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Sumário
1. A crise do pensamento moderno no séc. XIX ................................................................. 2
2. Crítica à subjetividade ....................................................................................................... 3
3. Ênfase na linguagem ......................................................................................................... 4
4. Crítica ao antropocentrismo .............................................................................................. 5
5. Modernidade: herança e ruptura ...................................................................................... 6
Bibliografia .............................................................................................................................. 8
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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
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“homem (lat. homo, hominis) O que é o homem? Seria um objeto real ou apenas uma ideia? Seria uma
certa variedade animal, que os antropólogos chamam de Homo sapiens? O fato é que o homem existe no
planeta terra há dezenas de milhares de nãos. Hoje em dia, quando se fala da ‘morte do homem’ (M.
Foucault), trata-se da ideia ocidental do homem. Essa ideia foi criada pelo Cristianismo e pela antiguidade
greco-latina. A Bíblia afirma a posição dominante do homem sobre a natureza (Adão, Noé) e conta a
aliança que o Deus único e criador estabeleceu com uma parte dos descendentes de Adão. Ademais,
afirma que o próprio Deus se fez homem para salvar os homens. O fato de o homem relacionar-se com
Deus torna-o diferente do resto da natureza. Aos poucos, o pensamento grego elabora a ideia de que o
homem é um ‘animal dotado de razão’ (Aristóteles). As duas correntes vão se encontrar na Idade Média,
graças aos esforços conceituais da escolástica. Com o Renascimento, há uma reviravolta: a Terra deixa de
ser o centro do mundo, gira em torno do Sol, descobre-se a existência de outros homens além do oceano
etc. É a época do humanismo, na qual a ideia de homem vai laicizar-se. Utiliza-se a matemática para se
descrever e conhecer o mundo (Galileu, Newton). Na dúvida metódica de Descartes, a única evidência
que subsiste é o ‘eu penso, logo existo’. Tudo o que não é pensamento é reduzido à extensão submetida
às leis das matemáticas da mecânica. Assim, o homem se converte em ser abstrato, num mestre do
universo, simplesmente porque sabe que pensa e porque sabe medir a extensão. O prodigioso
desabrochar das ciências parece confirmar essa visão (a Enciclopedia e a filosofia das Luzes). No séc. XIX,
o homem, sujeito do conhecimento desde o século XVII, torna-se objeto de conhecimento: começam a
nascer as ciências do homem. Darwin situa o homem numa linhagem evolutiva e mostra que ele também
é um animal. Marx mostra que os homens não dominam as leis da economia, mas são dominados por
elas. A psicologia descobre que o homem está longe de fazer o que quer, de ser o que acredita ser. Abala-
se a ideia de homem. Questiona-se o cerne mesmo dessa ideia: a razão. O que entendemos hoje por
homem? Afinal, ‘o que é o homem?’, se perguntava Kant. Se a ideia de homem morreu, nem por isso o
homem concreto deixou de existir.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 122-23)
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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
2. Crítica à subjetividade
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“eu (filosofia do) O eu (ego em latim, je em francês) constitui o termo característico para designar a
filosofia do sujeito (ou da consciência), que parte do pensamento pessoal a fim de construir toda uma
teoria do conhecimento. Nascida com o cogito de Descartes, ela se encontra bem expressa no ‘Penso,
logo existo’. Podemos duvidar de tudo, podemos nos perguntar se os objetos que percebemos não
constituem fantasmas ou visões de um sonho. Contudo, enquanto estamos duvidando, percebemos que
há pelo menos uma coisa que permanece ao abrigo da dúvida: existe um certo ser, que se encontra aí e
que está duvidando. ‘Esta proposição: je suis, j‘existe é necessariamente verdadeira todas as vezes que a
pronuncio ou que a concebo em meu espírito’, comenta Descartes. E do cogito, ele tira a conclusão: eu
sou uma substância que pensa. Cada vez que pensamos ou dizemos ‘eu’, ou seja, que temos consciência
atual de existir, esta consciência é um ato, não uma coisa. Porque afirmar a existência de um eu pensante
é exceder os limites de nossa experiência.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 91)
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Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
3. Ênfase na linguagem
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Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
4. Crítica ao antropocentrismo
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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
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“fenomenologia 1. Termo criado no século XVIII pelo filósofo J.H. Lambert (1728-1777) designando o
estudo puramente descritivo do fenômeno tal qual este se apresenta à nossa experiência. 2. Hegel
emprega o termo em sua Fenomenologia do espírito (1807) para designar o que denomina de ‘ciência da
experiência da consciência’, ou seja, o exame do processo dialético de constituição da consciência desde
seu nível mais básico, o sensível, até as formas mais elaboradas da consciência de si que levariam
finalmente à apreensão do absoluto. 3. Corrente filosófica fundada por E. Husserl, visando a estabelecer
um método de fundamentação da ciência e de constituição da filosofia como ciência rigorosa. O projeto
fenomenológico se define como uma ‘volta às coisas mesmas’, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece
à consciência, que se dá como seu objeto intencional. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar
central na fenomenologia, definindo a própria consciência como intencional, como voltada para o mundo:
‘toda consciência é consciência de alguma coisa’ (Husserl). Dessa forma, a fenomenologia pretende ao
mesmo tempo combater o empirismo e o psicologismo e superar a oposição tradicional entre realismo e
idealismo. A fenomenologia pode ser considerada uma das principais correntes filosóficas deste século,
sobretudo na Alemanha e na França, tendo influenciado fortemente o pensamento de Heidegger e o
existencialismo de Sartre, e dando origem a importantes desdobramentos na obra de autores como
Merleau-Ponty e Ricoueur.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 198)
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“existencialismo (fr. existentialisme) Filosofia contemporânea segundo a qual, no homem, a existência,
que se identifica com sua liberdade, precede a essência; por isso, desde nosso nascimento, somos
lançados e abandonados no mundo, sem apoio e sem referência a valores por nossa própria liberdade e
sob nossa própria responsabilidade. Quando Sartre diz que a existência precede a essência, quer mostrar
que a liberdade é a essência do homem: ‘A liberdade do para-si aparece como seu ser.’ Assim, a filosofia
existencialista é centrada sobre a existência e sobreo homem. Ela privilegia a oposição entre a existência
e a essência. Quanto ao homem, ele é aquilo que cada um faz de sua vida, nos limites das determinações
físicas, psicológicas ou sociais que pesam sobre ele. Mas não existe uma natureza humana da qual nossa
existência seria um simples desenvolvimento. O cerne do existencialismo é a liberdade, pois cada
indivíduo é definido por aquilo que ele faz. Donde o interesse dos existencialistas pela política: somos
responsáveis por nós mesmos e por aquilo que nos cerca, notadamente, a sociedade: aquilo que nos cerca
é nossa obra. Como o pensamento filosófico (abstrato e generalizante) não apreende a existência
individual, na qual a angústia tem um papel preponderante, o existencialismo abre-se para a literatura e
para o teatro, fazendo a filosofia passar pelos romances e pelas peças teatrais.” (JAPIASSÚ, MARCONDES,
1990, p. 92)
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“filosofia analítica Corrente de pensamento filosófico que se desenvolveu sobretudo na Inglaterra e nos
Estados Unidos a partir do início deste século, com base na influência de filósofos como Gottlob Frege,
Bertrand Russel, George Edward Moore e Ludwig Wittgenstein, dentre outros. Caracteriza-se, em linhas
gerais, pela concepção de que a lógica e a teoria do significado ocupam um papel central na filosofia,
sendo que a tarefa básica da filosofia é a análise lógica das sentenças, através da qual se obtém a solução
dos problemas filosóficos. Há, no entanto, profundas divergências sobre as diferentes formas de se
conceber esta análise.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 100)
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“fisicalismo (al. Physikalismus) Termo criado por Rudolf Carnap em sua obra Conceituação fisicalista
(1926) e que passou a designar a doutrina filosófica do Círculo de Viena, o empirismo lógico, positivismo
lógico ou neopositivismo. Sua ideia central é a de que a linguagem da física constitui um paradigma para
todas as ciências, naturais e humanas (dentre estas últimas sobretudo a psicologia), estabelecendo a
possibilidade de se chegar a uma ciência unificada. Essa linguagem, por sua vez, se reduz a sentenças
protocolares, que descrevem dados da experiência imediata, e a sentenças lógicas que são analíticas. A
verificação empírica e o formalismo lógico são assim as bases da doutrina fisicalista” (JAPIASSÚ,
MARCONDES, 1990, p. 104)
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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
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Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
Bibliografia
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“Frankfurt (escola de) Nome genérico para designar um grupo de filósofos e pesquisadores alemães
que, unidos por amizade no início dos anos 30, emigraram, com o advento do nazismo, só retornando à
Alemanha depois da guerra: Theodor Adorno, Walter Benjamin, Max Horkheimer, Herbert Marcuse,
Jürgen Habermas etc. A pretensão básica do grupo foi a de elaborar uma teoria crítica do conhecimento,
de um lado, aprofundando as origens hegelianas de Marx, do outro introduzindo um questionamento no
sistema de valores individualistas. Assim, a escola de Frankfurt elucidou o caráter contraditório de
conquista racional do mundo, pois a racionalidade científica e técnica consegue o feito de converter o
homem num escravo de sua própria técnica. Procedeu ainda, de modo mais ou menos radical, segundo
os autores, a uma crítica da ‘massificação’ da indústria cultural, dos totalitarismos, da concepção
positivista do mundo etc.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 106)
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“modernidade 3. A questão da modernidade é uma controvérsia contemporânea, envolvendo questões
filosóficas de interpretação da sociedade, da arte e da cultura. Pode ser representada, por um lado, pelo
filósofo francês Lyotard e, por outro, pelo filósofo alemão Habermas. Lyotard introduz a ideia da ‘condição
pós-moderna’, como uma necessidade de superação da modernidade, sobretudo da crença na ciência e
na razão emancipadora, considerando que estas são, ao contrário, responsáveis pela continuação da
subjugação do indivíduo. De acordo com Lyotard, seguindo uma inspiração do movimento romântico, a
emancipação deve ser alcançada através da valorização do sentimento e da arte, daquilo que o homem
possui de mais criativo e, portanto, de mais livre. Habermas, por sua vez, defende o que chama de ‘projeto
da modernidade’, considerando que esse projeto não está acabado, mas precisa ser levado adiante, e só
através dele, pela valorização da razão crítica, será possível obter a emancipação do homem da ideologia
e da dominação política e econômica.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 170)