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O APOIO PSICOSSOCIAL ÀS FAMILIAS ASSISTIDAS NO

NÚCLEO DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE DA POLICLÍNICA DE


QUIXADÁ: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Juliana Alves de Oliveira Ferreira

INTRODUÇÃO:
Diante da situação de emergência em saúde pública determinada pelo
aumento dos registros de microcefalia associadas à infecção pelo vírus Zika,
bem como o surgimento de novas evidências que apontam para a existência de
outras consequências e doenças relacionada a esse vírus, tornou-se premente
a necessidade de qualificação das ações de apoio psicossocial, de modo a
possibilitar a atenção integral às crianças, mulheres e famílias nesse contexto.
Sendo assim, é fundamental que a rede de atenção à saúde, em articulação
com os demais serviços e políticas intersetoriais, ofereça todo o apoio
necessário. De acordo com Ferreira (2018),a criação dos Núcleos de
Estimulação Precoce nas Policlínicas do Estado surge como uma estratégia da
Secretaria de Saúde do Estado (SESA) de enfrentamento a epidemia de bebês
nascidos com microcefalia associada a outros transtornos neuropsicomotores
em decorrência da infecção pelo Zika vírus, descentralizando dessa forma o
atendimento e garantido as famílias um serviço especializado e efetivando os
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). É fundamental que as famílias
compreendam a deficiência como uma forma diferente de se estar no mundo
que é inerente à diversidade humana, assim como, todo investimento em
saúde, educação e inclusão social resulta em uma melhor qualidade de vida e
autonomia para a criança e suas famílias. A Lei Brasileira de Inclusão, nº
13.146, de 6 de julho de 2015, que institui o Estatuto da Pessoa com
Deficiência, assegura atenção integral à saúde da pessoa com deficiência em
todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS, garantindo acesso
universal e igualitário. OBJETIVO: Descrever as estratégias de apoio
psicossocial desenvolvidas em grupos de famílias das crianças assistidas no
Núcleo de estimulação Precoce ( NEP) da Policlínica de Quixadá – CE.

METODOLOGIA: As famílias assistidas pela equipe do interdisciplinar do NEP


passam inicialmente por uma avaliação, leitura e assinatura do termo de
compromisso, onde é explicado o fluxo do serviço que será oferecido, nesse

Juliana Alves de Oliveira Ferreira, Terapeuta Ocupacional, Especialização Gestão Pública em Saúde, Policlínica Quixadá; Bruna
Oliveira Vieira Pinho , Fonoaudióloga, Policlínica Quixadá; Delcilda Eugênia Sousa Lopes, Fisioterapeuta , Policlínica Quixadá;
Monique Guedes Gonçalves, Enfermeira, Policlínica Quixadá. jualves1003@gmail.com
momento são informadas que participarão do grupo de famílias, que consiste
em um atendimento centrado e voltado para a família, o mesmo é realizado
mensalmente na ultima terça- feira. Os temas debatidos e executados visam
cuidar e apoiar as famílias, com informações precisas que ajudam a reduzir a
ansiedade diante do diagnostico de atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor e/ou de alguma seqüela neurológica. São utilizadas
estratégias de metodologias criativas, aliada a escuta qualificada por parte da
equipe. RESULTADOS/DISCUSSÃO: Desde a implantação do NEP de
Quixadá, em julho de 2016 até julho 2019 foram realizados 30 encontros,dentre
eles debatidos as seguintes temáticas:

Ao término de cada grupo as famílias participantes sugerem a temática do mês


seguinte e avaliam a eficácia dos encontros. Observou-se que temáticas que
resgatam a auto-estima e o auto – cuidado são as de maiores adesão, onde as
participantes sempre relatam a satisfação de vivenciar esse momento por não
terem outros como esse em seus domicílios devido a sobrecarga do cuidado.
Outra temática de boa aceitação são os “workshop” sobre cuidados com o
bebê, onde os familiares, mais especificamente a figura materna, vivenciam o
cotidiano das atividades de vida diária de seus filhos, simulando com bonecos
e em seguida reproduzindo com as crianças. Nesse momento os familiares
compartilham as dificuldades no manuseio durante a alimentação, o brincar e o
banho, ao mesmo tempo compartilham experiências exitosas com os demais
participantes. Em todas as ações são utilizadas rodas de conversa, tal
estratégia valoriza os processos coletivos e consiste na criação de espaços de
diálogo. Afonso e Abade (2008) destacam que as rodas de conversa são
utilizadas nas metodologias participativas, seu referencial teórico parte da
articulação de autores da psicologia social, da psicanálise, da educação e seu
fundamento metodológico se alicerça nas oficinas de intervenção psicossocial,
tendo por objetivo a constituição de um espaço onde seus participantes reflitam
acerca do cotidiano, ou seja, de sua relação com o mundo, com o trabalho,
com o projeto de vida. Observamos que as rodas desenvolvidas nos grupos de
famílias auxiliam na expressão dos sentimentos, bem como na superação de
medos e entraves relacionados ao cuidado de um filho com deficiência.

REFERÊNCIAS

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AFONSO, M. L.; ABADE, F. L. Para reinventar as rodas: rodas de conversa
em direitos humanos. Belo Horizonte: RECIMAM, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento


de Ações Programáticas Estratégicas. Apoio psicossocial a mulheres
gestantes, famílias e cuidadores de crianças com síndrome congênita por
vírus Zika e outras deficiências: guia de práticas para profissionais e equipes
de saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília :
Ministério da Saúde, 2017.

_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento


de Atenção Básica. Saúde mental. Brasília, 2013. (Cadernos de Atenção
Básica, n. 34).

FERREIRA, Juliana Alves de Oliveira. IMPLANTAÇÃO DOS NÚCLEOS DE


ESTIMULAÇÃO PRECOCE COMO ESTRATÉGIA DE ENFRENTAMENTO À
SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS NO ESTADO DO CEARÁ [recurso
eletrônico] / Juliana Alves de Oliveira Ferreira. - 2018. 1 CD-ROM: il.; 4 ¾ pol.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SÁUDE. Apoio psicossocial para mulheres


grávidas e famílias com microcefalia e outras complicações neurológicas
no contexto do Zika vírus: guia preliminar para provedores de cuidados à
saúde. Genebra, 2016.

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