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MESTRADO EM ESTUDOS E GESTÃO DA CULTURA

INVENTÁRIO E INTERPRETAÇÃO PATRIMONIAL

Ano letivo 2020-2021 | 1º Semestre

Aluno: José Vieira

Comentário ao excerto de texto Neves, José Soares (coord.), Sofia Macedo, Maria João Lima,
Jorge Santos e Ana Paula Miranda (2020), Os Monumentos Nacionais de Portugal e a
Abertura ao Público: impactos decorrentes da COVID-19. Relatório, Lisboa, Observatório
Português das Atividades Culturais, CIES-Iscte

Este presente estudo visou verificar o impacto da pandemia nos monumentos nacionais, e em
que medida os mesmos tomaram medidas com a manutenção da relação com os seus públicos
em vistas, representando as decisões em como operar durante, e pós-pandemia. Para tal, o
inquérito é constituído por duas perguntas de resposta aberta, apontando para uma análise
qualitativa, organizada em catorze temáticas.

Dada a natureza do vírus e da sua propagação, a aposta mais significativa dos MN é


aprofundada (ou mesmo fundada, em alguns casos) na mesma solução do que os restantes
sub-setores (o caso dos espetáculos musicais e festivais que disponibilizaram concertos
vituais) da área da cultura: o investimento na comunicação digital. Verifica-se uma aposta
muito forte nos serviços online, na presença nas redes sociais (com conteúdo de cariz cultural
e não cultural) e o proveito para uma adaptação dos Recursos Humanos assim como
atividades de inventário, manutenção dos espaços (provavelmente de difícil execução no
decorrer do normal funcionamento) e na consideração da reformulação de regras de
segurança a adotar quando o principal núcleo da sua atividade (o acesso físico) se tornasse
praticável (inclusive na perspetiva de segurança por parte dos públicos).
Esta implementação de serviços digitais (presença nas redes sociais, websites, serviços
online, criação de conteúdos, etc…) é não só uma resposta evidente (dado às características
não presenciais), como necessária não apenas nesta controversa situação. O redirecionamento
para os públicos nacionais e, mais especificamente, os mais jovens torna necessária esta
configuração digital da comunicação. Em Portugal, entre 2010 e 2020 denota-se um
crescimento acentuado de utilizadores de internet (53,3% para 79,5%, respetivamente) e a
“taxa de utilizadores de internet é também superior a 90% para a população dos 25 aos 44
anos e das pessoas (16-74 anos) que concluíram níveis de ensino superior (98,7%) e
secundário (96,5%)”; sendo ainda mais acentuada de 2019 para 2020*1, sendo a causa mais
provável o confinamento. A utilização das redes sociais também se expõe como fator
determinante na instalação destas formas de comunicação sendo que “4/5 dos utilizadores
participa em redes sociais, proporção superior à média da UE-28 (perto de 2/3)” e o “acesso à
internet em mobilidade (fora de casa e do local de trabalho e em equipamentos portáteis), que
regista para Portugal níveis idênticos à média europeia desde 2016, mantem uma forte
tendência de crescimento em 2019 (84,1%, ou seja, mais 3,2 p.p. que no ano anterior)”*2
(nota: embora desatualizados, estes dados demonstram uma notável tendência de
aproximação dos públicos por meio de comunicação digital). Estas recentes formas de
comunicação têm vindo a crescer na última década têm uma vasta sucessão de proveitos que
poderão ser vantajosos aos MN, do ponto de vista da receção e fruição dos seus públicos. A
primeira porque permite uma vasta amplitude de públicos (até mesmo a globalização da
mesma), o que não só é profícuo do ponto de vista da comunicação como até da aquisição de
informação acerca dos mesmos. Um exemplo como a Google Analytics, que permite a junção
e análise de valiosa informação acerca dos utilizadores e visitantes dos seus websites (o
mesmo se aplica às redes sociais, que já disponibilizam gratuitamente esta informação).

Embora as medidas de segurança para proteção tanto dos públicos como dos funcionários dos
MN seja a primeira consideração (pois é determinante para a atividade presencial), eu
argumento que esta reformulação e reforço dos serviços digitais, dos serviços para fruição
pública (como infraestruturas novas), da dinamização da experiência de visita, do reforço do
sistema educativo e a definição de programas de atividades a desenvolver nos MN serão
fundamentais para estabelecer uma ligação com os seus públicos nacionais e locais. Os
públicos nacionais raramente carecem de oportunidades para visitar e se relacionar com os
MN, ao passo que os públicos estrangeiros estão sujeitos a uma ocasião periódica, o que
determina uma necessidade em instituir uma maior e melhor comunicação/relação com os
mesmos (públicos nacionais), garantindo que não se deslembrem de os visitar.

Embora tenham vindo por meio de um (muito) infeliz acontecimento, eu argumento que estas
medidas vêm reformular as estratégias dos MN de uma perspetiva otimista. Poderão, com os
apoios certos, as organizações e instituições desencadeado uma nova forma de se relacionar
(para sempre) com os seus públicos?

Bibliografia:

*1-INE- “Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas


Famílias 2020” (Versão retificada em 14/01/2021, pág.4): https://www.ine.pt/xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=415621509&DESTAQUESmod
o=2

*2 – INE- “Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas


Famílias 2019”, (pág. 1):

https://www.ine.pt/xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=354447153&DESTAQUESmod
o=2

INE- “Estatísticas do Turismo – 2020”

https://www.ine.pt/xportal/xmain?
xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=280866098&PUBLICACOE
Smodo=2

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