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Isto não é Filosofia

Isto não é um Curso de História da Filosofia


Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)

Sumário
1. A crise do pensamento moderno no séc. XIX ................................................................. 2
2. Crítica à subjetividade ....................................................................................................... 3
3. Ênfase na linguagem ......................................................................................................... 4
4. Crítica ao antropocentrismo .............................................................................................. 5
5. Modernidade: herança e ruptura ...................................................................................... 6
Bibliografia .............................................................................................................................. 8

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Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)

Há uma dificuldade intrínseca em estudar História da Filosofia Contemporânea.


Falta distanciamento histórico para avaliar a durabilidade da influência do que é
produzido, critério que costuma ser predominante na escolha do que ser mencionado
nos manuais oficiais. No entanto, é preciso correr o risco, uma vez que a produção
filosófica em nossos dias é intensa e abrangente, sendo possível dizer que nunca houve
tantos filósofos, em tantas vertentes diferentes produzindo ao mesmo tempo na História
humana. É sempre possível cometer a injustiça de deixar de mencionar alguém
relevante.

1. A crise do pensamento moderno no séc. XIX

A Filosofia Contemporânea pode ser vista como resultado da crise do


pensamento moderno do séc. XIX. Mas o que é o projeto moderno? Em linhas gerais,
Segundo Marcondes (p. 255), é a
“...busca da fundamentação da possibilidade do conhecimento e das teorias científicas na análise
da subjetividade, do indivíduo considerado como sujeito pensante, como dotado de uma mente ou
consciência caracterizada por uma determinada estrutura cognitiva, bem como por uma
capacidade de ter experiências empíricas sobre o real, tal como encontramos no racionalismo e
no empirismo, embora em diferentes visões.

Em suma, em três grandes eixos o pensamento moderno se fundamenta: na


centralidade da subjetividade, na ênfase do indivíduo e na valorização do homem1.
No séc. XIX, esse projeto entra em crise a partir de Hegel e de Marx. A
contraposição proposta pelos dois filósofos é a de que o processo histórico precisa

1
“homem (lat. homo, hominis) O que é o homem? Seria um objeto real ou apenas uma ideia? Seria uma
certa variedade animal, que os antropólogos chamam de Homo sapiens? O fato é que o homem existe no
planeta terra há dezenas de milhares de nãos. Hoje em dia, quando se fala da ‘morte do homem’ (M.
Foucault), trata-se da ideia ocidental do homem. Essa ideia foi criada pelo Cristianismo e pela antiguidade
greco-latina. A Bíblia afirma a posição dominante do homem sobre a natureza (Adão, Noé) e conta a
aliança que o Deus único e criador estabeleceu com uma parte dos descendentes de Adão. Ademais,
afirma que o próprio Deus se fez homem para salvar os homens. O fato de o homem relacionar-se com
Deus torna-o diferente do resto da natureza. Aos poucos, o pensamento grego elabora a ideia de que o
homem é um ‘animal dotado de razão’ (Aristóteles). As duas correntes vão se encontrar na Idade Média,
graças aos esforços conceituais da escolástica. Com o Renascimento, há uma reviravolta: a Terra deixa de
ser o centro do mundo, gira em torno do Sol, descobre-se a existência de outros homens além do oceano
etc. É a época do humanismo, na qual a ideia de homem vai laicizar-se. Utiliza-se a matemática para se
descrever e conhecer o mundo (Galileu, Newton). Na dúvida metódica de Descartes, a única evidência
que subsiste é o ‘eu penso, logo existo’. Tudo o que não é pensamento é reduzido à extensão submetida
às leis das matemáticas da mecânica. Assim, o homem se converte em ser abstrato, num mestre do
universo, simplesmente porque sabe que pensa e porque sabe medir a extensão. O prodigioso
desabrochar das ciências parece confirmar essa visão (a Enciclopedia e a filosofia das Luzes). No séc. XIX,
o homem, sujeito do conhecimento desde o século XVII, torna-se objeto de conhecimento: começam a
nascer as ciências do homem. Darwin situa o homem numa linhagem evolutiva e mostra que ele também
é um animal. Marx mostra que os homens não dominam as leis da economia, mas são dominados por
elas. A psicologia descobre que o homem está longe de fazer o que quer, de ser o que acredita ser. Abala-
se a ideia de homem. Questiona-se o cerne mesmo dessa ideia: a razão. O que entendemos hoje por
homem? Afinal, ‘o que é o homem?’, se perguntava Kant. Se a ideia de homem morreu, nem por isso o
homem concreto deixou de existir.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 122-23)

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ser levado em consideração quando se analisa a consciência. No primeiro, essa crítica


acontece numa vertente idealista. No segundo, numa vertente materialista.
Além disso, os românticos rompem com duas temáticas da modernidade.
Primeiro, o foco nos estudos da origem do conhecimento – o debate entre
racionalistas e empiristas – e nas condições de possibilidade do conhecimento – a
contribuição inaugurada por Kant. Segundo, a ênfase na ciência como modelo
privilegiado de relação do homem com a realidade.
Soma-se a isso a desconfiança da possibilidade de uma investigação filosófica
sistemática, de modo a cobrir todos os campos do saber. Tal empreitada passa a ser
vista como irrealizável, dada a crescente especialização do saber em diferentes ciências
e em suas ramificações. O último filósofo, talvez, a adotar essa visão de todo foi Hegel.

2. Crítica à subjetividade

Há uma crítica em muitas frentes à centralidade atribuída à noção de


subjetividade, o “eu penso”, que tem seu ponto de partida em Descartes 2. De um lado,
há a crítica tributária de Marx e Hegel. De outro, há a crítica tributária de Leibniz e Kant.
Hegel mostra que a subjetividade é resultado de um processo de formação
histórica, não podendo ser considerada prévia ao contexto temporal e espacial. O que
era considerado o fundamento de nossa possibilidade de conhecer o real passou a não
mais ser localizado no mundo transcendente.
Marx parte dessa posição e acrescenta uma interpretação materialista,
enfatizando o papel do trabalho e das relações de produção na constituição da
subjetividade.
Quanto à crítica tributária de Leibniz e Kant, a abordagem levará em conta as
contribuições dos estudos da linguagem e da lógica, principalmente para lidar com as
dificuldades dos modernos em conciliar a relação entre sujeito e objeto, mente e mundo.
Isso ocorre porque a conexão entre um e outro se dá via representação, e a
representação passou a ser vista, de certo modo, como uma construção subjetiva, não
objetiva. O problema a ser atacado passou a ser o de construir uma alternativa à
redução da realidade à experiência subjetiva, psicológica, individual.

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“eu (filosofia do) O eu (ego em latim, je em francês) constitui o termo característico para designar a
filosofia do sujeito (ou da consciência), que parte do pensamento pessoal a fim de construir toda uma
teoria do conhecimento. Nascida com o cogito de Descartes, ela se encontra bem expressa no ‘Penso,
logo existo’. Podemos duvidar de tudo, podemos nos perguntar se os objetos que percebemos não
constituem fantasmas ou visões de um sonho. Contudo, enquanto estamos duvidando, percebemos que
há pelo menos uma coisa que permanece ao abrigo da dúvida: existe um certo ser, que se encontra aí e
que está duvidando. ‘Esta proposição: je suis, j‘existe é necessariamente verdadeira todas as vezes que a
pronuncio ou que a concebo em meu espírito’, comenta Descartes. E do cogito, ele tira a conclusão: eu
sou uma substância que pensa. Cada vez que pensamos ou dizemos ‘eu’, ou seja, que temos consciência
atual de existir, esta consciência é um ato, não uma coisa. Porque afirmar a existência de um eu pensante
é exceder os limites de nossa experiência.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 91)

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3. Ênfase na linguagem

Uma alternativa encontrada pelos filósofos contemporâneos foi recorrer à


linguagem para explicar a relação entre mente e mundo. Ao tentar investigar o processo
de significação, várias vertentes inauguraram projetos de pesquisa distintos, mas
partindo da mesma ideia: a análise do processo de atribuição de significados, de
símbolos, de sinais que utilizamos em nossa relação com a realidade. Tal empreitada
aconteceu em duas direções.
A primeira direção partiu da noção de que os processos mentais subjetivos
dependem de linguagem, de significados, de um sistema simbólico. A partir daí, a
relação entre linguagem e mundo poderia ser estudada de modo a compreender as
regras e princípios envolvidos nessa atividade.
A segunda direção partiu da noção de que a linguagem pode ser vista a partir de
um ponto de vista lógico, como constituída de estruturas formais independentes dos
processos mentais subjetivos. A partir daí, a relação entre linguagem e mundo poderia
ser estudada sem levar em consideração a consciência individual.
Algumas teorias que se desenvolveram nesses dois sentidos são estas:

• Filosofia Analítica da Linguagem. Inspirada em parte em Leibniz e no


desenvolvimento da lógica matemática, alguns filósofos se destacam:
o Gottlob Frege e sua obra Conceitografia (1879)
o Bertrand Russell e sua obra Princípios da Matemática (1903) e Principia
Mathematica (1910), com A. N. Whitehead.
o Ludwig Wittgenstein e sua obra Tractactus logico-philosophicus (1921)
• Positivismo lógico do Círculo de Viena. Partindo da uma concepção de
fundamentação do pensamento científico de cunho empirista e lógico, destacam-
se os seguintes pensadores:

• Semiótica e a teoria geral dos signos de Charles Sanders Peirce, com sua teoria
pragmática da verdade.
• A filosofia das formas simbólicas. Ernst Cassirer e sua obra homônima
forneceram uma interpretação do conhecimento da cultura por meio dos
processos de simbolização desenvolvidos ao longo da História.
• Hermenêutica. Surgida sob a inspiração do teólogo e filósofo Friedrich
Schleiermacher, considera a interpretação como forma de relação fundamental
com o real. O principal representante atual é H. G. Gadamer com sua obra
Verdade e método (1960).
• Estruturalismo. Grande corrente influente na produção filosófica de língua
francesa, tem como principais nomes:
o Ferdinand de Saussure e sua obra Curso de linguística geral (1916)
o Claude Lévi-Strauss e sua Antropologia estrutural (1958)
o Louis Althusser
o Jacques Lacan
o Michel Foucault
o Roland Barthes
• Antropologia linguística. Os principais nomes são:

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o Borislaw Malinowski e seu O problema do significado nas linguagens


primitivas (1923)
o Edward Sapir e seu livro Language (1921)
o Benjamin Lee Whorf
• Teoria linguística de Noam Chomsky e sua obra Estruturas sintáticas (1957).
Chomsky buscou pesquisar os universais linguísticos presentes em todas as
línguas e aos processos cognitivos.

4. Crítica ao antropocentrismo

Diferentes pontos de vista também questionam na contemporaneidade o


antropocentrismo. De acordo com essa noção tipicamente moderna, o homem tem
uma natureza portadora de direitos naturais, que é dotada de racionalidade, entendida
como consciência autônoma, com capacidades cognitivas e éticas não presentes nos
demais animais. Há, ao menos, três abalos a considerar nessa noção – cosmológico,
biológico e psicológico.
Em primeiro lugar, a ruptura pode ser remontada à teoria heliocêntrica de
Copérnico (1473-1543), a partir de sua obra Da revolução das esferas celestes (1543).
Copérnico retirou a Terra de seu lugar ao deslocá-la, como era no modelo cosmológico
antigo e medieval, do centro do universo para colocá-la em movimento ao redor do Sol.
De estável e perfeita em sua posição, passou a ser instável e imperfeita – dado que, do
ponto de vista da cosmologia anterior, a própria ideia de movimento já denotava
imperfeição. O modelo cosmológico heliocêntrico abala as crenças tradicionais do
homem tanto em relação à ordem do universo, quanto em relação ao seu lugar nessa
ordem.
Em segundo lugar, a ruptura pode ser encontrada também na teoria da
evolução das espécies de Charles Darwin (1809-1882), a partir da publicação de A
origem das espécies pela seleção natural (1859). O homem passou a ser entendido
como mais uma espécie natural entre outras, que resultam de um processo de seleção
natural, com ancestrais comuns. A crença da superioridade humana em relação aos
demais seres passou a ser amplamente questionada também no âmbito biológico.
Em terceiro lugar, a ruptura também está presente na teoria psicanalítica de
Sigmund Freud (1856-1939), principalmente com o conceito de inconsciente, com sua
formulação inicial em A interpretação dos sonhos (1900). Depois das investigações
freudianas e das que dela derivaram, a concepção de que o homem se define pela
racionalidade clássica e pela consciência passaram a perder força. Segundo Freud, os
desejos e os valores humanos são fortemente influenciados por uma dimensão psíquica
da qual não temos plena consciência e que, ainda que reprimida, manifesta-se à revelia
de deliberação nos sonhos, no pensamento, na linguagem, na ação cotidiana.
A essas três rachaduras na noção de homem tal qual herdada da tradição,
somam-se problemas típicos do séc. XX que também continuam presentes no séc. XXI.
Ambos são provenientes da revolução da informática – em que se ocupa a Filosofia
da Mente – e da engenharia genética – em que se ocupa a Bioética.

• A inteligência é privilégio do ser humano?


• Qual o critério para decidir se uma máquina é inteligente?

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• O funcionamento de computadores é um modelo adequado para entender a


mente (hardware/software)?
• Até onde podemos intervir na natureza biológica?
• A vida inicia em que momento?
• O homem pode manipular livremente vidas de animais não humanos?

5. Modernidade: herança e ruptura

É difícil categorizar os filósofos contemporâneos. Adotaremos, para efeitos


didáticos, a divisão de Marcondes: herança da modernidade e ruptura com a
modernidade.
Os herdeiros são continuadores da tradição, embora de forma crítica. A Filosofia
teria a tarefa de desenvolver os projetos de pesquisa já iniciados, ainda que buscando

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novos rumos. Pertencem a esse rótulo a fenomenologia3, o existencialismo4, a filosofia


analítica5, o positivismo lógico6 e a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt7.

3
“fenomenologia 1. Termo criado no século XVIII pelo filósofo J.H. Lambert (1728-1777) designando o
estudo puramente descritivo do fenômeno tal qual este se apresenta à nossa experiência. 2. Hegel
emprega o termo em sua Fenomenologia do espírito (1807) para designar o que denomina de ‘ciência da
experiência da consciência’, ou seja, o exame do processo dialético de constituição da consciência desde
seu nível mais básico, o sensível, até as formas mais elaboradas da consciência de si que levariam
finalmente à apreensão do absoluto. 3. Corrente filosófica fundada por E. Husserl, visando a estabelecer
um método de fundamentação da ciência e de constituição da filosofia como ciência rigorosa. O projeto
fenomenológico se define como uma ‘volta às coisas mesmas’, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece
à consciência, que se dá como seu objeto intencional. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar
central na fenomenologia, definindo a própria consciência como intencional, como voltada para o mundo:
‘toda consciência é consciência de alguma coisa’ (Husserl). Dessa forma, a fenomenologia pretende ao
mesmo tempo combater o empirismo e o psicologismo e superar a oposição tradicional entre realismo e
idealismo. A fenomenologia pode ser considerada uma das principais correntes filosóficas deste século,
sobretudo na Alemanha e na França, tendo influenciado fortemente o pensamento de Heidegger e o
existencialismo de Sartre, e dando origem a importantes desdobramentos na obra de autores como
Merleau-Ponty e Ricoueur.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 198)

4
“existencialismo (fr. existentialisme) Filosofia contemporânea segundo a qual, no homem, a existência,
que se identifica com sua liberdade, precede a essência; por isso, desde nosso nascimento, somos
lançados e abandonados no mundo, sem apoio e sem referência a valores por nossa própria liberdade e
sob nossa própria responsabilidade. Quando Sartre diz que a existência precede a essência, quer mostrar
que a liberdade é a essência do homem: ‘A liberdade do para-si aparece como seu ser.’ Assim, a filosofia
existencialista é centrada sobre a existência e sobreo homem. Ela privilegia a oposição entre a existência
e a essência. Quanto ao homem, ele é aquilo que cada um faz de sua vida, nos limites das determinações
físicas, psicológicas ou sociais que pesam sobre ele. Mas não existe uma natureza humana da qual nossa
existência seria um simples desenvolvimento. O cerne do existencialismo é a liberdade, pois cada
indivíduo é definido por aquilo que ele faz. Donde o interesse dos existencialistas pela política: somos
responsáveis por nós mesmos e por aquilo que nos cerca, notadamente, a sociedade: aquilo que nos cerca
é nossa obra. Como o pensamento filosófico (abstrato e generalizante) não apreende a existência
individual, na qual a angústia tem um papel preponderante, o existencialismo abre-se para a literatura e
para o teatro, fazendo a filosofia passar pelos romances e pelas peças teatrais.” (JAPIASSÚ, MARCONDES,
1990, p. 92)

5
“filosofia analítica Corrente de pensamento filosófico que se desenvolveu sobretudo na Inglaterra e nos
Estados Unidos a partir do início deste século, com base na influência de filósofos como Gottlob Frege,
Bertrand Russel, George Edward Moore e Ludwig Wittgenstein, dentre outros. Caracteriza-se, em linhas
gerais, pela concepção de que a lógica e a teoria do significado ocupam um papel central na filosofia,
sendo que a tarefa básica da filosofia é a análise lógica das sentenças, através da qual se obtém a solução
dos problemas filosóficos. Há, no entanto, profundas divergências sobre as diferentes formas de se
conceber esta análise.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 100)

6
“fisicalismo (al. Physikalismus) Termo criado por Rudolf Carnap em sua obra Conceituação fisicalista
(1926) e que passou a designar a doutrina filosófica do Círculo de Viena, o empirismo lógico, positivismo
lógico ou neopositivismo. Sua ideia central é a de que a linguagem da física constitui um paradigma para
todas as ciências, naturais e humanas (dentre estas últimas sobretudo a psicologia), estabelecendo a
possibilidade de se chegar a uma ciência unificada. Essa linguagem, por sua vez, se reduz a sentenças
protocolares, que descrevem dados da experiência imediata, e a sentenças lógicas que são analíticas. A
verificação empírica e o formalismo lógico são assim as bases da doutrina fisicalista” (JAPIASSÚ,
MARCONDES, 1990, p. 104)

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Os que rompem preferem inaugurar novas reflexões e formas de filosofar. O


papel da Filosofia não seria o de desenvolver o que já foi iniciado, mas o de criar
metodologias e possiblidades, ainda que fazendo referência ao passado. Vinculam-se
a essa etiqueta Heidegger, Wittgenstein e os pensadores do que se tem chamado de
pós-estruturalismo e pós-modernismo8.

Bibliografia

JAPIASSÚ, Hilton, MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de Filosofia. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. 2ª ed. rev., ampl. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

7
“Frankfurt (escola de) Nome genérico para designar um grupo de filósofos e pesquisadores alemães
que, unidos por amizade no início dos anos 30, emigraram, com o advento do nazismo, só retornando à
Alemanha depois da guerra: Theodor Adorno, Walter Benjamin, Max Horkheimer, Herbert Marcuse,
Jürgen Habermas etc. A pretensão básica do grupo foi a de elaborar uma teoria crítica do conhecimento,
de um lado, aprofundando as origens hegelianas de Marx, do outro introduzindo um questionamento no
sistema de valores individualistas. Assim, a escola de Frankfurt elucidou o caráter contraditório de
conquista racional do mundo, pois a racionalidade científica e técnica consegue o feito de converter o
homem num escravo de sua própria técnica. Procedeu ainda, de modo mais ou menos radical, segundo
os autores, a uma crítica da ‘massificação’ da indústria cultural, dos totalitarismos, da concepção
positivista do mundo etc.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 106)

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“modernidade 3. A questão da modernidade é uma controvérsia contemporânea, envolvendo questões
filosóficas de interpretação da sociedade, da arte e da cultura. Pode ser representada, por um lado, pelo
filósofo francês Lyotard e, por outro, pelo filósofo alemão Habermas. Lyotard introduz a ideia da ‘condição
pós-moderna’, como uma necessidade de superação da modernidade, sobretudo da crença na ciência e
na razão emancipadora, considerando que estas são, ao contrário, responsáveis pela continuação da
subjugação do indivíduo. De acordo com Lyotard, seguindo uma inspiração do movimento romântico, a
emancipação deve ser alcançada através da valorização do sentimento e da arte, daquilo que o homem
possui de mais criativo e, portanto, de mais livre. Habermas, por sua vez, defende o que chama de ‘projeto
da modernidade’, considerando que esse projeto não está acabado, mas precisa ser levado adiante, e só
através dele, pela valorização da razão crítica, será possível obter a emancipação do homem da ideologia
e da dominação política e econômica.” (JAPIASSÚ, MARCONDES, 1990, p. 170)

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