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colorretal (Brien, Pollett, Gallinger, Dick, & O’Brien, 2007) e neuroblastoma (Ross &
Spengler, 2007).
As CSCs compartilham as principais vias regulatórias com as células-tronco normais,
entretanto, dependem de vias reprogramadas para manter as propriedades stemness (ou estado
de células-tronco (Kreso & Dick, 2014)) e contribuir com a progressão tumoral, além de
exibirem diferenciação e vias desreguladas e fenótipos anormais (H. Qiu, Fang, Luo, & Ouyang,
2015).
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P2X7B expressa em células HEK 293 modula as funções de P2X7A, participa do
controle celular e talvez possa ajudar na elucidação do papel do receptor P2X7 no controle da
proliferação de células normais e tumorais (Adinolfi, 2010).
2 Objetivos
2.1 Objetivo geral
A primeira parte do trabalho teve como principal objetivo a caracterização de células-
tronco cancerígenas em linhagens de neuroblastoma silenciadas para a expressão das isoformas
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A e B do receptor P2X7, a relação entre: o enriquecimento de CSCs, o pré-tratamento com BK
e o silenciamento das isoformas com a resposta quimiotática à 1µM de ATP; e a relação entre
o silenciamento/superexpressão das isoformas na tumorigênese in vitro.
3 Materiais e métodos
3.1 Ensaios in vitro usando células de neuroblastoma humanas
As linhagens celulares utilizadas neste estudo foram gentilmente cedidas pela Profa. Dra.
Elena Adinolfi (Departamento de Patologia Geral, Universidade de Ferrara, Ferrara, IT).
Referem-se a linhagens celulares de neuroblastoma derivadas do sítio metastático da medula
óssea, ACN (RRID:CVCL_1068), que naturalmente expressam o receptor P2X7, e linhagens
celulares de rim embrionário humano, HEK293 (RRID:CVCL_0045), que naturalmente não
expressam o receptor P2X7. Ambas as linhagens são modificadas como segue: ACNshRNA1,
silenciadas tanto para a isoforma A quanto para a isoforma B do receptor P2X7 e nomeadas
aqui de P2X7A-B-, ACNshRNA2, silenciadas apenas para a isoforma A e nomeadas aqui de
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P2X7A-, ACNshRNA ou scrambled, não silenciadas e nomeadas aqui de P2X7+, HEK293-
hP2X7A expressando a isoforma A, HEK293-hP2X7B expressando a isoforma B e HEK293-
mock não expressando o receptor P2X7, nomeadas aqui de P2X7A+, P2X7B+ e P2X7-,
respectivamente.
As culturas celulares aderentes foram descoladas das garrafas com tripsina 0,25%,
inativadas com solução de PBS 1X e 10% de FBS, coletadas em tubos de centrífuga de 15mL,
centrifugadas a 1000rpm por 7 minutos, o sobrenadante descartado e as células ressuspendidas
em meio de cultura completo. As células foram contadas e 0,3x106 semeadas em placas de 6
poços pré-tratadas com poliestireno de alta aderência. Foram posteriormente incubadas em
estufa à 37°C e 5% de CO2 por 24h para adesão.
Após esse período, os meios foram removidos e os poços lavados com 1mL de PBS 1X.
Para a quantificação de expressão gênica por qPCR, as células foram tratadas com 10nM, 30nM
e 50nM de BK por 24h. Para os ensaios de quimiotaxia, as células foram tratadas com 10nM
de BK por 24h em meio de cultura completo e para os ensaios de tumorigênese, as células foram
tratadas com 10nM de BK no momento da semeadura e mantidas em cultura por sete dias.
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Figura 1: Fatores adicionados ao meio mínimo para o enriquecimento in vitro de células-tronco cancerígenas.
Cada quadrante de cada poço teve então suas tumoresferas contadas com o auxílio da
câmara de Neubauer e um microscópio invertido no aumento de 4X.
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Figura 3: Esquema da contagem de tumoresferas de um poço da placa de 96 poços
Figura 4: Equações utilizadas para o cálculo da concentração de tumoresferas, do número de tumoresferas totais e da % de
eficiência de formação de tumoresferas.
Para a marcação com CD133 não foi necessário fixar as células previamente. Portanto,
as tumoresferas foram removidas da garrafa e dissociadas com EDTA 2mMEm seguida, foram
centrifugadas a 300g por 5 minutos, ressuspendidas em PBS 1X e incubadas com o anticorpo
anti-CD133-PE (Miltenyi Biotec. Cat 130.080-801) diluído 1:11 em 100µl de PBS 1X. A
incubação foi realizada a 4ºC por 10 minutos e após esse período foram centrifugadas a 800g
por 5 minutos, ressuspendidas em 500µl de PBS 1X e analisadas no citômetro de fluxo da
Attune (Life Technologies, CA).
Para a marcação com Oct-4, as células foram fixadas previamente, com PFA 4% por 20
minutos em temperatura ambiente. Após o período de fixação, foram lavadas com 1000µl de
PBS 1X e centrifugadas a 800g por 5 minutos, o sobrenadante removido e o pellet
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ressuspendido em tampão de bloqueio (4% SFB e 0,1% triton X-100 em PBS 1X) por 30 min,
para permeabilização da membrana celular. O anticorpo α-Oct4 (Millipore-rabbit AB3209)
diluído 1:10.000 foi adicionado e a incubação realizada em temperatura ambiente por 30
minutos. Após a incubação, as células foram lavadas com 500µl de PBS 1X, centrifugadas a
800g por 5 minutos e ressuspendidas em tampão de bloqueio. O anticorpo secundário Alexa488
(goat anti-rabbit IgG (H+L), Life Technologies, cat A11034) foi adicionado na diluição 1:1000
e a incubação realizada em temperatura ambiente por 30 minutos. Após o período de incubação,
as células foram lavadas com 500µl de tampão de bloqueio, centrifugadas a 800g por 5 minutos,
o sobrenadante descartado e as células ressuspendidas em 500µl de PBS 1X. Para a reação de
Oct-4 foi realizado um controle secundário seguindo todos os procedimentos de maneira
idêntica, apenas omitindo o anticorpo primário.
O procedimento para marcação com e-caderina foi idêntico ao com Oct-4, porém o
anticorpo primário utilizado para a marcação foi anti-e-caderina (Imuny Biotechnology –
RheaBiotech, IM-0100) e a incubação realizada em temperatura ambiente por 30 minutos.
O procedimento para marcação com SOX-2 foi idêntico ao com Oct-4, porém o
anticorpo utilizado para a marcação foi anti-SOX-2 (conjugado com o fluoróforo APC, da
Milnetyi Biotec., cat 130.104-995) diluído 1:11 (volume de 100µl) e a incubação ocorreu em
geladeira por 30 minutos.
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de reação contendo 1 μL cDNA, SYBR Green Master Mix (Thermo Scientific) e 5 pmol de cada
sequência específica de primers como detalhado na Tabela 1.
As condições de ciclagem seguiram uma pré-incubação a 50ºC por 2 min, desnaturação
a 95ºC por 10 min e 40 ciclos de 95ºC por 15 min para desnaturação e 60ºC por 1 minuto para
anelamento/extensão. O nível de expressão gênica de GAPDH (Gliceraldeído-3-fosfato
desidrogenase) foi usado para normalizar as diferenças no isolamento e degradação do RNA.
Os resultados foram analisados por quantificação relativa entre os grupos utilizando o método
2-ΔΔCT. (Livak e Schmittgen, 2001).
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Figura 5: Esquema do escaneamento dos poços da tumorigênese de células ACN.
Após o escaneamento, as colônias foram contadas para cada poço com auxílio do software
StrataQuest (TissueGnostics).
4 Resultados e Discussão
4.1 Marcação com CD133, SOX-2 e Oct-4
Para a caracterização das células de neuroblastoma da linhagem ACN cultivadas em
condições aderentes, a expressão de três marcadores de pluripotência foram testados por
citometria de fluxo, CD133, SOX-2 e Oct-4. Conforme observa-se na Fig.7, apenas o anticorpo
anti-CD133 apresentou marcação significativa, cerca de 35% das células ACN, indicando que
SOX-2 e Oct-4 são pouco expressos por essas células.
Figura 7: Porcentagem de células de neuroblastoma scrambled (P2X7+) marcadas com os marcadores de pluripotência
(CD133, SOX-2 e Oct-4).
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4.2 Padronização do meio definido para enriquecimento in vitro de células-tronco
cancerígenas
Uma das características fenotípicas importantes das CSCs é a sua habilidade de formar
esferas não aderentes em cultura (Fig. 8). Para tanto, são utilizados diferentes meios de cultura
definidos para cada linhagem celular a fim de otimizar o enriquecimento de CSCs in vitro.
Portanto, uma das metodologias utilizadas para a avaliação da eficiência de um meio definido
no enriquecimento de CSCs in vitro é a indução da formação de tumoresferas, bem como a
ausência de células aderidas em placas de cultura de baixa-ultra aderência.
Figura 8: Imagens de microscopia de campo claro das culturas de neuroblastoma. A: Culturas aderentes, B: Culturas em
suspensão para a formação de tumoresferas. Aumento de 10X.
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Figura 9: Imagens adquiridas por microscopia invertida de campo claro no aumento de 10x (com exceção da imagem de 216h
do meio C, aumento de 2x) a cada 24h das culturas de células em suspensão nos meios definidos testados para o enriquecimento
de CSCs in vitro.
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definido livre de soro baseado na formulação de Bottenstein N-1 que otimiza a expansão de
células-tronco neurais, bem como o crescimento e a expansão de neuroblastomas (Liu, 2006).
O β-mercaptoetanol (BME) é um reagente químico com alto poder redutor que também auxilia
na redução do estresse oxidativo e proliferação das células-tronco cancerígenas (Cao, 2014).
Por último, a heparina é um mucopolissacarídeo (uma glicosaminoglicana) com propriedades
anticoagulantes que aumenta e estabilidade do bFGF por favorecer a ligação desse fator ao seu
receptor (Fannon, Forsten, & Nugent, 2000).
Os meios 1, 2, 6 e 7 que continham os fatores de crescimento suplementados com
B27/N2, B27/N2/Hep/BME, B27 e N2, respectivamente, apresentaram tumoresferas maiores e
mais irregulares. Nos dois primeiros meios, as tumoresferas tinham uma forma mais
arredondada, assemelhando-se a esferas bem compactas, porém no meio 1 a cultura
praticamente não apresentou células aderidas, enquanto no meio 2 ela apresentou várias,
indicando que a adição de heparina e β-mercaptoetanol manteve a capacidade de
enriquecimento de células-tronco in vitro, porém com uma eficiência menor que no meio 1. Em
contrapartida, os meios 6 e 7 suplementados apenas com B27 e N2, respectivamente,
apresentaram tumoresferas de formato bastante irregular e praticamente nenhuma célula
aderida, indicando que ambos os meios apesentaram uma eficiência maior no enriquecimento
de CSCs in vitro em relação aos dois meios citados anteriormente.
Ao final dos 9 dias, as células cultivadas no meio 3, que continha os fatores adicionados
de heparina e β-mercaptoetanol apenas, estavam mortas, provavelmente porque os suplementos
N2 e B27 possuem um efeito protetor maior para as células de neuroblastoma e sua ausência
levou as mesmas à morte, indicando a inviabilidade de se utilizar esse meio para a formação de
tumoresferas. Já os meios 4, 5 e 8, compostos dos fatores de crescimento apenas, sem os fatores
de crescimento suplementados com B27/N2 ou 10% de soro fetal bovino, respectivamente,
apresentaram capacidade de formação de tumoresferas. Essas tumoresferas eram razoavelmente
grandes, arredondadas e compactas, porém com um alto grau de células aderidas, indicando
que, apesar de possibilitarem a formação de tumoresferas, esses meios possuem baixa eficiência
no enriquecimento de células-tronco cancerígenas in vitro (Fig.9).
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Figura 10: Número médio de tumoresferas totais/poço contadas para cada meio definido testado para o enriquecimento in vitro
de CSCs.
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Levando em consideração o aspecto visual das culturas (aspecto morfológico das
tumoresferas versus células aderidas), a contagem de tumoresferas por poço e as marcações
com diferenças significativas para os marcadores citados acima, o meio escolhido para o
enriquecimento de células-tronco in vitro que seria utilizado para os experimentos seguintes foi
o de número 7, suplementado com os fatores EGF/bFGF/N2.
Figura 11: Porcentagem de células marcadas com CD133, e-caderina e SOX-2 contadas por citometria de fluxo para cada
meio definido testado.
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(padronizado no item anterior) por 4, 9 e 30 dias. Como observado na Fig. 12, as linhagens
incubadas por 9 e 30 dias formaram um maior número de tumoresferas em relação àquelas
incubadas por 4 dias apenas. Indicando que o tempo de incubação é importante para o
enriquecimento in vitro de células-tronco cancerígenas.
Figura 12: Porcentagem de Eficiência de Formação de Esferas calculadas para as células de neuroblastoma modificadas
cultivadas por 4, 9 e 30 dias para o enriquecimento de CSCs in vitro.
Figura 13: Efeito do silenciamento das isoformas do receptor P2X7 na porcentagem de formação de tumoresferas das células
de neuroblastoma cultivadas por 4, 9 e 30 dias para o enriquecimento de CSCs in vitro.
No que diz respeito ao silenciamento das isoformas, as linhagens de ACN silenciadas não
apresentaram diferença significativa na % de formação de tumoresferas em relação à linhagem
que naturalmente expressa o receptor P2X7 (scrambled) quando cultivadas por 4 dias. Quando
cultivadas por 9 dias, a linhagem P2X7A-B- apresentou uma menor % de formação de
tumoresferas em relação às outras duas linhagens, enquanto P2X7A-B- não apresentou
diferença em relação à linhagem scrambled. Finalmente, no tempo de cultivo de 30 dias, cujo
grau de CSCs esperado é maior, ambas as linhagens silenciadas apresentaram maior % de
formação de tumoresferas em relação à linhagem scrambled, sugerindo que existe uma relação
entre a ausência das isoformas A e B do P2X7 com o estado de indiferenciação celular e,
portanto, com o enriquecimento de CSCs in vitro (Fig. 13).
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4.4 Efeito do silenciamento da isoforma A e das isoformas A e B do receptor P2X7 na
quimiotaxia de células de neuroblastoma.
Figura 15: Quimiotaxia de células de neuroblastoma modificadas cultivadas em condições de suspensão por 18 dias.
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Para as células da linhagem P2X7A-B- enriquecidas por 18 dias, a resposta quimiotática
sofreu um aumento de cerca de 39%, enquanto para as da linhagem P2X7A-, a resposta sofreu
um aumento de cerca de 470% em relação à linhagem scrambled (Fig. 15).
Figura 16: Quimiotaxia de células de neuroblastoma modificadas cultivadas em condições de suspensão por 30 dias.
Figura 17: Efeito do silenciamento das isoformas do receptor P2X7 na quimiotaxia de células de neuroblastoma cultivadas em
diferentes condições de crescimento. (% de quimiotaxia em relação as células aderentes).
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Além disso, verificamos uma tendência linear no aumento/diminuição da quimiotaxia
dessas células em relação à condição de cultura em que o grau de células-tronco cancerígenas
esperada é menor ou ausente (condição aqui tomada como controle). Essa tendência acontece à
medida que comparamos a linhagem que possui o P2X7 com a que não possui nenhuma das
isoformas e, finalmente, com aquela que possui apenas P2X7B. Tumoresferas de 18 dias
apresentam uma redução na resposta quimiotática, sendo P2X7+<P2X7A-B-<P2X7A-, enquanto
as de 30 apresentam um aumento para as duas primeiras linhagens e, nenhuma modificação
para P2X7A-, sendo P2X7+>P2X7A-B->P2X7A- (onde a redução na resposta de P2X7A- com
18 dias é igual à resposta com 30 dias). Isso poderia indicar uma correlação entre a capacidade
quimiotática de células de neuroblastoma e o grau de enriquecimento de CSCs in vitro que é
balanceado pelas isoformas A e B do receptor P2X7.
4.6 Efeito preparador de BK na quimiotaxia de células de neuroblastoma modificadas
Em artigo recentemente publicado (Ulrich et al., 2018), o nosso grupo demonstrou num
estudo pioneiro a inter-relação de BK com P2X7 e a metástase do neuroblastoma. Nesse estudo,
a BK foi capaz de mediar a progressão do neuroblastoma através do aumento da adesão celular,
promoção da angiogênese e rearranjo do citoesqueleto, além da indução da proliferação e
aumento da capacidade de invasão devido à sensibilização dos receptores CXCR4 e P2X7B.
Interessantemente, todos esses processos que foram aumentados na presença de BK, foram
também neutralizados pelo bloqueio farmacológico do receptor P2X7, tanto in vitro quanto in
vivo. Além disso, o tratamento de BK aumentou os níveis de expressão das isoformas A e B do
receptor P2X7, favorecendo a regulação positiva de P2X7B e não reduzindo, porém, a
viabilidade celular e nem induzindo à atividade de poro do receptor P2X7 associada com a
isoforma A. Desse trabalho então, surgiu a necessidade de se verificar à fundo qual seria a
isoforma do P2X7 importante na quimiotaxia de células de neuroblastoma preparadas com
10nM de BK por 24horas em resposta à 1µM de ATP. Além disso, gostaríamos de verificar se
existia uma relação entre as condições de cultura (aderentes ou em suspensão) dessas células e
o tempo de enriquecimento de CSCs com a resposta quimiotática à ATP in vitro, o que nos
indica indiretamente a capacidade de invasão dessas células.
Para tanto, foram utilizadas células de neuroblastoma da linhagem ACN modificadas
(P2X7+ ou scrambled, P2X7A-B- e P2X7A-) em condições aderentes e em suspensão
(tumoresferas) enriquecidas por 18 e 30 dias. Para a quantificação das células que migraram
pelos transwells, os núcleos foram marcados com DAPI e contados. Além disso, para
verificação do estado tronco das células que migraram, estas foram marcadas com anticorpo
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anti-SOX-2 e, curiosamente todas as células que migraram pelo transwell apresentaram
marcação positiva para SOX-2, indicando que as células capazes de migrar provavelmente
foram células num estado mais indiferenciado (Fig. 18 e Fig.19).
Figura 18: : Imagens adquiridas por microscopia invertida de fluorescência das quimiotaxias das células de neuroblastoma
modificadas crescidas em condições aderentes, marcadas com DAPI e SOX-2. Aumento de 20X.
Figura 19: Imagens adquiridas por microscopia invertida de fluorescência das quimiotaxias das células de neuroblastoma
modificadas crescidas em condições de suspensão por 18 dias, marcadas com DAPI e SOX-2. Aumento de 20X.
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Figura 20: Quimiotaxia de células de neuroblastoma modificadas crescidas em condições aderentes tratadas ou não com BK
10nM e marcadas com DAPI.
No caso das tumoresferas cultivadas por 18 dias, o número de células que transmigraram
em favor do gradiente de ATP foi 115% e 180% maiores para P2X7+ e P2X7A-B-,
respectivamente; e 52% menor para P2X7A-, todas em relação ao controle, como mostrado na
Fig. 21.
Figura 21: Quimiotaxia de células de neuroblastoma modificadas crescidas em condições de suspensão por 18 dias, tratadas
ou não com BK 10nM e marcadas com DAPI.
Figura 22: : Quimiotaxia de células de neuroblastoma modificadas crescidas em condições de suspensão por 30 dias, tratadas
ou não com BK 10nM e marcadas com DAPI.
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Através desses dados foi possível confirmar que a BK, além de modular positivamente
a resposta quimiotática de células de neuroblastoma em condições de cultura aderentes, modula
também a resposta quimiotática dessas mesmas células em condições de cultura que favorecem
o enriquecimento de células-tronco cancerígenas in vitro, diminuindo a migração dessas células
num tempo de cultivo maior (30 dias) quando o P2X7 é expresso normalmente ou num tempo
de cultivo menor (18 dias), quando a isoforma A é silenciada. Esses dados sugerem que a BK
pode estar modulando não somente a atividade do receptor P2X7, mas também ambos podem
estar correlacionados com a formação de células-tronco cancerígenas, bem como com a
capacidade de migração das células de neuroblastoma in vitro. Ao primeiro momento, parece
que a bradicinina tem seu efeito potenciador da quimiotaxia no receptor P2X7 quando uma
menor quantidade de CSCs está presente. Efeito esse que diminui à medida em que
teoricamente mais CSCs são formadas. Além disso, intrigantemente, a bradicinina parece
possuir o mesmo efeito potenciador da quimiotaxia nas células de neuroblastoma silenciadas,
sendo a diminuição esperada devido à ausência do receptor; porém, uma vez que as culturas
são enriquecidas com CSCs, a bradicinina tem um efeito que claramente é balanceado pela
isoformas do P2X7. Isso porque, em 18 dias de enriquecimento o efeito potenciador da
bradicinina é 3 vezes maior quando A e B estão ausentes e cerca de 100% menor quando apenas
a isoforma A está ausente. Contrariamente, em 30 dias de enriquecimento a bradicinina reduz
pela metade o efeito causado na linhagem P2X7A-B- crescida em condições aderentes e
aumenta em mais de cinco vezes seu efeito potenciador para a linhagem P2X7A- também
crescida em condições aderentes.
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Figura 23: Gel de agarose 1% resultante da corrida eletroforética para verificação da integridade das amostras de RNA
extraídas com Brazol.
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4.9 qPCR
Os resultados do qPCR (Fig. 24) mostraram que BK 30nM exerceu um efeito
significativo no aumento da expressão do receptor P2X7 humano em células de ACN P2X7A-
em relação à P2X7A-B- e P2X7+. Entretanto, não esperávamos observar nenhuma amplificação
da amostra controle de P2X7A-B-, uma vez que nessas células a expressão de ambas as
isoformas A (completa) e B (truncada) do receptor P2X7 foi silenciada. Por outro lado, a
amostra controle de P2X7A- não apresentou amplificação. Nenhuma amostra tratada com BK
50nM apresentou amplificação significativa em relação ao controle. As amostras cujo gene alvo
era VEGF não apresentaram amplificação e acreditamos que isso pode ter ocorrido devido à
degradação dos primers. Acreditamos que será necessário um novo desenho dos primers,
padronização destes e repetição desses experimentos para confirmação do efeito que BK exerce
nessas linhagens e qual a relação com a expressão das isoformas do receptor P2X7, bem como
de gene-alvos envolvidos na metástase e renovação celular.
Figura 24: Efeito do tratamento de BK em três concentrações diferentes na expressão relativa de P2X7 humano nas linhagens
ACN modificadas em relação ao controle basal GAPDH humano.
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(Fig. 25). Esses dados preliminares indicam que, na verdade, a ausência de ambas as isoformas
aumenta a capacidade de expansão clonal in vitro e que o silenciamento da isoforma A não
favorece a ação da isoforma B.
Esses dados corroboram fortemente com os dados da verificação da eficiência de
formação de tumoresferas in vitro, uma vez que, assim como na tumorigênese, as células de
neuroblastoma silenciadas para ambas as isoformas do P2X7 (P2X7A-B-) apresentaram maior
capacidade no enriquecimento de células-tronco cancerígenas in vitro, indicando que as
isoformas são importantes, de certa forma, na manutenção do estado diferenciado dessas
células.
Figura 25: Ensaio de tumorigênese com células de neuroblastoma modificadas. A: Imagens adquiridas por microscopia
invertida de campo claro das tumorigêneses nos aumentos de 2,5X; 10X e 20X. B: Contagem das colônias formadas quando
semeadas 100 e 200 células.
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maiores e mais espaçadas. Assim como discutido no item 2.10, o ensaio de tumorigênese
oferece uma forma bastante sensível de caracterização in vitro do estado indiferenciado celular,
portanto, esses dados indicam que a isoforma A pode estar mais relacionada com a manutenção
das células num estado tronco.
As células HEK tratadas com bradicinina apresentaram redução proporcional para cada
linhagem modificada na formação de colônias, indicando que BK pode exercer um papel
importante no processo de diferenciação celular e, aparentemente não modulou diferentemente
as isoformas do P2X7 no processo de tumorigênese.
Nos ensaios com as células HEK, infelizmente não foi possível quantificar a formação de
colônias, porque é uma linhagem com baixa eficiência de adesão e a utilização de fixadores
acabou descolando várias colônias dos poços. Uma forma de solucionar esse problema seria
modificando o protocolo e utilizando uma camada fina de ágar para aumentar a eficiência de
adesão, bem como remover a etapa de fixação, procedimento que está contido no cronograma
para o próximo período. Além disso, da mesma forma que as células de neuroblastoma, essas
células HEK são modificadas e podem perder o fenótipo modificado com o tempo, sendo
necessário refazer a seleção clonal com puromicina antes dos próximos experimentos.
Figura 26: Ensaio de tumorigênese com células HEK modificadas. A: Imagens adquiridas por microscopia invertida de
campo claro das tumorigêneses de células não tratadas e B: de células tratadas com 10nM de BK. Aumentos de 2,5X; 10X e
20X.
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A tabela 3 apresenta um resumo dos dados mais importantes observados até o presente
momento.
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6 Participação em Congressos
6.1 Participação da comissão organizadora do congresso “Novas Vertentes
Biotecnológicas para o Desenvolvimento Tecnológico-social do Brasil”.
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6.3 Menção honrosa Pedro Muanis Persechini pelo trabalho em que fui co-autora
apresentado no congresso Purines 2018
7 Lista de publicações
7.1 Co-autoria num artigo de revisão sobre a relação entre o sistema purinérgico,
macrófagos e câncer, que está em processo de elaboração (manuscrito para submissão
anexado no item “Outros documentos” do SAGE)
8 Referências Bibliográficas
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