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Frederico Celentano, fcelen@uol.com.

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Ciclo III – quinta-feira, período noturno.

A anorexia: entre desejo, satisfaçã o e libertaçã o.

“Tudo o que desejo é a liberdade de ser eu mesma sem satisfazer a ninguém”.


Do blog “Diá rio de Ana Mia”1

O pensamento cartesiano sobre a res extensa define qualquer corpo como uma unidade
material dotada de comprimento, profundidade e largura, excluindo-o do simbó lico,
criando um corpo banido de mente, mas, também, de maneira aná loga, uma mente, res
cogitans, emancipada do corpo. Uma mente capaz de reprimir o corpo e suas pulsõ es,
capaz de domar as paixõ es e criar, pelos imperativos categó ricos do Supereu, processos
civilizató rios.

Freud, ao longo de sua obra, traz um questionamento radical sobre as relaçõ es entre
corpo e mente. Um questionamento sobre a dualidade matéria e anima. É bem verdade
que seu pensamento nunca se desvinculará totalmente de uma visã o bioló gica ou
naturalista sobre a fonte das pulsõ es, mas, em sua prá tica clínica, depara-se com a força
das representaçõ es sobre os processos somá ticos. As pulsõ es sexuais e a libido nos
aparecem, sempre, através de representaçõ es e, portanto, o corpo pulsional somente
pode ser reconhecido através de sua dimensã o simbó lica. O corpo somente existe se
significado.

É a partir da reflexã o sobre esse corpo simbó lico que surge um questionamento sobre a
anorexia. Sintoma da modernidade 2, a anorexia surpreende. O que dizer a um corpo que
definha? Como pensar uma existência que procura dominar o instinto mais bá sico de
sobrevivência, a alimentaçã o? Como entender a vontade de se reduzir ao mínimo? Como
entender um corpo tomado pela pulsã o de morte3?

Desejo de perfeiçã o que se substitui ao desejo sexual; satisfaçã o em “comer nada” 4,


através de uma fixaçã o oral eró gena revertida contra o indivíduo; autocensura e auto-
recriminaçã o; uma busca desesperada em se libertar dos ditames do Outro, nã o
satisfazendo “a ninguém”, nem mesmo a si mesmo; é assim que o anoréxico apresenta
sua relaçã o com o Eu.

Se o corpo é o primeiro objeto do autoerotismo que se transforma numa libido narcísica


significada pela imagem especular do está dio do espelho5 e que, posteriormente, liberta-
se dessa identificaçã o original para investir outros objetos de satisfaçã o; no sintoma
anoréxico, o sujeito escravo de um corpo nã o-significado, parece condenado a uma
busca perpétua de libertaçã o que o faz definhar. Mas que processos conduzem esse

1
http://anamia2007.blogspot.com/2007/09/conselhos-pr-ana-e-pr-mia.html
2
Separando corpo e mente e interditando qualquer busca de prazer, a modernidade submete o corpo ao intelecto. Na contemporaneidade, o imperativo se
inverte : o corpo deve buscar o prazer, mas nã o o prazer do outro e sim o prazer narcísico da imagem de perfeiçã o especular.
3
Pulsã o de morte nã o está aqui assimilada a um “desejo inconsciente de morte”. Tomando um ponto de vista quantitativo do termo dentro da teoria freudiana,
está se indicando a pulsã o de morte como moçã o que motiva a reduçã o do corpo a um estado inorgâ nico. Dessa forma, é uma pulsã o que visa reestabelecer um
estado de coisas perturbado pelas pulsõ es libidinais. Na anorexia, há um desespero em face da libido que nã o se consegue investir em objetos (uma ruptura na
relaçã o de objeto que será estudada mais adiante) e que se traduz numa “fuga” para o sintoma: a reduçã o do corpo pulsional ao mínimo e, no limite, ao nada.
4
Lacan, J. (1956-57) “O Seminá rio, livro 4: as relaçõ es de objeto”. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1995
5
Lacan, J. in “O está dio do Espelho”, Editora: Jorge Zahar.
“corpo carcereiro da mente”6 a morrer de inaniçã o? Por que, tal qual no “Artista da
Fome de Franz Kafka, o anoréxico nã o é capaz de “encontrar alimento a seu gosto”?
Enfim, como criar um campo de escuta analítica para que o sujeito possa reencontrar
seu desejo?

Para tentar esboçar uma resposta a esse problema complexo, atravessado pelo
narcisismo, pelo É dipo e pela formaçã o do Supereu, procurarei, na impossibilidade de
mobilizar um material clínico pró prio sobre o tema, trazer um recorte: as manifestaçõ es
em sites, blogs, etc., de pessoas, em sua maioria meninas/mulheres, que se
autodenominam Pró Anas ou Pró Mias, reclamando-se um direito à anorexia e à
bulimia.

O gozo do Outro e a pulsão de morte.

É inegá vel que existe um fenô meno cultural em torno da anorexia. Fala-se muito da
responsabilidade dos meios de comunicaçã o no crescimento dos casos registrados.
Lembra-se da existência de uma “ditadura da moda” e da imposiçã o de um padrã o
estético. Mas o que seria uma ditadura se nã o o fato de sermos falados e pensados por
alguém?7 A iconografia da anorexia é autoritá ria. Reflete as imagens de um ideal que
adquire um valor absoluto. Nã o sã o significantes da falta e do desejo, nã o sã o ideais
almejados e perseguidos dentro dos limites da existência do sujeito. Sã o imagens literais
de como se deve ser, impostas por um Outro.

“ESTOU LONGE DE SER ASSIM, MAS


“Quero ser ela... 50 kilos”
ESTOU TENTANDO UM DIA CHEGAR do blog www.proannagorda.zip.net
LÁ.” Do blog “Diá rio de Ana Mia”
No subtexto do “eu quero ser ela” nã o há espaço para a expressã o da subjetividade. O
sujeito está exilado nas imagens de um corpo que nã o é seu e, por definiçã o, nunca será .

6
Em busca das palavras perdidas: corpo-carcereiro da mente nos distú rbios alimentares. Marina Ramalho Miranda, in revista Ide 30(45), pá gs. 28 – 34, Sã o Paulo,
dezembro de 2007
7
A relaçã o dessa situaçã o com o primeiro tempo do É dipo em Lacan e o está dio do Espelho é muito clara: o outro que
supre (ou seja, a mã e) traduz a necessidade do bebê como demanda, e contribui, assim, pelo aspecto exemplar, à
constituiçã o do Outro, aquele que significa o sujeito nã o barrado, o sujeito que em seu psiquismo ainda é o falo. No
segundo tempo, apó s o colapso narcísico, o Outro será representado pelo Pai e no terceiro tempo, com a castraçã o
simbó lica, pela Cultura, onde se inscreve o falo, significante da falta. A situaçã o de se deixar falar e pensar pela “Ditadura
da Moda”, conota a primeira fase constitutiva do significado de falo e poderia ser interpretada como uma regressã o. Aqui
o falo nã o seria o significante da falta, o falo se é e nã o o falo se tê m ou o falo está inscrito. “
Imagens que nada representam ou representam o nada, o buraco onde o “Eu deveria
advir”8.

Aos olhos da menina9 que nos fala através de seu blog, nã o há sequer a representaçã o de
um ideal de beleza ou de liberdade. A imagem cria uma prisã o para o corpo. É como se
nos dissesse “Ou eu sou ela, ou nã o sou nada”. As fotos assumem, entã o, um tom de
zombaria. Enquanto a menina diz, suplica por uma fó rmula para “ser o falo”, aqui
traduzido num ideal de perfeiçã o estética, as imagens nos devolvem uma gozaçã o (o
gozo10 do Outro, o gozo da açã o e a açã o do gozo): “você nunca será ELA”.

Adoecer no corpo, inscrever o sintoma psíquico no corpo, converter em realidade uma


representaçã o que busca significaçã o é o que faz a anoréxica. Almas despregadas, livres
para voar os mais altos ideais que podem destruí-las pela impotência que sentem diante
da vida. Impotência traduzida por inapetência. Inapetência de uma boca que nã o
consegue usar a palavra como traço de uniã o entre a matéria e a anima, entre o que se
percebe e seus significantes. Nada entra, nada sai. Ou melhor, entra o nada, sai o nada.

Nos distú rbios alimentares, principalmente na anorexia, encontra-se um universo pré-


simbó lico, psiquismos povoados de angú stia e culpa, afetos sem sentido. Os corpos
dessas meninas sã o, por certo, diá rios pessoais, mas, também, reflexos de uma sociedade
e de uma cultura. Perturbaçõ es que denunciam a singularidade de um momento
histó rico concretizada num imaginá rio11.

No blogs de Pró -Anas e Pró -Mias, o que usualmente encontramos associados a esse
imaginá rio sã o as vozes do Supereu. Mas nã o somente do Supereu como herdeiro do
complexo de É dipo, ou seja, uma instâ ncia formada a partir de uma diferenciaçã o do Eu
que incarna o ideal e a lei e seus processos mentais aná logos, a autocrítica e a censura.
Esse Supereu é, principalmente, “o lugar onde cultivam-se as pulsõ es de morte” 12. Pulsã o
de morte que poderia ser vista, no caso do anoréxico, como a entrega do sujeito ao gozo
absoluto do Outro que aparece nas imagens da mídia e que tem, no indivíduo, o Supereu
como seu porta-voz, como a instâ ncia que “obriga ao gozo” 13, devolvendo imagens
significadas com desgosto e nojo e frases de autoagressã o: “Você é uma vaca gorda”,
“Você nã o é boa o suficiente”14.

8
Conhecida frase de Freud, presente na conferê ncia XXXI, “Dissecçã o da personalidade psíquica traduzida por Lacan da
seguinte maneira "Onde o ISSO era, o EU deve advir".
9
O material encontrado em blogs e sites foi produzido exclusivamente por jovens do sexo feminino, indicando que a
anorexia masculina, como se supõ e, é significativamente mais rara.
10
Idem, pá g. 29 e segs. O gozo aqui se define, dentro de uma interpretaçã o do pensamento Lacaniano, como a tentativa
de busca permanente do objeto perdido que falta no lugar do Outro. É a busca pela completude, por um objeto que supra
a falta de maneira absoluta.
11
Conjunto de imagens que representam o corpo e o Eu. Sã o o espelho, o olhar do Outro.
12
Dunker, Christian, “O cá lculo neuró tico do gozo”, Sã o Paulo: Escuta, 2002, pg. 206.
13
Idem pg. 207.
14
Do blog www.cristinaproana.livejournal.com
Imagens dos sites: “Diá rio de Ana Mia”, www.proannagorda.zip.net e www.cristinaproana.livejournal.com.

Mas, que linguagem é essa que se apresenta carregada de tamanha violência? Em que
terreno estamos? De qual dimensã o da comunicaçã o estamos tratando? De onde vem os
procedimentos de controle e dominaçã o? Em nome do que ou de quem se está falando?

Para aprofundar a discussã o, transcreve-se abaixo O “juramento Pró -Ana” que se tornou
muito conhecido e tem suscitado muito debate e reaçõ es muito violentas nos blogs
estudados e é, talvez, o exemplo mais bem formulado da voz que esse Supereu pode
assumir.

Juramento Pró-Ana15.

Permita me apresentar. Meu nome, ou como sou chamada, pelos também


chamados ‘doutores‘ é Anorexia. Anorexia Nervosa é meu nome completo,
mas você pode me chamar de Ana. Felizmente nós podemos nos tornar
grandes parceiras. No decorrer do tempo, eu vou investir muito tempo em
você, e eu espero o mesmo de você.

No passado você ouviu seus professores e seus pais falarem sobre você.
Diziam que você era tão madura, inteligente, e que você tinha tanto
potencial. E eu pergunto, aonde tudo isso foi parar? Absolutamente em
lugar algum! Você não é perfeita, você não tenta o bastante! Você
perde muito tempo pensando e falando com amigos! Logo, esses atos não
serão mais permitidos.

Seus amigos não te entendem. Eles não são verdadeiros. No passado,


quando inseguramente você perguntou a eles:- Estou gorda?- E eles te
disseram: - Não, claro que não! - você sabia que eles estavam mentindo!
Apenas eu digo a verdade!

E sem falar nos seus pais! Você sabe que eles te amam e se importam
com você, mas uma parte é porque eles são pais, e são obrigados a isso. Eu
vou te contar um segredo agora: Bem no fundo, eles estão desapontados
com você. A filha deles, que tinha tanto potencial, se transformou em uma
gorda, lerda, e sem merecimento de nada!

Eu espero muito de você. Você não tem permissão para comer muito.
Eu vou começar devagar: Diminuindo a gordura, lendo tabelas de
nutrição, cortando doces e frituras, etc. Por um tempo os exercícios serão
simples: Corridas, talvez exercícios localizados. Nada muito serio. Talvez
você perca alguns quilos, tire um pouco de gordura deste seu estomago
gordo! Mas não irá demorar muito até eu te dizer que não está bom o
suficiente.

15
Do blog http://girlthin.fashionblog.com.br/90939/Juramento-da-Ana/. Os grifos no texto sã o meus.
Eu vou te fazer diminuir calorias consumidas e vou aumentar a
carga de seus exercícios. Eu vou te forçar até o limite! Eu preciso fazer
isso, pois você não pode me derrotar! Eu vou começando a me colocar
dentro de você. Logo, eu já vou estar lá. Eu vou estar lá quando você
acordar de manha, e correr para a balança. Os números começam ser
amigos e inimigos ao mesmo tempo, e você, em pensamento reza para que
eles sejam menores do que ontem à noite. Você olha no espelho com
enjôo. Você fica enjoada quando vê tanta banha nesse seu estomago,
e sorri quando começam a aparecer seus ossos. E eu estou lá quando
você pensa nos planos do dia: 400cal e 2h de exercícios. Sou eu quem esta
fazendo esses planos, pois agora meus pensamentos e seus pensamentos
estão juntos, como um só.

Eu te sigo durante o dia. Na escola, quando sua mente sente vontade,


eu te dou alguma coisa para pensar! Recontar as calorias consumidas
do dia. Elas são muitas. Eu vou encher sua cabeça com pensamentos sobre
comida, peso e calorias. Pois agora, eu realmente estou dentro de você.
Eu sou sua cabeça, seu coração e sua alma. A dor da fome, que você
finge não sentir, sou eu dentro de você!

Logo, eu não vou estar te dizendo o que fazer com comida, mas o que fazer
o tempo todo! Sorria, se apresente bem. Diminua esse estomago gordo,
Droga! Deus, você é uma vaca gorda!!! Quando as horas das refeições
chegarem, eu vou te dizer o que fazer. Quando eu fizer um prato de alface,
será como uma refeição de rei! Empurre a comida envolta! Faça uma cara
de cheia… Como se você já tivesse comido! Nenhum pedacinho de nada…
Se você comer, todo o controle será quebrado… E você quer isso? Ser
de novo aquela vaca gorda que você era?

Às vezes você vai ser rebelde. Felizmente não com muita frequência. Você
vai dar força aqueles últimos pensamentos, e talvez entrar naquela
cozinha escura! A porta vai se abrir devagar, você vai abrindo a porta do
armário e colocando sua mão naquele pacote de biscoitos, e você vai
simplesmente engoli-los, sem sentir gosto nenhum na verdade, você
faz isso pelo simples falo que você esta indo contra mim. Você procura
por outra caixa de biscoitos, e outra e outra. Seu estomago está cheio de
massa e gordura, mas você não vai parar ainda. E o tempo todo eu vou
estar gritando para que você pare, sua vaca gorda! Você realmente não
tem controle, você vai engordar!

Quando isso acabar, você vai vir desesperada para mim de novo, e me
pedir conselhos porque você não quer ficar gorda! Você quebrou uma
regra, e comeu, e agora você me quer de volta. Eu vou te forçar a ir ao
banheiro, ajoelhada e olhando para a privada! Seus dedos vão para dentro
da sua garganta, e com uma quantidade de dor, a comida vai toda sair.
Você vai repetir isso varias vezes, ate que você cuspa sangue e saiba que
toda aquela comida se foi! E quando você se levantar, você vai sentir
tontura. Não desmaie! Fique em pé agora mesmo! Sua vaca gorda!
Você merece sentir dor!

Mas nós não podemos contar a ninguém. Se você decidir o contrário, e


contar como eu te faço viver, todo o inferno vai voltar! Ninguém pode
descobrir, ninguém pode quebrar esta concha que eu tenho construído com
você! Eu criei você, magra, perfeita, minha criança lutadora! Você é
minha, é só minha! Sem mim, você é nada! Então, não me contrarie.
Quando outras pessoas comentarem, ignore-os! Esqueça deles, esqueça
todos querem me fazer ir embora. Eu sou seu melhor apoio, e pretendo
continuar assim.

Com sinceridade. ANA

As buscas que aparecem desse movimento estã o ludibriadas pela ausência de um desejo
pró prio ao sujeito. Os investimentos libidinais estã o todos deslocados para o alimento,
que deveria ser o objeto de amor do e pelo Outro, e estã o aqui associados a Thanatos na
repetiçã o, na obsessã o em “comer nada” para atingir a perfeiçã o. Thanatros é a reduçã o
ao inorgâ nico, mas também a repetiçã o de estagna a vida, a compulsã o pela nada, a
procura de objetos nã o barrados, objetos totais A negaçã o do alimento é o objeto da
perfeiçã o. O nada se transforma em objeto de gozo absoluto.

Esse ideal, sem limites, sem ter se transmutado no significante da falta, traz uma
concretude avassaladora. Sem poder sonhar, sem poder exercer a vida simbó lica,
aparecem as sensaçõ es corporais. Fugas somá ticas que surgem no lugar das fantasias. O
anoréxico cria um espaço estéril entre ele e seu meio: “Você perde muito tempo pensando
e falando com amigos! Logo, esses atos não serão mais permitidos” (Juramento Pró Ana,
supra) e, sendo assim, só lhe resta se oferecer ao desejo do Outro que aparece
materializado no corpo real, nã o simbolizado e num imaginá rio distorcido: “você olha no
espelho com enjôo. Você fica enjoada quando vê tanta banha nesse seu estomago”
(Juramento Pró Ana, supra).

Nesse sentido, a boca se fecha para a comida na mesma proporçã o que a mente burla a
possibilidade de pensar e sentir o desejo e a satisfaçã o. Tudo se passa, assim, como se “a
memó ria para as experiências de prazer (estivesse) prejudicadas; logo, o desprazer e o
desconforto imperam, soberanos”16. Come-se compulsivamente o nada, deixando que a
pulsã o de morte, tomada pela libido (oralidade eró gena revertida contra o sujeito), se
volte contra o Eu. Amor, assim como a agressividade, nã o encontram objeto externo e se
retém no sujeito. Há, portanto, uma ruptura fundamental nas relaçõ es de objeto.

Começa a surgir, entã o, uma pista de reflexã o sobre as raízes desse sintoma, já que toda
relaçã o de objeto tem origem no desenrolar do É dipo e, principalmente, no desfecho do
primeiro tempo da situaçã o Edípica, através do colapso narcísico.

A anorexia, as relações de objeto e o papel da função de mãe.

Para melhor compreender os problemas nas relaçõ es de objeto que poderiam levar ao
sintoma anoréxico, faz-se necessá rio retomar a interpretaçã o lacaniana do É dipo17.

A imagem corpó rea do bebê no espelho (os olhos da mãe) confirma uma sensaçã o de
completude. É a imagem especular de que ele é completo, perfeito, apesar da sensaçã o
de descoordenaçã o e dependência. O Falo para o bebê é, dessa forma, a imagem do
corpo que lhe dá a sensaçã o de plenitude. Institui-se, a partir de entã o, um grau de
valoraçã o. A valoraçã o má xima de algo, de um objeto, de um ser, é o Eu Ideal. Essa
valoraçã o má xima é passada para o menino através da linguagem e do olhar da mãe (ou
de quem exerce a funçã o de mãe).

16
In “Em busca das palavras perdidas: corpo-carcereiro da mente nos distú rbios alimentares.” Marina Ramalho Miranda, in revista Ide 30(45), pá g. 29, Sã o
Paulo, dezembro de 2007
17
O É dipo em Freud e Lacan – Bleichmar, H. Introduçã o ao Estudo das Perversõ es.
Dessa maneira, a mã e, nesse primeiro está gio, é o Outro, ou seja, aquele que traz o
có digo, mas também será o outro imaginá rio, aquele com quem o bebê irá se identificar.
Ele irá crer que esse outro é ele pró prio (ego-representaçã o com relaçã o ao qual irá
construir sua identidade).

O momento em que o bebê percebe nã o ser a imagem de perfeiçã o para a mã e (nã o ser o
Falo); em que a mã e (ou quem exerce a funçã o de mã e) olha para fora da relaçã o dual
com seu bebê, fazendo intervir a funçã o de pai, ocorre o colapso narcísico que abre a
possibilidade para se constituir um ideal limitado do Eu. Esse Essa nova instâ ncia, o
Supereu, irá intervir como senso crítico e moral, cuja funçã o será lembrar o sujeito dos
limites do pró prio corpo e que o Eu Ideal é inatingível.

Evidentemente, para que se complete a dissoluçã o do É dipo, haverá um segundo


momento em que o que exerce a funçã o de pai também deverá aparecer como castrado e
ninguém mais será o falo. Esse estará inserido na cultura. Mas, se essa primeira fase nã o
se perfaz ou apresenta alguma falha constitutiva, o sujeito poderá passar sua vida
buscando a plenitude e a perfeiçã o em si e nos objetos que de si emanam, sem aceitar as
limitaçõ es que lhe sã o impostas por seu Eu corpó reo.

Supõ e-se, portanto, que na anorexia há um descompasso entre filho-mã e, uma ruptura
ocorrida nesse processo. Pressupõ e-se que mãe tivera uma falha na estruturaçã o
edipiana onde a figura masculina nã o representou um papel determinante: o papel do
interditor, daquele que traz as regras, daquele que rompe com a unidade fusional do
filho com a mãe e que representa um objeto de amor para a mã e e para o filho, seja pela
projeçã o da libido, seja pela identificaçã o. A mã e, dessa maneira, nã o castrada, procura
manter a todo preço a unidade fusional. O vazio interno da mã e volta ao bebê com uma
fome ilimitada de completude. Um objeto intrusivo devastador, uma boca tirâ nica.

Dessa forma, a criança, mais tarde o indivíduo maduro, tende a desenvolver uma
formaçã o reativa, uma resistência a essa opressã o. O que essa mã e oferece nã o pode ser
aceito. Tenta se libertar da opressã o recusando o alimento, posto que o alimento
materno é o primeiro objeto oferecido pelo outro. Nessa operaçã o, infelizmente, o vazio
se torna constitutivo também para o sujeito. A tentativa de libertaçã o da boca tirâ nica
nã o é malfadada e ocorre uma ruptura na relaçã o do sujeito com os objetos, entre eles e,
principalmente, o alimento. O corpo que, sem limites procurar objetos de completude,
nada encontra como objeto de consecuçã o do prazer e, in fine, absorve o nada como
ú nico objeto possível, completo, integral. O nada, representante da pulsã o de morte.

Emagrecer na anorexia é, portanto, uma inscriçã o no corpo da busca de uma libertaçã o:


fazer desaparecer de dentro de si o desejo do Outro. Daí as sensaçõ es de alívio corporal
quando há um “vazio no estô mago”.

Embora ainda nã o possa, no presente trabalho, entender como ele surge, pode-se inferir
que o Supereu do anoréxico é de origem materna e nã o paterna. É uma instâ ncia crítica
diretamente conectada à sensaçã o de completude e a nã o aceitaçã o do objeto perdido do
Outro. Esse Supereu materno é extremamente severo e cruel pois aspira à perfeiçã o:
“Você não é perfeita, você não tenta o bastante! (...) (Seus pais) estão desapontados com
você. A filha deles, que tinha tanto potencial, se transformou em uma gorda, lerda, e sem
merecimento de nada! (cf. “Juramento Pró Ana”, supra). Sem interdiçã o paterna, esse
Supereu quer tudo, absolutamente tudo, tudo absolutamente. Mas como nada existe o
absoluto, os objetos se transformariam em nada. Um nã o-significado.

A razã o da anorexia surgir frequentemente na adolescência se deve à irrupçã o da


sexualidade e da libido. O sujeito que tem um vazio constitutivo é incapaz de catexizar
objetos. Ele nã o pode ser tudo, nã o consegue significar o tudo, nã o consegue se ver
potente face ao mundo e nã o obtém satisfaçã o de ninguém ou nada. O Eu tenta se
defender contra sua iminente fragmentaçã o, esmagado pelo Supereu materno e
pressionado pelo Isso que tenta investir objetos. Toda libido se associa à pulsã o de
morte que se volta contra esse Eu impotente com uma força avassaladora. Essa defesa
subverte a ordem natural do desenvolvimento físico e emocional: vontade, desejo, fome,
os atrativos femininos caminham na contramã o da natureza chocando-se com a
genitalidade e com o alcance das significaçõ es. Há uma regressã o à fase oral, aná loga à
regressã o ocorrida para a primeira fase do É dipo (cf. nota 6 supra).

Com a impossibilidade de nomear a angú stia que favorece a migraçã o do afeto para o
corpo, qual o papel da palavra? Há uma abordagem terapêutica e o que pode a aná lise
fazer?

A abordagem terapêutica no caso da anorexia e o papel da análise.

Como já se disse, a anorexia traz um desafio radical para qualquer abordagem


terapêutica. Há que se ter muito cuidado ao lidar com um corpo cujo significado está
perdido num imaginá rio reforçado por uma iconografia mediá tica, onde o Outro é
aquele que se odeia, com quem se identifica e a quem se aspira.

“Ao contrário do que muitos dizem, não somos um bando de loucas


compulsivas por magreza, apenas lutamos para sermos felizes com nosso
próprio corpo, pois isso todos fazem mas cada um a sua maneira. OU
AGORA ME DIZ SE ALGUÉM JÁ VIU ALGUM OBESO FELIZ.. COM A SAÚDE
PERFEITA ??? rsrs) Nunca não é ??Gordura não é saúde... Ao mesmo tempo
que uma garota pode morrer de Anorexia... (é dobrado o número de obesos
que podem morrer a qualquer momento por ai, ou mesmo muitos até
sofrem de depressão ..Isso a mídia infelizmente não mostra !!! Sou Pró- Ana
e Mia !!!!E sou Feliz assim !!!--- Pois perfeição não inclui COMIDA !!!”do blog
“Diá rio de Ana Mia”.

Uma morreu, e outras antes desta que morreram tmb e ninguém soube...
procurar no google é fácil... criticar tmb... dificil é assumir que todos
(inclusive quem nos critica ) são escravos de um meio de comunicação que
manipula as pessoas. Tanto as modelos, qt os que continuam vendendo as
modelos como carne e os que compram... Não sou ana por modismo... sou
ana a algum tempo... antes de saber que a ana matava...Sabe, vc pode me
ofender, me xingar e me chamar de futil pq eu nao quero comer...Mas isto
nao vai me fazer mudar de ideia...mas pior...me faz ter a certeza de que vcs
nao querem bem a niguem e sao nossos inimigosA ALGUM TEMPO ANTES
DE ESCREVERMOS BLOGS UMA PESSOA INTELIGENTE DISSE QUE JÁ QUE
NÃO PODE VENCÊ-LOS JUNTE-SE A ELES. Do Blog www.proannagorda.zip.net

A consciência de se dobrar ao desejo do Outro é assumida e reivindicada. A razã o dos


males da anorexia nã o importam. Ser Pró Ana é estar num universo onde se conhece o
combate entre a “Alma leve, alva, branca e gelada com o corpo pesado, negro quente e
selvagem”18. Nos estados em que há um profundo conflito entre as instâncias psíquicas,
os processos de simbolizaçã o ficam prejudicados e há uma predominâ ncia de atos no

18
Miranda, Maria R., “Em busca das palavras perdidas: corpo-carcereiro da mente nos distú rbios
alimentares”. Marina Ramalho Miranda, in revista Ide 30(45), pá gs. 28 – 34, Sã o Paulo, dezembro
de 2007.
lugar das palavras. Nã o há texto que possa convencer o anoréxico, pois imperam o
desespero e a angú stia...

“Porr favorrr.. quero ser magra.. nao aguentoo mais essas modelos sendo
magrass e euu serr gordaa.. queroo dicas.. quero tudo o q precisar para
para imagresser.... porr favorrrrr”. Do Blog www.proannagorda.zip.net

“não aguento mais, preciso emagrecer...e consegui emagrecer um pouco


com uma dieta mais naum foi do jeito que ru queria e demorou um
pouco...precsiso emagrecer logo...gentee men ajuda...vc dona do blog men
ajuda...to pedindo socoro...help,help,help... cansei de ser disvalorisada,quero
ser levada a serio...” Do Blog www.cristinaproana.livejournal.com.

Estou em crise de desespero. Quero ser uma Ana. Quero aprender a me


comportar de maneira discreta, "No food". Preciso de ajuda! Do Blog
www.cristinaproana.livejournal.com

... desespero respondido com um fortalecimento de uma identidade constituída em


torno da pulsã o de morte. Ser Pró -Ana ou Pró -Mia é uma forma de existir pessoal,
familiar e socialmente...

“Esse comentário é para as pessoas que acham a Ana e a Mia uma coisa
ruim...eu sou um exemplo de vitória pois eu era obesa e vivia sendo
esculachado por todos , no colégio, na rua e etc... hoje ainda n cheguei no
peso ideal pois parei um pouco para a anorexia e a bulimia n virarem
doença ( parei dois meses exatamente fazendo exercícios diariamente para
me manter), amanhã irei começar novamente... hoje tenho muitos caras
em minha volta e n sou magérrima mas n sou mais obesa sou uma pessoa
dentro da normalidade de peso porem quero chegar aos 47 quilos(peso
ideal). a verdade é que a menina tem que ter auto controle e saber quando
parar, eu fiz muitas dietas e etc, e nenhuma tinha dado certo só a Ana e a
Mia me ajudaram, outra coisa é que quem faz redução de estomago come o
que? nada pq c comer nos primeiros meses pode morrer, sabiam? eles só
podem tomar líquidos ... e os remédios para emagrecer são o q? inibidores
de apetite... então na verdade eles tão pagando para fazer Ana!!! olha
pensem bem antes de criticar e ter preconceito contra nós né meninas...” Do
Blog www.cristinaproana.livejournal.com

...desenvolvendo todas as estratégias possíveis para se libertar do gozo do Outro...

Vocês sabem que eu fiquei bonitinha um tempo, comendo normal e agora


botei na cabeça que vou ficar mais magra que antes!!! Eu sempre fui mais
amiga da ana, tomo laxante e tal, mas evito ao máximo de miar, acontece
que minha mãe reparou que eu evito de comer (de novo) e começou a fazer
janta, preparar meu prato e ficar ao meu lado, vigiando se eu vou comer...
saco!!!!! Dai, depois de ter ficado feliz, me pesei e tinha emagrecido 1 quilo,
mas alegria de pobre dura pouco...Depois dessa comida toda, que nojo...eu
miei... no banheiro, mas parece que não saiu tudo... Isso é muito ruim, pq
prefiro ficar sem comer a miar, pq vc nunca mia td que comeu...Fiquei P. da
vida...pq ela faz isso????? Agora, 4 laxantes...é a vida e não vou engordar
este quilo novamente.... Do Blog www.proannagorda.zip.net
...mesmo que essa liberdade implique a morte. Nã o se pode querer mudar os padrõ es de
comportamento com o olhar crítico. Em face das manifestaçõ es de mães indignadas, é
justamente isso que as Pró Anas nos dizem rejeitar...

“ Eu posso morrer, mas cada dia aumento o número d Anas... não mate sua
filha... pq vc não sabe se ela é uma das milhares espalhadas pela net... me
deixe escrever e não me critique pq não vou deixar de ser Ana e na pior das
hipóteses, imagine que esta garota fútil pode ser sua filha...” Do Blog
www.proannagorda.zip.net

Trabalhar para mudar o comportamento ou tentar fortalecer o EU seriam estratégias


fadados ao insucesso. A resistência do Eu a significantes de transformaçã o parece clara.
Esvaziar os sentidos ideativos em que o sujeito está preso e que o impedem de se
movimentar e de subjetivar seu desejo parece se um caminho mais profícuo num
sintoma onde as pulsõ es e seus representantes psíquicos estã o impedidos de serem
reconhecidos. A escuta analítica deve, assim, proporcionar um campo para que surja na
fala do analisando a palavra libertadora, a palavra-alimento que retorna a libido à
pulsã o de vida. Enfim, a palavra que realiza a entrada no simbó lico.

Mas como fazer isso, se o sujeito vive através das imagens do Outro, de ideais de
perfeiçã o concretos, sem significado subjetivo já que hetero-imputados. Como lidar
através da palavra quando há um vazio no lugar da fala e da memó ria? Talvez nas
bordas da imagem e do corpo, no limite da vida e da morte, na condiçã o de solidã o que é
comum a todo ser humano se situe a possibilidade de uma metá fora de si mesmo, sem a
presença do Outro:

“O natal de quem não tem alguém pra te abraçarqual o sentido da frase


feliz natal?????se o ideal é te desejar que seja feliz o ano todoqd a dor de
dentro é mais forte q a de fora... morrer se apresenta como a melhor
alternativa e parece q vc não faz mais falta,o mundo se tinge de cinza e seu
coração se parte em 2... nem q vc tatuasse sua testa as pessoas iam notarpq
vc é invisível...pq comprar roupa se ninguem te ve?pq chorrar se ninguem
te ouve?pq cair se ninguem liga se vc vai conseguir se levantar? as pessoa
te olham e dizem q vc tem tudp...soh vc sabe o preço q foi conseguir...vc esta
num labirinto escuro e simplesmete não consegue sair...pq comprar as
roupas mais caras pra alguem te amar?Se doi as costas é pq vc esta velha e
nada mais importa..Uma hora ou outra vc vai morrer mesmo...questão de
tempoVC SE PERGUNTA SE ESTA LOUCA PQ NEM VC MESMA SE ENTENDE
E DA VONTADE DE GRITAR PARA SI MESMA   MORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!  ATE
OBEDECER...”

O que mata nã o é a falta de comida, mas de singularidade. A solidã o é inerente ao ser e


torna possível a existência do sujeito. A lucidez do texto acima nos mostra que é possível
trabalhar um significado para os ideais que desamparam e desesperam. Mas isso só é
possível dando espaço para o renascimento do sujeito. Ficar ao lado do anoréxico, forçá -
lo a comer, tentar convencê-lo, fazê-lo frequentar grupos de ajuda sã o atos que somente
fortalecem a identidade daquele que se reclama o “direito” de ser quem ele é O destino
do anoréxico que existe aos olhos dos outros como tal só pode ser um.

O caso da francesa Isabelle Caro, que ficou conhecida por encabeçar uma campanha
contra a anorexia e a “ditadura” dos padrõ es de beleza da mídia, é paradigmá tico.
Isabelle fez o mundo conhecer seu sintoma, escreveu um livro sobre sua histó ria,
dedicava-se a dar entrevistas sobre o tema, a participar de comunidades Pró Ana,
tentando conscientizar os anoréxicos e bulímicos sobre o risco de suas prá ticas. A mídia
a acolheu, a sociedade se compadeceu com seu drama e Isabelle morreu aos 28 anos,
com um 1,65 e 25 quilos. Identificada à anorexia, Isabelle nã o pode existir fora da sua
condiçã o. Seu destino nã o poderia ser outro, a nã o ser o de sucumbir à devoraçã o do
gozo do Outro.

Conclusão

Os textos aqui relatados sã o desabafos e nã o apologias. As Pró Anas, Pró Mias pedem
ajuda, querem um caminho que as permitam encontrar uma voz pró pria, a satisfaçã o de
seus desejos. A transferência analítica, sem a pretensã o de explicar ou compreender,
pode ter um papel essencial se, ao invés de encher o analisando de conteú dos, tentar
esvaziar os sentidos do Outro e criar um espaço de ressignificaçã o que permita o
movimento, para que o indivíduo encontre os significantes de sua falta e se torne sujeito.
Nã o é demais assinalar que a falta nã o existe na perfeiçã o, mas na aceitaçã o dos limites
da existência. O estudo da anorexia e dos distú rbios alimentares coloca esse desafio que,
ainda sob forma de rascunho, começo a estudar a partir do presente trabalho.

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