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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL,

DA COMARCA DE PARANATINGA, ESTADO DE MATO GROSSO.

Processo n. 0000066-50.2009.8.11.0044

PERIVAL DE MATOS CAMPOS E OUTROS , pessoa jurídica de


direito privado devidamente qualificada nos autos da excução de titulo extrajudicial em
epígrafe, em que lhe move BANCO BRADESCO S/A, também qualificado nos autos; por
meio de seu advogado que esta subscreve; vem com o devido acato e respeito à elevada
jurisdição de Vossa Excelência, nos temos dos arts. 1.022 a 1.026 do Código de Processo
Civil, opor

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
em face da respeitável sentença de de id nº 66667413, que acolheu a determinouse a
suspensao do feito pelo periodo de 30 dias, bem como que o exequente regularizasse a
situacao processual do executado (ID. 58951869). No entanto, decorreu mais de 90
(noventa) dias sem manifestacao do exequente, e Vossa Excelência julgou por bem
extinguir o feito sem resolucao do merito com fulcro no art. 485, III e IV do CPC.

Certidao de decurso do prazo sem manifestacao do exequente (ID.


66518392 - Certidão), a fim de que haja por bem Vossa Excelência sanar omissão nela
existente quanto a fixação de honorários sucumbenciais, cuja declaração se pede, como de
direito e de justiça.

DO CABIMENTO

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Segundo o texto do artigo 1.022, incisos I a III, do Código de Processo
Civil, cabe embargos de declaração no prazo de 05 dias, caso a sentença seja obscura,
contraditória ou omissa, bem como para corrigir erro material.

Nesse sentido, a finalidade principal dos embargos de declaração é


clarear a decisão proferida pelo julgador, porém, pode acontecer que durante a revisão de
sua decisão o mesmo verifique algum equívoco e a reforme.

Apoiando esse entendimento está entre outros o ilustre JOSÉ TADEU


NEVES XAVIER, que assim diz:

“Os embargos de declaração têm a função principal de aclarar qualquer


decisão proferida pelo magistrado, não importando se é decisão interlocutória,
sentença ou acórdão. Não objetivam, entretanto, a alteração de decisão
proferida, e sim buscam o sentido real desta. Pode ocorrer que o magistrado
perceba, ao rever sua decisão, que cometera um erro e reforme tal decisão,
mas esse é somente um possível efeito colateral dos embargos de declaração.
(Exame da OAB Cespe. 2º ed. 2010. Editora Verbo Jurídico, pág. 469)”

Assim, no caso em tela a parte recorrente entende que a decisão foi


prolatada com pequena omissão, passível de ser declarada e sanada por simples decisão.

DO DIREITO

Conforme afirmado acima, o objeto da presente irresignação do


Embargante resume-se à ausência de manifestação expressa por Vossa Excelência em
relação aos honorários sucumbenciais ao advogado da parte vencedora.

Vejamos o que decidiu o dispositivo da decisão recorrida:

“Posto isso, e por tudo mais que nos autos consta, declaro prescrito o
crédito tributário referente à Multa por Infração de Artigo, relativa à
notificação de n. AI – 136694/D, e, por conseguinte julgo extinto o processo
de execução, nos termos do art. 487, II, do Código de Processo Civil.
P. R. I.C.
Transcorrido o trânsito em julgado da sentença, arquive-se observando as
baixas e anotações de estilo.” (sic - fls. 99 verso)

Analisando o teor da r. sentença, sobretudo em relação a parte


dispositiva, extrai-se que houve omissão com relação aos honorários sucumbenciais,
conforme relatado acima.

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Ou seja, analisando a decisão meritória verifica-se que Vossa Excelência
não se pronunciou acerca dos honorários advocatícios sucumbenciais, seja na
fundamentação ou mesmo no dispositivo da sentença.

Logo, à luz de tal contexto fático-jurídico, revela-se que, s.m.j. a decisão


guerreada não apreciou a questão referente aos honorários advocatícios, de forma que
afigura-se viável empregar-se os embargos de declaração no presente caso para análise e
pronunciamento quanto ao pedido de caráter condenatório.

Dessa forma, pugna pelo conhecimento e provimento do presente


recurso para que seja declarada e sanada a omissão existente, condenando a parte
perdedora ao pagamento dos ônus de sucumbência, na forma da fundamentação supra.

DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS

Segundo o artigo 85 do Código de Processo Civil, a sentença condenará


o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor, podendo a verba ficar suspensa
pelo período de 05 anos nos casos de ser beneficiário da justiça gratuita (CPC, art. 98, § 3º).

Trata-se do princípio da sucumbência, pelo qual a parte perdedora no


processo é obrigada a arcar com os honorários do advogado da parte vencedora, sendo
também devida nos casos em que o advogado funcionar em causa própria (CPC, art. 85, § 17).

Conforme previu o legislador, os honorários advocatícios são devidos na


reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida
ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente (art. 85, § 1º).

Quanto ao valor, trata-se de critério relativamente subjetivo, onde deve


ser observada a porcentagem mínima sobre o valor da condenação, o proveito econômico
ou o valor da causa, de acordo com as peculiaridades do caso (art. 85, §§ 2º e 3º).

Ou seja, ao fixar os honorários sucumbenciais cabe ao julgador observar


“o grau de zelo do profissional”; “ o lugar de prestação do serviço”; “a natureza e a
importância da causa”; “o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço”. (I a IV)
Isso porque os honorários não significam um ganho para o advogado, ao
contrário, servem para viabilizar a atividade econômica desenvolvida e, obviamente, o
pagamento de todos os tributos que incidem sobre esse tipo de remuneração.

Além disso, os honorários representam para o advogado o mesmo que


os subsídios para a magistratura e/ou demais servidores, pois, nesse ramo de atividade
privada não há remuneração mensal, plano de saúde, auxílio-moradia e creche, férias de
um ou dois meses anuais, décimo terceiro salário e aposentadoria garantida.

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Com efeito, o sustento das famílias e a manutenção dos escritórios vêm
unicamente do sucesso da atuação profissional, especialmente porque na realidade atual da
advocacia na maioria dos processos o advogado recebe somente ao final da demanda, e
somente se obtiver êxito e, ainda, se a parte vencida não for beneficiária da justiça gratuita.

Outrossim, afora a crise econômica, a desnecessidade de advogado nos


juizados especiais e nos núcleos de mediação e conciliação, bem como a criação da
Defensoria Pública, tem se diminuído cada vez mais o campo de atuação profissional,
reduzindo o trabalho sobremaneira.

Portanto, os honorários sucumbenciais devem ser fixados com acuidade.

Por fim, cumpre registar que no presente caso, por se tratar de processo
contra a fazenda pública, ao fixar os honorários sucumbenciais deverá ser observada
também a regra do § 3º, ‘I’ do art. 85 do CPC, senão vejamos:

“Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do


vencedor.
(...)
§ 3o Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2 o e os seguintes
percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;”

DO PREQUESTIONAMENTO

Confiando plenamente que não haverá necessidade, mas apenas por


questão formal de interposição de recurso às instâncias Superiores, prequestiona o art. 85,
§§ 2º e 3º, ‘I’ do Código de Processo Civil, porquanto, s.m.j. fora violado.

DO PEDIDO

Isto posto, pede-se a V. Exa.:

a) O conhecimento do presente recurso por ser tempestivo e preencher


os requisitos e condições de admissibilidade;

b) A declaração da decisão anterior, confiando que Vossa Excelência se


dignará em conhecer e dar provimento ao presente embargos, que objetiva sanar a pequena
omissão apontada referente aos honorários advocatícios sucumbenciais, fixando-os sobre o
valor atualizado do débito na sentença, nos termos do art. 85, §§ 2º e 3º, I do CPC,
conforme faculta a legislação vigente.

Termos em que, respeitosamente


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Pede e espera deferimento.

Paranatinga/MT, 30 de outubro de 2021.

PETERSON VEIGA CAMPOS


OAB/MT 17.203

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