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CAMPUS GARANHUNS

FILHO, Nelson da silva. Licenciando em História pela Universidade de Pernambuco (UPE)


<Campus Garanhuns>. Analise indicativa produzida para a disciplina de História da América
III, entregue/apresentado ao Profº. Dr. Bruno Augusto Dornelas Câmara.

É certo que a participação popular nas guerras de independências e em outras lutas por
igualdade de direitos sociais, tiveram uma significativa importância para o desenrolar dos
conflitos e suas resoluções. Em muitos livros de história, textos e artigos podemos ver essas
histórias de lutas sendo narradas de um ponto de vista quase sempre único, o das elites.
Entendemos assim, muitas das vezes que o povo se manteve em inercie enquanto a elite movia
o “jogo de xadrez social”. É como se o povo não tivesse poder de decisão, suas ações não
influíssem, e apenas a elite, letrada e detentora de toda soberba que o capital é capaz de criar,
fosse a única a conseguir mudar o curso das narrativas da história. Atualmente e com o auxílio
da historiografia, podemos analisar a história com um olhar mais de baixo, entender como a
grande massa se portava diante das situações e quais ações tomavam ao se deparar com o
conflito eminente à frente de sua vista.
O texto de Norberto Ferreiras e María Verónica Secreto é bem claro na sua forma de
pontuar como a participação popular foi tomada em diferentes conflitos. No texto é citado
Michel-Rolph Trouillot, um antropólogo haitiano, que diz que a independência do Haiti
transformou-se em um não evento, isso por que os contemporâneos não conseguiam entender
de que se tratava, não compreendiam a revolução pois ela não se encaixava na realidade e nas
categorias dos homens da ilustração. “A possiblidade de que os negros de uma colônia francesa
pudessem pensar a liberdade e atuar para assegurar seus direitos como homens era inconcebível
dentro da ordem antológica, compartilhada por boa parte do mundo ocidental. (pág: 17)”. Isso
coloca qualquer povo não europeu como inferior, como se ninguém além deles pudessem pensar
em liberdade. A revolução do Haiti não teve nenhum discurso explicito de seu início, mas isso
não fez com que ela não acontecesse.
Em partes pode ser compreendido que não se tenha tantos registros, formas escritas da
participação popular na luta por seus direitos. Pois, é de conhecimento de todos que a leitura
nesses períodos se restringia a um pequeno grupo da sociedade. Mas, não se ter um registro
escrito que reivindica as ideias do grosso da população, não se ter algo que narre a sua
participação formalmente, não anula sua existência, e não a torna inconcebível. Toda história
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de revolução tem um ponto de ignição, não surge de um dia para outro e não acontece se não
bem pensada.
No contexto das guerras de independência da América Latina, tivemos inúmeros
processos de diferentes índoles e reivindicações: “Guerras étnicas, conflitos por terra, guerras
camponesas, confronto entre classes, além do evidente conflito político internacional. Em
alguns casos, as definições se entrecruzam; assim, encontramos vários conflitos que são de
classe e étnicos ao mesmo tempo. (Pág: 29)”. Assim, entendemos que a participação popular se
mostrou bastante efetiva, ao contrário do que muitas das vezes nos é passado. O povo não se
manteve inerte enquanto o mundo se transformava, as pessoas não eram jogadas de um lado
para o outro do conflito como se não tivessem consciência do que estava acontecendo. Ressalto
que, essa analise não tem caráter de generalizar e englobar como se todos fossem um. Em todos
os casos existem os despertos e os não despertos, o que podemos amarrar nessa análise é que:
falar que a população não teve significativas participações é o mesmo que negar que a água é
molhada.

FERREIRAS, Norberto O.; SECRETO, María Verónica. A plebe nas guerras das
independências. In. Os pobres e a política: História e Movimentos Sociais na América
Latina. Rio de Janeiro: Maud X, FAPERJ, 2013, pp. 15-39.

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