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Teoria Da Constituição Por Carlitos Carlos 18 Abril 2020
Teoria Da Constituição Por Carlitos Carlos 18 Abril 2020
Carlitos Carlos CC
Teoria e prática
ÍNDICE
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO........................................................................................................... 1
Conceito de Constituição ...................................................................................................................... 1
Constituição em sentido material e em sentido formal ......................................................................... 2
Inconstitucionalidade das leis ............................................................................................................... 3
Órgãos de fiscalização da constitucionalidade das leis ......................................................................... 4
Processo jurisdicional da declaração de inconstitucionalidade ............................................................. 6
Efeitos de declaração da inconstitucionalidade .................................................................................... 6
Valor da limitação pelo Poder nas constituições rígidas ....................................................................... 7
Bibliografia ........................................................................................................................................... 7
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
O tema enquadra-se no estudo desenvolvido sobre a Limitação Jurídica pelo Poder Político.
Nesta senda, buscou-se a definição da Teoria da Constituição como saber jurídico-constitucional
que traça linhas gerais do fenómeno constitucional, sem conexão com o direito constitucional
positivo de um Estado. Dessa forma, a teoria constitucional constitui-se numa reflexão e crítica
sobre os problemas em que se envolvem o objecto, considerado este numa perspectiva cultural
que ultrapassa os limites do positivismo (SIVIEIRO, 2018).
Conceito de Constituição
O conceito de Constituição Politica tem sido entendido por modos muito diferentes. Para
Professor alemão Carl Schmitt apud Caetano (1998), autor de uma Teoria da Constituição,
consagrou dezenas de páginas referentes aos conceitos de Constituição quem têm sido
apresentados e, mesmo assim, não esgotou o assunto. Para quem entenda que a Constituição é o
conjunto das regras orgânicas que regulam a atribuição e o exercício do P.P a resposta é
afirmativa, visto como em todos os Estados, mesmo os de regime absoluto, havia regras escritas
ou consuetudinárias (1) sobre a forma do governo, órgão do seu exercício, modo de designação
dos seus titulares. Mas para quem aceite a máxima do art. 16 da Declaração dos Direitos do
Homem de 1789, que define lei limitadora do P.P em sentido liberal, dispõe, in verbis:
E desde que a história é diversa de povo para povo e as circunstâncias da vida dos povos sofrem
frequentes mutações, a Constituição há-de ter características diferentes conforme os países a que
respeite e há-de evoluir de acordo com as respectivas condições sociais e tendências políticas e
económicas. Por exemplo as constituições moçambicanas tiveram as seguintes evoluções:
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A palavra “Constituição” nem sempre, porém, é hoje empregada na mesma acepção jurídica (2).
Segundo Caetano (1998), há que tomar em conta dois sentidos principais em que pode ser usada:
Ainda na ideologia do Prof. Caetano, no primeiro sentido, parte-se do princípio de que têm
carácter constitucional as normas com certo conteúdo, que versarem determinada matéria, mas
essas normas têm a mesma origem e a mesma forma das outras normas do Estado e podem ser
modificadas ou substituídas pelo processo normal da criação ou declaração do Direito. Assim,
são leis constitucional todas quantas versem matéria considerada constitucional (estabelecimento
e funcionamento das instituições políticas, regulamentação do sistema de governo, direitos
individuais e sociais). Como não há processo especial para elaborar, modificar ou revogar tais
leis (o que a todo o tempo os órgãos legislativos normas podem fazer) chama-se a estas
constituições flexíveis.
Ao passo que, no segundo sentido, parte-se da existência de uma categoria de leis constitucionais
que pela origem, força obrigatória e processo de modificação ou revogação difere da categoria
das leis ordinárias. As leis constitucionais só podem ser decretadas por um órgão constituinte
revestido da máxima autoridade como representante especialmente qualificado da soberania da
Nação e muitas vezes a sua entrada em vigor depende da ratificação popular. Essas leis são
hierarquicamente superiores, condicionado o exercício do poder que este exerce. E só um órgão
(2)
Só a partir só séc. XVII se começou a usar o termo Constituição como lei fundamental do Estado.
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Assim, nestas constituições, que se têm chamado rígidas, encontram-se com frequência regras
sobre matéria de Direito civil, processual ou administrativo, e até verdadeiros programas de
acção do Estado. Tais textos são chamados constituições programáticas por oposição às
constituições orgânicas onde apenas se instituem os órgãos da soberania, atribuindo-se-lhe as
respectivas funções e garantido a limitação dos seus poderes, mas tudo o que estiver numa lei
formalmente constitucional passa a beneficiar do carácter super legal ou rígido da Constituição.
Na verdade, desde que a lei constitucional é superior às leis ordinárias tira-se daí o corolário de
que as leis ordinárias não podem contrariar a lei constitucional. Mas, a Constituição é o assento
fundamental da Ordem Jurídica do Estado, a norma de todas as outras normas, o fundamento da
autoridade de todos os poderes constituídos; logo, uma lei que não respeite a Constituição carece
de força obrigatória, não é válida (CAETANO, 1998, p. 344).
Ainda segundo Prof. Caetano, a inconstitucionalidade é, pois, o vício das leis que provenham de
órgão que a Constituição não considere competente, ou que não tenham sido elaboradas de
acordo com o processo prescrito na Constituição ou contenham normas opostas às
constitucionalmente consagradas. Esse vício deve acarretar a nulidade ou a ineficácia da lei. No
primeiro caso a lei inconstitucional é declarada como não existente logo que o órgão competente
verifique o seu defeito. E no segundo caso os órgãos de aplicação não a aplicam aos casos
concretos que forem surgindo e que de outro modo por ela seriam regulados.
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De acordo com o art.133 da LRP da CRM, 2018 são órgãos de soberania, o Presidente da
República, Assembleia da República, o Governo, os tribunais e o Conselho Constitucional. Neste
contexto, a fiscalização da constitucionalidade das leis pode ser feita por um órgão político ou
por um órgão jurisdicional. Em qualquer dos casos pode a fiscalização ser confiada a um órgão
comum ou a um órgão especial.
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b) Órgão político especial: É aquele que, embora pela sua composição e funções seja
político, todavia recebe a missão especial de examinar a constitucionalidade das leis e de
anular as que considerar inconstitucionais, nos termos confrontados no no 2 do art. 240,
da Lei no 1/2018 de 12 de Junho. Nesta categoria se deve incluir também o Conselho
Constitucional criado pela Constituição moçambicana (2004) e que decide se um texto
enviado ao Chefe do Estado para promulgação é ou não inconstitucional quando para tal
lhe seja submetido, nos termos da solicitação da alínea a), no 2 do art. 244 da mesma lei
(LRP da CRM, 2018).
A ineficácia da fiscalização por órgãos políticos faz inclinar muitos autores para a fiscalização
por órgãos jurisdicionais. Os tribunais comuns têm a vantagem de ser constituídos por juízes
independentes, de formação puramente jurídica e que se limitarão a resolver um conflito de leis
pela aplicação da lei superior (no 1, art. 216 da LRP da CRM, 2018).
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Vejamos agora como é que se poderá obter a declaração da inconstitucionalidade de uma lei por
um órgão jurisdicional. A primeira forma consiste em determinadas autoridades ou qualquer
cidadão poderem dirigir-se ao tribunal competente a propor acção com o fim de obterem
sentença anulatória da lei suspeita ou por causas de nulidade da sentença prevista no art. 668 do
CPC. Este processo da acção de inconstitucionalidade só é admissível perante um órgão
jurisdicional.
É mais vulgar admitir-se que a contestação da constitucionalidade de uma lei só possa surgir por
incidente num processo judicial qualquer, no qual o réu procure defender-se contra a aplicação
da lei deduzindo a excepção de inconstitucionalidade, conforme os pronunciamentos referidos no
no 2, art. 487 do CPC. Em conformidade com art. 36 conjugado com art. 40 do CPP, que visa
estabelecer competências, ao juiz do tribunal onde corre o processo judicial é competente para
resolver o incidente e então aprecia-o, seguindo-se os termos normais.
De acordo com o Caetano (1998, p. 348) uma lei inconstitucional pode ser declarada inexistente,
nula ou simplesmente ineficaz. Neste contexto, inexistência consiste na sanção cominada na
própria Constituição para fulminar vícios muito graves. A lei é considerada então como
completamente destituída, desde a origem, de força obrigatória. Ninguém, autoridade do Estado
ou cidadão, lhe deve obediência. Qualquer pessoa pode opor-se à sua aplicação
independentemente de declaração de inconstitucionalidade por um órgão para tal efeito
competente.
Na concepção deste autor, a inconstitucionalidade da lei é verificada por via de acção judicial ou
declarada por um órgão político, e quando produz-se a sua anulação a lei será revogada.
Fundamenta ainda que, se o poder de julgar a inconstitucionalidade é dado aos juízes ordinários
com a faculdade de levantar o incidente por iniciativa própria ou o dever de apreciar a excepção
suscitada pelas partes em determinado processo, então em geral o juiz tem de limitar-se a não
aplicar a lei declarada inconstitucional àquele caso concreto submetido à sua decisão. A sanção
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será, pois, a mera ineficácia, isto é, a lei não produzirá efeitos, visto os órgãos de aplicação a não
aplicarem.
O sistema referenciado pelo Caetano (1998, p. 349) expõe rigidez das leis constitucionais e
garantia contra a inconstitucionalidade das leis ordinárias, e declara o mais perfeito que até agora
se ideou para assegurar a limitação jurídica do poder dos governantes. Assenta, como se vê, na
concepção da separação entre a actividade governativa e a função judicial, supondo nesta real
independência e a mais respeitadas autoridade como expressão da soberania do Direito, nos
termos consagrados no art. 134 da CRM, 2004. Em suma e segundo Caetano, as melhores
constituições não são as mais bem pensadas e mais bem escritas, mas as que mais exactamente
correspondam à feição (3) de um Povo, demonstrada por uma longa e sincera experiência
colectiva.
Bibliografia
Legislação consultada:
(3)
Feição: A favor de ou mais claramente: o pensamento de um povo (DEA, 1975).
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