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“A rua era das negras e dos negros” –

Os ganhadores que pararam Salvador

“The street was filled with Black women and Black men” – The winners who
stopped Salvador
“La calle era de las negras y de los negros” - Los ganhadores que pararon Salvador

Renata Figueiredo Moraes*

Reis, João José. Ganhadores: a greve negra de uma batalha que durou 10 dias e que para-
1857 na Bahia. São Paulo: Companhia das lisou a cidade de Salvador. Além deles, com
Letras, 2019. 452p. esse livro ganharam todos os interessados
em discutir a escravidão, o trabalho, a liber-
dade e a cidadania negra no oitocentos.
O livro Ganhadores: a greve negra de O livro, dividido em 15 capítulos, trata
1857 na Bahia foi lançado em agosto de de como os trabalhadores escravizados, em
2019 e preenche uma importante lacuna da sua maioria africanos, iniciaram uma greve
historiografia a respeito das greves promovi- que pretendia eliminar as exigências impos-
das por escravos ou libertos. Como homens tas pela municipalidade de Salvador para fa-
e mulheres escravizados viveram o cotidia- zer o ganho nas ruas: uma matrícula e o uso
no da escravidão urbana? O autor, João José de uma chapa de metal numerada, tudo sob
Reis (UFBA), especialista em contar como o custo de 5 mil réis. De acordo com o autor,
os escravos se revoltavam, nos oferece uma essa quantia correspondia a quase 15 quilos
riqueza de detalhes sobre a vida desses ho- de carne, um valor alto, principalmente para
mens que resistiram a uma maior exploração o ganhador que possivelmente arcaria com
dos seus corpos numa grande cidade escrava. o pagamento dessa licença. A repulsa pela
O final da história está no título do livro e obrigatoriedade do uso da placa de metal
representa o nome dado a esses homens que pelo africano também era uma forte causa
ousaram contra a municipalidade soteropo- para a mobilização. As posturas que regula-
litana: ganhadores, pois também venceram mentaram tal exigência partiram da Câmara

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2237-101X02204715
Resenha recebida em 3 de abril de 2020 e aceita para publicação em 5 de agosto de 2020.
* Professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Rio
de Janeiro/ RJ – Brasil. E-mail: renatafm2003@yahoo.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0117-
9826.

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Municipal, importante instância adminis- balhadores livres que eram constantes tam-
trativa e de regulação das cidades no tempo bém no Rio de Janeiro e por diferentes mo-
do Império (TERRA, 2019, p. 157), que de tivos. João Reis ao longo do seu livro pontua
certo modo também organizava o cotidiano a mobilização de africanos, escravizados ou
da escravidão, explorada por Reis no seu pri- não, a fim de reivindicar maiores espaços
meiro capítulo. A reação dos ganhadores foi de atuação em suas atividades ou como for-
a partir de uma segunda-feira, 1º de junho ma de solidariedade entre seus pares. Nesse
de 1857, primeiro dos dez dias de paralisa- aspecto, o autor ressalta que tais ações que
ção. É a partir dessa ação que o autor esmiú- hoje podemos chamar de “grevistas” (nome
ça a escravidão urbana em Salvador logo nos francês para a paralisação das atividades la-
anos seguintes ao fim do tráfico de escravos borais) não possuíram inspirações em qual-
(1831). A cidade parecia ainda viver o fan- quer movimento europeu. Desse modo, em
tasma da Revolta dos Malês (1835), quando diálogo com o texto de Negro e Gomes, o li-
escravos africanos foram reprimidos violen- vro de Reis reforça a necessidade de ampliar-
tamente ao iniciarem uma grande insurrei- mos o olhar sobre as ações dos escravizados
ção, também objeto de estudo do autor. A e suas paralisações que não necessariamente
saga dos ganhadores aconteceu mais de duas reivindicavam a liberdade. A forma como os
décadas depois, sendo mais abrangente e trabalhadores do pós-abolição se serviram
sem repressão violenta. Importante ressaltar dessa experiência de mobilização precisa
que as causas para essa paralisação partem ainda ser alvo dos historiadores do mundo
das pretensões das autoridades soteropolita- do trabalho, e o livro de Reis indica os cami-
nas de desafricanizar a cidade de Salvador, nhos para esse estudo.
ao impor a esses trabalhadores pesadas ta- A denominação “ganhadores” é um
xas sobre seus trabalhos e as licenças para grande guarda-chuva para designar a ocupa-
o ganho, além de controlar essa população ção desses homens, em sua maioria africanos
no espaço público, tanto no labor quanto no e escravizados, e que atuavam em diversas
lazer, por conta da iminência de um motim, atividades que garantiam o funcionamento
crença de senhores e autoridades. da cidade. No capítulo 2, o autor trata des-
Importante ressaltar que essa grande ses trabalhadores e a divisão da sociedade de
mobilização dos trabalhadores escravizados Salvador no ano da greve, quando os escra-
explorada por Reis em seu livro também vos eram quase 40% do total da população
pode ser encontrada em outras cidades, mas de uma cidade que era prioritariamente ne-
não tendo tido ainda um estudo aprofun- gra e que contabilizava 70% com os demais
dado. Flavio Gomes e Antonio Luigi Negro negros livres e libertos. O grupo de ganha-
discutiram de forma breve as paredes, ações dores dominava a região portuária da cida-
perpetradas por escravizados a fim de rei- de e era responsável pelo carregamento de
vindicar mudanças ou evitar deslocamentos mercadorias que chegavam ao porto ou que
(2013). Tais ações lembram as greves de tra- eram transmitidas para outras pessoas. A pa-

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ralisação desse serviço representava também res, tema já tratado pelo autor em um artigo
a interrupção de um cotidiano numa cidade anterior (2000). Neste novo livro, ele parte
cheia de ladeiras e com senhores e senhoras dos cantos para caracterizar os que estavam
indispostos a subi-las sobre seus próprios pés nas ruas fazendo o ganho. Essas áreas, além
e que utilizavam esses ganhadores para su- de serem uma estação de trabalho, tornaram-
bir e descer as ladeiras da antiga capital. O -se um nicho cultural e a identidade étnica
uso de negros como meios de transporte foi favoreceu a resistência e a negociação entre
registrado pelos viajantes que também pas- senhores, libertos e africanos escravizados,
saram pelo Rio de Janeiro, conforme lem- de maioria nagô. No tempo da greve, o au-
bra Paulo Terra em um artigo recente (2019, tor identificou nesses lugares mais combati-
p. 163). Apesar do seu valor para as cidades vidade dos seus membros do que em associa-
escravas, esses ganhadores eram constante- ções de ajuda mútua, mesmo as irmandades
mente associados ao perigo e à criminalida- negras, por exemplo. Importante ressaltar a
de, sendo depreciados nas suas atividades, existência de “juntas de crédito” africanas li-
tanto em Salvador como no Rio de Janeiro. gadas aos cantos e que poderiam servir para
Para esse ponto eu friso que não era muito a compra de alforrias ou outros fins (p. 86), o
diferente do que acontecia no Rio de Janeiro, que também dava a esses nichos uma experi-
quando um jornal escrito por trabalhadores, ência de associativismo singular e não muito
o Tribuna Artística, considerava uma afronta distante das existentes em outras regiões não
um trabalhador livre ganhar igual a um pre- escravistas. Marcel Van Der Liden (2013),
to de ganho (Rio de Janeiro, 10/12/187). O no seu estudo sobre os trabalhadores, identi-
livro de Reis também levanta uma discussão ficou associações que possuíam um sistema
importante para o oitocentos que é a respeito de crédito que servia para a cobertura indi-
do cotidiano do trabalho do liberto, que não vidual dos seus membros que contribuíam
está dissociado de uma lógica que vem da com uma quantia específica para ser usada
escravidão e que é controlado pelos escravos. em caso de doença ou outro mal (p. 104),
Ou seja, ser liberto numa cidade priorita- algo parecido foi identificado por Reis para
riamente escrava talvez aproximasse muito Salvador desde os tempos dos Malês, sendo
mais esse sujeito do escravizado do que do também de conhecimento das autoridades
livre. Nesse ponto, o mercado de trabalho da cidade baiana. Essa ideia associativa dá
também daria sinais do quanto que a marca uma dimensão maior não apenas a esse gru-
da escravidão ficaria presente nessa vida em po de trabalhadores reunidos nos cantos, es-
liberdade. cravizados ou não, como demonstra que já
Os ganhadores da Bahia estavam orga- pareciam organizados a partir de uma lógica
nizados em cantos, regiões regulamentadas própria, que poderia ser racial, étnica ou a
pela Câmara municipal e conhecidas pelos partir do status jurídico ao qual pertenciam.
moradores, e compostos por um número es- Apenas entendendo os cantos como uma or-
pecífico de homens e com algumas mulhe- ganização complexa que conseguimos com-

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preender como os trabalhadores de ganho se cia de africanos libertos. A cidade não se-
mobilizaram a fim de paralisarem por dez ria para eles, não no gozo da sua liberdade
dias as suas atividades. Como forma de con- conquistada por diferentes meios. Se o Haiti
trolar esses trabalhadores e seu pertencimen- assombrava os grandes senhores de escravos,
to, após a greve a municipalidade exigiu os as autoridades soteropolitanas tinham seu
registros dos seus componentes, sendo essa próprio fantasma: a Revolta dos Malês. Mais
uma valiosa fonte usada por Reis para tratar de 20 anos depois dos malês, a cidade viu-se
de diferentes aspectos da escravidão urba- ainda africanizada e dependente dos servi-
na de Salvador. Interessante seria um mapa ços prestados por esses africanos. O que deu
identificando os cantos, suas proximidades errado no projeto de desafricanização que as
a fim de que um leitor de fora da Bahia ti- autoridades de Salvador pareciam ter em-
vesse a noção da distância espacial entre eles preendido a partir de 1835? Uma hipótese
e seus impactos na organização do trabalho talvez seja o próprio tráfico de escravos que
escravo na região portuária de Salvador, as- continuou ilegal e a dependência do trabalho
sim como uma imagem da ficha usada para escravo, fazendo com que a entrada de afri-
a matrícula dos ganhadores. canos se intensificasse ainda mais depois de
Algumas décadas anteriores à greve, a 1837, demonstrando a força da escravidão,
municipalidade de Salvador já havia tenta- conforme trata Sidney Chalhoub em seu
do estabelecer algumas intervenções sobre último livro (2012). Possivelmente, grande
os cantos, não deixando de haver por par- parte dos africanos que promoveram a greve
te dos ganhadores uma resistência a isso, de 1857 fosse ilegal, ou seja, tendo entrado
tornando-se evidente como o legislador não em Salvador após o fim do tráfico, em 1831.
conhecia a força das ruas vinda desses traba- Após libertos, esses africanos tornaram-se o
lhadores. Ou seja, as medidas de 1857 e que novo inimigo das autoridades, fruto de uma
provocaram a greve foram ensaiadas por ve- ação que Reis chama de “política africano-
readores e chefes de polícia anos antes. Uma fóbica”. A esse respeito, vale citar o próprio
das ações era inviabilizar a permanência dos autor, no capítulo 7, quando trata mais espe-
africanos libertos em Salvador, que mesmo cificamente da greve:
sendo maioria na Bahia, não pertenciam a
nenhum projeto de liberdade ou de cidada- O preconceito (“prejuízo”) contra o
nia desde 1824, quando a Constituição não africano, e não apenas o escravizado,
deu a eles o direito à cidadania, apesar de era então generalizado, um dado da
libertos e livres. Ao africano não era permi- estrutura mental da classe trabalhadora
tido se naturalizar, apenas trabalhar, de pre- livre nacional – na maioria negros, aliás
ferência escravizado e na lavoura, conforme –, herança cotidianamente alimentada,
pretendiam as autoridades soteropolitanas. esclareceu o periódico. Não se tratava de
Isso deixa evidente o grande problema da repulsa de cor (ou racial, se preferirem)
cidade escravista do século XIX: a existên- nem de classe, mas étnica, uma espécie

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de xenofobia crioula historicamente no que se refere às ações da municipalida-


acicatada pela elite senhorial por meio de de contra o africano. Importante ressaltar
uma política de favorecimento aos escravos que, após a década de 1870, o número de
nascidos no Brasil. Não surpreende que africanos na escravidão urbana de Salvador
os africanos também se protegessem por é reduzido, o que leva também a um esfor-
detrás de barreiras étnicas (REIS, 2019, ço, segundo o autor, de reduzir também a
p. 180. Grifos do autor). escravidão urbana na cidade, onde haveria
um incentivo para que homens pobres livres
Essa afirmação a respeito de uma repulsa substituíssem os africanos no transporte de
pelo africano se repetiu no pós-abolição, não mercadorias, principalmente após a Guerra
tendo mais o africano de fato, a repulsa se do Paraguai. No entanto, no projeto de em-
tornou pela cor desse trabalhador. Tal pers- branquecimento da cidade através da imi-
pectiva nos leva a pensar no pós-abolição e gração, Salvador não saiu vitoriosa. Segundo
na reconstrução de uma lógica de trabalho Reis, quem substituiu os ganhadores africa-
que ultrapassasse a criada para a escravidão. nos foram os negros e mestiços brasileiros,
No entanto, parece que mesmo após mais vindos de fora de Salvador, tornando-se o
de 130 anos da abolição temos alguns ofí- ganho a porta de entrada de migrantes para
cios destinados a um perfil de trabalhador, e o trabalho na cidade.
não é à toa que grande parte dos vendedores Um ponto essencial desta obra são as fon-
ambulantes e informais que ganham as ruas tes utilizadas pelo autor. Ao mesmo tempo
seja de homens e mulheres negros. A liberda- em que extrai de um livro de matrículas fei-
de da abolição não deu liberdade ao trabalho to entre 1887 e 1889 inúmeras informações
também. sobre os ganhadores nas vésperas da abolição
A cidade de Salvador não parece ser dife- e de Salvador por conta da identificação dos
rente das outras cidades do Império, depen- cantos, ele também nos ensina a usar dife-
dentes do trabalho de homens e mulheres rentes fontes para identificar escravos e seus
africanos, libertos ou não. Somado a isso, senhores. Ao fazer isso, o autor monta um
Reis ainda mostra os esforços para favore- cenário da escravidão urbana entre escravos,
cer o “imigrante branco” e o asiático, ha- senhores e autoridades e como estão rela-
vendo inclusive um vereador empenhado no cionados, de difícil separação. Outro ponto
negócio. Ou seja, não era contra apenas os importante foi a ausência de registro das rei-
africanos ou os estrangeiros como um todo, vindicações dos grevistas. Ou seja, uma pa-
mas sim contra a negritude e um passado es- ralisação silenciosa fez barulho na Câmara,
cravista que deveria ser eliminado ainda no na Associação Comercial e, principalmente,
período em que a escravidão é forte e defen- em toda a cidade. Apesar dessa ausência o
sável. Nos capítulos seguintes, após a ação autor consegue esclarecer as reivindicações
grevista, o autor trata do vestígio dessa ação dos ganhadores paralisados. Por outro lado,
para a cidade de Salvador, principalmente nos oferece a discussão sobre o apagamen-

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to desse episódio no ano seguinte, nos dis- ganização dos trabalhadores já era possível
cursos de políticos de Salvador. Tal apaga- de ocorrer. Com esta obra conseguimos não
mento seria para não dar protagonismo aos apenas entender a greve de 1857, que já ti-
africanos na mudança gerada na legislação nha sido objeto de um artigo do autor, como
após uma ação tão forte como a greve? Essa também ter uma dimensão da forma como
questão nos faz lembrar do apagamento das a cidade de Salvador reuniu características
outras ações grevistas do horizonte de inte- que tornaram possível uma greve desse por-
resse da historiografia que estuda o trabalho, te. Para os estudiosos do pós-abolição o livro
que também esquece o século XIX no Bra- oferece boas discussões, uma vez que indica
sil e desconsidera os escravos e ex-escravos causas dos problemas enfrentados pelos ex-
como trabalhadores e agentes dessas ações. -escravos ainda durante a escravidão e que
Ao chamar esses escravizados de trabalhado- não foram superados pela lei assinada no 13
res, o autor está pontuando que eles devem de maio. Ou seja, o autor não tratou apenas
estar no campo de estudo de pesquisadores dos ganhadores, mas também dos vencidos,
do mundo do trabalho. muitos homens e mulheres africanos que
Esta obra é uma importante contribui- não puderam vencer as batalhas que lutaram
ção para os estudos sobre escravidão urbana contra a escravidão. Apesar disso, a rua era
no Brasil. João José Reis destacou a espe- das negras e dos negros, conforme viu Reis
cificidade da escravidão urbana e o uso da em Salvador. Que esta obra nos inspire a
rua para a realização do trabalho, em que o ver os negros e negras de outras cidades nos
tempo do senhor e o tempo do escravo eram tempos da escravidão e do pós-abolição.
investidos no trabalho. A atenção ao escravo
na rua já tinha sido dada pela historiografia
desde a década de 1980 com os livros Ne- Referências
gro na rua, de Marilene Rosa Silva e O feitor
ausente, de Leila Algranti, ambos de 1988. ALGRANTI, Leila. O feitor ausente. Estudo
Essas duas obras foram pilares para enten- sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro.
der a importância da escravidão urbana para Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 1988.
o Império e serviram para que outros his- CHALHOUB, Sidney. A força da escravidão.
toriadores entendessem as peculiaridades Ilegalidade e costume no Brasil oitocentista.
do escravo nas ruas das cidades imperiais. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
No entanto, esta obra de Reis vai além ao LINDEN, Marcel Van. Trabalhadores do
colocar esse negro, escravo ou não, na rua mundo: ensaios para uma história global
como um sujeito de uma ação de resistên- do trabalho. Campinas, SP: Editora da
cia não apenas à escravidão, mas à organi- Unicamp, 2013.
zação do seu trabalho. Nesse ponto, o livro
NEGRO, Antonio Luigi; GOMES, Flávio
servirá para aqueles que estudam o mundo
dos Santos. As greves antes das greves: as
do trabalho antes da abolição, quando a or-
paralisações do trabalho feitas por escravos

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Renata Figueiredo Moraes

no século XIX. Ciência e Cultura, v. 65, n. 2, SILVA, Marilene Rosa Nogueira. Negro na
São Paulo, abr./jun. 2013. rua. A nova face da escravidão. São Paulo:
REIS, João José. A greve negra de 1857 na Editora Hucitec, 1988.
Bahia. Revista USP, n. 18, p. 6-29, 1993. TERRA, Paulo. Câmaras municipais no
REIS, João José. De olho no canto: trabalho Império: as posturas municipais do Rio de
de rua na Bahia na véspera da abolição. Afro- Janeiro sobre o trabalho (1830-1838). In:
Ásia, n. 24, p. 199-242, 2000. TERRA, P; MAGALHÃES, M; ABREU,
REIS, João José. Ganhadores: a greve negra M. (orgs). Os poderes municipais e a cidade:
de 1857 na Bahia. São Paulo: Companhia Império e República. Rio de Janeiro: Mauad
das Letras, 2019. X, 2019.

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