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CAMPUS GARANHUNS

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE Campus GARANHUNS


LICENCIATURA EM HISTÓRIA

DILEMAS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA: CAUSAS E


CONSEQUÊNCIAS

N.S Filho
V.M.L Cavalcanti

UPE/ Campus Garanhuns


2021.1
CAMPUS GARANHUNS

RESUMO

O seguinte trabalho tem o objetivo de apresentar alguns dos principais


dilemas sociais da educação brasileira contemporânea e suas causas e
consequências, com seus aspectos externos e internos. Que dizem respeito aos
desafios socioeconômicos ligados, em principal maneira, à falta de oportunidades de
aprendizagem; mas também do acesso ao ambiente escolar e tudo aquilo que ele
oferece ou pode vir a oferecer. E que, consequentemente, estarão relacionados à
estrutura do sistema educacional em si; as esferas político-administrativas, os
programas, os agentes e também os repasses que ocorrem entre eles.

PALAVRAS – CHAVES: Educação, Problemas, Estrutura, Sociedade, Investimento,


Politica.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho realizado para a disciplina de Planejamento e Avaliação


do curso de Licenciatura em História da Universidade de Pernambuco (Campus
Garanhuns), vem apresentar alguns dos principais dilemas enfrentados na educação
brasileira contemporânea e suas origens socioeconômicas e burocráticas. Dilemas
esses que estão além do quadro de funcionários, má remuneração por parte do
corpo docente, mas, sobre estruturas, necessidades básicas. Para Bastos:

As possibilidades de melhoria no sistema educacional brasileiro existem,


desde que haja um investimento planejado na formação dos professores e um
olhar de valorização na área e que os recursos previstos e destinados à
educação sejam radicalmente fiscalizados, para que deixem de entrar pelos
ralos desnorteadores de políticos descompromissados e desinteressados com
o desenvolvimento da sociedade.

O Brasil tem se destacado, infelizmente, como um país onde a educação


costuma não dar bons resultados. Vários fatores se apresentam para que se convirja
nessa situação. Infraestrutura, investimentos, formação profissional etc. Mas,
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observa-se, o complexo que é um sistema educacional, se envolve com um outro


meio ainda mais intricado: o social. Bastos acrescenta:

Enquanto não houver a valorização devida, o respeito com os seus


profissionais e uma política exclusiva na área, com fiscalização permanente
dos recursos destinados, vai haver sempre essa dicotomia entre teoria e
prática, pois os cidadãos conscientes e preparados para os exercícios de
suas cidadanias e qualificação para o trabalho, conforme prevê as leis da
educação, ainda são aguardados pela sociedade.

REVISÃO DA LITERATURA

Quando se fala em Educação no Brasil, sempre se toca no ponto dos


investimentos públicos. No entanto, a educação brasileira recebe investimento alto.
Segundo o relatório de 2019 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), o país investiu uma média de 5,6% do Produto Interno Bruto
(PIB) na área de educação, porcentagem que está acima da média de 4,4% dos
países da OCDE. No entanto, apesar do percentual ser elevado, o valor investido
por aluno nas instituições públicas de ensino brasileiras é bem abaixo da média
entre os países analisados.
O investimento médio dos países da OCDE é de US $9,300 anuais por aluno
do ensino básico, um valor maior do que o dobro do montante investido pelo Brasil
(de 3,866 USD). No ensino superior a diferença é menor, já que a média dos países
analisados é de US $16,100 e o Brasil gasta US $14,202. O valor médio por aluno
dos ensinos Básico e Superior é de US $10,400, entre os países membros da
organização. Aqui se investe apenas US $4,500.
O relatório também aponta uma realidade já conhecida pelos profissionais da
Educação. Os salários da área são baixos, sendo um dos menores entre os países
analisados. Professores de Ensino Fundamental, no Brasil, ganham US $22.500
anuais; a média da OCDE é de US $36.500. Professores de Ensino Médio, ganham
US $23.900 anuais; a média na OCDE é de US $45.800 anuais.
Todo esse ponto financeiro, como outros tantos nas estruturas de um estado
modero, passam pela burocracia. E as questões burocráticas envolvem as esferas
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públicas e como elas se relacionam. Os problemas mais comuns costumam envolver


os repasses orçamentais. É comum que ocorram atrasos em repasses para os
governos, normalmente decorrentes da incompetência e improdutividade dentro da
burocracia. Em maio de 2018, por exemplo, em função de um erro de cálculo do
Tribunal de Contas da União (TCU), os municípios receberam cerca de R$ 90
bilhões a menos do que deveriam para as gestões municipais.
Além disso, embora os órgãos educacionais em todas as esferas possuam
atribuições próprias, eles compartilham a responsabilidade de gerir a educação
brasileira. Isso significa que os órgãos educacionais precisam dialogar e estabelecer
uma linha de ordem para que a comunicação entre eles seja efetiva, existindo,
então, uma hierarquização dentro da federação. No caso, o Ministério da Educação
(MEC) é aquele que mais detém autonomia em relação aos outros. E o nível
estadual e municipal, acabam dependendo das decisões das demais esferas para
que possam funcionar.

RESULTADOS

Um estudo realizado pelo movimento Todos Pela Educação afirmou


que 2,46 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos estão fora da escola.
Entre esses estão mais de 1,7 milhões de jovens entre 15 e 17 anos. Isso
significa que perante o programa educacional brasileiro diversas crianças e
adolescente vêm evacuando do âmbito escolar, ou até mesmo, não ter havido
a possibilidade de acesso/chance de ter frequentado. Outro ponto colocado na
pesquisa seria o baixo desempenho perante as avaliações externas e metas
estabelecidas pelos planos educacionais. “Em 2015, por exemplo, os
estudantes do 5º e 9º anos do ensino fundamental que participaram do SAEB
tiveram nota média, em matemática, de 219 e 256 pontos respectivamente. O
valor máximo é 1000. Já no 3º ano do ensino médio a nota sobe um pouco,
alcançando os 267 pontos”.  Dentre os fatores apontados na pesquisa como
catalizadores desses fatos estavam: baixa renda familiar, baixa ou pouca
escolarização dos responsáveis, trabalho informal, distorção idade-série,
dentre outros.
Outro ponto destacado na pesquisa se refere a violência acometida com
os docentes em sala de aula. Estima-se que 12,5% dos professores sofrem
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pelo menos um tipo de agressão verbal ou intimidação a cada semana de aula.


Um fator importantíssimo que vai diretamente na forma em que o profissional
irá conduzir suas disciplinas, a maneira que a didática será aplicada entre
outros. Mas, em principal o desempenho e motivação desse profissional em
continuar.
Segundo o relatório da OCDE, o Brasil não investe pouco em educação (ao
menos não em relação ao PIB), porém, falta qualidade e competência na execução
dos gastos da área de educação. Fazendo com que os problemas estruturais
persistam: falta de professores, de bibliotecas, de quadras esportivas e laboratórios.
A escola brasileira carece de estruturação.
Em seu âmbito administrativo, a conjuntura de coesão hierárquica, embora
faça sentido, muitas vezes não é bem aplicada. Por exemplo, há cidades onde o
estado e município ofertam vagas para o ensino fundamental, e acabam competindo
pelo mesmo público e, consequentemente, gerando vagas que não serão ocupadas.
Existem, também, muitos processos de autorização ou burocratização entre os
agentes coordenadores da educação, o que pode fazer com que muitos programas
demorem a chegar a todas as escolas. Essa burocracia gera um “bloqueio” no
sentido de que a educação brasileira é pouco adaptável às necessidades de cada
geração e vem seguindo um mesmo modelo há décadas.
Acredita-se, ainda, que outro aspecto negativo em relação ao
desenvolvimento educacional brasileiro, seja a falta de políticas públicas que
atendam às necessidades das novas gerações, oferecendo novos saberes e
competências que motivem a aceleração e a fomentação pelo processo educativo.
Pois as condições precárias de formação, de trabalho e a baixa remuneração,
empecilham que os professores tenham acessibilidade aos saberes e competências
qualitativas. O estado tem adotado sempre as mesmas medidas sem, no entanto,
mensurar a evolução tecnológica e as necessidades do seu acompanhamento. Ao
menos, até o momento atual.
Um exemplo dessa falta de adaptação é a dificuldade da educação formal em
captar a atenção e despertar interesse nos mais jovens. Assim como tem dificuldade
de se adaptar às novas tecnologias que criaram novos mercados, profissões e
formas de ensinar. Necessitando, assim, que haja uma melhor preparação dos
professores e demais profissionais da área de educação para essa nova conjuntura.
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CONCLUSÃO

Compreende-se que a escolarização brasileira enfrenta diversos desafios. E


acredita-se que apenas conhecendo-os e estudando-os que poderemos encaminhar
esforços para superá-los. A desvalorização dos professores é um desses principais
problemas. Ela leva a maioria dos jovens a já não incluírem em suas perspectivas a
profissão docente, haja vista a baixa remuneração do setor. A profissão está, cada
dia que passa, perdendo o poder de atração. É preciso que se perceba a
importância visceral da vocação docente para o desenvolvimento das futuras
gerações, e, consequentemente do país.
É indispensável também alcançar um equilíbrio entre os investimentos feitos
no setor e a qualidade da educação. “Os desafios da educação brasileira não são,
simplesmente, exclusivos dos seus profissionais, mas de toda a sociedade que
almeja uma nação desmascarada e consciente, pois uma pátria que não reconhece
a educação como pilar do equilíbrio social, jamais se estabilizará”. (BASTOS, 2017).
Pois, o simples financiamento não mostrou surtir efeito. Assim como, é necessário
modernizar as estruturas administrativas-burocráticas para que se adequem às
novas relações profissionais e formas de ensino.
Desta forma, os dilemas externos e internos que afetam a educação brasileira
são diversos e em muitos casos simultâneos. Todos esses fatores afetam
diretamente a forma como que cada criança/adolescente terá acesso ao ambiente
escolar, além, do seu desenvolvimento pessoal. Questiona-se, então, até que ponto
o sucateamento da Educação perante a responsabilidade do Estado irá persistir?

REFERÊNCIAS

BASTOS, Manoel de Jesus. Os Desafios da Educação Brasileira. Revista


Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Ed. 01, Vol. 14, pp. 39-
46. 2017. Disponível em: <www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/educacao-
brasileira>. Acesso em: 27 de dezembro de 2021.

POLITIZE!. Educação Brasileira: realidade e desafios, 2018. Disponível:


<www.politize.com.br/educacao-brasileira-realidade-e-desafios>. Acesso em: 27 de
dezembro de 2021.
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QUEROBOLSA. Países que mais investem em educação: veja a situação do


Brasil, 2021. Disponível: <www.querobolsa.com.br/revista/paises-que-mais-
investem-em-educacao-veja-a-situacao-do-brasil>. Acesso em: 27 de dezembro de
2021.

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