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GUARULHOS – SP
SUMÁRIO
4 O CITOPLASMA ................................................................................................... 8
7.2 A carioteca.................................................................................................. 16
16 VIRUS ................................................................................................................. 68
Fonte: aprovadonovestibular.com
Fonte: sobiologia.com.br
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ou parte dele. Além disso, ela tem todo o "material" necessário para realizar as funções
de um ser vivo, como nutrição, produção de energia e reprodução. Cada célula do
nosso corpo tem uma função específica. Mas todas desempenham uma atividade
"comunitária", trabalhando de maneira integrada com as demais células do corpo. É
como se o nosso organismo fosse uma imensa sociedade de células, que cooperam
umas com as outras, dividindo o trabalho entre si. Juntas, elas garantem a execução
das inúmeras tarefas responsáveis pela manutenção da vida. As células que formam o
organismo da maioria dos seres vivos apresentam uma membrana envolvendo o seu
núcleo, por isso, são chamadas de células eucariotas. A célula eucariota é constituída
de membrana celular, citoplasma e núcleo.
Fonte: rizomas.net/component
Nestas figuras você pode comparar uma célula humana (animal) com uma célula
vegetal. A célula vegetal possui parede celular e pode conter cloroplastos, duas
estruturas que a célula animal não tem. Por outro lado, a célula vegetal não possui
centríolos e geralmente não possui lisossomos, duas estruturas existentes em uma
célula animal.
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Fonte: viagempelabiologia.blogspot.com.br
3 A MEMBRANA PLASMÁTICA
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Fonte: sobiologia.com.br
4 O CITOPLASMA
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Fonte: elizianecardosogoncalves
Fonte: pt.slideshare.net
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As mitocôndrias são organelas membranosas (envolvidas por membrana) e que
têm a forma de bastão. Elas são responsáveis pela respiração celular, fenômeno que
permite à célula obter a energia química contida nos alimentos absorvidos. A energia
assim obtida poderá então ser empregada no desempenho de atividades celulares
diversas. Um dos "combustíveis" mais comuns que as células utilizam na respiração
celular é o açúcar glicose. Após a "queima" da glicose, com participação do gás
oxigênio, as células obtêm energia e produz resíduos, representados pelo gás
carbônico e pela água. O gás carbônico passa para o sangue e é eliminado para o meio
externo. A equação abaixo resume o processo da respiração celular:
6 ORGANELAS CELULARES
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Fonte: estudopratico.com.br
Fonte: sobiologia.com.br
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As membranas do retículo endoplasmático podem ou não conter ribossomos
aderidos em sua superfície externa. A presença dos ribossomos confere à membrana
do retículo endoplasmático uma aparência granulosa; na ausência dos ribossomos, a
membrana exibe um aspecto liso ou não-granulosos.
É a organela celular que armazena parte das proteínas produzidas numa célula,
entre outras funções. Essas proteínas poderão então ser usadas posteriormente pelo
organismo.
Fonte: sobiologia.com.br
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Fonte: sobiologia.com.br
Imagine um glóbulo branco do nosso corpo diante de uma bactéria invasora que
ele irá destruir. A bactéria é grande demais para simplesmente atravessar a membrana
plasmática do glóbulo. Nesse caso, a membrana plasmática emite expansões que vão
envolvendo a bactéria. Essas expansões acabam se fundindo e a bactéria é finalmente
englobada e carregada para o interior da célula. A esse fenômeno de englobamento de
partículas dá-se o nome de fagocitose. Caso a célula englobe uma partícula líquida, o
fenômeno é chamado pinocitose e, nesse caso, não se forma as expansões típicas da
fagocitose.
Fonte: sobiologia.com.br
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6.5 Os centríolos e a divisão celular
Fonte: colegioweb.com.br
O núcleo da célula
Fonte: www.sobiologia.com.br
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O pesquisador escocês Robert Brown (1773- 1858) é considerado o descobridor
do núcleo celular. Embora muitos citologistas anteriores a ele já tivessem observados
núcleos, não haviam compreendido a enorme importância dessas estruturas para a vida
das células. O grande mérito de Brown foi justamente reconhecer o núcleo como
componente fundamental das células. O nome que ele escolheu expressa essa
convicção: a palavra “núcleo” vem do grego nux, que significa semente. Brown
imaginou que o núcleo fosse à semente da célula, por analogia aos frutos. Hoje,
sabemos que o núcleo é o centro de controle das atividades celulares e o “arquivo” das
informações hereditárias, que a célula transmite às suas filhas ao se reproduzir.
Fonte: vidaesaude.org
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7.1 Os componentes do núcleo
O núcleo das células que não estão em processo de divisão apresenta um limite
bem definido, devido à presença da carioteca ou membrana nuclear, visível apenas ao
microscópio eletrônico. A maior parte do volume nuclear é ocupada por uma massa
filamentosa denominada cromatina. Existem ainda um ou mais corpos densos
(nucléolos) e um líquido viscoso (cariolinfa ou nucleoplasma).
7.2 A carioteca
Fonte: sobiologia.com.br
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7.3 Poros da carioteca
Fonte: sobiologia.com.br
7.4 A cromatina
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imaginado, acertadamente, que as regiões mais coradas correspondiam a porções dos
cromossomos mais enroladas, ou mais condensadas, do que outras.
Para assinalar diferenças entre os tipos de cromatina, foi criado o termo
heterocromatina (do gregoheteros, diferente), que se refere à cromatina mais
densamente enrolada. O restante do material cromossômico, de consistência mais
frouxa, foi denominado eucromatina (do grego eu, verdadeiro).
Fonte: sobiologia.com.br
7.5 Os nucléolos
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nucléolo é um corpúsculo esférico, não membranoso, de aspecto esponjoso quando
visto ao microscópio eletrônico, rico em RNA ribossômico (a sigla RNA provém do
inglês Ribonucleica Acid). Este RNA é um ácido nucleico produzido a partir o DNA das
regiões específicas da cromatina e se constituirá um dos principais componentes dos
ribossomos presentes no citoplasma. É importante perceber que ao ocorrer a
espiralação cromossômica os nucléolos vão desaparecendo lentamente. Isso acontece
durante os eventos que caracterizam a divisão celular. O reaparecimento dos nucléolos
ocorre com a desespiralização dos cromossomos, no final da divisão do núcleo. O
botânico escocês Robert Brown (1773 - 1858) verificou que as células possuíam um
corpúsculo geralmente arredondado, que ele chamou de núcleo (do grego nux:
'semente'). Ele imaginou que o núcleo era uma espécie de "semente" da célula. O
núcleo é a maior estrutura da célula animal e abriga os cromossomos. Cada
cromossomo contém vários genes, o material genético que comanda as atividades
celulares. Por isso, dizemos que o núcleo é o portador dos fatores hereditários
(transmitidos de pais para filhos) e o regulador das atividades metabólicas da célula. É
o "centro vital" da célula.
Para saber:
Fonte: sobiologia.com.br
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Envoltório nuclear - É a membrana que envolve o conteúdo do núcleo, ela é
dotada de numerosos poros, que permitem a troca de substancias entre o núcleo e o
citoplasma. De maneira geral, quanto mais intensa é a atividade celular, maior é o
número de poros na carioteca.
Nucleoplasma - É o material gelatinoso que preenche o espaço interno do
núcleo.
Nucléolo - Corpúsculo arredondado e não membranoso que se acha imerso na
cariolinfa. Cada filamento contém inúmeros genes. Numa célula em divisão, os longos
e finos filamentos de cromatina tornam-se mais curtos e mais grossos: passam, então,
a ser chamados cromossomos. Os cromossomos são responsáveis pela transmissão
dos caracteres hereditários.
8 DIVISÃO CELULAR
Fonte: ramalde.no.comunidades.net
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Os cromossomos são responsáveis pela transmissão dos caracteres
hereditários, ou seja, dos caracteres que são transmitidos de pais para filhos. Os tipos
de cromossomos, assim como o número deles, variam de uma espécie para a outra.
As células do corpo de um chimpanzé, por exemplo, possuem 48 cromossomos, as do
corpo humano, 46 cromossomos, as do cão, 78 cromossomos e as do feijão 22.
Fonte: sobiologia.com.br
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humana existam de 20 mil a 25 mil genes. Os cromossomos diferem entre si quanto à
forma, ao tamanho e ao número de genes que contêm.
Para que as células exerçam a sua função no corpo dos animais, elas devem
conter todos os cromossomos, isto é, dois cromossomos de cada tipo: são as células
diploides. Com exceção das células de reprodução (gametas), todas as demais células
do nosso corpo são diploides. Porém, algumas células possuem em seu núcleo apenas
um cromossomo de cada tipo. São as células haploides. Os gametas humanos –
espermatozoides e óvulos – são haploides. Portanto os gametas são células que não
exercem nenhuma função até encontrarem o gameta do outro sexo e completarem a
sua carga genética.
Fonte: biologiaescolar.com
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forma, o mesmo tamanho e o mesmo número de genes. Em cada par, um é de origem
materna e outro, de origem paterna.
Fonte: biologiadacelula.blogspot.com.br
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Mas como se formam os espermatozoides e os óvulos, que têm somente
23 cromossomos no núcleo, diferentemente das demais células do nosso corpo?
Fonte: coladaweb.com
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9 INTRODUÇÃO À BIOLOGIA MOLECULAR
Podemos dizer que a biologia molecular sofre o seu primeiro grande impulso com
a descoberta da estrutura do DNA por James Watson e Francis Crick, em 1953. Para
compreender a estrutura do DNA, Watson e Crick utilizaram imagens de DNA obtidas
pela cientista Rosalind Franklin em 1952 através de difração de raios X. Pela importante
descoberta, James Watson e Francis Crick receberam o Prêmio Nobel de Medicina ou
Fisiologia em 1962. Após esse primeiro grande salto, foram desenvolvidos centenas de
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novos métodos de análise, como a Polimerase Chain Reaction (PCR), provavelmente
o principal deles, muito embora sozinho não tenha função nenhuma a não ser fazer
cópias de fragmentos de DNA as quais continuarão invisíveis ao cientista. Outras
técnicas incluem o Southern blot, Northen blot e Western blot, sendo que os dois
primeiros são utilizados em ácidos nucléicos (DNA e RNA respectivamente) e o último
é utilizado para proteínas.
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existentes na Terra primitiva. As descargas elétricas simulavam os raios que atingiam
a superfície terrestre a todo momento, decorrentes de chuvas torrenciais que duraram
milhares de anos. A radiação ultravioleta simulava essa radiação originada no Sol, uma
vez que ainda não existia a camada de ozônio (O 3) para filtrar esses feixes.
A partir dessas premissas, a evolução química ganhou destaque no meio
científico. Por meio dela, a vida teve origem na Terra. Entretanto, estudos atuais têm
demonstrado que microrganismos poderiam ter chegado à Terra se estivessem
inseridos no interior dos meteoritos, local onde a temperatura não é muito elevada
quando comparada à superfície do mesmo, quando este entra na atmosfera terrestre.
Assim, uma das grandes vertentes sobre a origem da vida na Terra é a Panspermia,
a qual propõe que a vida na Terra pode ter tido uma origem extraterrestre. Verdadeira
ou não, a Panspermia não resolve o problema da origem da vida, sendo que ela apenas
leva o problema para outro local, no qual a vida deve ter se originado. De qualquer
forma, as primeiras formas de vida eram extremamente simples. Os
chamados coacervados foram as primeiras estruturas orgânicas capazes de se auto-
replicar, e por isso são considerados os primeiros seres vivos. Tais seres eram
compostos por aglomerados de moléculas orgânicas simples envoltos em moléculas
de água. A partir dessas primeiras moléculas foram surgindo outras mais complexas,
diferentes em funções e estrutura
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moléculas polares. Outro fator físico importante para a molécula de água é a sua grande
capacidade de absorver calor sem variar muito sua temperatura. Isso é representado
pelo seu alto calor específico e, assim, a água atua como um ótimo regulador térmico.
10 COMPOSTOS ORGÂNICOS
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células vegetais. O glicogênio é encontrado em animais e fungos, ao passo que o amido
é somente encontrado em vegetais, havendo também diferenças em seus níveis de
ramificações da molécula.
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mantidas estáveis por meio de interações hidrofóbicas. As ceras, um tipo especial de
lipídeo, são encontradas revestindo as folhas dos vegetais. Essa cera atua como um
agente impermeabilizante, sendo que o mesmo evento também é encontrado em aves.
As aves possuem uma glândula localizada próxima à cauda, chamada glândula
uropigial (ou uropigeana), ilustrada na imagem ao lado. Essa glândula é responsável
pela síntese de um óleo que é espalhado pelas penas, impermeabilizando-as, o que é
essencial ao voo. O colesterol é um derivado dos lipídeos. Ele é encontrado na
membrana celular apenas de células animais. Para não nos estendermos muito nesse
assunto, ele voltará a ser abordado em muito mais profundidade nas aulas de
bioquímica.
10.2 Vitaminas
As vitaminas são micronutrientes produzidos por outros seres vivos e que são
essenciais à função de determinadas enzimas, servindo como cofatores. Algumas
vitaminas são muito importantes em algumas reações, como nas físico-químicas que
ocorrem na retina no processo da visão. As vitaminas não se enquadram em um único
tipo de molécula, sendo que elas podem ser derivadas de lipídeos, glicídios ou mesmo
ter uma estrutura bem simples quando comparada à outras biomoléculas. O termo
vitamina foi criado ao se descobrir uma substância chamada tiamina, pertencentes ao
grupo das aminas, quando usando em pequenas quantidades, era capaz de evitar uma
doença chamada beribéri. Assim, o termo vitamina significa, literalmente, amina vital.
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Para exemplificar vamos tomar como exemplo a vitamina A cujo nome científico
é retinol (imagem ao lado). O seu isômero 11-cis-retinol é o cromóforo da rodopsina, a
molécula fotorreceptora dos vertebrados. Durante as grandes navegações impetradas
pelos europeus durante os séculos XIV, XV e XVI, notou-se que grande parte da
tripulação padecia de alguma doença que provocava sangramentos, principalmente
nas gengivas. Esses sangramentos eram evitados quando se passou a levar lima nas
embarcações. Como se sabe, a lima é um fruto rico em vitamina C (ácido ascórbico),
essencial à formação de colágeno. Quando os tripulantes passavam muito tempo sem
nenhum alimento que contivesse vitamina C em sua composição, o colágeno que
deveria ser reposto não era formado. Assim, a gengiva, mucosa rica em colágeno,
começa a sofrer uma queda, expondo vasos sanguíneos que estouravam, provocando
os sangramentos. Muito embora a sabedoria popular afirme que a vitamina C evita
gripes e resfriados, essa não é uma afirmação válida. Hoje sabemos, com base em
dados científicos, que gripes e resfriados nada tem nenhuma relação com a falta de
vitamina C.
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se descobriu que os cromossomos eram as estruturas responsáveis por carregar as
informações genéticas.
Logo em seguida, descobriu-se que os cromossomos são constituídos tanto por
50% proteínas e 50% DNA. Experimentos posteriores confirmaram o DNA como
responsável pelo armazenamento da informação genética e, mais tarde, com a
estrutura do DNA desvendada, pode-se perceber como essas informações são
armazenadas. O DNA (ácido desoxirribonucleico) é um polímero de nucleotídeos, os
quais são compostos por um grupo fosfato, um açúcar de 5 carbonos, no caso a
desoxirribose, e uma base nitrogenada, podendo ser qualquer uma entre adenina,
timina, citosina e guanina. Cada nucleotídeo é unido ao outro por meio de uma ligação
fosfodiesterase entre o carbono número 5' de um com o carbono número 3' do
nucleotídeo adjacente. Em relação ao RNA (ácido ribonucleico), este se diferencia do
DNA por apresentar a ribose como açúcar, ser uma molécula fita simples e não possuir
a base nitrogenada timina em sua composição, a qual é substituída por uracila. Além
disso, as funções assumidas pelo RNA são também diferentes das do DNA. Enquanto
o DNA é uma molécula imóvel localizada dentro do núcleo celular (em eucariotos), o
RNA é uma molécula que leva a informação do núcleo ao citoplasma, onde se
encontram os ribossomos, onde ocorrerá a síntese proteica (mRNA). Além de assumir
um papel de “bilhete de informações”, o RNA também é responsável por formar os
ribossomos (rRNA) e atuar como carregadores de aminoácidos (tRNA).
10.4 Proteínas
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ultravioletas produzidos pelo Sol e que causam mutação no DNA. Assim, existem
milhares de proteínas numa célula humana, cada uma desempenhando o seu papel.
Existe um grupo de proteínas que são expressas em todos os tipos celulares, desde
um neurônio ao osteócito (célula óssea madura), a quais são responsáveis pelas
funções primordiais das células e por isso recebem o nome de proteínas keephouse,
ou seja, proteínas que literalmente mantém a casa.
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Essas moléculas são conhecidas como enzimas e possuem natureza também
proteica. Assim, podemos notar que a expressão da informação genética é
complementar à diminuição do gasto de energia pela célula, a fim de manter ordem
dentro da mesma. Por outro lado, embora a vida pareça possuir um equilíbrio fantástico,
sem o desequilíbrio, que doravante designaremos instabilidade, ela não seria como é
hoje, e sim como deveria ser desde o seu início. Tal fato pode ser expandido para todo
o Universo. Assim, se não fosse a instabilidade dos sistemas, por menor que fosse, o
Universo, e a vida, não teriam sofrido modificações. Podemos concluir então que a vida
é decorrente de um sistema em que tanto a instabilidade, que leva à evolução, como a
estabilidade, que seleciona o mais adaptado, atuam em conjunto, em uma perfeita
harmonia. Da mesma forma, a ordem biológica é mantida pela harmonia entre dois tipos
básicos de reação que podem ocorrer em um ser vivo. Esses dois tipos básicos são
chamados de reações de catabolismo e reações de anabolismo. Juntos, esses dois
tipos de reações formam aquilo que denominamos de metabolismo. Nas reações
de catabolismo, macromoléculas (geralmente polímeros) são degradadas (quebradas)
em suas subunidades menores. Já no anabolismo ocorre o inverso: essas subunidades
provenientes do catabolismo são utilizadas como blocos construtores na criação de
novas macromoléculas de acordo com as necessidades funcionais da célula e do
organismo. Fazendo uma analogia, podemos comparar o metabolismo com o jogo
conhecido como Lego®. Imaginemos um brinquedo desse tipo que já veio montado
dentro da caixa. Após abrir a caixa nós desmontaremos a estrutura inicial, vamos supor
aqui um castelo. Com cada pecinha, agora soltas (monômeros), podemos construir, por
exemplo, uma casa, a qual não tem nada a ver com o castelo, a não ser pelo fato de
que tenha sido montada com as mesmas peças que o formavam. Assim se dá na célula.
Nós, seres heterótrofos, obtemos nossas peças de Lego® por meio da alimentação.
Em nosso tubo digestório ocorre a quebra enzimática da estrutura inicial,
produzindo as peças soltas. A título de exemplo, as proteínas são quebradas por
reações enzimáticas que adicionam água às ligações peptídicas, liberando as suas
subunidades, os aminoácidos. Os ácidos nucleicos são degradados, liberando
nucleotídeos e os carboidratos, como o amido por exemplo. Estes quando quebrados
e dão origem aos monossacarídeos, como a glicose. Cada um desses blocos
construtores será utilizado pela célula para construir estruturas específicas. Assim, os
aminoácidos são agrupados em uma ordem diferente, formando as proteínas da própria
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célula, os nucleotídeos onde são adicionados ao DNA e RNA (anabolismo) e a glicose
é utilizada como fonte de energia para que todos esses eventos possam ocorrer. Caso
haja energia suficientemente disponível na célula, as moléculas de glicose são unidas
umas às outras, formando os polissacarídeos de reservas conhecidos como glicogênio.
Sintetizando, podemos definir catabolismo como reações de quebra, destruição, e
anabolismo como reações de síntese, construção.
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definição de entropia da aula anterior. Esse tipo de reação é exemplificado pela quebra
das ligações peptídicas das proteínas liberando os aminoácidos, ou seja, provocando
um caos molecular cuja desordem é enorme. Em contrapartida, reações
energeticamente favoráveis devem ser acompanhadas de uma fonte extra de energia,
como com o uso de ATP, por exemplo. Na verdade, o que ocorre é que a adição do
grupo fosfato à molécula que vai participar da reação provoca uma alteração no
conteúdo de sua energia livre, tornando a reação energeticamente favorável. É o que
ocorre com as reações de síntese de proteínas. A criação de uma ligação peptídica
entre dois aminoácidos é energeticamente desfavorável, não ocorrendo
espontaneamente. Assim, a formação de uma ligação peptídica entre dois aminoácidos
somente ocorrerá se essa reação estiver acoplada à hidrólise de moléculas de ATP.
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dependência da produção e participação de moléculas como o ATP. Sem esse tipo de
molécula a vida tal como a conhecemos não seria possível.
12 ACIDOS NUCLEICOS
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Na verdade, uma das fitas é orientada no sentido do carbono 5' para o carbono
3' e sua fita complementar é orientada no sentido oposto, ou seja, no sentido do
carbono 3' para o carbono 5'. Essa numeração de carbonos reflete a localização da
ligação fosfodiéster entre dois nucleotídeos consecutivos essas duas fitas
antiparalelas giram em torno de um eixo central imaginário. Infelizmente, a maioria das
imagens que representam o DNA estão erradas, mostrando as duas fitas de DNA
girando uma sobre a outra. Veja as imagens abaixo:
Embora a diferença visual seja sutil, muitas vezes imperceptível, tal estrutura não
é verdadeira. Note que ao girar em torno de um eixo central formam-se dois sulcos no
esqueleto da molécula. Eles são denominados sulco maior e sulco menor do DNA.
Uma volta completa da molécula de DNA possui aproximadamente 3,4 nm (1 nm = 10 -
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m). O esqueleto do DNA é formado por uma sequência repetida de um açúcar (no
caso a desoxirribose) e um grupo fosfato, ligados um ao outro por meio das ligações
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fosfodiéster. Na região interna da molécula encontramos as bases nitrogenadas, que
podem ser dos seguintes tipos: Adenina (A), Timina (T), Citosina (C) e Guanina (G). A
sequência específica dessas bases no DNA é responsável pelo armazenamento da
informação genética na forma de um código composto por apenas 4 letras.
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e a Guanina, e pirimidinas (ou bases pirimídicas), no caso a Citosina e a Timina Essas
bases sempre formam pares dessa forma, A pareando com T e C pareando com G.
Isso explica a proporção encontrada entre elas em análises de DNA antes do
desvendamento da estrutura do DNA. Assim, se 39% do DNA de uma célula é
composta pela base A, 39% será composto pela base T. Como já possuímos um total
de 78% do DNA representado por essas duas bases (39% + 39%), nos resta apenas
22%, os quais serão divididos entre as bases C e G. Assim, teremos 11% de C e mais
11% de G. Note que para você poder determinar a proporção de bases que compõem
um dado DNA é apenas necessário saber a proporção de uma única base nitrogenada,
a sua escolha.
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Ao parearmos as bases nitrogenadas de modo a sempre formar 3 anéis
aromáticos no interior da dupla hélice nós a mantemos sem “calombos” ou “buracos”, o
que certamente é mais estável. Assim, a manutenção de uma dupla hélice uniforme
gasta menos energia do que uma dupla hélice com calombos e buracos, ou seja, com
mutações. Observe também que as bases nitrogenadas estão ligadas à sua base
complementar por meio de pontes de hidrogênio. Apesar de a ponte de hidrogênio ser
um tipo de ligação relativamente fraca quando vista individualmente, entre as bases A
e T são formadas duas pontes e entre C e G são formadas 3 pontes. Como o DNA é
composto de bilhões de nucleotídeos (no caso do DNA humano), essas ligações são
suficientemente fortes de forma global, mantendo o DNA estável. Uma outra
observação importante a respeito do pareamento de bases é que sempre que uma base
for alterada a fita complementar ainda possuirá a informação correta, o que serve
literalmente como uma forma de backup da informação genética. Em aulas posteriores
veremos que esse backup é usado constantemente pela célula. A estrutura em dupla
hélice complementar explica a manutenção da quantidade de DNA nas células-filhas
originadas por mitose. Como as duas fitas são complementares elas servem de molde
para criar duas novas fitas de DNA. Assim, a maquinaria de replicação do DNA separa
as duas fitas expondo suas bases nitrogenadas. Em seguida a outra fita de DNA é
formada tendo como base a fita molde. Pelo fato de sempre uma das fitas originais ser
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mantida junto da fita filha na nova molécula de DNA, dizemos que a replicação do DNA
é semiconservativa.
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moléculas que desempenhavam esse papel, dada sua diversidade e abundância na
célula. Por mais que hoje saibamos que a informação genética é armazenada no DNA,
as proteínas ainda desempenham papel fundamental na expressão da informação
genética. É por meio das proteínas que os genes (entidades discretas formadas por
segmentos de DNA) se manifestam. Assim, definimos que toda proteína possui sua
“receita” escrita no DNA.Embora hoje tenhamos conhecimento de que o homem possui
entre 20.000 a 25.000 genes, o número de proteínas encontradas no homem é superior
a esse número. Esse fato aparentemente contradiz o que acabou de ser explicitado
acima, que cada proteína possui um gene. Tal fato é observado porque o mRNA sofre
um processo de splicing, criando novas sequências de nucleotídeos. Isso será
detalhado na aula 10, quando estudaremos a segunda parte da transcrição genética.
As proteínas são formadas por basicamente 3 tipos de estruturas: a estrutura primária,
a estrutura secundária e a estrutura terciária. Entretanto, algumas proteínas
apresentam uma estrutura a mais, a estrutura quaternária, como a hemoglobina, por
exemplo. A estrutura primária é representada pela sequência linear de aminoácidos
ligados covalentemente uns aos outros por meio das ligações peptídicas. Dessa forma
encontramos uma extremidade da molécula onde a carboxila é encontrada e, portanto,
é chamada de C-terminal. O outro extremo da molécula é chamado de N-terminal, pelo
fato de nele se encontrar a amina.
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Como a cada dois aminoácidos se forma uma ligação peptídica, temos que
para n aminoácidos encontraremos n-1 ligações peptídicas. Assim, se possuímos uma
proteína composta por 230 aminoácidos, teremos então 229 ligações. A estrutura
secundária é representada pela formação de uma alfa-hélice ou folha-beta pela
estrutura primária das proteínas. Podemos imaginar isso como a linha do fone do
telefone que se enrola (alfa-hélice). Toda alfa-hélice tem passo à direita (gira para a
direita). Entretanto, o colágeno é a única exceção a essa regra, uma vez que possui
passo à esquerda. Os giros das alfa-hélices são mantidos por meio de pontes de
hidrogênio entre um hidrogênio ligado ao átomo de nitrogênio de um resíduo de
aminoácido com o oxigênio da carbonila, quatro resíduos de aminoácidos à sua frente
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A estrutura terciária de uma proteína é a sua estrutura tridimensional, com a
estrutura secundária enrolando-se em torno de si mesma. Essa estrutura tridimensional
é a responsável pelas funções de cada proteína, pois cada proteína passa a ter um
domínio próprio, o que promove interações específicas, como no caso dos anticorpos,
por exemplo.
Quando uma proteína tem sua temperatura elevada a certos níveis, ela perde
sua configuração tridimensional, passando a não exercer mais seu papel. Essa perda
de configuração é conhecida como desnaturação. Um exemplo de proteína
desnaturada ocorre no ovo cozido onde as proteínas da clara do ovo literalmente se
desenrolam, formando aquela “massa” branca em torno da gema. É por esse motivo
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que febres acima dos 40°C são particularmente perigosas. Elas fazem com que as
proteínas (e as enzimas, que também são proteínas) passem a funcionar mais
lentamente pela perda de sua configuração original, o que diminui a velocidade das
reações celulares. Algumas proteínas possuem um quarto tipo de estrutura,
a estrutura quartenária. Como já dito anteriormente, a hemoglobina é um exemplo
de proteína desse tipo. A estrutura quaternária é a união de duas ou mais estruturas
terciárias para formar uma única molécula. No caso da própria hemoglobina (proteína
transportadora de O2 no sangue), ela é composta por 4 estruturas terciárias unidas por
quatro grupos heme. Observe a imagem ao lado. A estrutura das proteínas será mais
detalhada nas aulas 7 e 8 da disciplina de bioquímica.
As enzimas são uma classe de proteínas bem distintas. Elas atuam como
catalizadores biológicos, ou seja, elas aumentam a velocidade das reações sem
interferir no produto final das mesmas. Embora classifiquemos todas enzimas como
proteínas o inverso não é verdadeiro. Assim, nem toda proteína é uma enzima. Além
disso, alguns RNA's também atuam como catalizadores. A nomenclatura das enzimas
é feita da seguinte maneira: adicionando-se o sufixo -ase à sua função ou ao nome do
seu substrato. Isso ocorre por exemplo com as enzimas DNA
polimerase (responsável pelas reações de polimerização do DNA), Helicase
(responsável por girar o DNA), etc. Entretanto, algumas enzimas foram consagradas
pelo seu nome mais usual, como as enzimas tripsina (digere proteínas)
e ptialina (responsável pela digestão inicial do amido, ainda na boca). Com o avanço
das pesquisas em genética, biologia molecular e bioquímica, tem se isolado um grande
número de novas enzimas. Para contornar esse problema foi criado um sistema
internacional de nomenclatura de enzimas, o qual será melhor discutido na aula 10 da
disciplina de bioquímica. As enzimas têm a propriedade de serem altamente
específicas, geralmente atuando sobre apenas um único tipo de substrato. Elas
conseguem aumentar a velocidade das reações bioquímicas por diminuir a quantidade
de energia de ativação da reação. Na imagem ao lado a reação catalizada sem enzima
é demonstrada pela linha vermelha, enquanto a mesma reação, agora catalizada por
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uma enzima é demonstrada pela linha azul. Repare na diferença de quantidade
de energia de ativação entre as duas reações.
Cada enzima possui um pH e uma temperatura ótimos para sua atuação. Nessas
condições a velocidade de reação é máxima e somente a concentração do substrato
influenciará essa velocidade. As imagens abaixo demonstram exatamente esse fato:
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No gráfico da velocidade em função do pH notamos que existem duas enzimas
(A e B), cada uma atuando em um pH ótimo. A enzima A tem um pH ótimo ácido, em
torno de 3,5. Já a enzima B tem um pH ótimo básico, em torno de 9. Quando essas
enzimas são colocadas em ambientes onde o pH não reflete o seu pH ótimo a
velocidade de reação cai drasticamente, como demonstrado no gráfico. Em relação a
temperatura (gráfico de velocidade de reação em função da temperatura), podemos
notar que a enzima tem sua temperatura ótima em torno de X°C. Qualquer temperatura,
seja ela acima ou abaixo da temperatura ótima, fará com que a enzima atue com mais
lentidão. Em biologia molecular iremos nos defrontar com algumas enzimas muito
importantes, todas elas relacionadas ao metabolismo dos ácidos nucleicos. Por esse
motivo vamos listar abaixo algumas delas que encontraremos com mais frequência:
48
cientista. Na verdade, a compilação desse processo é o resultado de décadas de duras
pesquisas realizadas por centenas de estudiosos.
49
14.1 Transcrição do DNA
A região promotora (em laranja) pode ficar próxima ou bem distante do gene
que ela opera. Uma vez que a RNA polimerase se liga a essa região, ela desliza sobre
a molécula de DNA até encontrar uma sequência específica de bases nitrogenadas,
conhecida como sítio de iniciação, que determina o início da síntese da cadeia
polinucleotídica de mRNA. Em eucariotos existem três tipos de RNA polimerases que
atuam na síntese de mRNA. Elas são conhecidas como RNA polimerase I, II e III. A
RNA polimerase I é responsável pela síntese de grandes RNAs ribossomais (transcreve
as regiões do DNA que contém os genes para RNA ribossômico – rRNA), a RNA
polimerase II é responsável pela transcrição dos genes que serão traduzidos em
proteínas (RNA mensageiros que, por sua vez, serão traduzidos para a produção de
proteínas) e a RNA polimerase III produz uma variedade de RNAs pequenos, incluindo
o rRNA 5s e os RNAs de transferência. Todas as polimerases (DNA polimerase e RNA
polimerase) somente sintetizam suas respectivas cadeias polinucleotídicas no sentido
5' → 3'. Portanto, como as fitas de DNA são antiparalelas, as polimerases “leem” a fitas
3' → 5', sintetizando, assim, uma cadeia complementar cuja sequência é 5' → 3’. Não
é somente a RNA polimerase que atua na produção do mRNA. Na verdade, ela é
auxiliada por diversas proteínas e enzimas, que jutas formam o que chamamos
de maquinaria de transcrição gênica. Dentre as enzimas encontradas nessa
maquinaria destacamos a helicase, que abre a dupla fita de DNA expondo as bases
nitrogenadas que servirão de molde para a síntese de mRNA. Ela atua rompendo as
pontes de hidrogênio entre as bases das duas fitas de DNA. Entretanto, essa dupla fita
50
pode voltar a formar pontes de hidrogênio assim que a helicase passar, como se fosse
um zíper, o que é evitado com a ligação de diversos fatores a essas regiões.
Ao deslizar pelo DNA já aberto, a RNA polimerase (no caso a RNA polimerase
II) passa a sintetizar a molécula de RNA mensageiro lendo a fita 3' → 5' e adicionando
os nucleotídeos livres na sequência complementar à fita molde. Assim, se encontramos
na fita molde a base citosina (C), a RNA polimerase adicionará à cadeia a base guanina
(G). Se a próxima base na fita molde for a timina (T), a RNA polimerase adicionará uma
adenina (A) à cadeia. Entretanto, se a base encontrada na fita molde for a adenina (A),
a RNA polimerase deveria adicionar uma timina (T), fato que não acontece, pois, a base
timina não é encontrada em nenhum tipo de RNA, sendo substituída, então, pela base
nitrogenada uracila (U). Assim, sempre que a RNA polimerase ler a base A ela
adicionará a base U ao mRNA.Dessa forma a síntese de mRNA desenrola-se ao longo
da molécula de DNA, somente parando quando a RNA polimerase encontrar uma
sequência de nucleotídeos específica, conhecida como região de terminação. Nesse
momento a molécula de mRNA recém-sintetizada é liberada e toda a maquinaria é
desmontada. Esse mRNA recém-sintetizado é conhecido como hnRNA (RNA nuclear
heterogêneo, sigla em inglês), devido ao seu grande tamanho quando comparado aos
maiores RNAs que seriam necessários para produzir as proteínas. Isso ocorre pelo fato
de existirem diversas regiões que não são codificantes no mRNA, e que serão
discutidas em mais detalhes na próxima aula. Conforme esses mRNA vão sendo
sintetizados, suas extremidades vão sofrendo alterações que tem por finalidade
proteger essas moléculas, evitando a sua degradação. Para isso, a extremidade 5' da
fita recém-sintetizada (é a região que é exposta primeiro pelo fato da polimerase
sintetizar somente no sentido 5' → 3') é modificada pela adição de um nucleotídeo G
metilado, formando um “quepe”. Esse quepe, além de proteger o mRNA, será de grande
importância no momento da tradução desse mRNA. Ao encontrar o sinal de terminação,
a RNA polimerase adiciona uma sequência longa de nucleotídeos A, formando uma
“cauda poli A”, a qual protege a extremidade 3' Os eucariotos, durante a evolução,
adotaram uma tática de proteção do genoma que consiste em inserir regiões não
codificantes no meio dos genes. Isso assegura à célula que uma mutação causada
aleatoriamente não necessariamente atingirá uma região que codifica uma proteína, o
que comprometeria todo um organismo. Assim, quando se inserem regiões que não
fazem sentido nenhum do ponto de vista informacional, uma mutação que ocorra nessa
51
região não afetará de maneira alguma a célula. Em procariotos não existe a presença
de regiões não codificantes em seu genoma. Inicialmente, o estudo do material genético
era realizado em bactérias e, quando se passou a estudar os genomas eucariotos a
descoberta dessas regiões foram realmente surpreendentes.
52
Como não existe nenhum impedimento para que uma extremidade 5' do mRNA
seja ligada a uma extremidade 3' qualquer do mesmo mRNA, o splicing permite que
ocorra uma troca na ordem primária dos éxons, o que aumenta drasticamente a
quantidade de proteínas diferentes codificadas por um mesmo gene. Assim, por
exemplo, podemos imaginar uma sequência primária de éxons nomeadas
aleatoriamente como A – B – C – D – E. Durante o Splicing podem ser formadas
qualquer sequência que envolvam esses cinco éxons, como por exemplo C – E – A –
D – B ou B – E – C – A – D. Portanto, chegamos à conclusão de que a presença de
regiões não codificantes nos genomas eucarióticos adquiridas durante a evolução
desempenham duas importantes funções: a) proteger o genoma de mutações que
possam ocorrer aleatoriamente em seus genes e, b) produzir uma quantidade de
proteínas na célula que são em número muito maiores do que o esperado, quando se
leva em conta a quantidade de genes que determinada espécie possui. Após ter
passado pelo processo de splicing, as moléculas de mRNA são reconhecidas por
proteínas do poro nuclear e transportadas para o citoplasma. Caso alguma molécula
de mRNA marcada para splicing passe diretamente para o citoplasma junto com
alguma outra molécula de mRNA já processada, ela é imediatamente levada de volta
ao núcleo celular e processada pelo spliceossomo
53
desempenhará suas funções no interior da célula. De modo inverso, os mRNAs
traduzidos nos ribossomos do retículo endoplasmático granular produzirão proteínas
que serão exportadas, ou seja, elas seguirão uma rota biossintética cujo destino final
não é a própria célula, podendo ir para diversos locais diferentes, desde o sangue,
como ocorre com a insulina (hormônio proteico produzido pelas células beta do
pâncreas) até a matriz celular adjacente, como ocorre com o colágeno. Embora
possuam destinos diferentes, os processos básicos são os mesmos tanto para os
ribossomos encontrados no citoplasma como para os encontrados no
retículo endoplasmático granular. Entretanto, é bom lembrar que ribossomos
procarióticos são diferentes dos ribossomos eucarióticos. Eles diferem no tamanho de
suas subunidades, fazendo dos ribossomos procarióticos excelentes alvos para drogas
antibióticas.
54
Além da presença dos ribossomos, é necessário também a presença de várias
outras moléculas para a tradução gênica, entre elas o tRNA (RNA transportadores). Os
tRNAs são responsáveis pelo transporte dos aminoácidos até o seu ponto de
montagem, ou seja, no interior dos ribossomos. Sua estrutura é similar ao próprio
mRNA, sendo formado por apenas uma fita onde as bases nitrogenadas ficam
expostas. Entretanto, diferente dos outros tipos de RNAs, o tRNA assume a
conformação de um trevo, como mostrado na imagem. Observe a região em destacada
em vermelho. Essa região corresponde ao que chamamos de anticódon. Nela
encontramos uma sequência de três bases nitrogenadas que determinam qual o tipo
de aminoácido que é transportado por esse tRNA. Como existem quatro tipos de bases
nitrogenadas que podem ocupar essa região (A, U, C ou G) teríamos então a
possibilidade de formar 43 combinações diferentes, ou seja, 64 tipos de combinações,
cada uma delas indicando um aminoácido
55
Entretanto, existem apenas 20 tipos diferentes de aminoácidos encontrados nos
seres vivos. Uma análise mais detalhada, que por sinal levou vários anos, revelou que
mais de um tipo de tRNA pode conduzir o mesmo aminoácido. Esse fato nos
demonstrou que o código genético é degenerado. Como exemplo podemos citar o
aminoácido Leucina, o qual é codificado pelas seguintes trincas de bases nitrogenadas
no mRNA (códon): CUU, CUC, CUA, CUG, UUA e UUG. À primeira vista parece uma
verdadeira confusão, onde a vida parece ter emergido de sequências não tão bem
definidas. Entretanto, ao olharmos para os fatos com maior acuidade, veremos que
essa degeneração do código genético é mais uma forma de proteção da informação
genética. Se por um lado temos diversos mecanismos que evitam, ou dificultam, as
mutações, que nem sempre podem funcionar devido ao enorme tamanho do DNA e
assim aumenta a probabilidade de elas ocorrerem, por outro temos uma rota de
escapatória caso uma mutação ocorra. Assim, supondo que a informação genética que
definiria a presença dos aminoácidos Leucina inicialmente pela sequência CUU tenha
sofrido uma mutação ao acaso, passando a CUC, o aminoácido codificado ainda será
o mesmo, e a proteína não sofrerá nenhuma alteração. Podemos ainda prever duas
mutações na mesma trinca indicada acima, passando ela de CUC para UUA (note que
o primeiro C foi substituído por um U e o último por um A), e mesmo assim o aminoácido
ainda será a Leucina.
56
14.3 Tradução Gênica II
57
Os ribossomos são formados por duas subunidades, conhecidas
como subunidade maior e subunidade menor. A imagem A mostra a subunidade
menor, e a imagem B mostra a subunidade maior, ambas vistas de lado e frontalmente.
Nelas encontramos as regiões: 1) cabeça; 2) plataforma; 3) base; 4) cume; 5)
protuberância central; 6) parte de trás; 7) talo e 8) parte da frente
58
Essas subunidades se unem, formando o ribossoma, como mostrado na
sequência, onde 1 representa a subunidade maior e 2 a subunidade menor. A
subunidade maior apresenta três regiões distintas para a ligação dos tRNAs. Elas são
conhecidas como região A região P e região E, sendo que a região E é responsável
pela ligação da molécula de mRNA e as outras duas pela ligação dos tRNAs.O
ribossomo é montado em cima de uma molécula de mRNA, fazendo com que dessa
forma o mRNA fique no interior dele. A síntese de proteína ocorre pelo deslizamento do
ribossomo ao longo da cadeia de mRNA. A primeira etapa da síntese consiste na
ligação de uma molécula de aminoacil-tRNA ao sítio A que está desocupado (ao lado
do sítio P, já ocupado pelo aminoácido metionina, pois a sequência de iniciação é AUG),
fazendo o pareamento das bases expostas no sítio A. A seguir, a extremidade carboxil
do polipeptídeo em crescimento se separa da molécula de tRNA no sítio P e se liga por
meio de uma ligação peptídica a uma molécula de tRNA localizada no sítio A. Após a
formação da ligação peptídica, o novo peptidil-tRNA recém-formado e localizado ainda
no sítio A é translocado para o sítio P e o ribossomo desliza na direção contrária,
exatamente três nucleotídeos no mRNA.
Assim, ele lê quais são esses três novos nucleotídeos expostos e promove o
acoplamento de um tRNA que possua o anticódon correto para aquele códon exposto.
Esse passo da reação é energeticamente desfavorável e, assim, está acoplada a
hidrólise do GTP. A seguir, o processo de formação de uma ligação peptídica ocorre
novamente, bem como o deslocamento do ribossoma pelo mRNA. Dessa forma, o
mRNA vai tendo seus códons expostos e o pareamento com o anticódon localizado no
tRNA específico vai ocorrendo. No momento em que o ribossomo encontrar um dos
códons UAA, UAG ou UGA ele não encontra nenhum tRNA com um anticódon
correspondente. Essas sequências são conhecidas como códons de terminação e
indicam o final da cadeia polipeptídica. Ao encontrar essa sequência, o complexo de
tradução é desmontado e o polipeptídeo é liberado. Embora complexo, quando
observamos o processo de forma geral, verificamos que ele não é difícil de ser
compreendido. A animação proposta no link abaixo serve como um excelente artifício
educacional. Assista-a, prestando atenção nos pontos estudados hoje. Como todos os
processos naturais, a síntese de proteínas busca gastar o mínimo de energia possível.
Assim, para expressar um determinado gene cujo produto deve ocorrer em grandes
concentrações, como a melanina na pele, a célula não precisa necessariamente
59
transcrever o mesmo gene milhares de vezes, produzindo um mRNA para cada
proteína. O mRNA pode estar ligado a vários ribossomos, um na sequência do outro,
formando o que chamamos de polirribossomos. Assim, conforme o primeiro ribossomo
vai deslizando sobre o mRNA, ele vai deixando parte dele para trás e continua assim
até o final. Outros ribossomos vão se ligando à região do mRNA já traduzida, iniciando,
assim, a síntese do mesmo polipeptídeo sem a necessidade de um novo Mrna
Nenhum ser vivo trabalha com processos 100% fiéis. Sempre ocorrem erros,
mas durante a evolução, mecanismos que permitiam diminuir a frequência desses erros
foram selecionados de forma benéfica. Em relação à síntese de proteínas, a taxa de
erro é de apenas 1 aminoácido incorporado incorretamente para cada 10 4 (10.000)
aminoácidos incorporados de maneira correta. Assim, espera-se que para cada 25
proteínas com um tamanho médio de 400 aminoácidos em sua cadeia polipeptídica
exista uma proteína com um erro. Após a proteína ser completamente sintetizada ela
ainda sofre diversas modificações. Essas modificações incluem a adição de
grupamentos químicos com características específicas, os quais passam alteram as
propriedades finais das proteínas. Essas alterações podem ser a simples adição de um
grupo fosfato que, nesse caso, é uma reação conhecida como fosforilação. Pode
ocorrer também a adição de um grupo metil (metilação). Enfim, uma infinidade de
alterações pós-tradicionais pode ocorrer, todas elas fornecendo características
específicas à proteína. Essas alterações além de configurar uma nova propriedade às
proteínas servem também como processos regulatórios. Para se ter uma ideia, cerca
de 10% das proteínas presentes em uma célula de mamífero estão fosforiladas, embora
pesquisas mais recentes apontem para cerca de 30%. Isso reflete a importância desses
mecanismos de controle de atividade das proteínas.
60
A fosforilação de proteínas atua de forma a “ligar” e “desligar” as proteínas. A
fosforilação é uma reação catalizadas por enzimas especiais chamadas
proteínas quinases e a desfosforilação é catalizadas por enzimas denominadas
fosfatases. Geralmente a fosforilação ocorre em múltiplos sítios da proteína. A imagem
ao lado representa o aminoácido serina fosforilado e logo abaixo se encontra o
grupamento fosfato inorgânico, o qual foi adicionado ao aminoácido serina. Obviamente
que se uma proteína é fosforilada isso ocorrerá em seus constituintes, os aminoácidos.
61
Com o aprimoramento das técnicas de estudos moleculares desenvolveram-se
anticorpos específicos para detectar proteínas em estado fosforilado. Esses anticorpos
são denominados anticorpos fosfo-específicos e podem identificar um grupo fosfato em
qualquer sítio de ligação dele com a proteína. Hoje existem centenas desses anticorpos
disponíveis para pesquisa, sendo muito utilizados não somente em pesquisas, mas
também em diagnósticos clínicos. O aminoácido mais comumente fosforilado é a
serina, a qual está representada na imagem acima. Em segundo lugar aparece o
aminoácido treonina. Já em relação à tirosina, ela raramente aparece fosforilada nas
células. Em procariotos a fosforilação dos aminoácidos histidina e aspartato são
frequentes, fazendo deles partes de dois componentes de sinalização celular. Outro
tipo importante de quinase são as proteínas quinases tirosina específicas. Elas são
receptores transmembrana com o seu domínio quinase voltado para o citoplasma,
sendo responsáveis pela transdução de sinais. Elas estão relacionadas a importantes
eventos celulares como, por exemplo, regulação da divisão e proliferação celular e
morfogênese.
15 REPLICAÇÃO DO DNA I
62
Uma célula humana é composta de 46 cromossomos. Ao se dividir ela origina
duas células-filhas com 46 cromossomos cada uma. Se a célula-mãe simplesmente se
dividisse, sem nenhuma preparação prévia, o conteúdo de DNA cairia pela metade a
cada nova geração. Assim, cada célula-filha conteria 23 cromossomos, as quais, ao se
dividirem, dariam origem a duas células-filhas cada uma com 11,5 cromossomos cada.
Como isso não pode ocorrer, pois haveria perda de informação genética, as células
passam por um processo de duplicação do seu DNA antes de se dividir. O ciclo de vida
de uma célula é chamado de ciclo celular. Nele podemos encontrar duas grandes fases,
a primeira chamada intérfase (I) e a segunda chamada mitose (M). A intérfase parece
uma fase da vida da célula muito monótona. Entretanto, longe disso, a intérfase é um
período em que as células sintetizam suas proteínas, crescem e desempenham suas
funções. Já a mitose é a fase de reprodução da célula, na qual ela originará duas
células-filhas, idênticas entre si. A intérfase é dividida em três fases: G1 (do inglês gap =
intervalo), S (de síntese) e G2 (idem a G1). É no período G1 que a célula cresce
rapidamente, sintetizando suas proteínas, apresentando, nessa fase, os 46
cromossomos. Quando é disparado um sinal para as células se dividirem, como por
exemplo injúria do tecido ou crescimento, a célula entra em fase S, onde duplicará o
seu DNA (sintetizar DNA), passando ao final dela a apresentar 92 cromossomos. Esse
é o nosso ponto de estudo, a fase S. Terminada a fase S, a célula entra em G 2, um
segundo intervalo onde ela verificará se o DNA foi duplicado corretamente e se o
63
ambiente é favorável à sua duplicação. Com todos os pontos de checagem permitindo
a sua reprodução, a célula entra em fase M, já discutida em seus pormenores na
disciplina de Biologia Celular, não sendo, portanto, necessária sua explicação. Como
vimos, a fase S é uma fase no ciclo celular onde o conteúdo de DNA da célula é
duplicado. Como sabemos, o genoma humano possui cerca de 3 bilhões de
nucleotídeos, distribuídos de maneira não uniforme pelos seus 23 tipos de
cromossomos. O tempo de duração da fase S varia entre os tipos celulares. Por
exemplo, as células do duodeno apresentam um ciclo celular de 24 horas. Dessas 24
horas, 8 a 10 horas são gastas somente na fase S, ou seja, entre 8 a 10 horas a célula
realiza a cópia de cerca de 3 bilhões de nucleotídeos. Isso significa copiar centenas de
volumes de grandes enciclopédias nesse intervalo de tempo, sem cometer nenhum erro
de ortografia. Obviamente que ocorrem alguns erros durante o processo, entretanto a
maioria deles são imediatamente corrigidos. Os erros que acabam passando
desapercebidos ficam acumulados no DNA, o que representa um dos eventos do
processo natural de envelhecimento.
O processo de replicação do DNA é realizado por um complexo enzimático
chamado de maquinaria de replicação. A principal enzima desse complexo é a DNA
polimerase, responsável pela polimerização (adição de nucleotídeos) do DNA. A
exemplo da RNA polimerase, a DNA polimerase somente catalisa a reação na direção
5' → 3'. Essa propriedade traz um pequeno problema para a célula, mas que é
contornado sem maiores problemas e será discutido mais adiante. O primeiro passo do
processo de replicação do DNA é abrir a dupla hélice, deixando as bases nitrogenadas
expostas e formando o que chamamos de forquilha de replicação. A dupla-hélice é
separada por meio da atuação da enzima DNA helicase. Conforme a helicase vai
abrindo a dupla-hélice, há um aumento da tensão nas extremidades da molécula, à
semelhança do que ocorre quando dois cadarços enrolados um sobre o outro, que tem
suas pontas pertencentes à mesma extremidade e que são puxadas em direções
opostas. Para diminuir essa tensão, evitando o emaranhamento da molécula de DNA,
enzimas chamadas DNA topoisomerases participam do processo. Elas quebram as
ligações fosfodiéster do DNA pela adição covalente de um fosfato. Essa reação é
reversível, uma vez que a ligação covalente que une a topoisomerase ao DNA retém a
energia da ligação fosfodiéster que foi rompida.
64
15.1 Replicação do DNA II
65
Como vimos, existe apenas um tipo de DNA polimerase que é capaz de se
trabalhar na direção 5' → 3'. Então, como seria realizada a síntese de DNA da fita
oposta? Para contornar esse problema, a célula utiliza um mecanismo de “costura para
trás”. A DNA polimerase liga-se ao DNA a uma determinada distância da extremidade
da abertura da forquilha de replicação, passando a sintetizar a nova cadeia em direção
a essa extremidade, ou seja, de trás para frente. Com isso, temos milhares de pontos
de união entre os trechos sintetizados aos poucos. Esses trechos são unidos uns aos
outros pela enzima DNA liga-se e recebem o nome de fragmentos de Okasaki. Temos
então duas fitas sendo sintetizadas ao mesmo tempo. Entretanto, a fita em que a DNA
polimerase realiza o processo de “costura para trás” (fita 5' → 3') demora mais tempo
para ser totalmente sintetizada, ao passo que a fita 3' → 5' é lida mais rápido e tem sua
cadeia complementar sintetizada mais rápido também. Assim, a fita 3' → 5' é chamada
de fita líder, enquanto a fita 5' → 3' é chamada fita retardada. Embora pareça um
processo complicado e sujeito a mais erros, o fato de o DNA polimerase catalisar a
reação de polimerização apenas no sentido 5' → 3' é de extrema importância para a
realização de uma cópia com alta taxa de fidelidade. Essa taxa de fidelidade é de
apenas um erro para cada 10 9 pares de bases copiadas. Levando-se em conta que o
genoma de um mamífero possui cerca de 3.10 9 pares de bases, é de se esperar que
ocorram apenas 3 erros no genoma a cada ciclo de divisão celular. Essa alta fidelidade
é devido à DNA polimerase ser autocorretiva, ou seja, antes de adicionar o próximo
nucleotídeos trifosfatado à cadeia crescente, ela verifica se o nucleotídeo adicionado
anteriormente está corretamente pareado. Essa capacidade da DNA polimerase ser
autocorretiva é devido a ela apenas sintetizar uma cadeia polinucleotídica apenas no
sentido 5' → 3'. Caso ela sintetizasse em ambos sentidos, perderia essa capacidade
de verificação, resultando em um acúmulo de mutações muito maior do que
encontramos na célula hoje.
66
A imagem esquematiza o processo de replicação do DNA. Para complementar
o exposto nas aulas sobre esse tema, sugerimos que você assista a uma animação
gráfica que pode ser acessada aqui. Como vimos, as duas fitas de DNA são fielmente
copiadas, dando origem a duas novas fitas. Em cada uma dessas duplas-hélices novas
temos uma fita que serviu de molde para a síntese da outra fita. Assim temos que a
replicação do DNA é semiconservativa, ou seja, metade das fitas são conservadas na
molécula. A descoberta do funcionamento do processo de replicação do DNA, junto
com o avanço da tecnologia, permitiu aos cientistas desenvolverem máquinas que
fazem exatamente o que ocorre dentro da célula. Um exemplo disso foi o
desenvolvimento de uma técnica chamada PCR (Polimerase Chain Reaction – Reação
da Cadeia da Polimerase). Dentro de uma máquina, o DNA obtido de apenas uma única
célula é replicada milhares de vezes, produzindo quantidades suficientes de DNA para
análise. Isso é particularmente importante em criminalística, onde a presença de uma
pequeníssima mancha de sangue deixa uma “impressão genética” do indivíduo. Outra
aplicação ocorre em casos de suspeita de paternidade. O teste de DNA é realizado com
células presentes no bulbo capilar, do sangue ou da própria mucosa da boca. Para
evitar a remoção de muito tecido, utiliza-se a PCR para amplificar a quantidade de DNA
obtida.
67
16 VIRUS
Além de servirem como ferramentas para a Biologia Molecular, os vírus são alvos
de estudos há muitas décadas. A sua existência, por si só, já é um grande
questionamento dos cientistas. Hoje se sabe que os vírus são elementos genéticos
móveis, ou seja, são fragmentos de material genético que adquiriram meios de se
mover entre as células. Esses elementos genéticos móveis surgiram durante a
evolução como um “lado maléfico”. Da mesma forma como os mecanismos de
transcrição, tradução e replicação foram selecionados positivamente pelas células,
esses elementos foram selecionados pelo meio por possuírem características
específicas que os tornavam aptos a infectar uma célula e se utilizar de seu maquinário
para se reproduzir. Isso obviamente tem um custo energético nulo para o vírus, uma
vez que toda energia consumida é proveniente da própria célula hospedeira. Não são
somente os vírus que são considerados elementos genéticos móveis. Existe uma
classe especial de sequências de DNA, chamadas transposons, que se movem ao
longo da cadeia de DNA. Esses transposons ora estão presentes em um
dado locusgênico, ora estão presentes em outro locus gênico. Esses fragmentos de
DNA “saltitantes” são também chamados de elementos transponíveis e sua origem
ainda levanta acaloradas discussões no meio científico. Diferente dos vírus, os
elementos transponíveis não possuem uma estrutura que lhes permita mudar de célula,
como por exemplo uma cápsula viral. Assim, esses elementos transponíveis são muito
mais dependentes da célula do que os vírus, mesmo o vírus necessitando
obrigatoriamente de uma célula para se reproduzir. Os vírus variam grandemente em
forma. Sua estrutura pode apresentar as mais variadas formas e tamanhos.
Basicamente, um vírus é constituído por um material genético envolvido por uma
cápsula proteica chamada capsídeo. Não obrigatoriamente esse capsídeo estará
envolvido externamente por uma membrana lipídica adquirida durante o processo de
exocitose da célula na qual ele se reproduziu. Os vírus que possuem essa “capa
lipídica” externa são chamados de vírus encapsulados, e os que não possuem essa
membrana são chamados de vírus não encapsulados. Abaixo estão algumas
imagens de vírus que demonstram bem essa grande variedade de formas:
68
Até pouco tempo atrás, acreditava-se que os vírus continham apenas um único
tipo de material genético presente dentro de sua estrutura, nunca os dois ao mesmo
tempo. Entretanto, descobriu-se que o citomegalovírus humano e o vírus da
hepatite B possuem tanto DNA como RNA presentes em sua estrutura ao mesmo
tempo. Uma das formas de classificar os vírus é pelo tipo de material genético que eles
apresentam. Caso o material genético de um vírus seja o DNA, esse vírus é classificado
como um adenovírus. Em se tratando de RNA, o vírus é classificado como retrovírus.
O mecanismo de infecção viral utiliza proteínas de reconhecimento específicas. Assim,
por exemplo, o vírus da AIDS (HIV – Human immunodeficiency vírus; vírus da
imunodeficiência humana) possui uma proteína conhecida como gp120
(glicoprotein 120; glicoproteína 120 – o 120 representa a sua massa molecular), a qual
reconhece receptores específicos da superfície celular dos linfócitos T CD4+.Ao
reconhecer a proteína, há uma interação molecular entre o vírus e a célula, permitindo
a entrada ou do vírus ou do material genético. Esse material genético se instalará no
genoma da célula hospedeira, podendo ficar inerte (ciclo lisogênico) ou passar a
sintetizar novos vírus pela expressão do gene viral (pró-vírus) utilizando a maquinaria
da célula hospedeira (ciclo lítico). A saída dos novos vírus pode ocorrer por meio de
exocitose, a qual geralmente não rompe a célula, dependo da quantidade de vírus, ou
pela passagem direta através da membrana, a qual geralmente a rompe, matando a
célula. Diversos mecanismos virais não foram expostos acima, como por exemplo a
69
conversão das moléculas de RNA dos retrovírus em moléculas de DNA por meio da
ação da enzima transcriptase reversa. Como existem muitos detalhes que fogem ao
escopo dessa aula, os deixaremos de lado.
Assim como ocorre com outros vírus, o bacteriófago λ pode seguir duas vias
distintas após a infecção da célula bacteriana, a via lítica ou a via lisogênica. Na via
lítica, o DNA viral permanece na célula de forma independente, inativando alguns genes
e desativando outros genes do fago. Essa ativação e desativação gênica é determinada
por um programa estritamente definido. Assim, com a ativação de certos genes, o
cromossomo do fago é replicado diversas vezes e ocorre síntese de proteínas que
formam a capa e a cauda viral.
70
Após a síntese das proteínas da capa e da cauda, bem como a replicação do
DNA viral, tem-se início a montagem de novos vírus no interior da célula hospedeira.
Cerca de aproximadamente 45 minutos após a infecção, os novos vírus formados são
liberados da célula, ocorrendo lise (quebra, morte) da mesma. Em média são formados
100 novos vírus por infecção. Já quando o vírus toma a via lisogênica, o seu DNA
instala-se no genoma bacteriano, passando a ser chamado de profago. Nesse
momento, todos os genes do fago estão desativados, e o seu material genético
comporta-se como parte do DNA da própria bactéria. A cada ciclo de divisão celular da
bactéria, os profagos são replicados com o DNA bacteriano, sendo distribuídos às
células-filhas. Como as condições naturais do meio onde o vírus se encontra
influenciam na determinação de qual via seguir, o bacteriófago λ segue a via lítica
quando o meio é rico em nutrientes, ao passo que segue a via lisogênica quando o
meio é pobre em nutrientes.
O bacteriófago λ é constituído por 50% proteína e 50% DNA. Quando o seu DNA
é isolado ele apresenta-se como um DNA dupla-hélice com aproximadamente 48.500
pares de bases. Em cada extremidade do seu DNA ele passa a se apresentar como
uma molécula fita simples. Essa região é chamada de sítio cos, e está representada
na imagem abaixo:
71
possui DNA circular. O sítio cos possui aproximadamente 12 nucleotídeos de cada lado
da molécula. A formação de um DNA circular se dá pela complementariedade das
bases. O genoma do bacteriófago λ codifica para cerca de 50 proteínas. Os genes
responsáveis por essas proteínas possuem um cronograma de expressão muito bem
definido, como já exposto acima, determinando se o ciclo de infecção será lítico ou
lisogênico. Independentemente do ciclo de infecção ser lítico ou lisogênico, a expressão
dos genes envolvidos nesses dois tipos distintos de ciclos são iniciados com os
genes N e cro, os quais são regulados respectivamente pelos genes pL e pr.Na via
lítica, o produto do gene cro está relacionado à replicação do genoma do fago pela
expressão dos genes O e P (OP). Já o gene N está relacionado a expressão dos genes
relacionados às proteínas de empacotamento A e J, além dos genes S e R,
responsáveis pela análise da célula hospedeira. Embora a via lisogênica também tenha
início pela expressão dos genes pL e pr, esses genes passam a coordenar a
expressão dos genes cII e cIII, os quais são responsáveis pela expressão do gene cI,
cuja expressão produz uma proteína repressora que inibe a ação dos genes
relacionados ao empacotamento e lise da célula. O gene int, ainda não mencionado,
está relacionado com a integração do fago no genoma bacteriano, o que estabelece a
via lisogênica.
Como os genes que determinam a via lisogênica durante a via lítica podem ser
dispensados, existe uma região no genoma do fago λ que pode ser substituída por
outros fragmentos de DNA. De fato, isso é conseguido in vitro, inserindo-se genes de
interesse à serem clonados, como por exemplo o gene da insulina humana, cuja
clonagem molecular permite a expressão desse gene humano pela bactéria E. coli. A
eficiência de empacotamento in vitro do bacteriófago λ é de apenas 10%. Embora
pareça pouco, uma vez empacotado, o processo de clonagem gênica por meio de
vetores virais terá 100% de eficiência. Quando comparado a outros processos de
inserção de DNA, como por exemplo a transformação bacteriana por meio de
plasmídeos, cujos melhores resultados situam-se em cerca de menos de 1 em 1000
bactérias transformadas, esse processo demonstra realmente sua alta eficiência.
72
17 AIDS
73
massa molecular). Com o mecanismo de reconhecimento molecular estabelecido entre
a gp120 e os receptores CD4+, ocorre a fusão do envelope viral com a membrana celular
do linfócito, liberando, no interior da célula, o vírion com o material genético.
74
O genoma do HIV possui apenas nove genes. Um deles, o p24, codifica para a
proteína que formará o capsídeo viral. Esse capsídeo é composto por cerca de 2000
cópias dessa proteína. Outros genes são responsáveis pela síntese da transcriptase
reversa, gp120, nucleases, integrases e ribonucleases. Desses nove genes, três são
responsáveis diretos pela síntese de proteínas (gag, env e pol) que formarão a
estrutura das novas partículas virais. Por exemplo, o produto final do gene env é um
polipeptídeos chamado gp160, o qual é quebrado dando origem às proteínas gp120
e gp41. Observe na imagem que a proteína gp41 serve de âncora para a proteína
gp120 no envelope viral. Através da integrase, o genoma viral, já na forma de DNA, é
integrado ao genoma da célula hospedeira. A partir desse momento o provírus pode
seguir qualquer umas das vias já estudadas na aula anterior: a via lítica ou
lisogênica. Aqui, vamos discutir o que ocorre quando o vírus assume a via lítica, pois
é nessa via que as células do sistema imunológico são lisadas. Para que o ciclo lítico
tenha início, há a necessidade da existência de certos fatores, sendo o mais importante
75
deles o NF-kB (NF- kappa B). Esse fator é encontrado em todos os tipos celulares
envolvidos na resposta a estímulos semelhantes ao estresse, como citoquinas, radicais
livres, radiação ultravioleta e antígenos bacterianos e virais durante uma infecção.
Assim, esse fator é um dos responsáveis pela regulação do sistema imunológico
mediante infecções. A ativação desse fator ativa os linfócitos T durante infecções.
Assim, na presença desse fator, ocorre a transcrição do gene viral em uma única
molécula de mRNA, a qual é fragmentada em partes menores. Após a tradução dos
genes virais, ocorre a montagem das novas partículas virais no interior da célula
hospedeira.
O processo ocorre com o gene env sendo traduzido nos ribossomos do retículo
endoplasmático granular. Sua cadeia polipeptídica passa então para o Complexo de
Golgi, onde é clivada, dando origem às proteínas gp41 e gp120, as quais se fundem à
membrana das vesículas de exportação do Complexo de Golgi,sendo transportadas até
a membrana célula, a qual elas se fundem e onde ocorre o ancoramento da gp120 à
gp41. As outras proteínas sintetizadas, bem como o RNA viral, ligam-se à face interna
da membrana plasmática, na mesma região onde se encontram as proteínas gp120 e
gp41. Assim, ocorre a formação dos novos virions que deixarão à célula levando parte
de sua membrana plasmática. Como ocorrem a liberação de milhares de virions ao
76
mesmo tempo, ocorre o rompimento da célula hospedeira, como mostrado na imagem
acima.
18 GENOMA PROCARIÓTICO I
Durante bilhões de anos as células evoluíram de forma mais simples para formas
mais complexas. Ainda hoje podemos encontrar essas formas simples de células nos
mais variados lugares, desde em cima da sua mesa até em vulcões submarinos onde
77
a temperatura e a pressão são elevadíssimas para que qualquer tipo de vida possa
existir. Essas células são as bactérias, seres procariontes, que possuem um reino só
para elas, o reino Monera. A peculiaridade dessas células reside em sua simplicidade.
Elas não possuem o DNA individualizado em um compartimento, como ocorre em
eucariotos, sendo essa a principal característica que os separa. Na verdade, os
procariontes não possuem nenhum tipo de organela membranosa. O único tipo de
organela, embora não membranosa, que os procariontes compartilham com os
eucariontes é o ribossomo, principal responsável pela síntese de proteínas, como já
estudado anteriormente.
78
Ainda no citoplasma encontramos os ribossomas, como já mencionados acima.
Algumas bactérias ainda apresentam um flagelo, o qual serve para o deslocamento da
célula. Como podemos notar, os procariontes são seres extremamente simples. Toda
essa simplicidade nos faz questionar como, apesar disso, esses seres conseguem se
distribuir pelos mais diferentes e inóspitos ambientes. Para tentarmos compreender
isso, vamos analisar o genoma de uma bactéria e lá encontraremos diversas respostas
aos nossos problemas. Diferente dos eucariotos, os procariotos possuem apenas um
cromossomo, associado a uma menor quantidade de proteínas, ou seja, menos
compactados. Nele estão contidos todos os genes responsáveis pelas proteínas da
bactéria. Por outro lado, existem os plasmídeos, moléculas de DNA também circulares,
porém menores que o cromossomo bacteriano. Os plasmídeos são trocados por meio
de uma forma de “reprodução sexuada”, chamada conjugação. Eles também contêm
alguns genes, sendo que a maioria deles está relacionado à resistência a antibióticos.
Outra diferença muito importante em relação ao genoma procariótico é que os genes
no cromossomo não são separados por regiões não codificantes, como ocorre nos
eucariotos. Assim, não existe a presença de íntrons ou éxons, sendo que a transcrição
do gene em mRNA não precisa passar pelo processo de splicing.
79
O genoma da bactéria E. coli possui cerca de 5 milhões de pares de bases,
codificando aproximadamente 4.000 proteínas. Em 1961, François Jacob e Jacques
Monod, notaram que algumas proteínas são sempre expressas ao mesmo tempo em
bactérias e nematódeos. Suas análises demonstraram que os genes dessas proteínas
são controlados por uma única sequência de nucleotídeos, que eles chamaram de
óperon. Os óperons consistem de um operador, um promotor e a sequência de genes
específicas.
80
Por definição podemos considerar o operon um segmento de DNA que regula a
atividade da expressão gênica. Vamos tomar inicialmente um exemplo simples a ação
de um operon, o triptofano. Esse repressor foi inicialmente descrito em E. coli. Embora
seu genoma possa expressar cerca de 4000 proteínas, apenas algumas delas são
expressas em determinadas condições. A partir dessa observação foi sugerido que
esses genes expressos simultaneamente estariam sob controle de um único promotor
e um operador. A E. coli é capaz de sintetizar o aminoácido triptofano, possuindo, para
isso, 5 enzimas especializadas nas reações de síntese desse aminoácido. A
observação de que, quando essas bactérias eram cultivadas em meio sem o
aminoácido triptofano esses genes eram sempre expressos, sugeriu uma forte
evidência da existência dessas regiões de expressão múltipla. Os genes que são
responsáveis pela síntese dessas cinco enzimas estão dispostos linearmente no DNA
bacteriano. Posicionado a upstream a esses genes existe uma sequência específica de
DNA que posiciona a RNA polimerase e permite a expressão dos genes (região
promotora).
Entretanto, quando a célula é cultiva em meio rico em triptofano, a expressão
desses genes não ocorre. Hoje sabemos que existe uma sequência de DNA próxima
ao promotor chamada de operador. A disposição do operador e do promotor é tal que,
quando o operador é reconhecido por sua proteína regulatória, está se liga a ele de
modo a impedir a ligação de qualquer outra proteína (fator) à região promotora. Dessa
forma ocorre a inativação da região promotora, por impedir que a RNA polimerase se
ligue a ela, impedindo, assim, a expressão dos genes responsáveis pelas enzimas
produtoras de triptofano. Embora esse seja um mecanismo de inativação simples, ou
seja, um controle negativo, existem outros sistemas de controles mais complexos
encontrados no genoma bacteriano. Ainda em E. coli, encontramos o operon lac, o qual
é responsável pela codificação de proteínas responsáveis pelo metabolismo de lactose
(um dissacarídeo). Diferentemente do repressor de triptofano, o operon lac atua
controlando a expressão desses genes de forma positiva e negativa. A forma positiva
é pela expressão da proteína CAP, ao passo que a forma negativa ocorre pela
expressão da proteína lac. O metabolismo da lactose é importante para a E. coli pois
permite que ela use esses dissacarídeos na ausência de glicose no meio
81
Do ponto de vista da proteína regulatória CAP (regulação positiva), não seria útil
para ela induzir a expressão do operon lac se a lactose não estiver disponível para a
célula. Assim, o repressor lac garante que o operon lac esteja desativado na ausência
da lactose. Dessa forma, o operon lac responde por meio de dois sinais distintos, um
da proteína CAP e outro da proteína lac, o que é altamente favorável, evitando erros e
desperdício de energia pela célula. Para que o operon lac seja expresso, deve-se existir
a seguinte situação: lactose presente na célula e glicose ausente. Caso haja presença
de glicose e lactose o gene lac é ativado, impedindo a expressão do operon. Qualquer
outra combinação de fatores (presença e ausência de lactose e glicose) inativará a
expressão do operon lac. Note que a imagem acima mostra o óperon lac sendo
construído de um promotor, um operador, um terminador e três genes funcionais:
o lacZ, o lacY e o lacA. O gene lacZ é responsável pela codificação da enzima β-
galactosidase, uma enzima intracelular que cliva o dissacarídeo lactose em dois
monossacarídeos, uma glicose e uma frutose.
82
O gene lacY é responsável pela codificação da enzima β-galactosídeo
permease, a qual é uma proteína de transporte ligada à membrana responsável por
bombear a lactose para dentro da célula. Por fim, temos o gene lacA, responsável pela
síntese da enzima β-galactosídeo transacetilase, responsável pela transferência do
grupo acetil da molécula de acetil-CoA para a β-galactosidase. Ao lado vemos as
possíveis combinações de condições para a expressão ou inibição da expressão do
operon lac. Na parte superior da imagem temos a constituição do operon lac, com a
produção de um mRNA policistrônico (diversos genes em um único mRNA). Logo
abaixo encontramos algumas situações de concentração de glicose e lactose. Em
primeiro lugar temos uma situação de pouca glicose e lactose disponível. Nesse ponto
observamos que o gene CAP está ativado pelo cAMP (adenosina monofosfato cíclica),
o que permite a ligação da RNA polimerase ao DNA, e a consequente expressão do
operon lac. Uma segunda situação é mostrada logo abaixo. Nela ocorre a presença de
glicose e ausência de lactose. Observe que o gene lac está ativado pela presença do
repressor lacI, não ocorrendo, então, a expressão do operon lac. Logo em seguida
83
existem mais duas situações. Observe-as e veja se você está de acordo com o descrito
por elas.
19 GENOMA EUCARIÓTICO I
84
Nos eucariotos o DNA é dividido em diversos cromossomos, sendo que cada
espécie contém uma coleção diferente de cromossomos. A palavra cromossomo deriva
do termo cromo (cor) + soma (corpo), ou seja, são estruturas visíveis somente no
momento da divisão celular (na fase de metáfase). Essas estruturas, quando tratadas
com corantes básicos (o DNA é ácido), apresenta uma coloração que possibilita sua
observação ao microscópio. Em nossas aulas sobre genoma eucariótico vamos tomar
como exemplo o genoma humano, o qual é composto por 23 pares de cromossomas e,
portanto, perfazendo um total de 46 cromossomas. Quando a célula não se encontra
em divisão (intérfase), os cromossomos estão em sua forma não condensada, sendo
então chamados de cromatina. A condensação dos cromossomos é feita por meio de
proteínas especiais chamadas histonas. Assim, o DNA, para se condensar, enrola-se
sobre essas proteínas (como se fosse um carretel de linha de costura), dando origem
aos cromossomas.
Considera-se, então, que um cromossomo, seja ele humano ou pertencente a
qualquer outra célula eucariótica, é composto por 50% proteína (no caso histonas) e
50% DNA.Durante a evolução não foi somente a estrutura do DNA que apresentou
novidades nos eucariotos. Os mecanismos de controle de expressão gênica adquiriram
uma complexidade muito maior do que aquela apresentada pelos procariontes, a
exemplo da E. coli. Embora essa bactéria possua mecanismos de controle genético
eficientes e simples, o mesmo não ocorre nos eucariotos. Eles apresentam uma série
de novidades evolutivas que permitiram um maior controle sob as atividades celulares.
Em primeiro lugar, a RNA polimerase em eucariotos não pode iniciar sozinha a
transcrição de um gene. Ela necessita de uma série de fatores de transcrição ligados
ao promotor para poder dar início à síntese de mRNA. Esses fatores de transcrição são
proteínas específicas que podem alterar a velocidade de expressão de um determinado
gene por meio da ligação de sinais regulatórios. Esses fatores de transcrição
trabalham em etapas, o que permite um controle ainda maior da transcrição gênica. Em
segundo lugar, essas proteínas regulatórias podem influenciar o promotor mesmo
estando ligadas ao DNA a milhares de bases de distância. Isso significa que existe um
número quase que ilimitado de sequências regulatórias que ocorrem ao longo da
molécula de DNA.
85
O fato de que as RNA polimerases eucarióticas não poderem iniciar a transcrição
de um gene in vitro levantou a hipótese da ocorrência desses fatores. Quando esses
fatores foram isolados ainda permaneceu uma dúvida: se esses fatores eram alguma
subunidade das RNAs polimerase, o que impedia o seu funcionamento na sua
ausência. Os achados mostraram que esses fatores gerais de transcrição não são
subunidades da RNA polimerase, mas são um grupo de proteínas que devem ser
ligadas ao promotor para promover a ligação da RNA polimerase ao DNA.
86
A região de controle da expressão gênica é constituída basicamente por
um promotor, onde os fatores gerais de transcrição e a RNA polimerase se ligam e,
as sequências regulatórias, onde as proteínas regulatórias se ligam. Tipicamente,
uma célula de um eucarionte superior, como a de um mamífero, por exemplo, apresenta
as sequências regulatória a uma distância de 50.000 pares de nucleotídeos do gene de
interesse. Entretanto, a maior parte desse DNA serve como um “DNA espaçador”, e
não é reconhecido pelas proteínas regulatórias. Algumas proteínas regulatórias ligam-
se a sequências realçadas do DNA, ativando a transcrição gênica. Por outro lado,
existem proteínas que atuam como controladores negativos. Dessa forma as células
eucariontes podem ativar e desativar genes específicos. Do ponto de vista funcional,
isso foi uma grande conquista para os seres multicelulares. A multicelular idade permite
o trabalho em conjunto, tornando-o mais específico para cada tipo celular. Assim,
tomando o homem como exemplo, não faria sentido todas as células do seu corpo
expressarem o gene da melanina, por exemplo. Lembrando que a melanina é um
pigmento, apenas as células epiteliais e da íris apresentam o gene em sua forma ativa,
sendo que todas as outras também possuem o gene, mas nela ele encontra-se
desligado.
Não faz sentido as células da cartilagem (condrócitos), por exemplo, sintetizarem
melanina. A cartilagem, por exemplo, possui um conjunto de genes ativos específicos
que produzem somente as proteínas necessárias. Isso evita um gasto energético
desnecessário. Por outro lado, existem um grupo de proteínas que são produzidas em
todas as células. Os genes que codificam essas proteínas são conhecidos como
genes keephouse, ou seja, genes que literalmente “mantém a casa”. Essas proteínas
incluem, por exemplo, todas as polimerases, as enzimas do metabolismo energético,
etc. As proteínas regulatórias ativadoras dos genes possuem geralmente uma forma
modular que consiste pelo menos de dois domínios. Um dos domínios reconhece uma
sequência específica do DNA e o outro geralmente se liga à maquinaria de transcrição.
Ao reconhecer a sequência específica do DNA, o outro domínio se ligará à maquinaria
acelerando a taxa de início da transcrição gênica. Já as proteínas repressoras de genes
atuam de modo similar ao mecanismo apresentado para as proteínas ativadoras de
genes. Ao contrário do que ocorrem em células procarióticas, essas proteínas não
concorrem com a RNA polimerase em seu sítio de ligação no DNA. Os mecanismos de
como a repressão do gene ocorre ainda não estão precisamente detalhados, embora
87
já existem três maneiras diferentes pelas quais isso pode ocorrer. Na primeira (1) delas
ocorre exatamente a competição pelo sítio de ligação do ativador e do repressor.
Geralmente eles localizam-se muito próximo um do outro e a ligação de uma proteína
repressora impede a ligação da proteína ativadora. Um segundo tipo (2) de inativação
gênica pode ocorrer pela ligação de um domínio da proteína repressora com o domínio
de ligação à maquinaria de transcrição da proteína ativadora. Dessa forma a proteína
ativadora, mesmo ligada à sua região específica do DNA não vai conseguir ativar a
transcrição gênica porque não consegue entrar em contato com a maquinaria de
transcrição. A terceira forma de repressão ocorre pela interação entre a proteína
repressora com um estágio inicial do complexo de fatores gerais da transcrição, o que
bloquei uma posterior associação.
88
pode transcrever através dos nucleossomos, sem removê-los do seu local. Uma
curiosidade reside no fato de até mesmo RNAs polimerases bacterianas poderem
transcrever através dos nucleossomos. Como os nucleossomos não são encontrados
nos procariotos, fica evidente que essas estruturas foram feitas para poderem ser
realmente atravessados com facilidade outro fato interessante é que quando o DNA se
encontra altamente compactado nenhuma proteína regulatória, fatores de transcrição e
a RNA polimerase têm acesso aos genes. Essa é uma importante forma de se silenciar
os genes encontrados nessas regiões. Um exemplo experimental disso foi realizado
com a levedura S. cerevisiae. Quando o gene ADE2 está presente em sua localização
normal no cromossomo ele é expresso, sendo sua expressão verificada com relativa
facilidade.
Entretanto, quando se posiciona esse mesmo gene na extremidade do
cromossomo, sua expressão é totalmente desativada, mesmo estando todos os fatores
necessários para a transcrição presentes na célula. Assim, esse tipo de silencialmente
gênico é chamado de efeito de posição, o que demonstra a importância da posição do
gene no genoma da célula. Outro exemplo de desativação gênica em decorrência do
estado de compactação do DNA é observado nos genes da β-globina humana. Os cinco
genes dessa proteína espalham-se por cerca de 50.000 pares de nucleotídeos nas
células humanas, e são transcritos somente nas células eritróides (células da linhagem
sanguínea vermelha). Além disso, cada um desses cinco genes é ativado em diferentes
fases do desenvolvimento e em locais diferentes. Os primeiros indícios de que esses
genes são inativados em outros tipos celulares veio do fato de que a região onde esses
genes se encontram apresenta resistência quando o DNA desses outros tipos celulares
era tratado com uma Dnase (enzima que digere o DNA). Isso demonstra que nesses
locais o DNA está altamente compactado, impedindo a ação da maquinaria de
transcrição.
20 TECNOLOGIA DO DNA I
Até meados da década de 70 o DNA era a molécula biológica mais difícil de ser
analisada. Com uma sequência de nucleotídeos enorme onde as quatro bases
89
nitrogenadas se repetem, o DNA se apresentava como uma molécula extremamente
monótona quimicamente. Durante a década de 70 novas técnicas foram aplicadas ao
estudo do DNA. Essas técnicas provinham dos laboratórios de Microbiologia,
Imunologia, genética microbiana e Bioquímica. Com a adição dessas novas técnicas a
análise do DNA ganhou um novo enfoque, pois tornou-se a molécula mais fácil de ser
analisada. Hoje em dia podemos obter grandes quantidades de DNA altamente
purificadas, podemos selecionar regiões específicas e determinar a sequência dos
nucleotídeos numa velocidade nunca antes imaginada. Esse conjunto de técnicas ficou
convencionado a se chamar genericamente de Tecnologia do DNA recombinante.
Assim, essa nova tecnologia possui uma ampla gama de aplicações, desde estudos
básicos sobre os mecanismos genéticos até a produção de proteínas humanas por
outros tipos de organismos, como ocorre com a insulina, por exemplo. Além disso, a
introdução dessas técnicas permitiu o desenvolvimento de testes de paternidade e a
investigação de doenças genéticas e até mesmo de doenças infecciosas. Dentre o
elenco de técnicas apresentadas pela Tecnologia do DNA recombinante, podemos
citar: Clivagem do DNA: a clivagem do DNA em sítios específicos é obtida pelo uso de
endonucleases de restrição, as quais serão estudadas mais a fundo na próxima aula;
sequência específica de DNA ou RNA com grande precisão. Essa técnica ajuda os
cientistas, por exemplo, a comparar genes entre diferentes espécies e verificar como a
evolução ocorreu;
Clonagem de DNA: possibilita que uma única molécula de DNA seja copiada,
90
Entretanto, atualmente existem três tipos de clonagem, a saber: clonagem
reprodutiva, a qual consiste na criação de cópias idênticas de pessoas, animais ou
vegetais; clonagem terapêutica, a qual é utilizada para obtenção de células-tronco
embrionárias e, por fim, clonagem gênica, que consiste em fazer cópias de trechos
específicos de DNA (genes), como já mencionado acima.
91
O mais interessante é que as endonucleases de restrição sempre clivam o DNA
em regiões onde as sequências de nucleotídeos formam sequências palindrômicas.
Entende-se por palíndromo uma palavra que lida ao contrário tem o mesmo significado.
Isso ocorre com diversas orações na língua portuguesa, como por exemplo, “Socorram-
me, subi no ônibus em Marrocos”! Assim, por exemplo, a endonuclease EcoRI sempre
clivará o DNA onde encontrar a sequência 5' GAATTC 3'. Note que na imagem acima
o sítio de clivagem não é uma sequência palindrômica e, portanto, não existe nenhuma
enzima de restrição que clive aquele DNA naquele sítio.
92
As endonucleases de restrição que produzem extremidades coesivas são
particularmente importantes. Uma vez que duas moléculas de DNA diferentes foram
clivadas com a mesma endonuclease de restrição, a qual produz extremidades
coesivas, podemos obter uma nova molécula de DNA pela união das duas
extremidades de moléculas diferentes. Esse é o princípio básico utilizado em clonagem
molecular. Primeiramente se cliva o DNA de diferentes fontes com a mesma enzima de
restrição, para em seguida unir as duas moléculas de DNA com a ajuda da
enzima ligase.
93
bacteriana ocorre naturalmente no meio ambiente. Por meio desse processo, bactérias
obtém plasmídeos que, geralmente, contém genes que causam resistência aos
antibióticos. O outro meio de se inserir o DNA recombinante numa célula hospedeira
bacteriana é por meio da utilização de bacteriófagos, ou seja, vírus que infectam
somente bactérias.
Essa técnica já foi estudada na aula de genética no semestre passado (aula 23).
Só para relembrar, essa técnica consiste na aplicação de uma diferença de potencial
(ddp), criando dois polos nas extremidades do gel de corrida, sendo um positivo e o
outro negativo. Ao se aplicar uma corrente elétrica no gel, os fragmentos migram para
o polo positivo, já que o DNA é carregado negativamente. O fato de o DNA já ser
carregado negativamente dispensa o uso do detergente SDS, como ocorre com a
eletroforese de proteínas. Os géis de poliacrilamida permitem a separação de
fragmentos de DNA com apenas um nucleotídeo de diferença.
94
21 VETORES DE CLONAGEM MOLCULAR – PLASMÍDEOS
Como vimos nas últimas aulas, o DNA pode ser clivado em vários fragmentos de
tamanhos diferentes. Esses fragmentos podem então ser separados uns dos outros por
tamanho por meio da técnica de eletroforese. Quando obtemos um fragmento de DNA
geralmente queremos copiá-lo diversas vezes afim de obter uma quantidade suficiente
para um estudo mais detalhado. Ao mesmo tempo queremos armazená-lo de forma
segura para que outros grupos de pesquisadores possam ter acesso ao gene isolado.
Assim, criar cópias idênticas e armazenar o DNA de forma segura é um dos grandes
avanços da Tecnologia do DNA recombinante. Hoje vamos estudar como o fragmento
de DNA isolado é inserido dentro de uma bactéria. Como vimos existem dois meios
principais para realizar essa tarefa. Nessa aula iremos nos deter apenas no meio de
inserção por plasmídeos.
95
Plasmídeos são pequenas moléculas de DNA circular fita dupla encontrados no
citoplasma bacteriano. Eles podem conter algumas dezenas de genes que conferem
diferentes características à célula, como por exemplo a resistência a antibióticos.
Entretanto, os genes responsáveis pela manutenção do metabolismo bacteriano
encontram-se no seu cromossomo principal. Assim, podemos considerar que os
plasmídeos são fragmentos que aumentam a variabilidade genética entre as bactérias.
Esses plasmídeos podem ser transferidos de bactéria para bactéria, por meio de um
tipo de “reprodução sexuada” conhecida como conjugação. Por outro lado, esses
plasmídeos também podem ser captados do meio onde as bactérias se encontram. Os
plasmídeos contêm todos os elementos necessários para sua replicação. Em
tecnologia do DNA recombinante, um plasmídeo deve possuir as seguintes
propriedades:
1. Possuir uma origem de replicação (o), ou seja, uma sequência de DNA que
permita que a maquinaria de replicação da célula hospedeira possa replicá-lo;
2. Apresentar dois ou mais sítios únicos de clivagem para endonucleases de
restrição. O conjunto desses sítios é denominado Múltiplos Sítios de Clonagem
ou MSC. São nesses sítios que o inserto é incorporado ao vetor de clonagem;
3. Possuir um gene que codifique algum produto que diferencie as células
transformadas das outras células. Normalmente se utilizam vetores que possuem
um gene que codifica resistência ao antibiótico Ampicilina (Amp R). Dessa forma,
quando se trata uma cultura de células com esse antibiótico, somente as células
transformadas sobreviverão.
96
A inserção do gene de interesse no plasmídeo se dá pelo tratamento, tanto do
gene como do plasmídeo, pela mesma enzima de restrição. Como vimos nas aulas
anteriores, quando uma enzima de restrição cliva o DNA criando extremidades
abruptas, elas podem ser ligadas a outras moléculas de DNA que foram tratadas pela
mesma enzima por apresentarem uma complementariedade de bases. Assim, o
processo de inserir o gene no plasmídeo ocorre in vitro e conta com a ajuda da
enzima DNA ligase. Após o plasmídeo recombinante estar pronto, ele é misturado à
cultura de células bacterianas. Existem diversas abordagens para que as bactérias
obtenham esses plasmídeos, como por exemplo a utilização de uma corrente elétrica
de baixa voltagem. Uma vez inserido na bactéria, o plasmídeo se comportará como um
plasmídeo comum. Assim toda vez que a célula se dividir ele será duplicado com o
cromossomo bacteriano. Como algumas bactérias utilizadas em Tecnologia do DNA
recombinante possuem um tempo de duplicação extremamente curto, da ordem de 30
minutos para cada divisão celular, ao inserirmos o plasmídeo em uma única bactéria
teremos, ao final de 24 horas 2 48 (281.474.976.710.656) bactérias contendo o gene de
interesse.
Essa grande quantidade de cópias do gene de interesse dentro de uma placa de
cultura celular funciona literalmente como um Banco de DNA. Amostras dessas
bactérias podem ser colocadas em outras placas, onde também se replicarão, podendo
ser armazenadas ou enviadas aos mais variados centros de pesquisas mundiais. Além
disso podem também ser disponibilizados comercialmente. Ao “comprar” um desses
genes de uma empresa de biotecnologia, você receberá em seu laboratório uma cultura
de células transformadas. Entretanto, ao se fragmentar genomas inteiros (shotgun),
obtém-se uma grande quantidade de fragmentos, da ordem de um milhão para o
genoma de um mamífero. Cada um desses fragmentos dará origem a uma colônia de
células bacterianas e, assim, teremos milhões de diferentes colônias bacterianas. Esse
tipo de Banco de DNA é conhecido como banco de DNA genômico. Contudo, como o
DNA genômico é clivado em diversos sítios, os fragmentos podem conter genes
inteiros, genes fragmentados ou mesmo não conter nenhuma região codificante do
genoma do qual foi extraído, o que é perfeitamente compreendido, já que vimos nas
aulas anteriores que o genoma eucariótico é composto por mais regiões não
codificantes do que regiões codificantes.
97
Uma estratégia alternativa à clonagem de genomas inteiros é a criação de
um Banco de cDNA. Para construir tal banco deve-se isolar apenas as regiões
codificantes do genoma de um dado organismo. Isso é conseguido pelo isolamento do
mRNA total. Dessa forma garante-se que apenas os genes formarão esse banco. Após
isolar o mRNA, esse é tratado com a enzima transcriptase reversa, produzindo uma
molécula de cDNA (DNA complementar) e, em seguida, tem sua cadeia complementar
sintetizada, produzindo uma molécula de DNA, a qual segue os mesmos passos para
sua inserção em um hospedeiro, no caso, uma bactéria.
98
colônias aderidas, chamadas réplicas, são rompidas pelo tratamento com um álcali,
liberando, assim, o seu DNA. O papel é então incubado com sondas de DNA marcadas
radioativamente ou fluorescente mente. Tais sondas são parte da sequência do gene
procurado, uma molécula de DNA fita simples. De tal forma, a sonda somente pareará
com uma fita que possuir uma sequência complementar à sua, deixando uma marcação
no local onde se encontra a bactéria com o gene de interesse. Como vimos acima, para
identificar cada gene é necessária uma sonda específica. O problema maior encontra-
se em obter essas sondas. Isso poderá ser realizado de maneiras diferentes, dependo
da quantidade de informações disponíveis sobre o gene. Em algumas ocasiões, a
proteína sintetizada por esse gene já foi isolada e analisada. A sequência de
aminoácidos pode então, por genética reversa, nos fornece a sequência de
nucleotídeos do gene em questão e, com base nisso, podemos então construir uma
sonda específica para esse gene em laboratório. De forma geral, somente alguns
microgramas dessa proteína são necessários para a determinação da sequência de 30
ou mais resíduos de aminoácidos. Considerando o sequenciamento de 30 resíduos de
aminoácidos, temos então uma sequência de 90 nucleotídeos para construir nossa
sonda de DNA.
Fonte: 8e.devbio.com
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Assim, produzimos dois conjuntos de oligonucleotídios de DNA (sonda), cada
um pareando com uma parte diferente do gene de interesse. As colônias que
hibridizarem com as duas diferentes sondas de uma única vez são grandes candidatas
a possuírem o gene de interesse. Uma vez localizado o gene de interesse por
hibridização do DNA, essas colônias podem ser então replicadas em outra placa de
cultura, criando clones específicos para aquele gene. Outras formas de identificação do
gene incluem a produção de anticorpos específicos para a proteína sintetizada pelo
gene de interesse. Caso tal anticorpo possa ser produzido e caso a bactéria expresse
esse gene, ao se tratar as colônias de bactérias com o anticorpo, as proteínas
sintetizadas serão então marcadas, mostrando sua localização.
100
entanto, em dado momento da extensão, uma pequena porcentagem de moléculas
incorporará um ddNTP e neste caso a reação de alongamento da cadeia será
automaticamente interrompida naquele sítio, devido à ausência do grupamento 3' OH
do ddNTP. Por outro lado, em outras moléculas a reação de extensão continua a ocorrer
até que um ddNTP seja incorporado. Assim, em cada uma das quatro reações, haverá
fragmentos de todos os tamanhos, sendo que todos eles têm início comum, ou seja,
adjacente ao iniciador. Uma vez terminadas as reações de extensão, cada fragmento
recém-sintetizado é separado em gel desnaturante de poliacrilamida-uréia e a seguir
autoradiografados. Como este tipo de gel tem alto poder de resolução, é possível então
visualizar na autoradiografia cada um dos fragmentos sintetizados como uma banda
específica. Desta forma, é possível analisar 200 a 300 nucleotídeos por gel.
A utilização de sequenciadores automáticos é essencial quando se deseja
realizar o sequenciamento em larga escala, como por exemplo, em projeto genoma. O
desenvolvimento e utilização de sequenciadores automáticos torna mais eficiente e
rápido o sequenciamento de DNA na medida em que as leituras do gel e o
processamento de sequências são realizadas por computadores. A reação de
sequenciamento é realizada através do método de Sanger, do mesmo modo como
descrito no sequenciamento manual, acima. Entretanto, no sequenciamento automático
os nucleotídeos estão marcados com fluorocromos em vez de isótopos radioativos.
Quatro diferentes fluorocromos são empregados e uma vez excitados por um feixe
de laser emitem luz em diferentes comprimentos de onda. É possível marcar com esses
fluorocromos o “primer” universal M13 ou então cada um dos
dideoxinucleotídeos (terminadores). Assim, uma vez em que cada uma das reações (A,
T, C, G) foi empregado um fluorocromo diferente é possível juntar estes produtos e
realizar uma corrida em uma única raia do gel de sequenciamento. Os produtos da
reação de sequenciamento, marcados com os fluorocromos, ao serem submetidos a
eletroforese passam pelo feixe de laser, que promove sua excitação. A luz emitida pelo
fluorocromos é detectada por um fotomultiplicador e a informação é processada por um
computador.
101
22 BIOLOGIA DA MATRIZ EXTRACELULAR I
102
identificado as quatro classes de componentes que a forma. Tais macromoléculas são
chamadas de colágenos, proteoglicanas e glicosaminoglicanas, glicoproteínas
estruturais e, por fim, elastina. Nessa e na próxima aula detalharemos, dentro do
necessário, cada um desses componentes.
22.1 Colágeno
O colágeno não é apenas uma proteína em si, ele é uma família de proteínas, a
qual é formada por cerca de 26 tipos geneticamente diferentes. Os colágenos são uma
família de proteínas fibrosas encontradas em todos os animais multicelulares. Durante
a evolução essas proteínas foram selecionadas para desempenhar as mais diversas
funções, principalmente a função estrutural. O colágeno constitui cerca de 25% da
massa proteica total de uma mamífero. A estrutura tridimensional do colágeno mostra
que ele é formado por uma tripla hélice que, diferente de todas as outras proteínas, tem
sua alfa hélice com passo à esquerda. Sua cadeia de aminoácidos é composta por uma
repetição dos aminoácidos Glicina-X-Prolina ou Glicina-X-Hidroxiprolina, onde X pode
ser qualquer resíduo de aminoácido. Apesar de a hidroxiprolina ser encontrada nas
proteínas da parede celular de plantas, resíduos de hidroxiprolina e hidroxilisina são
raramente encontrados em proteínas animais. Sua tripla hélice tem um comprimento
de aproximadamente 300 nm, o que corresponde a cerca de 1000 aminoácidos, e é
formada por duas cadeias chamadas α1 associadas com uma terceira cadeia, do tipo
α2, que são similares, mas não são idênticas.
103
67 nm, o que reflete uma alternância regular das moléculas de colágeno que compõem
essas fibrilas.
22.2 Glicosaminoglicanas
104
ácido urônico, como no caso da GAG queratan sulfato.Pelo fato de apresentarem
grupos sulfato e carboxila, presentes na hexosamina e no ácido urônico,
respectivamente, as GAGs são carregadas negativamente, o que lhe confere sua
polianicidade. A alta densidade de cargas negativas atrai uma nuvem de cátions, como
por exemplo o Na+, que são osmoticamente ativos, resultando na grande incorporação
de água pela MEC. A quantidade de GAGs no tecido conjuntivo é normalmente inferior
a 10% do peso da quantidade de proteínas fibrosas, mas pelo fato de formarem géis
hidratados, estas cadeias preenchem a maior parte do espaço extracelular, conferindo
suporte mecânico aos tecidos e também permitindo a rápida difusão de moléculas
hidrossolúveis e a migração celular.
23 MATRIZ EXTRACELULAR II
105
NELSON, D.L. & COX, M.M. Lehninger Priciples of biochemistry. Pag. 312, 3ª ed. Worth Publishers,
New York, 2000
106
série de reações sequenciais e coordenadas de epimerização, que alteram a
configuração dos substituintes ao redor dos átomos de carbono na molécula de açúcar
e de sulfatação, que aumentam as cargas negativas das PGs, modificam
covalentemente as unidades de açúcar.
A sua síntese depende de um balanço hormonal adequado. Hormônios como a
tiroxina e a testosterona aceleram a sua síntese e os hormônios cortisona,
hidrocortisona e estradiol retardam-na. Nas proteoglicanas, o núcleo proteico pode
variar de 10.000 a mais de 600.000 dáltons e o número e os tipos de cadeias de
glicosaminoglicanas variam enormemente, o que confere, a princípio, uma enorme
heterogeneidade. Esta heterogeneidade dificulta a identificação e classificação das
proteoglicanas. Até bem pouco tempo a literatura classificava as proteoglicanas
baseando-se praticamente na composição dos tipos de glicosaminoglicanas. Essa
descrição foi adotada pelo fato da falta de uma característica básica das proteínas do
eixo, como acontece com a tripa hélice do colágeno, que é voltada para a esquerda.
Entretanto, sabe-se atualmente que a variedade de proteoglicanas é dada pela
presença de diferentes eixos proteicos e de diferentes grupos, número e tamanho de
glicosaminoglicanas. Atualmente, a classificação é feita levando-se em consideração a
composição do seu eixo protéico, seu peso molecular e distribuição nos tecidos. Alguns
autores classificam as proteoglicanas em 4 grandes grupos: Proteoglicanas Intersticiais
de Agregação, Pequenas Proteoglicanas Intersticiais Não-Agregantes, Proteoglicanas
de Superfície Celular e Proteoglicanas Estocadas em Grânulos Citoplasmáticos.
107
talvez, proteoglicanos. Elastina é a proteína predominante das fibras elásticas maduras
e favorece a fibra com suas propriedades de recuo elástico.
Nossas duas últimas aulas serão a respeito de uma das doenças que mais
causam mortes no mundo, o câncer. Antes de mais nada temos que salientar que o
câncer é uma doença que ocorre naturalmente. Uma entre cinco (20%) pessoas que
vivem em países prósperos do mundo podem morrer de câncer. Obviamente que
algumas atitudes podem causar câncer nesses 80% que, teoricamente, estão livres do
108
câncer, como ficar exposto a radiação ultravioleta, receber altas doses de radiação,
fumar, etc. Também é preciso diferenciar a característica genética e hereditária do
câncer. Todo câncer é genético, uma vez que ocorre por mutações nos genes, o que
não significa que tem que ser obrigatoriamente hereditário. Somente será hereditário
se as mutações estiverem presentes nas células germinativas do indivíduo. Para
compreender os mecanismos de desenvolvimento do câncer é necessário um pré-
requisito essencial: ter um conhecimento no mínimo básico sobre controle genético do
ciclo celular e como as células agem em seu contexto social. Além disso, é importante
lembrar que as mutações são uma das grandes responsáveis pela evolução da vida.
Se a primeira ameba não tivesse sofrido mutações nunca estaríamos aqui. Entretanto,
mutações benéficas são raramente encontradas e por esse motivo temos a impressão
de que mutações são coisas ruins. O corpo de um ser vivo funciona quase que
exatamente como um ecossistema. As células são os indivíduos desses sistemas, as
quais interagem entre si e com o meio que as cercam, além de participar dos processos
mais naturais que existem: a morte e o nascimento. Desta forma, os citologistas, bem
como os ecologistas, preocupam-se com o aumento e com a diminuição do número de
indivíduos. Por exemplo, em um ecossistema onde se verifica um aumento exagerado
da população de uma determinada espécie, deve-se voltar a atenção para a
disponibilidade de alimento para esses novos integrantes do ecossistema, o que
geralmente causa um desequilíbrio ecológico grave. Com o câncer ocorre exatamente
o mesmo. Um tumor é um conjunto de células que não tem mais controle sob sua
divisão celular e, dessa forma, multiplica-se descontroladamente. Por estar em
constante divisão celular, a célula cancerosa possui um alto gasto energético. Para
suprir esse excesso de energia dispensado com as constantes divisões celulares as
células cancerosas criam novos vasos sanguíneos para suprir somente o tumor,
processo esse conhecido como angiogênese.
Ao criar vasos sanguíneos e desviar o sangue dos outros tecidos para ele, o
tumor começa literalmente a matar o resto do organismo de fome, uma vez que a maior
parte do alimento foi desviado para ele. Como podemos ver, alguns dos pontos
principais do desenvolvimento do câncer está relacionado a constante divisão celular
das células tumorais. O quadro agrava-se quando as células tumorais rompem a
membrana basal e atingem a corrente sanguínea, o que permite que essas células
tumorais se desenvolvam em qualquer outra parte do organismo. Esse processo de
109
rompimento da membrana basal é conhecido como metástase e é nesse momento que
dizemos que o câncer se tornou maligno. Tumores situados em seu local de origem e
que não romperam a membrana basal são chamados de benignos. Uma vez localizado
um tumor benigno, ele pode ser removido, sem acarretar problemas posteriores ao
organismo. Fica evidente que isso é algo que deve ser feito o mais cedo possível, a fim
de evitar metástases. A partir dessa visão geral do que é o câncer, podemos a partir de
agora iniciar nosso estudo sobre onde o câncer tem início, ou seja, vamos estudar a
parte molecular do câncer. Antes, não custa revisar alguns assuntos já estudados. para
ficar mais intuitivos, assista a essa animação gráfica sobre crescimento celular. Revise
também os conteúdos do ciclo celular.
110
frequentemente um grupo de genes que sofrem mais mutação do que outros. Essas
peculiaridades dificultam o desenvolvimento de vacinas “anticâncer”, ou drogas que
atuem de forma efetiva em qualquer forma de câncer.
Existem duas rotas possíveis para o controle do ciclo celular. Em uma delas
ocorre um tipo de controle que impede o aumento do número de célula, o que é feito
111
inibindo o ciclo de divisão celular ainda em G 1. Por outro lado, existe um mecanismo
que permite a proliferação celular, mecanismos esses já estudados anteriormente.
Ainda para evitar uma proliferação desnecessária, a célula pode optar por entrar em
um estado onde sua divisão não ocorrerá mais, a qual chamamos de G 0. Um raciocínio
lógico nos guiará a seguinte conclusão: como temos duas rotas, uma de inibição e outra
de proliferação, devemos também ter dois conjuntos de genes que controlam essas
duas rotas, apresentando, portanto, funções antagônicas. Mutações em genes
estimulatórios tornam a célula hiperativa. Geralmente essas mutações têm caráter
dominante, ou seja, basta que elas ocorram em apenas umas das duas cópias do gene
(apenas em um lócus, em outras palavras). Mutações desse tipo dão origem a genes
que chamamos de oncogenes, sendo que o seu alelo normal é chamado proto-
oncogene. Entretanto, também existe um conjunto de genes responsáveis pela inibição
da proliferação. Quando esses genes se encontram funcionais, a célula entrará
em apoptose, sempre que problemas que comprometam o organismo como um todo
sejam identificados. Entende-se por apoptose a morte celular programada, ou seja,
suicídio celular. A apoptose é um fenômeno que ocorre a todo momento em nosso
organismo. Milhares de células se suicidam diariamente para evitar um
comprometimento maior do organismo posteriormente. Os genes responsáveis por
esse controle negativo são chamados genericamente de genes supressores de tumor.
Nessa aula discutiremos a grande importância desses genes, sendo que dedicaremos
nossa atenção para um gene chamado p53. Quando um gene supressor de tumor sofre
mutação e perde sua função, a célula passa a ficar sem o controle que impediria a
célula de entrar em mitose caso ocorra algo de errado. Nesse caso não apenas uma
mutação deve ocorrer, mas duas mutações. Assim, esses genes tem uma característica
recessiva muitas podem ser as causas das mutações. Algumas delas foram discutidas
anteriormente. Entretanto, os vírus desempenham um importante papel no
desenvolvimento de alguns tipos de câncer, e, portanto, merecem uma atenção
especial. Alguns retrovírus podem atuar como vetores para oncogenes, transformando
o comportamento celular. Um importante vírus humano que causa muitos casos de
câncer entre as mulheres é o HPV. Esse vírus, ao se instalar nas células do colo do
útero, causa a proliferação dessas células, o que acaba acarretando cerca de 99% dos
casos de câncer de colo de útero. Felizmente, foi anunciado no final de 2006, o
desenvolvimento e a aprovação para comercialização de uma vacina contra o HPV.
112
No entanto, vale ressaltar que existem mais de 200 subtipos diferentes desse
vírus classificados em tipos de baixo e de alto risco de câncer. Atualmente o Ministério
da Saúde do Brasil incorporou a vacina contra o HPV no calendário oficial de vacinação
de meninas de 10 a 13 anos, para proteger adolescentes que ainda não iniciaram a
vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com o vírus. Assim, os futuros
casos de câncer do colo do útero serão apenas causados pelo 1% que não tinha uma
causa viral. Como mencionamos acima, o gene p53 tem grande importância no
desenvolvimento do câncer. Pessoas que herdaram uma das cópias do gene p53 com
uma mutação tem uma grande predisposição genética a desenvolver alguma forma de
câncer. Quando uma célula sofre uma segunda mutação, agora na cópia normal do
gene, ela passa a ter as duas versões do gene alteradas e não funcionais, o que
desenvolve o crescimento de tumores em um estágio ainda muito precoce da vida,
geralmente em adultos jovens. Essa predisposição, ocorrendo em famílias, é conhecida
como síndrome de Li-Fraumeni. A proteína p53, codificada pelo gene p53, exerce seu
efeito ligando-se ao DNA danificado e, em parte, por induzir a transcrição de outro gene,
o p21. As proteínas produzidas pelo gene p21 ligam-se ao complexo ciclina G1 com a
proteínas Cdk2, a qual normalmente serve para dirigir a passagem da célula pelo ponto
de parada do ciclo celular G1. Assim, fica evidente que se o gene p53 não estiver
funcional, toda essa sequência de eventos não ocorre, e a célula passa a se reproduzir,
mesmo com danos no DNA. Alguns experimentos corroboram essa teoria. Vamos aqui
citar apenas um deles para que ocorra uma interação dos achados experimentais com
a teoria. Ao se expor células à luz ultravioleta ou à radiação ionizante (raios gama),
verifica-se o aumento da concentração da proteína p53 no interior da célula, o que
acaba por barrar o ciclo celular das mesmas na fase S. Esse barramento pode resultar
na entrada em G0 ou apoptose. Por outro lado, quando células que não apresentam o
gene p53 são expostas aos mesmos agentes mutagênicos, elas falham em bloquear o
ciclo celular. Essas células continuam a se dividir sem o reparo do DNA que foi afetado
pela radiação ou pela luz ultravioleta. Como resultado algumas células morrem, o que
é positivo do ponto de vista da manutenção do organismo como um todo. Entretanto,
algumas delas não morrem, e acabam se reproduzindo descontroladamente, criando
uma massa de células que não respeita nenhum limite, nem mesmo o contato célula a
célula, o qual indica falta de espaço físico para a proliferação. Pelo fato de não pararem
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sua divisão com o contato célula-a-célula, essas células mutantes passam a crescer
umas sobre as outras, criando uma massa tumoral
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25 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ALBERTS, B., BRAY, D., LEWIS, J., RAFF, M., ROBERTS, K. & WATSON, J.D.
Biologia Molecular da Célula. Porto Alegre: Artmed, 2004.
COOPER, Geoffrey M. A célula: uma abordagem molecular. Porto Alegre: Artmed,
2007. XVIII, 716, [2] p., il. col., 29cm. (Biblioteca Artmed). Inclui bibliografia e índice.
JUNQUEIRA, Luiz Carlos Uchoa. Histologia básica. 11. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, c2008. XV, 524p., il. (algumas col.), 28 cm. Inclui bibliografia e
índice.
LODISH, H., BERK, A., MATSUDAIRA, P., KAISER, C. A., KRIEGER, M., SCOTT, M.
P. & DARNELL, J. BIOLOGIA celular e molecular. 5ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
RIEGEL, Romeo Ernesto. Bioquímica. 5. ed. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2012.
637p., il, 23 cm. Bibliografia: p. [623] -625.
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