. A oferta e apresentação de produ- Parágrafo único. Cessadas a produção ou


tos ou serviços devem assegurar informações importação, a oferta deverá ser mantida por pe-
corretas, claras, precisas, ostensivas e em ríodo razoável de tempo, na forma da lei.
língua portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço, ga- Comentários: o dispositivo somente se aplica
rantia, prazos de validade e origem, entre outros aos fabricantes e importadores (e não a “forne-
dados, bem como sobre os riscos que apresen- cedores”, como muitos dispositivos do CDC refe-
rem-se);
tam à saúde e segurança dos consumidores.
O CDC não estabeleceu um prazo nem o que se-
Parágrafo único.  As informações de que ria esse “período razoável de tempo” em que se
trata este artigo, nos produtos refrigerados ofe- deve disponibilizar as peças no mercado. O De-
recidos ao consumidor, serão gravadas de forma creto nº 2.181/97 determina que esse período ra-
indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989, de 2009) zoável é nunca inferior à vida útil do produto ou
serviço (art. 13, XXI).
Jurisprudência: (...)
10. A informação deve ser correta (= verdadeira), Art. 33. Em caso de oferta ou venda por
clara (= de fácil entendimento, precisa (= não pro- telefone ou reembolso postal, deve constar o
lixa ou escassa), ostensiva (= de fácil constatação nome do fabricante e endereço na embalagem,
ou percepção) e, por obvio, em língua portugue- publicidade e em todos os impressos utilizados
sa.
na transação comercial.

24
#LEGIS

Parágrafo único.  É proibida a publicida- por omissão, capaz de induzir em erro o


de de bens e serviços por telefone, quando a cha- consumidor a respeito da natureza, carac-
mada for onerosa ao consumidor que a origi- terísticas, qualidade, quantidade, proprie-
na. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). dades, origem, preço e quaisquer outros
dados sobre produtos e serviços.
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço § 2° É ABUSIVA, dentre outras a publicida-
é SOLIDARIAMENTE responsável pelos atos de de discriminatória de qualquer natureza, a
seus prepostos ou representantes autônomos. que incite à violência, explore o medo ou
a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança,
Jurisprudência: O STJ entende que não é neces- desrespeita valores ambientais, ou que
sária a existência de um contrato típico de traba- seja capaz de induzir o consumidor a se
lho, sendo suficiente a relação de dependência comportar de forma prejudicial ou peri-
ou que alguém preste serviço sob o interesse e o gosa à sua saúde ou segurança.
comando de outrem (STJ, REsp 304.673, Min. Bar-
ros Monteiro, DJ 11/03/2002). § 3° Para os efeitos deste código, a publi-
cidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou do produto ou serviço.
serviços recusar cumprimento à oferta, apre-
sentação ou publicidade, o consumidor poderá, Jurisprudência: O supermercado veiculou pro-
ALTERNATIVAMENTE e à sua livre escolha: paganda em que praticava reduzido preço pro-
mocional para determinado produto, sem que
I - exigir o cumprimento forçado da obri- constasse qualquer limite na quantidade a ser
gação, nos termos da oferta, apresentação adquirida por consumidor. Sucede que, ao ten-
ou publicidade; tar adquirir 50 pacotes do produto em oferta, o
II - aceitar outro produto ou prestação de recorrido foi impedido de comprá-los pelo esta-
serviço equivalente; belecimento comercial, justamente em razão da
grande quantidade pretendida. Diante disso, ao
III - rescindir o contrato, com direito à res- prosseguir o julgamento, a Turma, por maioria,
tituição de quantia eventualmente anteci- entendeu que não houve dano moral na espécie.
pada, monetariamente atualizada, e a per- A Min. Nancy Andrighi, apesar de ter por aceitável
das e danos. a ação preventiva do estabelecimento comercial
de limitar a quantidade do produto em oferta,
SEÇÃO III concedia a indenização em razão da publicidade
Da Publicidade omissa (art. 37 do CDC), que vincula o comercian-
te à oferta sem necessidade de perquirição da
existência da intenção de ludibriar o consumidor,
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada induzi-lo a erro, ou de fazê-lo crer na possibilida-
de tal forma que o consumidor, fácil e imediata- de da aquisição da quantidade almejada. (REsp
mente, a identifique como tal. 595.734-RS, Rel. originária Min. Nancy Andrighi,
Rel. para acórdão Min. Castro Filho, julgado em
Parágrafo único. O fornecedor, na publici- 02/08/2005).
dade de seus produtos ou serviços, manterá, em
seu poder, para informação dos legítimos inte- § 4° (Vetado).
ressados, os dados fáticos, técnicos e científi-
cos que dão sustentação à mensagem. Art. 38. O ônus da prova da veracidade e
correção da informação ou comunicação publi-
Art. 37. É proibida toda publicidade enga- citária cabe a quem as patrocina.
nosa ou abusiva.
Jurisprudência: As empresas de comunicação
§ 1° É ENGANOSA qualquer modalidade não respondem por publicidade de propostas
de informação ou comunicação de caráter abusivas ou enganosas. Tal responsabilidade
publicitário, inteira ou parcialmente fal- toca aos fornecedores-anunciantes, que a patro-
sa, ou, por qualquer outro modo, mesmo cinaram (CDC, Arts. 3º e 38). O CDC, quando trata

25
#LEGIS

de publicidade, impõe deveres ao anunciante – Jurisprudência: Nos contratos bancários em ge-


não às empresas de comunicação (Art. 3º, CDC). ral, o consumidor não pode ser compelido a con-
STJ. REsp 604172/SP, Rel. Min. Humberto Gomes tratar seguro com a instituição financeira ou com
de Barros, DJ 21/05/2007. seguradora por ela indicada. STJ. 2ª Seção. REsp
1639259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseveri-
no, julgado em 12/12/2018 (recurso repetitivo)
Jurisprudência: Trata-se de REsp em que se (Info 639).
discute a corresponsabilidade de determina-
da empresa de comunicação pelo fato de haver
veiculado, em programa de TV, por intermédio Súmula: Súmula 473 do STJ: O mutuário do SFH
de seu apresentador, propaganda enganosa de não pode ser compelido a contratar o seguro ha-
empréstimo oferecido por instituição financeira bitacional obrigatório com a instituição financei-
anunciante, que teria descumprindo os compro- ra mutuante ou com a seguradora por ela indica-
missos assumido no anúncio veiculado. (...) a re- da.
ponsabilidade pelo produto ou serviço anuncia-
do é daquele que confecciona ou presta e não se
II - recusar atendimento às demandas dos
estende à televisão, jornal ou rádio que o divulga.
consumidores, na exata medida de suas
(...) Destarte, a denominada publicidade de palco
disponibilidades de estoque, e, ainda, de
não implica a corresponsabilidade da empresa
conformidade com os usos e costumes;
de televisão pelo anúncio divulgado. E o apre-
sentador atua como garoto-propaganda, e não III - enviar ou entregar ao consumidor,
na qualidade de avalista formal, por si ou pela sem solicitação prévia, qualquer produto,
empresa, do êxito do produto ou serviço para o ou fornecer qualquer serviço;
telespectador que vier no futuro adquiri-los.
Súmula: Súmula 532 do STJ: Constitui prática
SEÇÃO IV comercial abusiva o envio de cartão de crédito
Das Práticas Abusivas sem prévia e expressa solicitação do consumidor,
configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à
Art. 39. É vedado ao fornecedor de pro- aplicação de multa administrativa.
dutos ou serviços, dentre outras práticas  
abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de IV - prevalecer-se da fraqueza ou igno-
11.6.1994) rância do consumidor, tendo em vista sua
idade, saúde, conhecimento ou condição
social, para impingir-lhe seus produtos ou
I - condicionar o fornecimento de produ-
serviços;
to ou de serviço ao fornecimento de outro
produto ou serviço, bem como, sem justa V - exigir do consumidor vantagem mani-
causa, a limites quantitativos; festamente excessiva;
VI - executar SERVIÇOS sem a prévia ela-
Jurisprudência: A prática de venda casada por boração de orçamento e autorização ex-
parte de operadora de telefonia é capaz de rom- pressa do consumidor, ressalvadas as
per com os limites da tolerância. No momento decorrentes de práticas anteriores entre as
em que oferece ao consumidor produto com sig- partes;
nificativas vantagens - no caso, o comércio de VII - repassar informação depreciativa,
linha telefônica com valores mais interessantes referente a ato praticado pelo consumi-
do que a de seus concorrentes - e de outro, im- dor no exercício de seus direitos;
põe-lhe a obrigação de aquisição de um aparelho
VIII - colocar, no mercado de consumo,
telefônico por ela comercializado, realiza prática
qualquer produto ou serviço em desacor-
comercial apta a causar sensação de repulsa co-
do com as normas expedidas pelos órgãos
letiva a ato intolerável, tanto intolerável que en-
oficiais competentes ou, se normas espe-
contra proibição expressa em lei. (REsp 1397870/
cíficas não existirem, pela Associação Bra-
MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
sileira de Normas Técnicas ou outra enti-
SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/2014, DJe
dade credenciada pelo Conselho Nacional
10/12/2014)
de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Conmetro);

26
#LEGIS

IX - recusar a venda de bens ou a presta- § 3° O consumidor não responde por


ção de serviços, diretamente a quem se quaisquer ônus ou acréscimos decorren-
disponha a adquiri-los mediante pronto tes da contratação de serviços de terceiros
pagamento, ressalvados os casos de inter- não previstos no orçamento prévio.
mediação regulados em leis especiais; (Re-
dação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) Art. 41. No caso de fornecimento de produ-
X - elevar sem justa causa o preço de pro- tos ou de serviços sujeitos ao regime de controle
dutos ou serviços. (Incluído pela Lei nº ou de tabelamento de preços, os fornecedores
8.884, de 11.6.1994) deverão respeitar os limites oficiais sob pena
XI -  Dispositivo  incluído pela MPV  nº 1.890- de não o fazendo, responderem pela restituição
67, de 22.10.1999, transformado em inciso  da quantia recebida em excesso, monetaria-
XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, mente atualizada, podendo o consumidor exi-
de 23.11.1999 gir à sua escolha, o desfazimento do negócio,
XII - deixar de estipular prazo para o cum- sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
primento de sua obrigação ou deixar a
fixação de seu termo inicial a seu exclu- Para Fixação:
sivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995) Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Pro-
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste va: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Jus-
diverso do legal ou contratualmente es- tiça – Vespertina
tabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de
23.11.1999) A Lei Federal n. 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor) proíbe a publicidade enganosa, de-
XIV - permitir o ingresso em estabeleci- finida, exemplificativamente, como a publicida-
mentos comerciais ou de serviços de um de que seja capaz de induzir o consumidor a se
número maior de consumidores que o comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
fixado pela autoridade administrativa saúde ou segurança.
como máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425,
de 2017)
      
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova:
Parágrafo único. Os serviços prestados e CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público
os produtos remetidos ou entregues ao consu-
midor, na hipótese prevista no inciso III, equipa- Segundo entendimento da 3.ª Turma e da 2.ª Se-
ram-se às amostras grátis, inexistindo obriga- ção do STJ, em consonância com o Código de De-
ção de pagamento. fesa do Consumidor, a venda casada às avessas,
indireta ou dissimulada, consiste no condiciona-
Art. 40. O fornecedor de SERVIÇO será mento da aquisição de um produto ou serviço
obrigado a entregar ao consumidor orçamento principal à concomitante aquisição de outro pro-
duto, secundário, quando o propósito do consu-
prévio discriminando o valor da mão-de-obra, midor é unicamente obter o produto ou o serviço
dos materiais e equipamentos a serem emprega- principal.
dos, as condições de pagamento, bem como as
datas de início e término dos serviços.

§ 1º Salvo estipulação em contrário, o


valor orçado terá validade pelo prazo de
dez dias, contado de seu recebimento pelo
consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor,
o orçamento obriga os contraentes e so-
mente pode ser alterado mediante livre ne-
gociação das partes.

27
#LEGIS

Anotações gerais sobre as questões anteriores: SEÇÃO V


Da Cobrança de Dívidas

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consu-


midor inadimplente não será exposto a ridícu-
lo, nem será submetido a qualquer tipo de cons-
trangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em


quantia indevida tem direito à repetição do in-
débito, por valor igual ao dobro do que pagou
em excesso, acrescido de correção monetária e
juros legais, salvo hipótese de engano justificá-
vel.

Jurisprudência: (...)
3. O entendimento desta Turma sobre a incidên-
cia do art. 42, parágrafo único, do CDC é pacífi-
co no sentido de que a devolução em dobro não
está condicionada à existência de dolo ou má-fé.
Entretanto, é possível a devolução simples por
engano justificável, cuja prova cabal incumbe ao
fornecedor. Precedente do STJ.

4. Na hipótese dos autos, consignou-se não ter


havido erro imputável à parte recorrida (Enersul),
de modo que, para acompanhar as razões recur-
sais, no ponto, seria preciso verificar o conjunto
fático-probatório, o que é vedado pela Súmula 7/
STJ.

5. A pretensão de que a condenação seja am-


pliada para o período de2003 a 2007 não está
associada a nenhuma violação de dispositivo le-
gal, sendo deficiente a fundamentação recursal
nesse ponto. Aplica-se, por analogia, a Súmula
284/STF. 6. Agravo Regimental não provido. (STJ -
AgRg no REsp: 1275775 MS 2011/0211251-6, Rela-
tor: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julga-
mento: 25/10/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data
de Publicação: DJe 28/10/2011)

(...)

1. As Turmas que compõem a Primeira Seção do


Superior Tribunal de Justiça firmaram o enten-
dimento de que “O engano, na cobrança indevi-
da, só é justificável quando não decorrer de dolo
(má-fé) ou culpa na conduta do fornecedor do
serviço” (REsp 1.079.064/SP, Rel. Min. HERMAN
BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 20/4/09).

2. Não há falar em erro justificável na hipótese


Gabarito da questão: 01 - ERRADO | 02- ERRADO em que a cobrança indevida ficou caracterizada

28
#LEGIS

em virtude da inexistência de prestação de servi- informações que possam impedir ou di-


ço pela concessionária. ficultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores.
3. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no § 6o  Todas as informações de que trata
REsp: 1221844 RJ 2010/0198132-0, Relator: Mi- o caput  deste artigo devem ser disponibi-
nistro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julga- lizadas em formatos acessíveis, inclusive
mento: 18/08/2011, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data para a pessoa com deficiência, mediante
de Publicação: DJe 24/08/2011) solicitação do consumidor. (Incluído pela
Lei nº 13.146, de 2015)    (Vigência).
Art. 42-A.  Em todos os documentos de co-
brança de débitos apresentados ao consumidor,
Jurisprudência: O SPC, instituído em diversas
deverão constar o nome, o endereço e o núme-
cidades pelas entidades de classe de comercian-
ro de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas tes e lojistas, tem a finalidade de informar seus
– CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídi- associados sobre a existência de débitos pen-
ca – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço dentes por compra dos que pretendam obter
correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de novo financiamento. É evidente o benefício que
2009) dele decorre em favor da agilidade e da seguran-
ça das operações comerciais, assim como não se
SEÇÃO VI pode negar ao vendedor o direito de informar-se
Dos Bancos de Dados e Cadastros de sobre o crédito do seu cliente na praça, e de re-
Consumidores partir com os demais os dados de que dele dis-
põe (STJ, REsp. 22337/RS, Rei. Min. Ruy Rosado
Aguiar, Í· 13/02/1995).
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do
disposto no art. 86, terá acesso às informações Jurisprudência: A comunicação sobre a inscri-
existentes em cadastros, fichas, registros e da- ção nos registros de proteção ao crédito é obri-
dos pessoais e de consumo arquivados sobre ele, gação do órgão responsável pela manutenção do
bem como sobre as suas respectivas fontes. cadastro, e não do credor. (STJ – AgRg no REsp
617801/RS – Terceira Turma – Rel. Min. Humberto
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores Gomes de Barros – j. 09.05.2006 – DJ 29.05.2006,
devem ser objetivos, claros, verdadeiros e p. 231).
em linguagem de fácil compreensão, não
podendo conter informações negativas Jurisprudência: O simples erro no valor inscrito
referentes a período superior a cinco da dívida, em órgão de proteção ao crédito, não
anos. tem o condão de causar dano moral ao devedor,
haja vista que não é o valor do débito que pro-
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro move o dano moral ou o abalo de crédito, mas o
e dados pessoais e de consumo deverá ser registro indevido, que, no caso, não ocorreu, uma
comunicada por escrito ao consumidor, vez que a dívida existe, foi reconhecida pelo au-
quando não solicitada por ele. tor e comprovada, expressamente, pelo acórdão
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar recorrido. (STJ, REsp. 831162/ ES, Rel. Min. Jorge
inexatidão nos seus dados e cadastros, po- Scartezzini, DJ 21108/2006)
derá exigir sua imediata correção, devendo
o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, Jurisprudência: As entidades mantenedoras de
comunicar a alteração aos eventuais desti- cadastros de proteção ao crédito não devem in-
natários das informações incorretas. cluir em sua base de dados informações coleta-
das dos cartórios de protestos sem a informação
§ 4° Os bancos de dados e cadastros rela- do prazo de vencimento da dívida, sendo respon-
tivos a consumidores, os serviços de prote- sáveis pelo controle de ambos os limites tempo-
ção ao crédito e congêneres são considera- rais estabelecidos no art. 43 da Lei nº 8.078/90.
dos entidades de caráter público. STJ. 3ª Turma. REsp 1630889-DF, Rel. Min. Nancy
§ 5° Consumada a prescrição relativa à Andrighi, julgado em 11/09/2018 (Info 633).
cobrança de débitos do consumidor, não
serão fornecidas, pelos respectivos Sis- Jurisprudência: No que diz respeito ao sistema
temas de Proteção ao Crédito, quaisquer credit scoring, definiu-se que:

29
#LEGIS

a) é um método desenvolvido para avalia- RS, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 9/9/2015
ção do risco de concessão de crédito, a par- (recurso repetitivo) (Info 568).
tir de modelos estatísticos, considerando
diversas variáveis, com atribuição de uma
pontuação ao consumidor avaliado (nota Súmulas:
do risco de crédito);
Súmula 385 do STJ: Da anotação irregular em
b) essa prática comercial é lícita, estando cadastro de proteção ao crédito, não cabe in-
autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, denização por dano moral quando preexistente
da Lei 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positi- legítima inscrição, ressalvado o direito ao cance-
vo); lamento.
c) na avaliação do risco de crédito, devem
ser respeitados os limites estabelecidos Súmula 404 do STJ: É dispensável o Aviso de Re-
pelo sistema de proteção do consumidor cebimento (AR) na carta de comunicação ao con-
no sentido da tutela da privacidade e da sumidor sobre a negativação de seu nome em
máxima transparência nas relações nego- bancos de dados e cadastros.
ciais, conforme previsão do CDC e da Lei Súmula 548 do STJ: Incumbe ao credor a exclu-
12.414/2011; são do registro da dívida em nome do devedor no
d) apesar de desnecessário o consentimen- cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias
to do consumidor consultado, devem ser a úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do
ele fornecidos esclarecimentos, caso solici- débito.
tados, acerca das fontes dos dados consi-
derados (histórico de crédito), bem como Súmula 550 do STJ: A utilização de escore de cré-
as informações pessoais valoradas; dito, método estatístico de avaliação de risco que
e) o desrespeito aos limites legais na utili- não constitui banco de dados, dispensa o con-
zação do sistema credit scoring, configu- sentimento do consumidor, que terá o direito de
rando abuso no exercício desse direito (art. solicitar esclarecimentos sobre as informações
187 do CC), pode ensejar a responsabilida- pessoais valoradas e as fontes dos dados consi-
de objetiva e solidária do fornecedor do derados no respectivo cálculo.
serviço, do responsável pelo banco de da-
dos, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei Súmula 572 do STJ: O Banco do Brasil, na condi-
12.414/2011) pela ocorrência de danos mo- ção de gestor do Cadastro de Emitentes de Che-
rais nas hipóteses de utilização de informa- ques sem Fundos (CCF), não tem a responsabili-
ções excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e dade de notificar previamente o devedor acerca
II, da Lei 12.414/2011), bem como nos casos da sua inscrição no aludido cadastro, tampouco
de comprovada recusa indevida de crédito legitimidade passiva para as ações de reparação
pelo uso de dados incorretos ou desatuali- de danos fundadas na ausência de prévia comu-
zados (STJ – REsp 1.419.697/RS – Rel. Min. nicação.
Paulo de Tarso Sanseverino – j. 12.11.2014).
Cadastro negativo (devedor)
Jurisprudência: A responsabilidade pela inclu-
são do emitente no CCF é do banco sacado. Logo, Registra os consumidores que estão inadimplen-
ele é que tem responsabilidade pela notificação tes. 
prévia do emitente e, caso isso não seja feito, ele
é que tem o dever de indenizar o lesado. (Natureza negativa. )

Não pode o Banco do Brasil encarregar-se de de- Cadastro positivo


sempenhar função estranha (notificação prévia
de emitente de cheque sem provisão de fundos), Registra as situações em que a pessoa foi adimplen-
dever que a Resolução do BACEN atribui correta- te (cumpriu sua obrigação) a fim de fazer um históri-
mente a outro componente do sistema, o próprio co positivo de crédito. 
banco sacado, instituição financeira mais próxi-
ma do correntista, detentor do cadastro desse Regido pela Lei nº 12.414/2011.
cliente e do próprio saldo da conta do correntista,
como depositário. STJ. 2ª Seção. REsp 1.354.590- (Natureza positiva. )

30
#LEGIS

anos. Foi informado que seu nome foi incluído


Cadastro de passagem no cadastro há três anos.
Registra se outros comerciantes já fizeram consultas
a respeito do histórico de crédito daquele consumi- Diante dos fatos hipotéticos, assinale a alternati-
dor, ou seja, se tal consumidor já negociou crédito va correta.
com outros fornecedores.  a) Incorreta a manutenção do nome de
(Natureza positiva) João no registro de proteção ao crédito, se
já decorrido o prazo prescricional de cinco
anos contados do financiamento realizado.
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do
consumidor manterão cadastros atualizados de b) João da Silva tem direito à exclusão do
reclamações fundamentadas contra fornece- registro no cadastro de inadimplentes,
dores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo além de ser indenizado por danos morais
pelo desgosto causado ao afilhado, se já
pública e anualmente. A divulgação indicará se a decorrido o prazo prescricional trienal para
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. a propositura da ação de cobrança.
§ 1° É facultado o acesso às informações lá c) Correta a manutenção de João no cadas-
constantes para orientação e consulta por tro de inadimplentes, pois o nome pode ser
qualquer interessado. mantido nos serviços de proteção ao crédi-
to por até cinco anos, independentemente
§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, da prescrição da execução.
as mesmas regras enunciadas no artigo
anterior e as do parágrafo único do art. 22 d) Se João da Silva estiver discutindo judi-
deste código. cialmente o valor cobrado, seu nome deve
ser imediatamente excluído do cadastro de
inadimplentes.
Art. 45. (Vetado).

Para Fixação: Anotações:

Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Pro-


va: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Jus-
tiça – Vespertina

Os cadastros e dados de consumidores devem


ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem
de fácil compreensão, podendo conter quaisquer
informações negativas que possam impedir ou
dificultar novo acesso ao crédito junto aos forne-
cedores.

Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-AC Prova:


VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substi-
tuto

João da Silva foi com seu afilhado comprar um


presente de aniversário. Escolhido o presente, ao
tentar comprar mediante crediário, não foi possí-
vel concretizar, pois seu nome constava no banco
de dados dos serviços de proteção de crédito, em
razão de ter deixado de adimplir com as últimas
três parcelas de financiamento de 24 meses rea-
lizado em outra instituição financeira há cinco
Gabarito: Errado | Certo

31
#LEGIS

DIA 4 o bem da vida, ficando a conversão da obrigação


em dinheiro para um plano secundário.        

Disciplina: Direito Consumidor. Art. 49. O consumidor pode desistir do


Responsável: Prof. Victor Pinho. contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua as-
Dia 01: Do Art. 46ª ao 80º. sinatura ou do ato de recebimento do produto
ou serviço, sempre que a contratação de forne-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 cimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por
telefone ou a domicílio.

Da Proteção Contratual Parágrafo único. Se o consumidor exercitar


SEÇÃO I o direito de arrependimento previsto neste arti-
Disposições Gerais go, os valores eventualmente pagos, a qualquer
título, durante o prazo de reflexão, serão devol-
Art. 46. Os contratos que regulam as rela- vidos, de imediato, monetariamente atualiza-
ções de consumo não obrigarão os consumido- dos.
res, se não lhes for dada a oportunidade de
tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, Art. 50. A garantia contratual é comple-
ou se os respectivos instrumentos forem redigi- mentar à legal e será conferida mediante termo
dos de modo a dificultar a compreensão de seu escrito.
sentido e alcance.
Parágrafo único. O termo de garantia ou
Comentários: O dever de informação é um dos equivalente deve ser padronizado e esclarecer,
deveres anexos ou laterais decorrentes da cláu- de maneira adequada em que consiste a mesma
sula geral da boa-fé objetiva. Portanto, é exigido garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar
durante todo o contrato, inclusive, antes de sua em que pode ser exercitada e os ônus a cargo
vigência, imperando os mandamentos da boa-fé
do consumidor, devendo ser-lhe entregue, de-
desde a fase pré-contratual.
vidamente preenchido pelo fornecedor, no ato
do fornecimento, acompanhado de manual de
Art. 47. As cláusulas contratuais serão in- instrução, de instalação e uso do produto em lin-
terpretadas de maneira mais favorável ao con- guagem didática, com ilustrações.
sumidor.
Comentário: A garantia contratual é facultati-
Art. 48. As declarações de vontade constan- va, uma vez que todo produto, por força de lei,
tes de escritos particulares, recibos e pré-con- é garantido pelo período razoável de sua dura-
tratos relativos às relações de consumo vincu- ção. Todavia, havendo previsão de um prazo de
lam o fornecedor, ensejando inclusive execução garantia convencional, essa será complementar,
específica, nos termos do art. 84 e parágrafos. tendo início somente após o fim do prazo de ga-
rantia legal.
Comentários: Como regra geral, o contrato só
vinculará os sujeitos após sua conclusão. Toda- Para fixar (QUESTÕES):
via, CDC de forma pioneira no direito nacional,
estabelece que escritos particulares (como os (1º - Prova: CESPE - 2014 - MEC - Analista Pro-
panfletos), recibos e pré-contratos são vinculan- cessual - Supervisão da Educação Superior)
tes. Desse modo, o CDC prestigia a cláusula geral As cláusulas contratuais devem ser interpretadas
da boa-fé objetiva também durante a fase pré- de maneira mais favorável ao consumidor, não
-contratual. sendo aceitáveis aquelas redigidas de modo a di-
ficultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Havendo descumprimento ao que foi ofertado, a
lei consumerista autoriza que o juiz conceda a tu-
tela específica, permitindo que o lesado obtenha

32
#LEGIS

(2º - Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor É possível a convenção de prazo decadencial para
Público) a utilização de diárias adquiridas em clube de tu-
Segundo entendimento da 2.ª Seção do STJ nos rismo. Mesmo em contratos de consumo, é possí-
contratos bancários em geral, o consumidor não vel a convenção de prazos decadenciais, desde
pode ser compelido a contratar seguro com a que respeitados os deveres anexos à contratação:
instituição financeira ou com seguradora por ela informação clara e redação expressa, ostensiva e
indicada, porque tal prática configura venda ca- legível. Caso concreto: Bancorbrás é uma pessoa ju-
sada. rídica que presta um serviço chamado de “Clube de
Turismo Bancorbrás”. Por meio dele, o cliente paga
um valor mensal (ex: R$ 500) e, depois de 1 ano,
pode utilizar 7 diárias em um dos milhares de ho-
(3º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substi- téis que a Bancorbrás tem convênio, no Brasil e no
tuto, adaptada). exterior. Ocorre que o contrato prevê que o cliente
À luz do Código de Defesa do Consumidor e do deverá utilizar essas diárias no prazo de até 1 ano.
entendimento do STJ, é abusiva a exclusão do Caso o consumidor não as utilize nesse interreg-
seguro de acidentes pessoais em contrato de no, ele perde esse direito. O STJ afirmou que essa
adesão para as hipóteses de intercorrências ou cláusula é válida, sendo razoável, não podendo
complicações consequentes da realização de ser reputada como abusiva. STJ. 3ª Turma. REsp
exames, tratamentos clínicos ou cirúrgicos. 1778574-DF. (Info 651). Fonte: dizer o direito.

Não é abusiva a cláusula de coparticipação ex-


pressamente contratada e informada ao consumi-
(4º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substi-
dor para a hipótese de internação superior a 30
tuto, adaptada) - Súmula 620-STJ: “A embria-
(trinta) dias decorrentes de transtornos psiquiá-
guez do segurado não exime a seguradora do
tricos. Não há abusividade porque o objetivo dessa
pagamento da indenização prevista em con-
cobrança é manter o equilíbrio entre as presta-
trato de seguro de vida”.
ções e contraprestações que envolvem a gestão
À luz do Código de Defesa do Consumidor e do
dos custos dos contratos de planos de saúde. STJ.
entendimento do STJ, o contrato de seguro de
2ª Seção. EAREsp 793323-RJ. (Info 635). Fonte: dizer
vida pode vedar a cobertura de sinistro decorren-
o direito
te de acidente de ato praticado pelo segurado em
estado de embriaguez, mesmo quando ocorrido
após os dois primeiros anos do contrato. I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a
responsabilidade do fornecedor por vícios
de qualquer natureza dos produtos e servi-
(5º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substi- ços ou impliquem renúncia ou disposição
tuto, adaptada) - As normas protetivas do Có- de direitos. Nas relações de consumo entre
digo de Defesa do Consumidor não se aplicam o fornecedor e o consumidor pessoa jurídi-
ao seguro obrigatório (DPVAT). STJ. 3ª Turma. ca, a indenização poderá ser limitada, em
REsp 1.635.398-PR. situações justificáveis;
À luz do Código de Defesa do Consumidor e do
entendimento do STJ, as normas protetivas
do Código de Defesa do Consumidor aplicam- Súmula 638-STJ: É abusiva a cláusula contratual
se aos contratos de seguro facultativo e, que restringe a responsabilidade de instituição
subsidiariamente, ao seguro obrigatório DPVAT. financeira pelos danos decorrentes de roubo, fur-
to ou extravio de bem entregue em garantia no
Gabarito: 1º C | 2º C | 3ºC | 4º E | 5º E âmbito de contrato de penhor civil. STJ. 2ª Seção.
Aprovada em 27/11/2018, DJe 5/12/2018.    

SEÇÃO II
Das Cláusulas Abusivas II - subtraiam ao consumidor a opção de
       reembolso da quantia já paga, nos casos
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre ou- previstos neste código;
tras, as cláusulas contratuais relativas ao forneci- III - transfiram responsabilidades a ter-
mento de produtos e serviços que: ceiros;

33
#LEGIS

IV - estabeleçam obrigações consideradas Sanseverino, julgado em 28/11/2018 (recurso re-


iníquas, abusivas, que coloquem o con- petitivo) Informativo 639.
sumidor em desvantagem exagerada, ou
sejam incompatíveis com a boa-fé ou a É válida a tarifa de avaliação do bem dado em
eqüidade; garantia, bem como da cláusula que prevê o res-
V - (Vetado); sarcimento de despesa com o registro do con-
trato, ressalvadas: a) a abusividade da cobrança
VI - estabeleçam inversão do ônus da pro- por serviço não efetivamente prestado; e b) a
va em prejuízo do consumidor; possibilidade de controle da onerosidade ex-
VII - determinem a utilização compulsória cessiva, em cada caso concreto. Tarifa de avalia-
de arbitragem; ção do bem dado em garantia: valor cobrado do
banco para remunerar o especialista que realiza a
VIII - imponham representante para con- avaliação do preço de mercado do bem dado em
cluir ou realizar outro negócio jurídico pelo garantia. Ressarcimento de despesa com o regis-
consumidor; tro do contrato: valor cobrado pela instituição
IX - deixem ao fornecedor a opção de con- financeira como ressarcimento pelos custos que
cluir ou não o contrato, embora obrigando o banco terá para fazer o registro do contrato no
o consumidor; cartório ou no DETRAN. Ex: despesas para regis-
trar a alienação fiduciária de veículo no DETRAN.
X - permitam ao fornecedor, direta ou indi- STJ. 2ª Seção. REsp 1578553-SP. (recurso repetiti-
retamente, variação do preço de maneira vo) (Info 639). Fonte: dizer o direito.     
unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o XIII - autorizem o fornecedor a modificar
contrato unilateralmente, sem que igual unilateralmente o conteúdo ou a quali-
direito seja conferido ao consumidor; dade do contrato, após sua celebração;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os XIV - infrinjam ou possibilitem a violação
custos de cobrança de sua obrigação, sem de normas ambientais;
que igual direito lhe seja conferido con-
tra o fornecedor; XV - estejam em desacordo com o sistema
de proteção ao consumidor;
É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento XVI - possibilitem a renúncia do direito de
pelo consumidor da despesa com o registro do indenização por benfeitorias necessárias.
pré-gravame, em contratos celebrados a partir
de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Re-
solução CMN 3.954/2011, sendo válida a cláusula § 1º Presume-se exagerada, entre outros
pactuada no período anterior a essa resolução, casos, a vantagem que:
ressalvado o controle da onerosidade excessiva.
STJ. 2ª Seção. REsp 1639259-SP. (recurso repetiti-
vo). Informativo 639. I - ofende os princípios fundamentais do
sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações funda-
É abusiva a cláusula que prevê a cobrança de mentais inerentes à natureza do contrato,
ressarcimento de serviços prestados por ter- de tal modo a ameaçar seu objeto ou equi-
ceiros, sem a especificação do serviço a ser efe- líbrio contratual;
tivamente prestado. STJ. 2ª Seção. REsp 1578553-
SP. (recurso repetitivo) Informativo 639. III - se mostra excessivamente onerosa
para o consumidor, considerando-se a na-
tureza e conteúdo do contrato, o interesse
É abusiva a cláusula que prevê o ressarcimento das partes e outras circunstâncias peculia-
pelo consumidor da comissão do correspon- res ao caso.
dente bancário, em contratos celebrados a partir
de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Re-
solução CMN 3.954/2011, sendo válida a cláusula § 2° A nulidade de uma cláusula contratual
no período anterior a essa resolução, ressalva- abusiva não invalida o contrato, exceto
do o controle da onerosidade excessiva. STJ. 2ª quando de sua ausência, apesar dos esfor-
Seção. REsp 1578553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso

34
#LEGIS

ços de integração, decorrer ônus excessi- lucros cessantes. STJ. 2ª Seção. REsp 1498484-DF.
vo a qualquer das partes. (recurso repetitivo). Informativo 651.        
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor § 2º É assegurado ao consumidor a liquida-
ou entidade que o represente requerer ao ção antecipada do débito, total ou parcial-
Ministério Público que ajuíze a competen- mente, mediante redução proporcional
te ação para ser declarada a nulidade de dos juros e demais acréscimos.
cláusula contratual que contrarie o dis- § 3º (Vetado).
posto neste código ou de qualquer forma
não assegure o justo equilíbrio entre direi-
tos e obrigações das partes. Art. 53. Nos contratos de compra e venda
       de móveis ou imóveis mediante pagamento em
Art. 52. No fornecimento de produtos ou prestações, bem como nas alienações fiduciá-
serviços que envolva outorga de crédito ou con- rias em garantia, consideram-se nulas de pleno
cessão de financiamento ao consumidor, o for- direito as cláusulas que estabeleçam a perda to-
necedor deverá, entre outros requisitos, infor- tal das prestações pagas em benefício do cre-
má-lo prévia e adequadamente sobre: dor que, em razão do inadimplemento, pleitear
a resolução do contrato e a retomada do produto
I - preço do produto ou serviço em moeda alienado.
corrente nacional;
§ 1° (Vetado).
II - montante dos juros de mora e da taxa
efetiva anual de juros; § 2º Nos contratos do sistema de consór-
III - acréscimos legalmente previstos; cio de produtos duráveis, a compensação
ou a restituição das parcelas quitadas, na
IV - número e periodicidade das presta-
forma deste artigo, terá descontada, além
ções;
da vantagem econômica auferida com a
V - soma total a pagar, com e sem financia- fruição, os prejuízos que o desistente ou
mento. inadimplente causar ao grupo.
§ 1° As multas de mora decorrentes do ina-
dimplemento de obrigação no seu termo Súmula 538-STJ: As administradoras de consór-
não poderão ser superiores a dez por cen- cio têm liberdade para estabelecer a respecti-
to do valor da prestação. va taxa de administração, ainda que fixada em
§ 1° As multas de mora decorrentes do ina- percentual superior a dez por cento.
dimplemento de obrigações no seu termo STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/06/2015, Dje
não poderão ser superiores a dois por cen- 15/06/2015.
to do valor da prestação. (Redação dada
pela Lei nº 9.298, de 1º.8.1996) § 3° Os contratos de que trata o caput deste
artigo serão expressos em moeda corrente
No contrato de adesão firmado entre o compra- nacional.
dor e a construtora/incorporadora, havendo
previsão de cláusula penal apenas para o ina- Para fixar (QUESTÕES)
dimplemento do adquirente, deverá ela ser
considerada para a fixação da indenização pelo (1º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substi-
inadimplemento do vendedor. As obrigações tuto)
heterogêneas (obrigações de fazer e de dar) se- É válida a cláusula que transfira ao promitente-
rão convertidas em dinheiro, por arbitramento comprador a obrigação de pagar a comissão de
judicial. STJ. 2ª Seção. REsp 1631485-DF (recurso corretagem nos contratos de promessa de compra
repetitivo). Informativo 651. e venda de unidade autônoma em regime de
incorporação imobiliária, desde que previamente
A cláusula penal moratória tem a finalidade de informado o preço total da aquisição da unidade
indenizar pelo adimplemento tardio da obri- autônoma, com o destaque do valor da comissão
gação, e, em regra, estabelecida em valor equiva- de corretagem.
lente ao locativo, afasta-se sua cumulação com

35
#LEGIS

Ministério Público ajuizou ACP contra determi-


nada empresa de comércio varejista afirmando
(2º - Prova: CESPE - 2014 - MEC - Analista Pro- que o contrato de adesão que ela celebra com os
cessual - Supervisão da Educação Superior) consumidores seria abusivo por não conter uma
O contrato não deve ser invalidado em razão da cláusula penal prevendo multa para a empresa
existência de cláusula abusiva, exceto quando da em caso de atraso na entrega dos produtos. As-
ausência da cláusula, apesar dos esforços de in- sim, na ação, o Parquet pediu que a empresa fos-
tegração, decorrer ônus excessivo a qualquer das se condenada a incluir em seu contrato um pra-
partes. zo para cumprimento de entrega do produto e a
previsão de multa moratória de 2% sobre o valor
da venda para a hipótese de atraso. O STJ não
(3º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substi- concordou com o pedido do MP. STJ. 2ª Seção.
tuto). REsp 1656182-SP. Informativo 658. Fonte: dizer o
É abusiva a cobrança pelo promitente-vendedor direito. 
do serviço de assessoria técnico-imobiliária, ou
atividade congênere, vinculada à celebração de § 1° A inserção de cláusula no formulário
promessa de compra e venda de imóvel. não desfigura a natureza de adesão do con-
trato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se
(4º- Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substitu- cláusula resolutória, desde que a alterna-
to, adaptada) tiva, cabendo a escolha ao consumidor,
A exigência de indicação da classificação inter- ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo
nacional de doenças (CID) para cobertura de exa- anterior.
mes e pagamento de honorários médicos pelas § 3° Os contratos de adesão escritos serão
operadoras de planos de saúde é lícita. redigidos em termos claros e com carac-
teres ostensivos e legíveis, de modo a fa-
cilitar sua compreensão pelo consumidor.
(5º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substi- § 3o Os contratos de adesão escritos
tuto, adaptada) serão redigidos em termos claros e com
Na resolução dos contratos de consórcio de veí- caracteres ostensivos e legíveis, cujo tama-
culos automotores, eventuais prejuízos causados nho da fonte não será inferior ao corpo
por inadimplente ao grupo serão descontados da doze, de modo a facilitar sua compreensão
compensação ou da restituição das parcelas qui- pelo consumidor.     
tadas.

Gabarito: 1º C | 2º C | 3º C | 4º C | 5º C A previsão de tamanho mínimo de fonte em con-


tratos de adesão estabelecido no art. 54, § 3º, do
CDC não é aplicável ao contexto das ofertas
SEÇÃO III publicitárias. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.678-RJ.
Dos Contratos de Adesão Informativo 605.       

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas


§ 4° As cláusulas que implicarem limita-
cláusulas tenham sido aprovadas pela autori- ção de direito do consumidor deverão ser
dade competente ou estabelecidas unilateral- redigidas com destaque, permitindo sua
mente pelo fornecedor de produtos ou serviços, imediata e fácil compreensão.
sem que o consumidor possa discutir ou modifi- § 5° (Vetado)
car substancialmente seu conteúdo. 
Para fixar (QUESTÕES)
É indevida a intervenção estatal para fazer
constar cláusula penal genérica contra o for- (1º - Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substi-
necedor de produto em contrato padrão de con- tuto, adaptada)
sumo, pois, além de violar os princípios da livre Em contratos de adesão, é permitida a existência
iniciativa e da autonomia da vontade, a pró- de cláusulas que acarretem limitações de direi-
pria legislação já prevê mecanismos de punição tos consumeristas.
daquele que incorre em mora. Caso concreto: o

36
#LEGIS

(2ª - Prova: CESPE - 2013 - ANTT - Técnico em CAPÍTULO VII


Regulação de Serviços de Transportes Terres-
tres) Das Sanções Administrativas
Em contratos de adesão, o CDC proíbe a inserção
de cláusula que implique limitação de direito do
consumidor. Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Fe-
deral, em caráter concorrente e nas suas respec-
tivas áreas de atuação administrativa, baixarão
Anotações gerais: normas relativas à produção, industrialização,
distribuição e consumo de produtos e serviços.

§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios fiscalizarão e controlarão
a produção, industrialização, distribuição,
a publicidade de produtos e serviços e o
mercado de consumo, no interesse da pre-
servação da vida, da saúde, da segurança,
da informação e do bem-estar do consumi-
dor, baixando as normas que se fizerem
necessárias.

O Procon pode interpretar as cláusulas de um


contrato de consumo e, se considerá-las abu-
sivas, aplicar sanções administrativas ao for-
necedor de bens e serviços. STJ. 2ª Turma. REsp
1279622-MG. Informativo 566.

§ 2° (Vetado).
§ 3° Os órgãos federais, estaduais, do Dis-
trito Federal e municipais com atribuições
para fiscalizar e controlar o mercado de
consumo manterão comissões permanen-
tes para elaboração, revisão e atualização
das normas referidas no § 1°, sendo obri-
gatória a participação dos consumidores e
fornecedores.
§ 4° Os órgãos oficiais poderão expedir
notificações aos fornecedores para que,
sob pena de desobediência, prestem in-
formações sobre questões de interesse
do consumidor, resguardado o segredo
industrial.

Art. 56. As infrações das normas de defesa


do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso,
às seguintes sanções administrativas, sem pre-
juízo das de natureza civil, penal e das defini-
das em normas específicas:

I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;
Gabarito: 1º C | 2º E

37
#LEGIS

IV - cassação do registro do produto junto da multa. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1466104-
ao órgão competente; PE. Informativo 567.
V - proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produ- Art. 58. As penas de apreensão, de inutili-
tos ou serviço; zação de produtos, de proibição de fabricação
de produtos, de suspensão do fornecimento de
VII - suspensão temporária de atividade;
produto ou serviço, de cassação do registro do
VIII - revogação de concessão ou permis- produto e revogação da concessão ou permis-
são de uso; são de uso serão aplicadas pela administração,
IX - cassação de licença do estabeleci- mediante procedimento administrativo, assegu-
mento ou de atividade; rada ampla defesa, quando forem constatados
X - interdição, total ou parcial, de estabele- vícios de quantidade ou de qualidade por ina-
cimento, de obra ou de atividade; dequação ou insegurança do produto ou serviço.
XI - intervenção administrativa;
Art. 59. As penas de cassação de alvará de
XII - imposição de contrapropaganda. licença, de interdição e de suspensão tempo-
rária da atividade, bem como a de intervenção
Parágrafo único. As sanções previstas neste administrativa, serão aplicadas mediante pro-
artigo serão aplicadas pela autoridade adminis- cedimento administrativo, assegurada ampla
trativa, no âmbito de sua atribuição, podendo defesa, quando o fornecedor reincidir na práti-
ser aplicadas cumulativamente, inclusive por ca das infrações de maior gravidade previstas
medida cautelar, antecedente ou incidente de neste código e na legislação de consumo.
procedimento administrativo.
§ 1° A pena de cassação da concessão será
Art. 57. A pena de multa, graduada de acor- aplicada à concessionária de serviço pú-
do com a gravidade da infração, a vantagem blico, quando violar obrigação legal ou
auferida e a condição econômica do fornece- contratual.
dor, será aplicada mediante procedimento admi- § 2° A pena de intervenção administrativa
nistrativo, revertendo para o Fundo de que trata será aplicada sempre que as circunstâncias
a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores de fato desaconselharem a cassação de
cabíveis à União, ou para os Fundos estaduais ou licença, a interdição ou suspensão da ati-
municipais de proteção ao consumidor nos de- vidade.
mais casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de § 3° Pendendo ação judicial na qual se
21.5.1993) discuta a imposição de penalidade admi-
        nistrativa, não haverá reincidência até o
Parágrafo único. A multa será em montante trânsito em julgado da sentença.
não inferior a duzentas e não superior a três mi- Art. 60. A imposição de contrapropaganda
lhões de vezes o valor da Unidade Fiscal de Refe- será cominada quando o fornecedor incor-
rência (Ufir), ou índice equivalente que venha a rer na prática de publicidade enganosa
substituí-lo. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus
8.703, de 6.9.1993) parágrafos, sempre às expensas do infrator.
§ 1º A contrapropaganda será divulgada
A pena de multa aplicável às hipóteses de infra- pelo responsável da mesma forma, fre-
ção das normas de defesa do consumidor (art. qüência e dimensão e, preferencialmente
56, I, do CDC) pode ser fixada em reais, não no mesmo veículo, local, espaço e horá-
sendo obrigatória a sua estipulação em Unidade rio, de forma capaz de desfazer o malefício
Fiscal de Referência (UFIR). O art. 57 do CDC, ao da publicidade enganosa ou abusiva.
estabelecer que a “multa será em montante não § 2° (Vetado)
inferior a duzentas e não superior a três milhões
de vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência § 3° (Vetado).
(Ufir), ou índice equivalente que venha a substi-
tuí-lo”, apenas define os limites para a fixação

38
#LEGIS

Para fixar (QUESTÕES) Pena - Detenção de seis meses a dois anos


e multa.
(ERRADO - Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - De-
fensor Público) Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas pe-
A recusa do fornecedor em prestar informações nas quem deixar de retirar do mercado, imedia-
ao consumidor enseja o crime de desobediência,
tamente quando determinado pela autoridade
além de sujeitar o fornecedor a uma das sanções
administrativas previstas no Código de Defesa do competente, os produtos nocivos ou perigosos,
Consumidor, que veda à autoridade administrati- na forma deste artigo.
va aplicá-las cumulativamente.
Art. 65. Executar serviço de alto grau de
periculosidade, contrariando determinação de
TÍTULO II
autoridade competente:
Das Infrações Penais
       
Pena Detenção de seis meses a dois anos e
Art. 61. Constituem crimes contra as re-
multa.
lações de consumo previstas neste código, sem
prejuízo do disposto no Código Penal e leis espe- § 1º As penas deste artigo são aplicáveis
ciais, as condutas tipificadas nos artigos seguin- sem prejuízo das correspondentes à le-
tes. são corporal e à morte.  (Redação dada
pela Lei nº 13.425, de 2017)
ATENÇÃO: muita atenção aos crimes que a lei au- § 2º A prática do disposto no inciso XIV do
toriza a punição na forma de culpa e dolo. Outra art. 39 desta Lei também caracteriza o cri-
informação importante diz respeito ao caráter me previsto no caput deste artigo. (Incluído
omissivo de grande parte dos crimes contra as re- pela Lei nº 13.425, de 2017) (XIV - permitir o
lações de consumo. Também deve ser ressaltado ingresso em estabelecimentos comerciais
o fato de serem delitos de perigo abstrato. ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autori-
Art. 62. (Vetado). dade administrativa como máximo).

Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensi- Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enga-
vos sobre a nocividade ou periculosidade de nosa, ou omitir informação relevante sobre a
produtos, nas embalagens, nos invólucros, reci- natureza, característica, qualidade, quantidade,
pientes ou publicidade: segurança, desempenho, durabilidade, preço
ou garantia de produtos ou serviços:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos
e multa. Pena - Detenção de três meses a um ano e
multa.
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem dei-
xar de alertar, mediante recomendações § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem pa-
escritas ostensivas, sobre a periculosida- trocinar a oferta.
de do serviço a ser prestado. § 2º Se o crime é culposo;
§ 2° Se o crime é culposo:
Pena Detenção de um a seis meses ou
Pena Detenção de um a seis meses ou mul- multa.
ta.
Art. 67. Fazer ou promover publicidade
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou
competente e aos consumidores a nocividade ou abusiva:
periculosidade de produtos cujo conhecimento
seja posterior à sua colocação no mercado: Pena Detenção de três meses a um ano e
multa.

39
#LEGIS

Parágrafo único. (Vetado). Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor


o termo de garantia adequadamente preenchi-
Art. 68. Fazer ou promover publicidade do e com especificação clara de seu conteúdo;
que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial Pena Detenção de um a seis meses ou
ou perigosa a sua saúde ou segurança: multa.

Pena - Detenção de seis meses a dois anos Art. 75. Quem, de qualquer forma, con-
e multa: correr para os crimes referidos neste código,
incide as penas a esses cominadas na medida
Parágrafo único. (Vetado). de sua culpabilidade, bem como o diretor, ad-
ministrador ou gerente da pessoa jurídica que
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, promover, permitir ou por qualquer modo apro-
técnicos e científicos que dão base à publicidade: var o fornecimento, oferta, exposição à venda ou
manutenção em depósito de produtos ou a ofer-
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. ta e prestação de serviços nas condições por ele
proibidas.
Art. 70. Empregar na reparação de produ-
tos, peça ou componentes de reposição usados, Art. 76. São circunstâncias agravantes dos
sem autorização do consumidor: crimes tipificados neste código:

Pena Detenção de três meses a um ano e I - serem cometidos em época de grave cri-
multa. se econômica ou por ocasião de calami-
dade;
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de II - ocasionarem grave dano individual ou
ameaça, coação, constrangimento físico ou mo- coletivo;
ral, afirmações falsas incorretas ou enganosas ou III - dissimular-se a natureza ilícita do
de qualquer outro procedimento que exponha procedimento;
o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou
IV - quando cometidos:
interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja
Pena Detenção de três meses a um ano e condição econômico-social seja manifes-
tamente superior à da vítima;
multa.
b) em detrimento de operário ou rurícola;
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do de menor de dezoito ou maior de sessen-
consumidor às informações que sobre ele cons- ta anos ou de pessoas portadoras de defi-
ciência mental interditadas ou não;
tem em cadastros, banco de dados, fichas e re-
gistros: V - serem praticados em operações que
envolvam alimentos, medicamentos ou
Pena Detenção de seis meses a um ano ou quaisquer outros produtos ou serviços
multa. essenciais.

Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta
informação sobre consumidor constante de ca- Seção será fixada em dias-multa, corresponden-
dastro, banco de dados, fichas ou registros que te ao mínimo e ao máximo de dias de duração
sabe ou deveria saber ser inexata: da pena privativa da liberdade cominada ao
crime. Na individualização desta multa, o juiz ob-
Pena Detenção de um a seis meses ou servará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal.
multa.

40
#LEGIS

Art. 78. Além das penas privativas de liber- (2ª - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor
dade e de multa, podem ser impostas, cumula- de Justiça Substituto, adaptada)
tiva ou alternadamente, observado odisposto Omitir sinais ostensivos sobre a nocividade de
nos arts. 44 a 47, do Código Penal: produtos em embalagens constitui conduta deli-
tiva punida quando praticada com dolo ou culpa.
ATENÇÃO: diferentemente do que ocorre no có-
digo penal, em que as penas restritivas de direito
são autônomas e substituem as privativas de li- (3ª - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor
berdade, o CDC prevê que as restritivas podem ser de Justiça Substituto, adaptada)
aplicadas tanto de forma cumulativa, como alter- O diretor de pessoa jurídica que promover o for-
nativamente. necimento de produtos em condições proibidas
incide nas penas cominadas aos crimes previstos
no CDC, na medida de sua culpabilidade.
I - a interdição temporária de direitos;
II - a publicação em órgãos de comunica-
ção de grande circulação ou audiência, às
expensas do condenado, de notícia sobre (4ª - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor
os fatos e a condenação; de Justiça Substituto, adaptada)
III - a prestação de serviços à comunidade. É circunstância agravante dos crimes tipificados
no CDC o cometimento em detrimento de menor
de dezoito anos de idade, de maior de sessenta
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de anos de idade ou de pessoas com deficiência
que trata este código, será fixado pelo juiz, ou pela mental, interditadas ou não.
autoridade que presidir o inquérito, entre cem e
duzentas mil vezes o valor do Bônus do Tesouro
Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha
(5ª - Prova: FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor Pú-
a substituí-lo. blico, adaptada)
São circunstâncias que agravam a pena o fato de
Parágrafo único. Se assim recomendar a si- o crime ser cometido em período de grave crise
tuação econômica do indiciado ou réu, a fiança econômica ou por ocasião de calamidade.
poderá ser:

a) reduzida até a metade do seu valor mí- (6ª - Prova: CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substi-
nimo; tuto, adaptada)
b) aumentada pelo juiz até vinte vezes. Permitir o ingresso em estabelecimento comer-
cial de clientes em quantidade superior à fixada
Art. 80. No processo penal atinente aos cri- pela autoridade administrativa como quantida-
mes previstos neste código, bem como a outros de máxima constitui crime.
crimes e contravenções que envolvam relações
de consumo, poderão intervir, como assistentes
do Ministério Público, os legitimados indicados (7ª - Prova: CESPE - 2018 - TJ-CE - Juiz Substi-
no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é fa- tuto, adaptada)
cultado propor ação penal subsidiária, se a de- Deixar de entregar ao consumidor o termo de ga-
núncia não for oferecida no prazo legal. rantia adequadamente preenchido e com espe-
cificação clara de seu conteúdo caracteriza con-
duta atípica.
Para fixar (QUESTÕES)

(1º - Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Pú-


blico) (8ª - Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de
Polícia Civil, adaptada)
Fazer ou promover publicidade que se saiba ou Os crimes contra a relação de consumo são, em
que se devesse saber ser enganosa ou abusiva é sua maioria, de perigo concreto, sendo exigida a
considerado crime, de perigo abstrato, contra as efetiva ocorrência do dano.
relações de consumo.

41
#LEGIS

Anotações gerais:

Gabarito: 1º C | 2º C | 3º C | 4º C | 5º C | 6ª C | 7ª
E | 8ª E

42
#LEGIS

DIA 5 II - interesses ou direitos coletivos, assim


entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível
Disciplina: Direito Consumidor. de que seja titular grupo, categoria ou
classe de pessoas ligadas entre si ou com
Responsável: Prof. Victor Pinho.
a parte contrária por uma relação jurídi-
Dia 01: Do Art. 81ª ao 119º. ca base;
III - interesses ou direitos individuais ho-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 mogêneos, assim entendidos os decorren-
tes de origem comum.

TÍTULO III Em uma mesma ação coletiva, o autor pode


Da Defesa do Consumidor em Juízo formular pedidos relacionados com direitos in-
dividuais homogêneos, direitos coletivos em
sentido estrito e direitos difusos. As tutelas plei-
CAPÍTULO I teadas em ações civis públicas não são necessa-
riamente puras e estanques. Não é preciso que
Disposições Gerais se peça, de cada vez, uma tutela referente a
direito individual homogêneo, em outra ação
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos con- uma de direitos coletivos em sentido estrito
sumidores e das vítimas poderá ser exercida em e, em outra, uma de direitos difusos, especial-
juízo individualmente, ou a título coletivo. mente em se tratando de ação manejada pelo
Ministério Público, que detém legitimidade am-
pla no processo coletivo.
A doutrina divide os direitos coletivos (sentido
amplo) em duas classes, quais sejam: essencial- Havendo violação a direitos transindividuais, é
mente coletivos (difusos e coletivos) e os aci- cabível, em tese, a condenação por dano moral
dentalmente coletivos (individuais homogê- coletivo que se caracteriza como uma categoria
neos). autônoma de dano e que não está relacionado
necessariamente com os tradicionais atributos
De acordo com essa doutrina, por serem os direi- da pessoa humana (dor, sofrimento ou abalo psí-
tos difusos e coletivos dotados de caráter tran- quico).
sindividual e de natureza indivisível, são verda-
deiramente coletivos. No caso concreto julgado, o STJ entendeu que
não cabia condenação por dano moral coletivo.
Por sua vez, os direitos individuais homogêneos Os usuários do Plano de Saúde “ZZZ” que preci-
não são direitos coletivos. Todavia, por razões sassem de próteses para cirurgias de angioplastia
pragmáticas, são tutelados coletivamente, em precisavam pagar um valor extra, considerando
especial, como forma de evitar pronunciamen- que determinada cláusula excluía da cobertura
tos judiciais contraditórios e potencializar a tu- o implante de próteses cardíacas. Essa cláusula
tela dos direitos, evitando que direitos de dimen- é abusiva e ilegal, entretanto, ela não gerou da-
são insignificante sobre o prisma individual, mas nos difusos ou coletivos, mas apenas individuais
relevante quando pensado de maneira coletiva, homogêneos. STJ. 4ª Turma. REsp 1293606-MG.
fiquem desprotegidos.       (Info 547). Fonte: dizer direito.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exer-


O prazo de 5 (cinco) anos para o ajuizamento da
cida quando se tratar de:
ação popular não se aplica às ações coletivas
de consumo. STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091-PE.
I - interesses ou direitos difusos, assim
(Info 648). Obs: há inúmeros julgados em sen-
entendidos, para efeitos deste código, os
tido contrário: Inexistindo a previsão de prazo
transindividuais, de natureza indivisível,
prescricional específico na Lei nº 7.347/85, apli-
de que sejam titulares pessoas indeter-
ca-se à Ação Civil Pública, por analogia, a prescri-
minadas e ligadas por circunstâncias de
ção quinquenal instituída pelo art. 21 da Lei nº
fato;
4.717/65. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 814391/
RN, julgado em 27/05/2019. STJ. 2ª Turma. REsp

43
#LEGIS

1660385/RJ, julgado em 05/10/2017. STJ. 3ª Tur- como representantes processuais, sendo obri-
ma. REsp 1473846/SP, julgado em 21/02/2017. gatória a autorização individual ou assem-
Fonte: dizer o direito. blear dos associados - STF, RE 573.232. Esse en-
tendimento, todavia, não se aplica na hipótese
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo de a associação buscar em juízo a tutela de in-
teresses ou direitos difusos - art. 82, IV, do CDC.
único, são legitimados concorrentemente:           STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1335681/SP, julgado
em 26/02/2019.
I - o Ministério Público,
Por se tratar do regime de substituição proces-
O Ministério Público possui legitimidade ativa sual, a autorização para a defesa do interesse
para postular em juízo a defesa de direitos tran- coletivo em sentido amplo é estabelecida na de-
sindividuais de consumidores que celebram finição dos objetivos institucionais, no próprio
contratos de compra e venda de imóveis com ato de criação da associação, sendo desnecessá-
cláusulas pretensamente abusivas. STJ. Corte ria nova autorização ou deliberação assemblear.
Especial. EREsp 1378938-SP. Informativo 629. So- As teses de repercussão geral resultadas do jul-
bre o tema, Súmula 601-STJ: O Ministério Público gamento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC
tem legitimidade ativa para atuar na defesa de tem seu alcance expressamente restringido às
direitos difusos, coletivos e individuais homogê- ações coletivas de rito ordinário, as quais tra-
neos dos consumidores, ainda que decorrentes tam de interesses meramente individuais, sem
da prestação de serviço público. índole coletiva, pois, nessas situações, o autor se
limita a representar os titulares do direito contro-
II - a União, os Estados, os Municípios e o vertido, atuando na defesa de interesses alheios
Distrito Federal; e em nome alheio. STJ. 3ª Turma. REsp 1649087/
RS, julgado em 02/10/2018. STJ. 3ª Turma. AgInt
no REsp 1719820/MG, julgado em 15/04/2019.
Município tem legitimidade ad causam para Fonte: dizer o direito.
ajuizar ação civil pública em defesa de direi-
tos consumeristas questionando a cobrança
de tarifas bancárias. Em relação ao Ministério § 1° O requisito da pré-constituição pode
Público e aos entes políticos, que têm comofi- ser dispensado pelo juiz, nas ações previs-
nalidades institucionais a proteção de valores tas nos arts. 91 e seguintes, quando haja
fundamentais, como a defesacoletiva dos con- manifesto interesse social evidenciado
sumidores, não se exige pertinência temática pela dimensão ou característica do dano,
e representatividade-adequada. STJ. 3ª Tur- ou pela relevância do bem jurídico a ser
ma. REsp 1509586-SC. (Info 626). Fonte: dizer protegido.
o direito
Como regra, para que uma associação possa
III - as entidades e órgãos da Administra- propor ACP, ela deverá estar constituída há pelo
ção Pública, direta ou indireta, ainda que menos 1 ano. Exceção. Este requisito da pré-
sem personalidade jurídica, especifica- -constituição poderá ser dispensado pelo juiz,
mente destinados à defesa dos interes- quando haja manifesto interesse social eviden-
ses e direitos protegidos por este código; ciado pela dimensão ou característica do dano,
ou pela relevância do bem jurídico a ser protegi-
IV - as associações legalmente constituí- do (§ 4º do art. 5º da Lei nº 7.347/85).
das há pelo menos um ano e que incluam
entre seus fins institucionais a defesa dos Neste caso, a ACP, mesmo tendo sido proposta
interesses e direitos protegidos por este por uma associação com menos de 1 ano, po-
código, dispensada a autorização assem- derá ser conhecida e julgada. Como exemplo
blear. da situação descrita no § 4º do art. 5º, o STJ de-
cidiu que: É dispensável o requisito temporal
“As associações possuem legitimidade para de- (pré-constituição há mais de um ano) para
fesa dos direitos e dos interesses coletivos ou associação ajuizar ação civil pública quando
individuais homogêneos, independentemen- o bem jurídico tutelado for a prestação de in-
te de autorização expressa dos associados”. formações ao consumidor sobre a existência
STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, julgado em de glúten em alimentos. STJ. 2ª Turma. REsp
28/03/2019. “As associações de classe atuam

44
#LEGIS

1600172-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julga- juiz conceder a tutela liminarmente ou
do em 15/9/2016 (Info 591). Fonte: dizer o direito.  após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou
§ 2° (Vetado). na sentença, impor multa diária ao réu,
independentemente de pedido do autor,
§ 3° (Vetado). se for suficiente ou compatível com a obri-
gação, fixando prazo razoável para o cum-
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interes- primento do preceito.
ses protegidos por este código são admissíveis § 5° Para a tutela específica ou para a ob-
todas as espécies de ações capazes de propiciar tenção do resultado prático equivalente,
sua adequada e efetiva tutela. poderá o juiz determinar as medidas ne-
cessárias, tais como busca e apreensão,
Trata-se da atipicidade da tutela jurisdicional remoção de coisas e pessoas, desfazi-
coletiva. Portanto, todas as espécies de ações, mento de obra, impedimento de ativi-
desde que presentes um direito de feição cole- dade nociva, além de requisição de força
tiva (difuso, coletivo em sentido estrito e indi- policial.
vidual homogêneo), podem ser utilizadas pelos
legitimados do art. 82. Exemplificando: pode ser Art. 85. (Vetado).
ajuizada uma ação possessória coletiva ou uma
ação monitória. Art. 86. (Vetado).

Parágrafo único. (Vetado). Art. 87. Nas ações coletivas de que tra-


ta este código não haverá adiantamento de
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o custas, emolumentos, honorários periciais e
cumprimento da obrigação de fazer ou não fa- quaisquer outras despesas, nem condenação da
zer, o juiz concederá a tutela específica da obri- associação autora, salvo comprovada má-fé,
gação ou determinará providências que asse- em honorários de advogados, custas e despesas
gurem o resultado prático equivalente ao do processuais.
adimplemento.
Parágrafo único. Em caso de litigância de
má-fé, a associação autora e os diretores res-
Trata-se de um importante marco para o direito
ponsáveis pela propositura da ação serão soli-
processual. Rompe-se, assim, com a antiga ideia
de conversão da obrigação pelo seu equivalen- dariamente condenados em honorários advo-
te monetário. Portanto, o direito conferiu ao ma- catícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo
gistrado importante instrumento de efetivação da responsabilidade por perdas e danos.
dos seus comandos decisórios, proporcionando
efetiva tutela dos direitos, seja através da tutela O art. 87 do CDC prevê: Art. 87. Nas ações coleti-
específica, seja a através da tutela que assegu- vas de que trata este código não haverá adian-
re um resultado prático ao equivalente (que tamento de custas, emolumentos, honorários
também é uma espécie de tutela específica). periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo com-
§ 1° A conversão da obrigação em perdas provada má-fé, em honorários de advogados,
e danos somente será admissível se por custas e despesas processuais.
elas optar o autor ou se impossível a tu-
tela específica ou a obtenção do resultado A isenção de custas e emolumentos judiciais pre-
prático correspondente. vista no art. 87 da Código de Defesa do Consu-
midor visa a facilitar a defesa dos direitos dos
§ 2° A indenização por perdas e danos se consumidores, não sendo aplicável às ações,
fará sem prejuízo da multa (art. 287, do ainda que coletivas, propostas por sindicato
Código de Processo Civil). em defesa dos sindicalizados. STJ. Corte Espe-
§ 3° Sendo relevante o fundamento da cial. AgInt nos EREsp 1623931/PE. Fonte: dizer o
demanda e havendo justificado receio de direito.        
ineficácia do provimento final, é lícito ao

45
#LEGIS

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo CAPÍTULO II


único deste código, a ação de regresso poderá
ser ajuizada em processo autônomo, facultada Das Ações Coletivas Para a Defesa de
a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos Interesses Individuais Homogêneos
autos, vedada a denunciação da lide.
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82
Comentários: No tocante a parte final do dispo- poderão propor, em nome próprio e no interesse
sitivo, que veda a denunciação da lide nos ca- das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva
sos de fato do produto, é importar esclarecer o de responsabilidade pelos danos individualmen-
alcance desse artigo. Indo além do comando em te sofridos, de acordo com o disposto nos artigos
questão, doutrina e jurisprudência, afirmam que seguintes.
não são cabíveis, como regra, nenhuma das hi-
póteses de intervenção de terceiro nas causas Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a
consumeristas.  ação, atuará sempre como fiscal da lei.

Art. 89. (Vetado) Parágrafo único. (Vetado).


      
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste Art. 93. Ressalvada a competência da Jus-
título as normas do Código de Processo Civil e tiça Federal, é competente para a causa a justiça
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive local:
no que respeita ao inquérito civil, naquilo que
não contrariar suas disposições. I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva
ocorrer o dano, quando de âmbito local;
Anotações gerais: II - no foro da Capital do Estado ou no do Dis-
trito Federal, para os danos de âmbito na-
cional ou regional, aplicando-se as regras do
Código de Processo Civil aos casos de compe-
tência concorrente.

Art. 94. Proposta a ação, será publicado edi-


tal no órgão oficial, a fim de que os interessados
possam intervir no processo como litisconsortes,
sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defe-
sa do consumidor.

Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a


condenação será genérica, fixando a responsabili-
dade do réu pelos danos causados.

Art. 96. (Vetado).

Art. 97. A liquidação e a execução de sen-


tença poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que
trata o art. 82.

Liquidar significa definir o objeto da condenação.


Apesar da controvérsia sobre o tema, prevalece que
apenas as obrigações de natureza pecuniária es-
tão sujeitas à liquidação. No que toca ao processo
coletivo, a liquidação individual é atípica, uma vez

46
#LEGIS

que, além de definir o quantum debeatur, é neces- em número compatível com a gravidade do dano”,
sário verificar se o caso se adequa ao que foi deci- os legitimados coletivos promoverão a liquidação
dido no processo coletivo, ou seja, se há como fazer e execução. O dispositivo, visa, portanto, promover
o transporte in utilibus da sentença proferida no o princípio da reparação integral, assim como res-
âmbito da ACP. saltar o caráter pedagógico do processo coletivo,
desestimulando a reiteração de condutas atentató-
Parágrafo único. (Vetado). rias aos direitos dos consumidores.       

Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sen- Parágrafo único. O produto da indenização
do promovida pelos legitimados de que trata o devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.°
art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações 7.347, de 24 de julho de 1985.  (Vide Decreto nº
já tiveram sido fixadas em sentença de liquida- 407, de 1991)
ção, sem prejuízo do ajuizamento de outras execu-
ções.  Para fixar (QUESTÕES)
§ 1° A execução coletiva far-se-á com base (1ª -Prova: FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto,
em certidão das sentenças de liquidação, adaptada)
da qual deverá constar a ocorrência ou não Na defesa do consumidor em juízo, na ação que
do trânsito em julgado. tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
§ 2° É competente para a execução o juízo: fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela espe-
cífica da obrigação ou determinará providências
I - da liquidação da sentença ou da ação que assegurem o resultado prático equivalente ao
condenatória, no caso de execução indivi- do adimplemento, como, dentre outras, busca e
dual; apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazi-
mento de obra e impedimento de atividade noci-
II - da ação condenatória, quando coletiva a va, além da requisição de força policial.
execução.

Art. 99. Em caso de concurso de créditos de-


(2ª - Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Pú-
correntes de condenação prevista na Lei n.° 7.347, blico)
de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos pre- De acordo com o Código de Defesa do Consumi-
juízos individuais resultantes do mesmo evento dor, não se vislumbra a ocorrência de litispendên-
danoso, estas terão preferência no pagamento.  cia entre uma demanda coletiva que busque a
tutela de um direito coletivo strictu sensu e uma
Parágrafo único. Para efeito do disposto nes- demanda individual.
te artigo, a destinação da importância recolhida
ao fundo criado pela Lei n°7.347 de 24 de julho de
1985, ficará sustada enquanto pendentes de de- (3ª - Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substitu-
cisão de segundo grau as ações de indenização to, adaptada)
pelos danos individuais, salvo na hipótese de o A Defensoria Pública tem legitimidade para ajuizar
patrimônio do devedor ser manifestamente sufi- ação civil pública em defesa de direitos individuais
ciente para responder pela integralidade das dívi- homogêneos de consumidores idosos, indepen-
das. dentemente da comprovação de hipossuficiência
econômica dos beneficiários.
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem
habilitação de interessados em número compatí-
vel com a gravidade do dano, poderão os legiti- (4ª - Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa do
mados do art. 82 promover a liquidação e execu- Distrito Federal - Procurador Legislativo, adap-
ção da indenização devida. tado)
Constatado dano de âmbito regional, a competên-
cia para conhecimento e julgamento da demanda
Comentários: O art. 100, prevê o “fluid recovery”. cabe ao juízo do Distrito Federal ou da capital do
De acordo com o dispositivo, “decorrido o prazo de Estado.
um ano, não havendo habilitação de interessados

47
#LEGIS

(5ª - Prova: FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Pú-


blico, adaptada)
A estipulação de multa diária pelo juiz depende
de pedido expresso do autor, sob pena de nuli-
dade por configurar decisão ultra petita.

(6ª - Prova: FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Pú-


blico, adaptada)
A Defensoria Pública tem legitimação extraordi-
nária para defesa coletiva em matéria consume-
rista, salvo no caso de proteção a direitos indivi-
duais homogêneos.

(7ª - Prova: FCC - 2018 - DPE-RS - Defensor Pú-


blico, adaptada)
É vedado, em se tratando de direitos coletivos
lato sensu, que a liquidação e a execução
da sentença sejam propostas por substituto
processual diverso do autor da ação de conhe-
cimento.

(8ª - Prova: CESPE - 2017 - DPE-AL - Defensor


Público, adaptada)
A Defensoria Pública possui legitimidade ativa
para ajuizar ação civil pública na defesa de inte-
resses difusos, coletivos ou individuais homogê-
neos.

(9ª - Prova: FCC - 2017 - TJ-SC - Juiz Substituto,


adaptada)
Nas ações coletivas para a defesa de interesses
individuais homogêneos, em caso de concur-
so de créditos decorrentes de condenação em
ações civis públicas e de indenizações pelos pre-
juízos individuais resultantes do mesmo evento
danoso, estas terão preferência no pagamento.

Gabarito: 1º C | 2º C | 3º C | 4º C | 5º E | 6ª E | 7ª E
Anotações gerais: | 8ª C | 9ª C

48
#LEGIS

CAPÍTULO III CAPÍTULO IV


Da Coisa Julgada
Das Ações de Responsabilidade do
Fornecedor de Produtos e Serviços Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este
código, a sentença fará coisa julgada:
Art. 101. Na ação de responsabilidade ci-
vil do fornecedor de produtos e serviços, sem I - erga omnes, exceto se o pedido for jul-
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste gado improcedente por insuficiência de
título, serão observadas as seguintes normas: provas, hipótese em que qualquer legiti-
mado poderá intentar outra ação, com
I - a ação pode ser proposta no domicílio idêntico fundamento valendo-se de nova
do autor; prova, na hipótese do inciso I do pará-
grafo único do art. 81;
II - o réu que houver contratado seguro
de responsabilidade poderá chamar ao
processo o segurador, vedada a integra- Trata-se da coisa julgada relacionada aos direi-
ção do contraditório pelo Instituto de tos difusos. O processo coletivo é cheio de par-
Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a ticularidades quando comparado ao processo
sentença que julgar procedente o pedido individual, dentre essas diferenças, destaca-se
condenará o réu nos termos do art. 80 do o regime da coisa julgada. Portanto, tendo em
Código de Processo Civil. Se o réu houver conta o caráter transindividual e a natureza in-
sido declarado falido, o síndico será inti- divisível que caracteriza os direitos difusos, a
mado a informar a existência de seguro coisa julgada que se forma nesse processo não
de responsabilidade, facultando-se, em pode se limitar aos sujeitos que participaram da
caso afirmativo, o ajuizamento de ação relação processual. Daí se justifica a natureza
de indenização diretamente contra o erga omnes da decisão. Ato contínuo, para que
segurador, vedada a denunciação da haja coisa julgada material contra os legitima-
lide ao Instituto de Resseguros do Brasil dos para ação coletiva, deve o magistrado sen-
e dispensado o litisconsórcio obrigatório tenciar o caso com profunda análise da prova,
com este. uma vez que a improcedente por insuficiência
de provas, não gerará coisa julgada.
Como já foi ressaltado, como regra, não são
admissíveis as hipóteses de intervenção de II - ultra partes, mas limitadamente ao
terceiros disciplinadas pelo CPC. Todavia, o in- grupo, categoria ou classe, salvo impro-
ciso II do art. 101 prevê uma exceção. Assim, o cedência por insuficiência de provas,
CDC possibilitou o chamamento (que melhor nos termos do inciso anterior, quando se
se adequa a figura da denunciação da lide) ao tratar da hipótese prevista no inciso II do
processo do segurador, vedando, em todo caso, parágrafo único do art. 81;
a integração do contraditório pelo Instituto de
Resseguros do Brasil. Trata-se da coisa julgada relacionada aos di-
reitos coletivos em sentido estrito. Os direi-
Art. 102. Os legitimados a agir na forma tos coletivos são direitos transindividuais, de
deste código poderão propor ação visando natureza indivisível, logo, a ratio que motivou
compelir o Poder Público competente a proi- o regime da coisa julgada secundum eventum
bir, em todo o território nacional, a produção, probationis para os direitos difusos, também
divulgação distribuição ou venda, ou a deter- estão aqui presentes.
minar a alteração na composição, estrutura,
fórmula ou acondicionamento de produto, cujo III - erga omnes, apenas no caso de proce-
uso ou consumo regular se revele nocivo ou dência do pedido, para beneficiar todas
perigoso à saúde pública e à incolumidade as vítimas e seus sucessores, na hipótese
do inciso III do parágrafo único do art. 81.
pessoal.
§ 1° (Vetado). Trata-se da coisa julgada relacionada aos di-
reitos individuais homogêneos. Um dos prin-
§ 2° (Vetado)

49
#LEGIS

cípios que norteiam o processo coletivo é o do Art. 105. Integram o Sistema Nacional
máximo benefício, logo, como regra, a senten- de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos
ça coletiva apenas irá beneficiar as pretensões federais, estaduais, do Distrito Federal e mu-
individuais conexas (salvo quando os interessa- nicipais e as entidades privadas de defesa do
dos tiverem intervindo no processo como litis- consumidor.
consortes), permitindo o transporte in utilibus
da coisa julgado favorável. Diferentemente do
que ocorre com os direitos difusos e coletivos, Art. 106. O Departamento Nacional de
a coisa julgada aqui formada não será formada Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacio-
secundum eventum probationis.         nal de Direito Econômico (MJ), ou órgão federal
que venha substituí-lo, é organismo de coorde-
nação da política do Sistema Nacional de De-
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previs-
tos nos incisos I e II não prejudicarão fesa do Consumidor, cabendo-lhe:
interesses e direitos individuais dos inte-
grantes da coletividade, do grupo, cate- I - planejar, elaborar, propor, coordenar e
goria ou classe. executar a política nacional de proteção
ao consumidor;
§ 2° Na hipótese prevista no inciso III, em II - receber, analisar, avaliar e encaminhar
caso de improcedência do pedido, os in- consultas, denúncias ou sugestões apre-
teressados que não tiverem intervindo sentadas por entidades representativas
no processo como litisconsortes pode- ou pessoas jurídicas de direito público
rão propor ação de indenização a título ou privado;
individual. III - prestar aos consumidores orienta-
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que ção permanente sobre seus direitos e ga-
cuida o art. 16, combinado com o art. 13 rantias;
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, IV - informar, conscientizar e motivar
não prejudicarão as ações de indeniza- o consumidor através dos diferentes
ção por danos pessoalmente sofridos, meios de comunicação;
propostas individualmente ou na forma
prevista neste código, mas, se procedente V - solicitar à polícia judiciária a instau-
o pedido, beneficiarão as vítimas e seus ração de inquérito policial para a apre-
sucessores, que poderão proceder à liqui- ciação de delito contra os consumido-
dação e à execução, nos termos dos arts. res, nos termos da legislação vigente;
96 a 99. VI - representar ao Ministério Público
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo competente para fins de adoção de me-
anterior à sentença penal condenatória. didas processuais no âmbito de suas atri-
buições;
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos VII - levar ao conhecimento dos órgãos
incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não competentes as infrações de ordem ad-
induzem litispendência para as ações indivi- ministrativa que violarem os interesses
duais, mas os efeitos da coisa julgada erga om- difusos, coletivos, ou individuais dos con-
nes ou ultra partes a que aludem os incisos II sumidores;
e III do artigo anterior não beneficiarão os au- VIII - solicitar o concurso de órgãos e en-
tores das ações individuais, se não for reque- tidades da União, Estados, do Distrito Fe-
rida sua suspensão no prazo de trinta dias, a deral e Municípios, bem como auxiliar a
contar da ciência nos autos do ajuizamento da fiscalização de preços, abastecimento,
quantidade e segurança de bens e servi-
ação coletiva.
ços;
TÍTULO IV IX - incentivar, inclusive com recursos
Do Sistema Nacional de Defesa do financeiros e outros programas espe-
Consumidor ciais, a formação de entidades de defe-
sa do consumidor pela população e pelos
órgãos públicos estaduais e municipais;

50
#LEGIS

X - (Vetado). TÍTULO V
Da Convenção Coletiva de Consumo
XI - (Vetado).
XII - (Vetado) Art. 107. As entidades civis de consumi-
XIII - desenvolver outras atividades com- dores e as associações de fornecedores ou
patíveis com suas finalidades. sindicatos de categoria econômica podem
regular, por convenção escrita, relações de
Parágrafo único. Para a consecução de consumo que tenham por objeto estabelecer
seus objetivos, o Departamento Nacional de condições relativas ao preço, à qualidade, à
Defesa do Consumidor poderá solicitar o con- quantidade, à garantia e características de
curso de órgãos e entidades de notória espe- produtos e serviços, bem como à reclamação
cialização técnico-científica. e composição do conflito de consumo.

Para fixar (QUESTÕES) § 1° A convenção tornar-se-á obrigatória


a partir do registro do instrumento no
(1ª - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor cartório de títulos e documentos.
de Justiça Substituto, adaptada) § 2° A convenção somente obrigará os fi-
Compete ao Departamento de Proteção e Defe- liados às entidades signatárias.
sa do Consumidor do SNDC, entre outras atri-
buições, requisitar à polícia judiciária a instau- § 3° Não se exime de cumprir a convenção
ração de inquérito policial para a investigação o fornecedor que se desligar da entidade
de delito contra consumidores. em data posterior ao registro do instru-
mento.

Art. 108. (Vetado).
(2ª - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor
de Justiça Substituto, adaptada)
O SNDC é integrado exclusivamente por ór- Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
gãos públicos.

(3ª - Prova: CESPE - 2014 - MEC - Analista Pro-


cessual - Supervisão da Educação Superior)
Compete ao Departamento Nacional de Defe-
sa do Consumidor, órgão federal incumbido da
coordenação da política do SNDC, receber, ana-
lisar, avaliar e encaminhar consultas, denún-
cias ou sugestões apresentadas por entidades
representativas ou pessoas jurídicas de direito
público ou privado.

(4ª - Prova: CESPE - 2014 - MEC - Analista Pro-


cessual - Supervisão da Educação Superior)
Cabe ao SNDC ajuizar ação civil pública para a
proteção judicial dos interesses difusos, coleti-
vos e individuais homogêneos dos consumido-
res.

Gabarito: 1º E | 2º E | 3º C | 4º E

51
#LEGIS

Para fixar (QUESTÕES) Anotações gerais:

(1ª - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor


de Justiça Substituto, adaptada)
A convenção coletiva de consumo torna-se obri-
gatória a partir do registro desse instrumento
no cartório de títulos e documentos e somente
obrigará os filiados às entidades signatárias.

(2ª - Prova: FCC - 2014 - DPE-PB - Defensor Pú-


blico, adaptada)
A convenção coletiva de consumo pode ser fir-
mada, de um lado, pelos legitimados para a
ação civil pública, e, de outro lado, pelas asso-
ciações ou sindicatos de fornecedores.

(3ª - Prova: FCC - 2014 - DPE-PB - Defensor Pú-


blico, adaptada)
A convenção coletiva de consumo obriga todos
os fornecedores de determinada categoria ou
classe, desde que sediados ou atuantes na área
de atribuição territorial da associação ou sindi-
cato signatário.

Gabarito: 1º C | 2º E | 3º E

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