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DIREITO TRIBUTÁRIO II NOTA

Marcelo Altoé

AVALIAÇÃO DO 1º BIMESTRE – 2021.1 ________


Valor: 9,0
Nome completo: Vinícius Jorge Rios
Número de matrícula: 162010277
Data de publicação: 28/04/2021
Prazo final para enviar: 30/04/2021

Questão 1 (3 pts, 1,5 pts cada). Responda as questões que seguem:

TJ-SP livra sócios de cobranças com base na MP da Liberdade Econômica


O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) começou a aplicar os requisitos previstos pela Medida
Provisória da Liberdade Econômica (MP nº 881) para definir se sócios e administradores devem responder
por dívidas de empresas.
Em alguns casos, com base nas mudanças, os desembargadores têm livrado empresários do
redirecionamento das cobranças. A MP, segundo justificativa do governo, foi editada para consolidar na lei
a jurisprudência já firmada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que muitas vezes não é aplicada nas
instâncias inferiores. Foram incluídos no artigo 50 do Código Civil critérios objetivos de quando pode haver
a responsabilização de sócios e administradores.
Pelo texto da Medida Provisória, só poderão responder nos casos em que houver desvio de finalidade, ou
seja, quando utilizarem a empresa com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de
qualquer natureza. Ou nos casos de confusão patrimonial, que seria a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, o que ficou melhor caracterizado com a MP. Uma das decisões beneficia sócios de
uma imobiliária, em uma disputa com um escritório de contabilidade (agravo de instrumento nº 2243292-
27.2017.8.26. 0000). Por unanimidade, os desembargadores da 28ª Câmara de Direito Privado do
Tribunal de Justiça paulista entenderam que não cabia a responsabilização dos empresários. A relatora do
caso, desembargadora Berenice Marcondes Cesar, destaca, em seu voto, que a chamada
desconsideração da personalidade jurídica “é medida bastante extrema e excepcional”. Para ela, “não
basta mera irregularidade para dar ensejo à medida”. Deve haver, segundo a magistrada, prova cabal da
existência dos requisitos previstos no artigo 50 do Código Civil. Em seu voto, acrescenta que a MP 881,
que institui a Declaração de Direito de Liberdade Econômica, “promoveu restrições ainda maiores à
possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica”, que já vinham sendo confirmadas pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. No entendimento dela, o pedido não se encaixava nas
hipóteses por tratar apenas de “inadimplemento obrigacional, ausência de bens passíveis de penhora e
falta de apresentação de embargos à execução nos autos”.
Em outro caso, também analisado pela 28ª Câmara de Direito Privado, os desembargadores foram
unânimes ao negar a desconsideração da personalidade jurídica para alcançar empresas que
supostamente seriam de um mesmo grupo econômico.
O pedido partiu de uma empresa de engenharia contra uma empresa de construções e uma incorporadora
e seus sócios. A alegação era a de que a empresa de construções esconde seu patrimônio em outras do
mesmo grupo econômico, está inadimplente e sob virtual encerramento irregular de suas atividades. Os
motivos, porém, segundo afirma a relatora, desembargadora Berenice Marcondes Cesar, não estariam
elencados na nova redação do artigo 50 (agravo de instrumento nº 2238419-81.2017.8.26.0000) Há
decisões, porém, que reconhecem no caso os requisitos previstos na nova MP. A 23ª Câmara de Direito
Privado do TJ-SP, por unanimidade, negou provimento ao recurso de uma empresa que alegava não fazer
parte de um grupo econômico de ferragens e esquadrias (agravo de instrumento nº 2062453-
36.2019.8.26.0000).
O desembargador José Marcos Marrone, com base no artigo 50, considerou que haveria provas da
confusão patrimonial entre as empresas, que justificam a desconsideração da personalidade jurídica. “Ora,
causa estranheza o fato de que, embora as mencionadas empresas sejam administradas por sócios em
comum, exerçam atividades no mesmo endereço, atuem em igual segmento de mercado, apenas uma
delas possua ativos financeiros e as outras não”, diz. Marrone acrescenta, em seu voto, que “tais
circunstâncias, dentre outras, levam à conclusão de que as ventiladas empresas, efetivamente, formam
um grupo econômico, havendo de se reconhecer abuso de personalidade, caracterizado pela confusão
patrimonial”.
Para o advogado Luis Cascaldi, sócio do Martinelli Advocacia Empresarial, as decisões que aplicam a MP
dão maior transparência e segurança para esses processos. O novo texto do artigo 50 do Código Civil,
acrescenta, diminui a margem de interpretação sobre o que são desvio de finalidade e confusão
patrimonial. “Agora temos diretrizes mais objetivas para tratar do instituto da desconsideração da
personalidade jurídica, que é uma medida a ser adotada somente em casos excepcionais”, afirma.
O advogado Helder Moroni Câmara, do PMMF Advogados, entende que agora as regras estão mais claras
para todos. A possibilidade de haver a desconsideração da personalidade jurídica, acrescenta, incentiva o
pagamento da dívida. “Sempre que a regra do jogo é mais clara, é mais justo”, diz. A tributarista Tatiana
Chiaradia, do Candido Martins Advogados, afirma que a MP também poderá ser aplicada em casos que
tratam de dívida tributária, envolvendo grupo econômico, uma vez que a fundamentação desses pedidos
tem como base o artigo 50 do Código Civil. Com o novo texto, que consolidou o entendimento do STJ, ela
acredita que haverá uma quantidade menor de bloqueios indevidos de contas bancárias por juízes de
primeira instância, que agora terão que seguir os novos dispositivos.

a) Em relação às dívidas tributárias, a apuração da responsabilidade do sócio da pessoa jurídica


devedora deve ocorrer em qual momento?

Deve ser feita com o ato de lançamento e, posteriormente, no processo administrativo tributário,
antes do lançamento definitivo. Em relação à apuração da responsabilidade do sócio, aduz a
Súmula 430 do STJ que o mero inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera
a responsabilidade solidária do sócio-gerente, sendo necessário provar as hipóteses do art. 135,
CTN, isto é, da prática de atos com excesso de poderes ou infrações da lei, estatutos ou contrato
social. Cabendo ao executante provar a ocorrência de tais hipóteses. Caso o nome dos sócios
conste na Certidão de Dívida Ativa, deverão ser executados diretamente, desde que se
preencham os requisitos para a apuração da responsabilidade. A presunção de legitimidade
assegurada à CDA impõe ao executado que figura no título executivo o ônus de demonstrar a
inexistência de sua responsabilidade tributária. A portaria RFB nº 2123/18 e a portaria PGFN nº
180/10 buscam inibir a inclusão indiscriminada e arbitrária do nome dos sócios na CDA.

b) Explique por que a súmula vinculante n.º 24 determina que “não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do lançamento
definitivo do tributo”.

Pois não existe crime antes que o crédito tributário seja definitivamente constituído. Por se
tratar o crime de sonegação de um crime material, sua consumação só se configura quando
se reúnem todos os elementos para sua definição legal. É necessário que exista decisão
definitiva no processo administrativo de impugnação do lançamento para configurar os crimes
contra a ordem tributária. Dessa forma, só se mostra possível verificar o crime previsto no art.
1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990 após o lançamento definitivo do tributo ou após encerrada
a discussão na esfera administrativa. Havendo, dessa forma, condição objetiva de
punibilidade e este podendo, enfim, ser exigido judicialmente.

Questão 2 (3 pts, 1,5 cada). Responda as questões que seguem:

Parcelamento fiscal
A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) afetou três recursos especiais para serem julgados sob
o rito dos recursos repetitivos, nos quais decidirá sobre a possibilidade de manutenção da penhora de
valores pelo sistema Bacenjud no caso de parcelamento do crédito fiscal executado. Em razão da
afetação, foi determinada a suspensão do trâmite de todos os processos individuais ou coletivos, em todo
o território nacional, que versem sobre a mesma questão jurídica, até o pronunciamento do STJ. A sessão
eletrônica que decidiu pela afetação dos recursos teve início em 8 de maio e foi finalizada no dia 14. Os
Recursos Especiais 1.756.406, 1.703.535 e 1.696.270 foram indicados pelo Tribunal Regional Federal
(TRF) da 1ª Região como representativos da controvérsia. Os três casos estão sob a relatoria do ministro
Mauro Campbell Marques. A controvérsia está cadastrada como Tema 1.012 no sistema de repetitivos do
STJ. A questão submetida a julgamento é a seguinte: "Possibilidade de manutenção de penhora de
valores via sistema Bacenjud no caso de parcelamento do crédito fiscal executado (artigo 151, VI, do
Código Tributário Nacional)."

a) Caso você fosse Ministro do Superior Tribunal de Justiça, em qual sentido seria o seu voto? Faria
alguma diferenciação caso a penhora fosse em bens imóveis em vez de dinheiro? Justifique.

Meu voto seria no sentido de permitir a manutenção da penhora no caso de parcelamento do


crédito fiscal. Uma vez que a penhora tem o objetivo de garantir a quitação definitiva do crédito
fiscal, essa configura óbice ao esvaziamento patrimonial deliberado por parte do devedor.
Contudo, entendo ser razoável a possibilidade de liberação progressiva dos valores constritos,
proporcionalmente a quitação dos parcelamentos. Por outro lado, sobre a penhora de bens
imóveis, entendo não ser adequada tal medida, pois nesse caso o risco de perecimento assumido
não é tão grande. É mais difícil que o contribuinte suma com esses bens sem que se configure
fraude à execução, logo sendo mais simples de reaver valor. Ademais, dado que não há
nenhuma garantia de que o bem será arrematado em um leilão, a medida se mostra positiva.

b) No curso da execução fiscal, o parcelamento pode ser realizado pelo contribuinte a qualquer
momento? E qual é o efeito do parcelamento na execução fiscal?

Sim, o parcelamento pode ser realizado desde a notificação do lançamento do credito tributário
até a execução fiscal, excetuando-se as situações legais que a proíba. Por consequência, ao
parcelar o débito, o devedor o reconhece como tal, de forma que ocorre a interrupção do prazo
prescricional (art. 174, parágrafo único, inciso IV, do CTN), além de ser causa de suspensão de
exigibilidade do crédito tributário (artigo 151, inciso VI do CTN). Dessa forma, impedindo novos
atos executórios, permitindo ao contribuinte cumprir sua obrigação tributária em prestações
periódicas

Questão 3 (3 pts, 1,5 pts cada). Responda as questões que seguem:

Tribunal aplica decisão do STF e cancela autuação


O Tribunal de Impostos e Taxas (TIT) de São Paulo - instância administrativa que julga recursos dos
contribuintes - decidiu, por um placar apertado de 8 a 7, cancelar uma autuação fiscal que cobra R$ 17
milhões de ICMS-ST de uma empresa do ramo farmacêutico. Como a decisão é da Câmara Superior, é
um precedente que pode ser usado por outras empresas em processos contra autuações.
Os juízes do tribunal administrativo consideraram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de 2016,
que definiu o direito das empresas ao ressarcimento do ICMS-ST pago a mais (RE 593849 e ADI 2777).
Isso acontece porque, no regime da substituição tributária, uma empresa recolhe o ICMS
antecipadamente em nome das demais da cadeia produtiva. Assim, o imposto é calculado com base em
um preço presumido da mercadoria para venda ao consumidor final.
No caso, a distribuidora de medicamentos compra produtos de fornecedores de outros Estados. Segundo
o Fisco, a empresa deveria ter calculado o imposto com base no preço presumido de venda das
mercadorias, e pago no momento da compra dos fornecedores. A exigência baseia-se no artigo 426-A da
Lei nº 6.374, de 1989 (Regulamento do ICMS do Estado). De acordo com o dispositivo, na entrada do
produto no Estado de São Paulo, o contribuinte paulista deve recolher o imposto antecipadamente.
Já a empresa, segundo o processo (nº 4062686-6), alega ter o direito de calcular o imposto sobre o preço
real dos produtos - menor do que o preço presumido. Argumenta que isso é possível, após a decisão do
Supremo a favor de os Estados devolverem o ICMS-ST pago a mais. Essa situação acontece quando o
preço presumido usado para o cálculo do imposto é maior do que o preço final para a venda da
mercadoria. "É exatamente pela imprecisão na fixação da base de cálculo do ICMS-ST declarada pelo
STF que entendo que o lançamento de que trata o item I.1 do AIIM carece de requisitos obrigatórios
elencados no artigo 142 do CTN, especialmente em relação à determinação do montante da exigência
tributária, devendo ser tal item infracional ser prontamente cancelado por iliquidez", declarou o juiz relator
José Orivaldo Peres Junior.
Douglas Campanini, da Athros Auditoria e Consultoria, afirma que a decisão o surpreendeu. "Isso porque
ela desvirtua a finalidade da substituição tributária, que seria melhorar a apuração e controle da
tributação", diz. Segundo o consultor, após a decisão do STF, há várias empresas desenvolvendo
ferramentas para recuperar o imposto pago a mais, o que tem gerado muitos questionamentos sobre
como operacionalizar isso.
Como a decisão é da Câmara Superior, só cabe recurso se houver alguma nulidade ou vício - por
exemplo, se os juízes não consideraram alguma prova ou não ouviram uma sustentação oral. A
explicação é do tributarista Júlio de Oliveira, do Machado Associados. "O precedente é interessante
porque obriga os fiscais, quando forem cobrar a diferença de ICMS-ST, verificarem o efetivo preço de
venda da mercadoria e apurar a diferença entre o ICMS recolhido por ST e o devido sobre o preço
praticado", afirma 30/08/2019 Tribunal aplica decisão do STF e cancela autuação.
A decisão também surpreendeu o advogado Fernando Ayres, do Souto Correa Advogados. "O TIT seguiu
a linha do Supremo, a favor de que a base de cálculo do o ICMS-ST só fica definitiva após a venda
subsequente", afirma. Para Ayres, a decisão pode servir de precedente para todas as empresas que
querem levar a discussão para a Câmara Superior. Contudo, como uma juíza representante do Fisco não
compareceu, o julgamento poderia ter terminado em empate. "Como o voto de desempate seria do
presidente do TIT, com a composição completa, pode haver uma decisão diferente."

a) A decisão favorável ao contribuinte, proferida neste processo administrativo tributário, autoriza a


autoridade administrativa a fazer novo lançamento tributário?

Não. A fim de garantir segurança jurídica, o Art. 146 do CTN, impede que a autoridade
administrativa altere o critério jurídico utilizado no ato de lançamento. Contudo, existem hipóteses
que o ato de lançamento pode ser alterado, quais sejam, na impugnação do sujeito passivo,
recurso de oficio ou iniciativa de oficio da autoridade administrativas, nos casos previstos no Art.
149. Dessa forma, pela hipótese de modificação prevista no Art. 145, I, CTN, deve haver a
correção do lançamento já existente efetuado pela autoridade administrativa, e não a realização
de um novo lançamento, se tratando este de um caso atípico à regra de inalterabilidade do ato
administrativo de lançamento.

b) Você indicaria um cliente a realizar, no curso do processo administrativo tributário, o depósito do


montante integral? Por quê?

Não indicaria, pois o depósito do montante integral no curso do processo administrativo tributário
tem como único beneficio evitar a incidência dos efeitos da correção monetária e dos juros.
Outrossim, a impugnação do ato de lançamento por si só já é causa suspensiva de exigibilidade
do débito. Ademais, caso não haja êxito no âmbito administrativo que enseje posteriormente uma
judicialização da causa, o montante que já foi pago só poderá ser reavisto por meio de
precatórios, visto que o valor depositado será convertido em renda para a Fazenda Pública.
Todavia, é indispensável a analise do caso concreto, pois dependendo do valor do montante
pode ser razoável impedir os efeitos de uma correção monetária para uma melhor economia.

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