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REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

GOVERNO REGIONAL
SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
Cursos de Educação e Formação
E BS Prof. Dr. Francisco de Freitas Branco, Porto
de Adultos – EFA
Santo Portaria n.º74/2011 de 30 de junho
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Secretaria Regional de
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Apreciação critica do livro

Felizmente há luar

Luís de Sttau Monteiro nasceu em 1926 e mudou-se para Inglaterra com dez anos, na
companhia do pai, embaixador de Portugal, até 1943. É em Inglaterra que contacta
com movimentos de vanguarda literária, que influenciarão a sua vida na escrita.

A obra foi escrita durante a ditadura salazarista, devido à mensagem que passa por
um apelo à luta pela liberdade e à esperança pela mudança. Assim sendo, só foi
publicado em 1978, após o 25 de abril.

O tempo da ação situa-se durante o domínio inglês (com Beresford) após as Invasões
Francesas a Portugal e a fuga da família real para o Brasil (1807). O autor vai fazer
uma ligação entre as duas realidades do mesmo país.

Nestas poucas páginas, o autor consegue retratar a miséria sob a qual a população


vive, o sentimento face ao "governo", a repressão...

É um texto dramático, de caráter épico, e divide-se em dois atos. Cada um deles


começa com o povo e, por uma razão ou por outra, passa até aos poderosos. São
eles: Beresford, que mostra a superioridade inglesa; D Miguel, com a sua demagogia
política (crítica a Salazar); e Principal Sousa (símbolo da influência da Igreja no
governo).

Existe uma personagem de extrema importância, Gomes Freire de Andrade, que


nunca aparece em cena. É acusado de preparar uma revolução e será executado
como estratégia do governo para tirar a esperança à população.

A leitura não é difícil e as notas laterais, chamadas de didascálias, auxiliam a leitura,


permitindo ao leitor saber os movimentos e perceber os significados e tons de voz.
São usados muitos simbolismos, especialmente nos pormenores: uma saia verde
(símbolo de esperança na renovação, da superação da violência e da repressão, da
defesa da liberdade que fora comprada em Paris, foco dos ideais revolucionários
liberais), o luar (para D. Miguel, o clarão da fogueira atemoriza todos os que querem
lutar pela liberdade; para Matilde, o luar sublinhará a intensidade do fogo, simboliza a
coragem e a força de um homem que morreu pela liberdade), a fogueira da cena final
(que tem um carácter redentor, simbolizando a purificação, a morte da “velha ordem”,
a vida e o conhecimento), uma moeda (simboliza a miséria, a pobreza de um povo que
mendiga pela sobrevivência, pela dignidade, pelo direito à vida e à liberdade), entre
muitos outros.

No meu ponto de vista, trata-se de uma mensagem de esperança veiculada por esta
obra e, para que seja bem descodificada, é necessária uma leitura atenta dada a sua
riqueza simbólica.

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