Você está na página 1de 21

Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina

Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na


cidade de Campina Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo
de caso
Rienzy de Medeiros Brito – rienzybrito@hotmail.com
Auditoria, Avaliações e Perícias de Engenharia
Instituto de Pós-Graduação – IPOG
Campina Grande-PB, 02 de setembro de 2017

Resumo
Perícia extrajudicial realizado no empreendimento Alto da Serra na cidade de Campina Grande-
PB durante os anos de 2016 e 2017. O presente trabalho foi solicitado pela associação dos
moradores deste empreendimento de classe média baixa, pois todas as unidades habitacionais
apresentavam várias manifestações patológicas além do empreendimento como um todo.
Constrangidos com a situação já que a construção não completara cinco anos de executada e
não mais sendo possível o diálogo com a construtora já que decretara falência os moradores
interviram pela ação judicial contra a mesma e contra instituição financiadora. Assim sendo foi
realizada relatórios técnicos por este profissional que estudou e trabalhou em cada residência.
Foram utilizados ensaios de laboratórios, visitas “in loco”, auditoria com as normas técnicas
vigentes, código de obras da cidade e memorial descritivo do empreendimento. Concluiu-se
que houve imperícias e negligência em todas as residências e no empreendimento.

Palavras-chave: Perícia. Empreendimento. Moradores. Judicial.

1. Introdução
Na intenção de garantir direitos e obrigações a justiça detém de dispositivos a fim de estabelecer
a ordem, punir os responsáveis e ressarcir os prejudicados assim como já rezava o Código de
Hamurabi, datado de aproximadamente 2.000 anos a.C detendo disposições explícitas acerca
da responsabilidade do construtor. Inspirado em tais códigos e direitos doutros tempos o Brasil
segue estes fundamentos enraizados de outrora incorporando-os no Código Civil de 2002 por
força do art. 618 as obrigações do construtor de obras civis no país, sejam elas públicas ou
privadas, prestando garantias ao consumidor de obras que delas adquiriram. Tendo em vista tais
direitos previstos também no Código do Consumidor os proprietários da unidades habitacionais
deste residencial criaram a “Associação dos Mutuários e Moradores do Residencial Alto da
Serra”, localizado em Campina Grande-PB, a fim de impetrar uma ação civil pública
contestando a construtora que edificou as casas e também a instituição financiadora já que
diversas manifestações patológicas são comuns nas edificações e por isso sentem-se
prejudicados por situações que não lhes garantiam principalmente a segurança estrutural do
empreendimento como um todo.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
Entendendo que os detém de ressarcimento financeiro por tais problemas a Associação
contratou serviços do profissional expert no assunto a fim de ter um esteio técnico e provar suas
alegações.
Assim sendo foi definido por este profissional o estudo minucioso das causas e motivos das
manifestações patológicas existentes auditando com as respectivas normas regulamentadoras,
memorial descritivo do empreendimento e Código de Obras da Cidade de Campina Grande-
PB, Lei n°5410, como fontes fidedignas que naquele tempo da construção exigia-se respeitar.

2. Desenvolvimento

2.1. Localização

O empreendimento denominado “Alto da Serra” está localizado no interior da Paraíba, no bairro


dos Cuités, na cidade de Campina Grande/PB, com latitude: 7°11’38”S e longitude
35°53’51”W e 551m acima do nível do mar.

Figura 1 – Vista aérea do Empreendimento “Alto da Serra”


Fonte: Google Earth (2017)
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Foto 01 - Localização das residências do empreendimento “Alto da Serra” – Relevo acidentado


Fonte: Próprio autor (2017)

2.2. Histórico

O empreendimento de padrão normal e classificada para fins de valores construtivos como


residência unifamiliar (R1) segundo o Sindicato da Construção Civil de João Pessoa/PB
(http://www.sindusconjp.com.br/servicos/cub) deu-se início em 2011 para conclusão em 2013
porém findado apenas em 2015 quando os últimos habite-se foram despachados. Foram
edificadas 380 unidades habitacionais dentre 404 prometidas em sete modelos diferentes
distinguindo-os principalmente pela área total construída que são os tipos “B”, “C”, “D”, “E”,
“F”, “G” e “PNE” sendo o terceiro o modelo mais comum, responsável por 268 casas e com a
maior área dentre todas que é de 74,23m².
Desde a entrega, quase a totalidade dos moradores das residências adquiridas começaram a
relatar queixas de existências de fissuras, trincas, incompatibilidades das unidades entregues
com o projeto jurado e vendido, ineficiência da drenagem de águas pluviais, má funcionalidade
nas residências com baixos “pé direitos”, inexistência de drenagem das águas servidas fora do
box do banheiro, tamponamento dos “conduites” elétricos e de lógica que impediam a passagem
de fiações e cabos, locação dos interruptores atrás das portas, muros de arrimos que em tempos
de chuva “minam” água e adentram no terraços e muros dos vizinhos, etc.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
2.3. Estrutura

A estrutura das casas foi realizada em concreto armado, com lajes, vigas e pilares assentados
sobre uma fundação direta tipo sapata armada, havendo casas com até 03 lajes como é o caso
do modelo “D” para vencer a inclinação do terreno e também com lajes inclinadas como nas
casas tipo “G” estabelecendo outro tipo de arquitetura.
No entanto depois de constatações in loco verificou-se que além dessas fundações não terem
sido executadas conforme a NBR6122/96 também não foi respeitada o Memorial Descritivo do
Empreendimento que rezava fundações em radier e também não foi apresentado projetos
estruturais. Não tendo sido o bastante seu embasamento de concreto armado fora executado de
maneira a perceber grandes excentricidades de forma com cerca de nove centímetros, e
alvenaria de pedra argamassada sob canaleta armada.

Foto 02 – Excentricidade de forma pilar/sapata – modelo “D”


Fonte: Próprio autor (2017)

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Foto 03- Fundação em alvenaria de pedra argamassada, sem radier – modelo “G”
Fonte: Próprio autor (2017)
3. Desenvolvimento

3.1. Metodologia

Foi periciado cada modelo de maneira individual e inspecionado a infraestrutura,


superestrutura, drenagens, alvenarias, funcionalidades, esgotamento sanitário, abastecimento,
qualidade dos revestimentos, sistema elétrico, lógica e impermeabilizações tendo sido até a data
atual 160 unidade habitacionais de 380 construídas, ou seja, cerca de 42,00% do total
construída.
Tomou-se como norteador da perícia as respectivas normas regulamentadoras vigentes para
cada item observado, o código de obras da cidade e o rezado no memorial descritivo com o que
se foi vendido e construído.
Foram utilizadas ferramentas como trenas metálicas e à laser para, máquina fotográfica digital,
marretas, serras, etc, a fim de corroborar com o observado in loco.

3.2. Ensaios Realizados

Foi realizado Ensaio de Abrasividade do revestimento cerâmico pelo Laboratório de Tecnologia


de Materiais da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no qual foi seguiu-se os
procedimentos da NBR 13818/1997 com intuito de auditar a qualidade empregada com o
prometido no memorial descritivo, chegando ao seguinte resultado do Relatório Técnico
emitido:
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
“Verifica-se que os corpos de prova foram abrasionados a partir da rotação de 100 ciclos, sendo
classificados conforme ABNT 13818, Tabela 2, como PEI 0 (zero)”

Constatou-se dessa maneira que o revestimentos cerâmico empregado em todos os modelos


possuía classificação da resistividade a abrasão com “PEI 0”, muito aquém do assentado que
deveria ser de resistividade “PEI 4” conforme item 6.2.1 do memorial.

Foto 04- Amostra do revestimento cerâmico removido in loco


Fonte: Próprio autor (2017)

Foto 05- Amostras do revestimento cerâmico ensaiado no Lab. de Tecnologia de Materiais 2 – UFCG
Fonte: Próprio autor (2017)
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Foto 06- Amostras do revestimento cerâmico ensaiado no Lab. de Tecnologia de Materiais 3 – UFCG
Fonte: Próprio autor (2017)

4. Diagnósticos, Prognóstico e Mecanismos

4.1. Pé direito

A distância entre o piso cerâmico e o forro de gesso apresenta-se de forma padronizada em


todos os modelos de casas entre 2,26m (dois metros e vinte e seis centímetros) e 2,36m (dois
metros e trinta centímetros) como observado nas figuras abaixo. Estando assim em desacordo
com a Seção XVI, Art. 286 do Código de Obras de Campina Grande/PB (COCG/2013) – Lei
5410/2013 que estabelece um pé direito mínimo de 2,50 (dois metros e cinquenta centímetros)
para quartos e salas em geral; e 2,40 (dois metros e quarenta centímetros) para depósitos,
lavabos, despensas, banheiros.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Foto 08-Pé direito da sala 2,36m– Modelo Casa F


Fonte: Próprio autor (2017)

Foto 07-Pé direito da sala - Modelo Casa F


Fonte: Próprio autor (2017)

A situação se agrava nas escadas quando a baixa distância entre o piso do degrau e o teto
provocam verdadeiros malabarismos dos moradores para não baterem a cabeça no forro,
delatando total descaso com a boa prática engenharia e na contramão da lei municipal, art. 331,
sucessão III onde exige-se uma altura mínima de 2,10m para circulações e escadas.

Foto 09- Pé direito da escada, modelo C – morador bate o nariz no forro


Fonte: Próprio autor (2017)

4.2. Esquadrias

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

As janelas todas de esquadrias de alumínio estão em geral bom estado de funcionamento.


Quanto no que se refere as portas, o primeiro percalço surgi quando na área de serviço as
portas de madeira almofadadas rezadas e prometidas no Memorial Descritivo do
empreendimento, item 4.3 foram substituídas por portas de alumínio em todos os modelos
construídos, além da exclusão da porta do depósito no modelo da casa “F”, item 4.2.1 do
mesmo documento. Outros defeitos de execução como o mal assentamento das portas e
dos contramarcos acarretam em desplacamentos dos mesmos e consequentemente riscos à
saúde já que as partes pontiagudas ficam expostas.

Foto 10: Ausência porta do depósito – modelo “F” Foto 11: Porta mal “chumbada” – modelo “C”
Fonte: Próprio autor (2017) Fonte: Próprio autor (2017)

Foto 12- Substituição da porta de madeira almofadada por alumínio na área de serviço – modelo “D”

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
Fonte: Próprio autor (2017)

4.3. Rufos

O material de confecção dos rufos dos telhados alternam-se em concreto e em PVC e/ou
similar, fato este que foge do prometido no memorial descritivo onde todos deveriam
ser de concreto, como se observara no item 5.1.1 do documento.

Foto 13- Rufo de PVC e/ou material similiar – deveria ser de concreto
Fonte: Próprio autor (2017)

4.4. Alvenarias

Em todos os modelos periciados foram observados infiltrações por percolação e/ou


capilaridade principalmente no recuo lateral (beco) e no primeiro quarto onde a
inexistência de calhas para captar as águas pluviais possibilita a lavagem da parede
externa deste cômodo e depois respingo nas paredes do beco e acúmulo das águas já
que também a drenagem é deficiente. Infiltrações também foram observadas decorrentes
da percolação das águas do lençol freático e ascendência por capilaridade na área
externa das residência, tendo em vista a inclinação acentuada do relevo que o
empreendimento foi firmado.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
Fissuras e Trincas provenientes de vícios e defeitos de execução como a inexistência ou
ineficiência das vergas, das contravergas, movimentações higroscópicas nos vãos de
janelas, da ancoragem das alvenarias com a superestrutura, e baixas resistência a tração
e/ou compressão dos tijolos cerâmicos e/ou do revestimento cerâmico são evidentes em
todos os modelos existentes e em todas as casas periciadas.

Foto 14: Infiltrações por capilaridade e/ou percolação no beco - modelo “D”
Fonte: Próprio autor (2017)

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Foto 15- Infiltração por percolação e/ou capilaridade no quarto


Fonte- Próprio autor (2017)

Foto 16- Inexistência ou ineficiência de ancoragem alvenaria/pilar – modelo “D”

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
Fonte- Próprio autor (2017)

Foto 17- Fissura por baixa resistência do tijolo cerâmico 2 – modelo “G”
Fonte: Próprio autor (2017)

Foto 18- Fissura por baixa resistência a tração bloco cerâmico e/ou argamassa – modelo “F”
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018
Fonte- Próprio autor (2017)

Foto 19- Inexistência ou ineficiência de ancoragem alvenaria/pilar – modelo “F”


Fonte- Próprio autor (2017)

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Perícia extrajudicial no empreendimento imobiliário Alto da Serra na cidade de Campina
Grande-PB com 160 unidades habitacionais: Um estudo de caso

Julho/2018

Foto 20- Fissura por movimentação higroscópica nas janelas – modelo “F”
Fonte- Próprio autor (2017)

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
16

4.5. Funcionalidade
A funcionalidade das casas comprote-se em várias situações como já obsevado com o baixo pé
direito, mas são nos banheiros que a o mau planejamento de execução e projeto se evidenciam.
Nesses ambientes as águas servidas para lavagem do cômodo, exceto dentro do box, ficam
impedidas de serem drenadas já que há apenas um ralo e este fica dentro do box, como existe
um impedimento físico que são os granitos que o dividem o escomaneto dessas não são
encaminhadas para o esgoto sanitário, peça esta que implantada em todas as casas. As bacias
sanitárias também foram assentadas com uma distância para o box que induz um desconforto
do usuário deste item.
Observa-se ainda a desconformidade da largura da escada em todos os modelos visitados com
o CO-CG, artigo 331, item “a” que exige uma medida de 1,00m (um metro) contra 0,86m
(oitenta e seis centímetros) máxima encontrada.

Foto 21-Impedimento drenagem das águas fora do box – modelo “F”


Fonte- Próprio autor (2017)

4.6. Instalações elétricas e de lógica

Os conduítes elétricos encontram-se exteriores as lajes diferentemente do citado no memorial


descritivo do empreendimento, no item 8.1 e os interruptores encontram-se com acessibilidade
reduzida pois estas foram locadas na parede em que a folha da porta se escora, e até mesmo
algumas vezes por trás delas e identificados no projeto.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
17

Foto 22- Conduítes não embutidos na laje – modelo “D”


Fonte- Próprio autor (2017)

Foto 23- Interruptor com acessibilidade reduzida


Fonte- Próprio autor (2017)

4.7. PNE (Portador de Necessidades Especiais)

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
18

As casas para Portadores de Necessidades Especiais foi verificada de maneira a parte por suas
dimensões e peculiaridades instruídas por uma norma específica, que foi a NBR9050. Tomando
tal norma norteadora percebeu-se diversas falhas de projeto e execução para o intuito que fora
executada ocasionando um função inversa, ou seja, a inacessibilidade do imóvel.
As larguras dos vãos de portas dos cômodos não ultrapassam os 0,78m (setenta e oito
centímetros) não suprindo os 0,80m (oitenta centímetros) que é exigido pela norma NBR9050,
item 4.3.6. Também salienta-se a ausência das maçanetas apropriadas como rezado no item
4.6.6.1 da mesma norma.
O banheiro “acessível” já citado não possui vão de porta normatizado. Mais ainda, o ambiente
não possui barras de apoio exigidos e presentes no projeto vendido, a área de chuveiro também
não possui banco articulado, há um obstáculo em granito que impede aproximação de um
cadeirante, localização que não permite manobra além de ficar abaixo de um lance da escada.
As dimensões em geral do banheiro não permitem manobras e o assento sanitário não especial,
tais exigências encontra-se no item 7.5 a 7.7 da NBR9050.

Foto 24- Ausência de barras de apoio – modelo “PNE


Fonte- Próprio autor (2017)

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
19

Lance da
escada

Obstáculo
de granito

Foto 25- Área do box do chuveiro com obstáculo fixo e abaixo da escada – modelo “PNE
Fonte- Próprio autor (2017)

5. Conclusões

Em todas as 160 unidades habitacionais periciadas até esta data e em todos os modelos
executados apresentaram vícios aparentes, ocultos, falhas de projetos e execuções que
permitiram o surgimento de diversas manifestações patológicas, dentre elas infiltrações, não
emprego de materiais determinados no Memorial Descritivo do Empreendimento,
incompatibilidade com as normas de acessibilidade, de fundações, estruturas,
impermeabilizações além de total descumprimento do Código de Obras da Cidade de Campina
Grande/PB.
O fato das estruturas das casas serem em concreto armado, composta também por lajes
treliçadas unidirecionais, por seus “pés direitos” estarem fora dos padrões exigidos por lei e as
instalações elétricas não estarem embutidas nas lajes como previa o memorial, fica
economicamente inviável mitigar essa primeira falha já que necessitaria remover a primeira laje
e consequentemente a sua superior.
Não somente por isso, chegou-se à conclusão pela demolição de todas as unidades
habitacionais pois suas retificações não retomaria a segurança estrutural, de vedação e
principalmente sua viabilidade econômica seria impraticável pelos proprietários.

Referências Bibliográficas

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
20

IBAPE/SP, Perícias de engenharia. 1.ed. São Paulo: Pini,2008.

GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; NETO, Jerônimo Cabral P. Fagundes; GULLO, Marco Antônio.
Normas técnicas para engenharia diagnóstica em edificações. 2.ed.São Paulo: Pini,2013.

INSTITUTO BRASILEIRO AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA DE SÃO


PAULO. Norma básica para perícias de engenharia do IBAPE/SP. São Paulo,2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13752:perícias de


engenharia na construção civil. Rio de Janeiro,1996.

CAPORRINO, Cristiana Furlan. Patologia das anomalias em alvenarias e revestimentos


argamassados. 1.ed. São Paulo: Pini,2015.

MARCELLI, Mauricio. Sinistros na construção civil: causas e soluções para danos e


prejuízos em obras. 1.ed. São Paulo: Pini,2007.

THOMAZ, Ercio. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. 1.ed. São Paulo:
Pini, 2007.

IBAPE. Perícias de engenharia. 1.ed. São Paulo: Pini, 2008.

NOGUEIRA, Carnot Leal. Auditoria de qualidade de obras públicas. 1.ed. São Paulo: Pini,
2008

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR13752: Perícias de


Engenharia na Construção Civil. Rio de Janeiro, 1996.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6118: Norma


Brasileira de Projetos e Estrutural de Concreto. Rio de Janeiro, 2004.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13818: Placas


Cerâmicas para Revestimento – Especificação e Métodos. Rio de Janeiro, 1997.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR6122: Norma


Brasileira de Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 1996.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
21

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575/10: Norma


Brasileira de Impermeabilização – Seleção e Projeto. Rio de Janeiro, 2010.
ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR12721: Avaliação de
custos de Construção para Incorporação Imobiliária e Outras Disposições para Condomínios
Edilícios. Rio de Janeiro, 2006.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR5410: Instalações


elétricas de baixa tensão; Rio de Janeiro, 2005.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR8160: Sistemas


prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução. Rio de Janeiro, 1999.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9574: Norma


Brasileira Execução de Impermeabilização – Procedimento. Rio de Janeiro, 1998.

IBAPE, INSTIUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE


ENGENHARIA. IBAPE/SP – 2002. Fixa as diretrizes básicas, conceitos, terminologia,
convenções, notações, critério e procedimentos relativos às perícias de engenharia, cuja
realização é de responsabilidade e da exclusiva competência dos profissionais legalmente
habilitados pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

BRASIL. Lei n°13.105 de 16 de março de 2015: Código do Processo Civil;

CAMPINA GRANDE (Cidade). Lei n° 5410 de 23 de dezembro de 2013 - Código de obras –


dispõe sobre o disciplinamento geral e específico dos projetos e execuções de obras e
instalações de natureza técnica, estrutural e funcional do município de Campina Grande,
alterando a lei de n° 4130/03, e dá outras providências.

MEMORIAL DESCRITIVO ALTO DA SERRA RESIDENCIAL. Registrado no serviço


notarial e registral Ivandro Cunha Lima, de n° R-4-30.493, em 22/02/2011.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018

Você também pode gostar