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TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO

autor do original
FABIANO GONÇALVES DOS SANTOS

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2015
Conselho editorial  fernando fukuda, simone markenson, jeferson ferreira fagundes

Autor do original  fabiano gonçalves dos santos

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  rodrigo azevedo de oliveira

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  fabrico

Revisão linguística  aderbal torres bezerra

Imagem de capa  shutterstock

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

G635n Gonçalves, Fabiano


Tecnologia da informação e da comunicação / Fabiano
Gonçalves.
Rio de Janeiro : SESES, 2014.
120 p. : il.
ISBN 978-85-60923-46-5
1. Sociedade da informação. 2. Informação e conhecimento
3. Tecnologia da informação. 4. Tecnologia e sociedade.
I. SESES. II. Estácio.
CDD 004

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Ciência, tecnologia e sociedade 10

Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade 11


Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade 13
Evolução social, científica e tecnológica 15
Neutralidade 16
O determinismo tecnológico 18
A associação em rede 20

2. Sociedade da informação e sociedade do


conhecimento 28
Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento 29
Sociedade em rede 33
Modelos de sociedade da informação 37
Reestruturação produtiva e sociedade da informação 41
Cadeias de negócio 42
OCDE 43
O livro verde da sociedade da informação no Brasil 45

3. A revolução digital 50

A Internet 51
O conhecimento digitalizado 65
Tecnologia onipresente 66
4. Tecnologias da informação e comunicação 72

Conceito de TIC 73
Aplicações das TICs 75
O impacto das TICs na sociedade 79
Relação dialética entre a sociedade e as TICs 85

5. Aspectos éticos, legais e profissionais, TI verde


e sustentabilidade 92
Introdução 93
Aspectos éticos e legais relacionados ao exercício
profissional na área de TI 94
Mercado de trabalho na área de TI e tendências 98
Mercado de trabalho 99
Perfil Profissional 101
Regulamentação da profissão na área de Tecnologia da Informação 106
TI Verde e Sustentabilidade 107
Uso de TI em prol do meio ambiente 112
Estratégias empresariais de TI “Verde” 115
Usando a TI para sustentabilidade ambiental 116
Prefácio
Prezados(as) alunos (as)

Todos possuem conceitos variados sobre os termos ciência, sociedade e


tecnologia. Ao consultarmos o Dicionário Aurélio, encontramos a seguinte defi-
nição:
“Um conjunto organizado e relativo aos conhecimentos de certas categorias
que estão relacionados com os fatos ou fenômenos.”
Toda ciência, para definir-se como tal, deve necessariamente recortar, no real,
seu objeto próprio, assim como definir as bases de uma metodologia específica:
ciências físicas e naturais.
A sociedade, por sua vez, pode ser definida:“Reunião de homens, de animais,
que vivem em grupos organizados; corpo social. Conjunto de membros de uma
coletividade, sujeitos às mesmas leis. Cada um dos diversos estágios da evolução
do gênero humano.” E a ciência: “Estudo dos instrumentos, processos e métodos
empregados nos diversos ramos industriais.”
Portanto,podemosperceberclaramentequeaciênciaestádiretamenterelacio-
nada ao conhecimento, à sociedade, aos seres humanos e à tecnologia, às técnicas,
aos métodos, processos e instrumentos.
Nesta disciplina, estudaremos um pouco sobre este importante assunto: Ci-
ência, sociedade e tecnologia. Ambientaremos o aluno neste tema, procurando
mostrar-lhe que a tecnologia, de que tanto gostamos, precisa ser contextualizada
juntamente com outros elementos.

Bons estudos!
1
Ciência, tecnologia e
sociedade
1  Ciência, tecnologia e sociedade
Vamos estudar a ideia de neutralidade da ciência. A questão está no centro do
debate entre os estudos sobre as características da ciência e seu papel na socie-
dade.
A questão principal é se a ciência é ou não influenciada pelo contexto socio-
cultural, pelos valores sociais, interesses políticos e econômicos. Tal discussão
é importante porque a visão da ciência neutra tem implicações na escolha dos
temas, na política que define as prioridades de pesquisa e influencia as rela-
ções entre o ambiente científico e os outros setores da sociedade.
É importante sabermos que a questão da neutralidade da ciência está relacio-
nada a um modo de produzir conhecimento sobre os fenômenos da natureza ba-
seado na matemática, que procurou definir leis gerais de alcance universal para
controlar e transformar a natureza. Esse modo de fazer ciência separa a natureza
(objeto) da sociedade (sujeito). Veremos que a visão dominante de ciência neutra,
autônoma e universal está sendo negada pelo próprio avanço do conhecimento,
com o surgimento de novas teorias nas ciências naturais que superam as ante-
riores, e por fatos históricos que estão relacionados ao uso da ciência para fins
político-militares no desenvolvimento de armas e aplicação no processo de
produção capitalista.

OBJETIVOS
•  Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade;
•  Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade;
•  Evolução social, científica e tecnológica;
•  Neutralidade;
•  Determinismo tecnológico;
•  Dialética;
•  Associação em rede.

10 • capítulo 1
REFLEXÃO
Há alguns anos passava um seriado na televisão cujo protagonista era um cientista maluco
com dois ajudantes: um rato de laboratório gigante e uma assistente. Embora bem-humora-
do, o seriado era interessante porque ele, juntamente seus auxiliares, fazia várias experiên-
cias para mostrar as leis da física, química, matemática, mecânica e outras. Era bastante in-
teressante e lúdico para quem lhe assistia. Ele mostrava a ciência na prática. Vamos estudar
um pouco sobre a ciência neste capítulo.

1.1  Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade

As três palavras: ciência, tecnologia e sociedade formam um conjunto mui-


to mais abrangente do que podemos imaginar. Existem vários autores com di-
ferentes abordagens para tratar cada uma delas separadamente e em conjunto.
Porém, nosso estudo será baseado numa definição geral e com aplicações nas
áreas de informática a fim de dirigir e orientar os alunos desta área sobre esses
conceitos importantes.
Podemos iniciar observando que não é possível separar os conhecimentos
científicos e artefatos tecnológicos, pois entendemos que ambos estão relacio-
nados. Onde há ciência, há tecnologia, e nesse caso tecnologia não é apenas
equipamentos de hardware ou infraestruturas complexas.
A palavra tecnologia é derivada do grego tekhne, “relativo à arte, aos traba-
lhos de artesão” mais logos, “estudo, tratado, palavra”. Portanto tecnologia sig-
nifica “estudo da técnica”.
Segundo o dicionário Michaelis, tecnologia pode ser definida como “aplica-
ção de conhecimentos científicos à produção em geral” (EDITORA MELHORA-
MENTOS, 2009).
A palavra ciência provém do latim scientia e seu significado é “conhecimento”
ou qualquer “conhecimento sistemático”. Esse conhecimento é adquirido por
meio de métodos científicos, geralmente estudados na disciplina “Metodologia
científica”, presente em vários cursos de graduação e pós (strictu ou latu sensu).
Segundo (CHIBENI, 2014), existe uma definição estrita na qual a ciência é
tratada como o conhecimento claro e evidente de alguma coisa fundamentado
por princípios evidentes e demonstrações ou por raciocínios experimentais ou

capítulo 1 • 11
mesmo pela análise da sociedade e fatos humanos. Desta forma, aparecem três
tipos de ciência: as ciências formais, as matemáticas e as sociais.
A ciência é um campo de estudo muito abrangente. Existem vários autores,
desde a Antiguidade, que pesquisam esse assunto, inclusive do ponto de vista
filosófico. Para os cientistas tradicionais, a definição mais empregada é a defi-
nição estrita, citada no parágrafo anterior.
Entre as correntes filosóficas que tratam da ciência, existe uma chamada
empirismo. No empirismo, basicamente, a ciência e suas teorias são objetivas,
testadas e previstas empiricamente.

CONCEITO
Segundo o dicionário Michaelis (2009), o empirismo é um “Sistema filosófico que nega a
existência de axiomas como princípios de conhecimento, logicamente independentes da ex-
periência”. Outra definição é “Conhecimentos práticos devidos meramente à experiência”.
Ou seja, quando tratamos de algo empírico, estamos lidando com algo que foi testado expe-
rimentalmente. ”.

Dentro do empirismo, encontramos o positivismo, que, fundamentado pe-


los estudos do filósofo Augusto Comte, defende a ideia central que o conhe-
cimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Ou, ainda, o
positivismo busca, a partir da razão, formular leis para conhecer e ordenar a
realidade. Ainda, o positivismo defende o uso da ciência a fim de governar as
relações humanas. E, dessa forma, entramos na terceira palavra da tríade tec-
nologia, ciência e sociedade.
Antes de tratarmos da palavra sociedade, é necessário comentar que essas
posições filosóficas são objetos de críticas por vários autores, os quais defen-
dem suas ideias filosóficas de acordo com outras abordagens. Porém, como
nosso contexto aqui é outro, vamos adotar a linha exposta neste texto.
Quando apresentamos a definição de ciência que vamos usar nessa discipli-
na, citamos que existem três campos da ciência, e um deles é chamado de ciên-
cias sociais. Como podemos perceber, o termo sociais está relacionado ao ter-
mo sociedade e, por sua vez, sociedade, na verdade, origina-se de uma palavra
latina: societas, a qual significa “associação de amizade com vários”. Portanto,
a sociedade é o assunto de estudo das ciências sociais, em especial a sociologia.

12 • capítulo 1
Segundo FONSECA (2010), a sociedade constrói a ciência e a tecnologia e, ao
mesmo tempo, a ciência e a tecnologia constroem a sociedade. Esta frase mostra
bem como a tríade está relacionada. De acordo com CAMARGO (2014), a socie-
dade pode ser resumida como um sistema de interações humanas culturalmente
padronizadas [...] A sociedade é um sistema de símbolos, valores e normas, como
também um sistema de posições e papéis.
A sociedade, na verdade, pode ser interpretada sob diversas formas. Algu-
mas das formas são: positivismo, como vimos rapidamente, e outras como:
funcionalismo, sociologia compreensiva, marxismo (histórico-crítica), estrutu-
ralismo, pós-estruturalismo, fenomenologia, existencialismo, hermenêutica,
genealogia, perspectiva pós-moderna e outras, de acordo com os seus princi-
pais fundamentadores. Portanto, é outro campo de estudo bastante amplo que
foge do nosso contexto.
A sociedade portanto constitui-se de um conjunto baseado em regras e cons-
tituído de pessoas, as quais constroem conhecimentos pela ciência por meio da
tecnologia. Vamos ver esse relacionamento no próximo tópico.
Portanto, em vista dos vários estudos envolvendo ciência, sociedade e tec-
nologia, apareceu o movimento CTS na tentativa de obter maiores atitudes en-
volvendo discussões, questionamentos e críticas em relação ao que é chamado
de tecnociência.
O movimento CTS surgiu por volta de 1970 com o objetivo de ter como lema a
necessidade do cidadão de conhecer os seus direitos e obrigações, de poder pen-
sar por si mesmo e de adquirir uma visão crítica da sociedade da qual participa e
vive e, principalmente, poder ter a disposição de transformar sua realidade, para
melhor. Esse movimento tem ganhado muita força no contexto educacional.

1.2  Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade

Embora tenhamos apresentado os termos ciência, tecnologia e sociedade se-


paradamente no tópico anterior, já podemos perceber que eles não podem ser
totalmente separados.
Porém, podemos estudá-los em duas grandes categorias: a primeira fazen-
do uma análise do elemento determinante da dinâmica da relação, a ciência e
tecnologia (C&T), e a segunda categoria, a sociedade.
A primeira forma de abordagem supõe que a C&T caminha de forma pró-
pria, podendo ou não influenciar a sociedade de alguma maneira.

capítulo 1 • 13
Na segunda abordagem, a C&T em si e não somente o uso que se faz dela
é socialmente determinada. Em razão dessa função que existe entre a C&T e a
sociedade em que foi gerada, ela tende a copiar as relações sociais existentes e
até mesmo inibir a mudança social.
Essas duas abordagens dão origens a duas ideias variantes do mesmo tema:
a neutralidade da C&T e do determinismo tecnológico, e a neutralidade do
construtivismo. Iremos abordar esses assuntos posteriormente.
Podemos perceber que existe um forte relacionamento entre os termos.
Eles estão ligados por uma relação dialética. A tradução da palavra dialética
leva a “caminho entre as ideias”. É um método de diálogo no qual a atenção é
voltada para a contraposição e contradição de ideias e pensamentos que levam
a outras ideias. Porém, por ser outro termo filosófico de que estamos tratando
nesta disciplina, ela é usada por diferentes doutrinas filosóficas e assume e,
portanto, significados distintos.
Quando dizemos que a relação entre ciência, tecnologia e sociedade é dialé-
tica, estamos estabelecendo a seguinte relação:
•  A sociedade determina os impactos na ciência e na tecnologia;
•  A ciência determina os impactos na sociedade e na tecnologia;
•  A tecnologia determina os impactos na sociedade e na ciência.

Usando uma figura como representação, temos:

Ciência

Tecnologia Sociedade

Figura 1 – Relação dialética entre ciência, tecnologia e sociedade

A figura 1 tenta representar, de maneira muito simples, a relação dialética


entre os termos. As setas da figura indicam um duplo sentido simultâneo que
indica o que “determina” e o que é “determinado”.

14 • capítulo 1
Estudaremos este conceito mais à frente, no capítulo 4.
Uma vez de posse do conhecimento adquirido a respeito da relação entre ciên-
cia, sociedade e tecnologia, devemos entender que cada termo reflete um momen-
to histórico em nossa evolução moderna, carregado de crenças, valores, argumen-
tos e conhecimentos próprios do cenário e do período evolutivo em questão.
Portanto, há conceitos diferentes sobre sociedade, ciência e tecnologia, va-
riando de acordo com o período histórico, a cultura, o contexto e a abordagem
que lhes são atribuídos. Sociedade, ciência e tecnologia mantêm uma relação
dialética contínua entre si, em constante interação e determinação mútua de
impactos em sua evolução.

1.3  Evolução social, científica e tecnológica

Como já comentamos, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem


ocasionado muitas transformações na sociedade moderna com reflexos nas
áreas econômicas, políticas e sociais.
Normalmente, consideramos a ciência e a tecnologia os maiores propulso-
res de todas essas transformações, pois proporcionam a evolução do desenvol-
vimento do saber humano e do próprio homem. Portanto, de certa forma, da-
mos muito crédito a esses dois fatores. E isso pode ser perigoso, porque muitas
pessoas ainda possuem dificuldades em perceber que, por trás desses avanços,
amplamente divulgados pela mídia, podem se esconder interesses políticos,
sociais e econômicos.
Vários autores abordam o estudo das relações entre ciência, tecnologia e
sociedade por duas abordagens principais, como já citamos no tópico anterior:
•  “Com foco na C&T”, onde existem duas variantes associadas a ela: a neu-
tralidade da C&T e do determinismo tecnológico. Nesse foco, a C&T é
caracterizada com o seu avanço próprio podendo ou não influenciar a
sociedade de alguma maneira.
•  “Com foco na sociedade”, com a tese fraca da não neutralidade, também
denominada construtivismo, e a tese forte da não neutralidade. Neste
foco, a C&T é socialmente determinada.

capítulo 1 • 15
FOCO NA C&T FOCO NA SOCIEDADE
O desenvolvimento da C&T não provém
A C&T avança contínua, linearmente e sem
do seu interior, e sim é influenciado pela
mudança, seguindo um caminho próprio.
sociedade.

As características da C&T são socialmen-


A C&T não influencia a sociedade (neu-
te determinadas (tese fraca da não neu-
tralidade da C&T).
tralidade).

Devido à sua funcionalidade, ela inibe a


A C&T determina o desenvolvimento eco-
mudança social (tese forte da não neu-
nômico (determinismo tecnológico).
tralidade).

Tabela 1 – Diferentes abordagens no estudo das CTS (DAGNINO, 2011).

CONCEITO
Tecnociência é um conceito que tem sido bastante usado no campo de estudo da ciência e tec-
nologia; retrata o contexto social e tecnológico da ciência. Principalmente depois do período da
Segunda Guerra Mundial, a comunidade científica se viu forçada a distinguir o que era ciência e o
que era tecnologia. Como vimos, a ciência é confundida com a tecnologia, porém são distintas. Na
prática, é impossível separá-las, pois o desenvolvimento e o progresso de cada uma residem na
sua cooperação mútua. Dessa forma, precisam ser tratadas como uma unidada, a tecnociência!
A evolução social, científica e tecnológica trata das questões envolvendo estes termos e, princi-
palmente, da relação deles com o impacto da C&T na sociedade. É interessante abordar estas
questões envolvendo também valores éticos, estéticos e culturais existentes na tecnologia.

1.4  Neutralidade

A ideia da neutralidade na C&T nasceu juntamente com a própria ciência, no


século XV, em oposição ao pensamento religioso, marcante na época. O pensa-
mento religioso era considerado obviamente não neutro, porque exercia gran-
de influência na realidade social.

16 • capítulo 1
O Iluminismo foi um dos primeiros movimentos que questionaram o pen-
samento religioso e abordaram o assunto neutralidade. O positivismo, movi-
mento que já foi citado anteriormente, contribuiu para reforçar a neutralidade.
O positivismo aceita que a subjetividade deve estar dentro dos limites da obje-
tividade e, da forma como prega, aceita a realidade do jeito que ela é e assim
reforça que a ciência é uma expressão de uma verdade absoluta.
A ideia da neutralidade aceita que a C&T não se relaciona com o contexto no
qual ela é gerada. Além disso, ficar longe deste contexto é um objetivo e uma
forma de se fazer ciência corretamente. Outra coisa é realmente isolar a C&T da
sociedade. Dessa forma, existe uma impossibilidade da percepção dos interes-
ses da sociedade e seu envolvimento com o desenvolvimento da C&T, indeter-
minando assim a sua trajetória.
Portanto, essa ideia leva a um contexto em que não é possível o desenvolvi-
mento alternativo de uma C&T que esteja num mesmo ambiente. Quer dizer,
a C&T é única. Qualquer diferença: geográfica, cultural, ética e outras fica em
segundo plano e deveria ser adaptável à C&T. Sendo assim, as contradições se-
riam resolvidas de uma maneira natural por meio de caminhos apontados pela
própria ciência e através de conhecimentos e técnicas que se acumulariam com
o passar do tempo e que acabariam por superar os antigos sem que fossem co-
locados em questão a ação e os interesses da sociedade no processo inovador.

CONEXÃO
Abaixo apresentamos alguns links interessantes para você entender um pouco mais sobre a
neutralidade da ciência:
<http://www.mindmeister.com/pt/248053930/neutralidade-cientfica>. Esse link mostra
um mapa mental a respeito da neutralidade. É muito interessante!
<https://www.youtube.com/watch?v=WMhyK4t473U>. Esse vídeo mostra quanto a ciên-
cia pode ser usada para o bem ou para o mal.

Portanto, por meio desse ponto de vista, a ciência e a tecnologia não são
nem boas nem más, são neutras. A sua evolução seria o resultado de um desni-
velamento que aumentaria com o passar do tempo, numa progressão, e numa
descoberta contínua e frequente da verdade e desta forma única, universal, e
que fosse compatível com o progresso.

capítulo 1 • 17
Logo, a neutralidade é uma teoria na qual a ciência é imparcial, estabelecida
e feita por observações simples, por fatos e experimentações a fim de se obte-
rem conclusões científicas.
Porém, como já abordamos brevemente, o cientista está sujeito a um contexto
no qual são inseridas as suas concepções políticas, religiosas e filosóficas, cons-
ciente ou não, para poder gerar a ciência, e não somente por meio de observações.

1.5  O determinismo tecnológico

De maneira geral, o determinismo tecnológico é uma suposição de que os no-


vos avanços tecnológicos, sejam eles conceituais ou físicos, como os sistemas
computacionais, gadgets móveis etc, seja um meio de comunicação, afetam a
vida das pessoas de alguma forma.
Por exemplo, vamos supor que um determinado cliente liga para o call center
de sua operadora de cartões de crédito.
O cliente se identifica e diz ao atendente que possui um determinado pro-
blema e gostaria de resolvê-lo o mais breve possível.
Veja se você já passou por esta situação:
O atendente então responde que não pode fazer nada, pois o problema que
gerou a reclamação do usuário não foi gerado pelo atendente, e sim pelo sistema.
E pior: pede ao usuário que ligue mais tarde porque o sistema, que gerou o pro-
blema, está fora do ar e nada pode ser feito naquele momento!
Essa situação é muito comum, não é?
Como pode o homem criar máquinas e sistemas para uma finalidade par-
ticular e limitada e estes controlarem e mudarem nossos hábitos e formas de
pensar e agir? Isto é o determinismo tecnológico! Nesse caso, o sistema tem
vida própria? Por que não pode ser feito nada?
É claro que são perguntas exageradas, pois o atendente muitas vezes não
tem mesmo poder ou autonomia, mas é uma situação bem característica, onde
ficamos totalmente dependentes de uma máquina.
Aliás, por trás de qualquer máquina ou sistema existirá sempre a participa-
ção humana, o responsável intelectual por tê-la criado, inclusive com as falhas
as quais são de responsabilidade de seus criadores.

18 • capítulo 1
Figura 2 – A junção entre a tecnologia e a participação humana.

Ainda para ilustrar o determinismo tecnológico, vamos observar um pouco


nossa sociedade. Podemos notar que existem muitas pessoas que estão cada
vez mais isoladas e, de uma certa maneira, o aparecimento e a popularização da
internet acentuou este comportamento.
A Internet, de fato, facilita muitas coisas: o trabalho em casa, a comunica-
ção entre pessoas distantes por meio de voz e vídeo, solicitar serviços e produ-
tos sem sair de casa e recebê-los dentro de um prazo determinado, porém isso
tem tornado as pessoas mais individualistas, de modo que o contato físico pas-
sa cada vez mais a ser virtual.
Porém, segundo os autores em que estamos nos baseando para este capí-
tulo, a internet apenas acentuou um comportamento de individualização que
já era histórico. A internet é apenas um reflexo da modernidade neste caso, ou,
usando os termos que temos estudado, a tecnologia seria apenas mais um fator
que estimula essa tendência individualista.
Ainda usando o “ciberespaço” como exemplo, perceba o crescimento acelera-
do dos comunicadores pessoais. Há alguns anos era o ICQ, depois o MSN e agora
temos os comunicadores das redes sociais como o Facebook Messenger e via tele-
fone celular o Whats App, que, aliás, pertence ao Facebook. O Facebook percebeu
o tamanho sucesso deste aplicativo que comprou a empresa que o desenvolvia.
No uso desses comunicadores, até mesmo a linguagem empregada nos diá-
logos é nova, cheia de abreviaturas e neologismos. Para os deterministas, toda
essa tecnologia está, na verdade, acabando com a estrutura da linguagem e do

capítulo 1 • 19
idioma. Para os não deterministas, a linguagem dos comunicadores só estaria
envolvida neste ambiente, uma vez que na vida real não afetaria o idioma atual.
Porém, nesse caso, existem outros problemas para serem acrescentados na
situação: existem problemas na educação e problemas sociais que, somados à
extrema liberdade desses comunicadores e forma de escrita, acabam por en-
dossar a deturpação do idioma.
De maneira geral, cada tecnologia possui sua linguagem, sua proposta e seu
objetivo. Para finalizar este exemplo, não podemos negar que os meios de co-
municação têm influência na forma e no conteúdo nas mensagens e, não consi-
derar isso, é ignorar um processo de modernização existente. Porém, também
não é possível “culpar” a tecnologia como a única responsável pelas mudanças
que há no mundo.

1.6  A associação em rede

A visão que tem ganhado destaque nos estudos sobre ciência, tecnologia e so-
ciedade é a chamada associação em rede.
A sociedade atual tem experimentado o intenso uso das redes de relacio-
namentos. E isto não vem apenas da internet, aparece em vários aspectos da
sociedade moderna. É claro que as redes sociais digitais corroboram para esta
afirmativa, mas, como citado, é possível ver o aumento das relações inter-pes-
soais em vários âmbitos da sociedade.
A associação em rede, por sua vez, prega que a tecnologia está inserida e as-
sociada a esta rede de relacionamentos. Nesse caso, não apenas as pessoas estão
envolvidas, mas atores não humanos também. Portanto, ampliam-se a atuação da
tecnologia e suas mudanças. Vários elementos da sociedade passam a ser envol-
vidos, como, por exemplo, o campo técnico, o científico, o econômico, o político,
militar e o organizacional. Esses elementos, então, se associam em redes para a
construção de elementos tecnológicos.
É evidente que as novas tecnologias fizeram surgir muitas possibilidades
para a análise de redes sociais e, consequentemente, redes de colaboração. O
advento da Internet é de fato o elemento mais significativo. As comunidades
virtuais que são formadas são promovidas com suporte tecnológico valendo-se
de elementos técnicos.
Segundo REIS (2008), a associação em rede é uma visão pela qual a tecnolo-
gia é vista inserida numa rede de relações, na qual concorrem os diferentes as-

20 • capítulo 1
pectos da vida em sociedade, tendo como protagonistas diferentes atores, que
se movimentam em redes, movidos por interesses específicos.
Atualmente, temos percebido a proliferação das redes sociais. No trabalho
dos autores da figura 4, as redes sociais são analisadas como forma de cola-
boração científica. Uma rede social atualmente pode ser definida como uma
estrutura social constituída de pessoas ou mesmo organizações ligadas por um
ou vários tipos de conexões que compartilham objetivos comuns.

Figura 3 – Representação dos nós de uma rede social

A análise das redes sociais é uma técnica importante na análise da sociologia


moderna. É um conceito antigo, proveniente do século passado, porém que tomou
grande proporção no final do século XX e também passou a ser observada por meio
de outro paradigma pelas ciências sociais.
A figura “geométrica” que a rede acaba tendo, como mostrado na figura 3,
é um grafo. O grafo é uma estrutura que possui muitos estudos e algoritmos de
percursos. Um deles possibilita o cálculo da distância de cada nó, ou de cada
participante da rede, ou da determinação do ponto central.

capítulo 1 • 21
BALANCIERI, BOVO, et al. (2005) contribuíram com um trabalho que re-
sultou na figura 4. Essa figura mostra um quadro com as perguntas feitas pelo
estudo e autores que possuem pesquisas para respondê-las. Estas perguntas,
como podemos perceber, estão relacionadas com a tríade ciência, tecnologia
e sociedade, de que estamos tratando neste capítulo aliada com a questão das
redes sociais e colaborativas.
Desse modo, percebe-se que as TICs podem vir a ser uma base para o desen-
volvimento de sistemas em várias áreas de interesse para as redes sociais.

AUTORES QUESTÕES DE INTERESSE ÀS TICS


MEDOWS; O que é cooperação científica? Caracteriza-se por trabalhos
O’CONNOR, 1971 cooperativos identificados por artigos coassinados

SUBRAMA NYAM, O que caracteriza uma coautoria em um artigo? Há uma


1983 variedade de formas de colaborar.

LUUKONE N ET AL., Por que pesquisadores colaboram? Fatores cognitivos, eco-


1992 nômicos e sociais, com diferenças por áreas do conhecimento.

O que influencia a formação de redes? Exemplo: padrões


KATZ, 1994 de financiamento das agências e necessidade de compartilhar
equipamentos também influenciam a formação de redes.

O que é uma rede? É concebida como uma coesão tênue com


WEISZ; ROCO, 1996 diferentes indivíduos ou grupos conectados por vínculos de di-
versas naturezas.

Como se comportam os vértices da rede? O grau de coope-


KATZ; MARTIN, ração varia com a natureza do trabalho (experimentalistas coo-
1997
peram mais que teóricos).

O que é uma rede? Rede definida como conjunto de pessoas


NEWMAN, 2000 ou grupos com conexões originadas por diferentes formas de
relacionamento social.

Figura 4 – Principais conclusões sobre os estudos de redes sociais, sob a ótica das possibi-
lidades das TICs (BALANCIERI, BOVO, et al., 2005).

22 • capítulo 1
Uma vez que obtemos os conceitos e relacionamentos entre ciência, tecnolo-
gia e sociedade e alguns dos muitos elementos que são usados para estudá-las,
vamos desenvolver algumas atividades.

ATIVIDADE
1.  Faça uma breve pesquisa sobre a formação da ciência moderna. Você vai encontrar refe-
rências que mostram que apareceram formas de conhecimento que se diferenciavam do
conhecimento tradicional da Idade Média. Tente escrever quais características da ciência
moderna permanecem até nossa época.

2.  Pesquise a neutralidade da ciência, assunto que vimos neste capítulo. Escreva um texto
argumentando contra ou a favor da neutralidade da ciência, respondendo à seguinte per-
gunta: a busca do conhecimento é independente de interesses pessoais, econômicos e
políticos ou procura atender a objetivos específicos? O que você acha disso?

3.  Explique as implicações da visão de neutralidade da ciência na relação entre ciência e


sociedade.

4.  Procure na Internet a palavra “tecnologia”. O que você encontrou? Liste os três primeiros
links e faça um resumo do que eles contêm sobre tecnologia. Eles possuem alguma rela-
ção entre si?

5.  Vamos fazer uma experiência. Pense em um período do seu dia (manhã, tarde ou noite) e
com quais tecnologias você interage. Depois, imagine esse mesmo período sem as tecno-
logias às quais você está habituado a usar e escreva um texto explicando.

6.  Escreva um breve texto que responda à seguinte questão: quais são as relações entre a
ciência, a tecnologia e a sociedade?

REFLEXÃO
Vimos que a ideia de neutralidade da ciência tem sua origem no modo de produzir conheci-
mento científico, que procurava identificar as leis que determinam o mundo, o que permitia
que a sociedade pudesse controlar e transformar a natureza. De acordo com esse objetivo
da ciência, de conhecer as leis de funcionamento da natureza para poder dominar os fe-

capítulo 1 • 23
nômenos naturais, as ciências naturais foram úteis para o desenvolvimento da sociedade
industrial. Exemplificamos como os estudos da mecânica foram importantes para o desen-
volvimento da navegação e da indústria do sistema capitalista. Entretanto, a ciência moderna
deixou como herança uma forma de conceber o mundo na qual a sociedade se vê separada
da natureza e o progresso significa controlar e transformar a natureza. Também foi passada
uma visão determinista, na qual a evolução social e econômica da sociedade é resultado do
desenvolvimento científico e tecnológico. Mostramos que a ciência não é neutra, isto é, ela
é influenciada pelos interesses econômicos, políticos e valores de um determinado período.

LEITURA
A ilha. Direção de Michael Bay. EUA: Dreamworks Distribution LLC, 2005. Na verdade, não é
uma leitura, e sim um filme. Nele é mostrada uma situação na qual cientistas e empresários
criam clones humanos. O filme pode ser uma boa sugestão para se pensar a respeito dos
limites da ciência e os impactos na sociedade.
PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO, W. A. O contexto científico-tecnológico
e social acerca de uma abordagem crítico-reflexiva. Disponível em: <http://www.rieoei.org/
deloslectores/2846Maciel.pdf>. Acesso em: 17 maio 2014. Este artigo faz uma reflexão
muito interessante a respeito de tecnociência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALANCIERI, et al. A análise de redes de colaboração científica sob as novas tecnologias
de informação e comunicação: um estudo na Plataforma Lattes. Ciência da Informação, v.
34, n. 1, out. 2005. ISSN 1518-8353.

CAMARGO, O. Sociedade. Brasil Escola, 2014. Disponível em: <http://www.brasilescola.


com/sociologia/sociedade-1.htm>. Acesso em: 18 maio 2014.

CHIBENI, S. S. O que é ciência. Campinas, 2014. Disponível em: <http://www.unicamp.


br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf>. Acesso em: 18 maio 2014.

DAGNINO, R. Aulas. Instituto de Geociências ― Unicamp, 2011. Disponível em: <http://


www.ige.unicamp.br/site/aulas/138/UM_DEBATE_SOBRE_A_TECNOCIENCIA_
DAGNINO.pdf>. Acesso em: 19 maio 2014.

24 • capítulo 1
EDITORA MELHORAMENTOS. Dicionário Online Michaelis. Dicionário Online Michaelis,
2009. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 18 maio 2014.

FONSECA, R. Ciência, tecnologia e sociedade. Rede de tecnologia social, 2010. Disponível


em: <http://www.rts.org.br/artigos/artigos_-_2009/ciencia-tecnologia-e-sociedade>.
Acesso em: 17 maio 2014.

REIS, D. R. Gestão da inovação tecnológica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2008.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, iremos discutir e conhecer temas bastante importantes para a nossa
formação profissional. Trata-se do estudo da sociedade da informação e do conhecimento e
seus impactos de maneira geral. Até lá!

capítulo 1 • 25
2
Sociedade da
informação e sociedade
do conhecimento
2  Sociedade da informação e sociedade do
conhecimento

A jornalista Sally Burch fez a seguinte pergunta no livro Desafios de palavras:


“Estamos vivendo uma época de mudanças ou uma mudança de época?”. Essa
pergunta é intrigante e serve para introduzirmos este capítulo. A popularização
da Internet, a necessidade de estar o tempo todo on-line, o mercado nos indu-
zindo a comprar os últimos e mais modernos gadgets para permanecer on-line,
as redes sociais digitais; enfim, é uma onda de muita tecnologia que estamos
vivendo. É uma nova era da sociedade, e os termos “sociedade da informação”
ou “sociedade do conhecimento” acabam aparecendo naturalmente.
Neste capítulo, vamos estudar alguns tópicos desse assunto, o qual é muito
mais abrangente e detalhado na academia, e que aqui vamos ter uma noção
desta interessante área.
Bons estudos!

OBJETIVOS
•  Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento;
•  Sociedade em rede;
•  Modelos de sociedade da informação;
•  Reestruturação produtiva e sociedade;
•  Cadeias de negócio;
•  OCDE;
•  O livro verde.

REFLEXÃO
Você já ouviu falar do Mosaic? Netscape? Já ouviu falar do Archie? Webcrawler? Estes foram
os primeiros grandes produtos que os usuários utilizavam para acessar à Internet e, certa-
mente, foram os softwares que deram um grande impulso para a sociedade da informação
da forma que conhecemos hoje.

28 • capítulo 2
2.1  Definição de sociedade da informação e sociedade do
conhecimento

Antes de definirmos os termos sociedade da informação e sociedade do conhe-


cimento, é interessante conhecermos os conceitos de dados, informação e co-
nhecimento.
Segundo SETZER (2001), dado é:

[...] uma sequência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portanto, um texto é


um dado. De fato, as letras são símbolos quantificados, já que o alfabeto, sendo um
conjunto finito, pode por si só constituir uma base numérica (a base hexadecimal em-
prega tradicionalmente, além dos 10 dígitos decimais, as letras de A a E). Também são
dados fotos, figuras, sons gravados e animação, pois todos podem ser quantificados a
ponto de se ter eventualmente dificuldade de distinguir a sua reprodução, a partir da
representação quantificada, com o original. É muito importante notar-se que, mesmo se
incompreensível para o leitor, qualquer texto constitui um dado ou uma sequência de
dados [...]

Ainda segundo o autor, dado é uma entidade matemática puramente sin-


tática, ou seja, os dados podem ser descritos por estruturas de representação.
Assim sendo, podemos dizer que o computador é capaz de armazenar da-
dos. Esses dados podem ser quantificados, conectados entre si e manipulados
pelo Processamento de Dados.
Podemos definir dado também como unidades básicas a partir das quais
as informações poderão ser elaboradas ou obtidas. São fatos brutos, ainda não
organizados nem processados.
Já a informação seria:

capítulo 2 • 29
[...] uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógi-
ca ou matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para
essa pessoa. Note-se que isto não é uma definição, é uma caracterização, porque “algo”,
“significativo” e “alguém” não estão bem definidos; assumo aqui um entendimento in-
tuitivo (ingênuo) desses termos. Por exemplo, a frase “Paris é uma cidade fascinante”
é um exemplo de informação – desde que seja lida ou ouvida por alguém, desde que
“Paris” signifique para essa pessoa a capital da França (supondo-se que o autor da
frase queria referir-se a essa cidade) e “fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva
associada com essa palavra.

Assim, a informação depende de algum tipo de relacionamento, avaliação


ou interpretação dos dados.
Veja também que informação e dado mantêm relações:

[...] Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase sobre
Paris, pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado
na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa
representação pode ser transformada pela máquina, como na formatação de um texto,
o que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado a
partir deste, já que ele depende de uma pessoa que possui a informação. Obviamente,
a máquina pode embaralhar os dados de modo que eles passem a ser ininteligíveis pela
pessoa que os recebe, deixando de ser informação para essa pessoa. Além disso, é pos-
sível transformar a representação de uma informação de modo que mude de informação
para quem a recebe (por exemplo, o computador pode mudar o nome da cidade de Paris
para Londres). Houve mudança no significado para o receptor, mas no computador a
alteração foi puramente sintática, uma manipulação matemática de dados. Assim, não é
possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário
reduzi-la a dados. No exemplo, “fascinante” teria que ser quantificado, usando-se por
exemplo uma escala de zero a quatro. Mas então isso não seria mais informação [...].

Podemos agrupar dados isolados e torná-los consistentes ao se transfor-


marem em informações. Por exemplo, se tivermos um conjunto de dados que
descreva a temperatura do ambiente num local, horário e data, poderíamos ter
a seguinte relação:

30 • capítulo 2
15h10 Em Ribeirão Preto, SP,
no dia 3 de fevereiro,
às 15h10 estava uma
3 de fevereiro
temperatura de 24o.

Processamento
Entrada Classificar Saída
(dados) Filtrar (informações)
Organizar

Ribeirão
24o Preto/SP

Assim, o conjunto de dados inicial foi organizado de maneira que “faça sen-
tido” àqueles que o estiverem lendo. Isso os torna informação.
No entanto, a representação no computador é feita baseada nos dados. E
como fica o conhecimento?

Caracterizo conhecimento como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi expe-
rimentado, vivenciado, por alguém. Continuando o exemplo, alguém tem algum conhe-
cimento de São Paulo somente se já visitou.

Dessa maneira, o conhecimento precisa ser descrito por informações.

[...] A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação
em forma de dados (se bem que, estando na máquina, deixa de ser informação). Como o
conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um computador.
Assim, neste sentido, é absolutamente equivocado falar-se de uma “base de conheci-
mento” em um computador. O que se tem é, de fato, é uma tradicional base (ou banco)
de dados”. Um nenê de alguns meses tem muito conhecimento (por exemplo,reconhece
a mãe, sabe que chorando ganha comida, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem
informações, pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nesta conceituação não se
pode dizer que um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento. [...]

capítulo 2 • 31
A informação, segundo o autor, associa-se à semântica, enquanto o conhe-
cimento está associado à pragmática, ou seja, algo existente no mundo real.
Então, será que é impossível aos computadores manipularem conhecimento?
Será que não há computadores capazes de armazenar tais conhecimentos?
O termo “sociedade da informação” surgiu na década de 1970, nos EUA e
Japão, a respeito do que seria a “sociedade pós-industrial” e quais seriam suas
características principais.
O conceito da sociedade da informação e do conhecimento também apare-
ce com os evidentes avanços das tecnologias de informação e da comunicação.
Uma das características mais marcantes desse conceito é a participação dos
indivíduos e sua integração e adaptação às novas tecnologias. Portanto, como
consequência, surge desse tipo de ambiente uma necessidade muito grande de
desenvolver habilidades para controlar e armazenar dados, e a capacidade de
criar combinações e aplicações da informação.
A sociedade da informação e do conhecimento está baseada em uma rede
dinâmica de relacionamentos na qual a compreensão e a intervenção humanas
extrapolam o ambiente natural e cultural e entram no ambiente do ciberespaço.
No ciberespaço, os relacionamentos sociais são ampliados e realizados por
meio de vários recursos de tecnologia: imagem, som, vídeo etc. Mesmo distan-
tes, os indivíduos são compensados com a rapidez da interação e da informa-
ção em máquinas cada vez mais modernas e cheias de recursos. Atualmente, os
smartphones e tablets têm ampliado ainda mais o alcance da rede. Com esses
equipamentos móveis e a facilidade de acesso à Internet, os limites territoriais
passam a não existir. Porém, o acesso às informações e a produção de conheci-
mentos delimitam outro tipo de fronteira: a digital.
As novas tecnologias fazem parte da nossa vida de uma maneira muito pre-
sente tanto no campo individual quanto no campo da estrutura econômica e
social. Como exemplo, o conhecimento é um fator de produção. Isso ocorre
porque a automação fez com que a informação tenha sido transformada em
matéria-prima no processo de produção e manufatura de bens e serviços. Nesse
processo, a manipulação da informação ocorre por meio da inserção, remoção
e atualização dos conteúdos para buscar resultados eficientes desse modo.
Portanto, observa-se que a qualificação não está mais limitada à execução
de tarefas, pois isto foi automatizado, então novas capacidades e qualificações
são exigidas da sociedade para a inserção de profissionais neste novo ambiente
de produção. Neste novo ambiente, foram atribuídos outros valores às ideias e

32 • capítulo 2
sua concretização. O conceito de capital intelectual, da década de 1980, aparece
como uma forma de mostrar e reforçar estes recursos intangíveis.
O capital intelectual pode ser quantificado e qualificado por meio do capital
humano, o qual é medido por meio do nível de qualificação, de habilidades e
conhecimentos e capacidade de geração de ideias de cada indivíduo.
Assim, como consequência desse novo ambiente, as empresas perceberam
a necessidade de valorização do capital humano porque as inovações não eram
mais conseguidas por meio de equipamentos e de tecnologia, e sim por meio da
capacidade e habilidade humanas de estruturar ideias e fabricar conhecimento.
Portanto, somente a tecnologia não garante a produção de informações e
conhecimentos. Nesse novo contexto, existem múltiplas informações acessí-
veis em um curto período de tempo que, ao serem manipuladas e interpreta-
das, tendem a gerar conhecimentos.
Essa interpretação identifica as inter-relações do significado existente em
cada informação e quais os impactos ao ambiente ela pode causar. As caracte-
rísticas e necessidades da sociedade da informação mostram que na sua estru-
tura existe além, do consumo de tecnologia, o acesso às novas formas de rela-
cionamentos sociais e aos novos meios de produção.

2.2  Sociedade em rede

Na década de 1990, o sociólogo espanhol Manuel Castells escreveu a trilogia


“Sociedade em rede – A era da informação: economia, sociedade e cultura”.
Nesse livro, o autor propõe que, a partir das décadas de 60 e 70, um novo mundo
começa a surgir no qual a sociedade, economia e cultura estão inter-relaciona-
das devido à tecnologia, aparecendo assim uma sociedade em rede, também
chamada de sociedade informacional.
A economia interdependente é a nova característica desse novo mundo, onde
vários países passaram a desejar fazer parte do crescimento na produção e no
comércio. Essa participação teve sucesso por causa das tecnologias. A economia
global fez com que surgissem regras econômicas comuns no mundo todo.
Segundo Castells, existe uma redefinição nas relações produtivas de poder
e experiência no meio dos três pilares (economia, sociedade e cultura). As rela-
ções de produção foram transformadas em uma forma de capitalismo informa-
cional e, para que elas sejam entendidas, faz-se necessária a análise do proces-
so produtivo, do trabalho e do capital.

capítulo 2 • 33
Segundo Castells,

[...]a sociedade em rede está baseada em uma sociedade em que as estruturas so-
ciais e as atividades principais estão organizadas em torno das redes de informação
eletronicamente processadas. A sociedade em rede se caracteriza pela globalização
das atividades econômicas decisivas e sua organização em redes; pela flexibilidade e
instabilidade do trabalho, bem como por sua individualização; pela chamada cultura da
“virtualidade real e pela transformação das bases materiais da vida: o espaço e o tempo
mediante a constituição de um espaço de fluxos e de um tempo atemporal

CASTELLS (1999) propõe três modos de desenvolvimento que possuem os


elementos específicos para o aumento da produtividade:
•  Agrário: sua resultante é o aumento de trabalho e de terra;
•  Industrial: seu desenvolvimento resulta de novas fontes de energia na
produção e na circulação de produtos;
•  Informacional: sua origem de produtividade está nas tecnologias de ge-
ração de:
•  Conhecimento;
•  Processamento de informação;
•  Comunicação de símbolos.

CONEXÃO
<https://www.youtube.com/watch?v=kXyGmZablp0>. Esse vídeo trata da revolução da tecnologia da
informação e baseia-se no livro de Manuel Castells.
<https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo>. Nesse vídeo, o doutor em sociologia Marcos
Troyjo fala sobre a integração do homem à era digital.
<https://www.youtube.com/watch?v=WuHQjrPnRtA>. Nesse vídeo, podemos ouvir o próprio Manuel Cas-
tells falar sobre a colaboração pela Internet. Encontra-se em espanhol porém de fácil compreensão.

Segundo CASTELLS (1999), o uso dessas tecnologias passou por três fases: a
automação de tarefas, a experiência e a reconfiguração de aplicações.
A primeira e a segunda fases (automação de tarefas e experiência) se basea-
vam no aprendizado pelo uso, isto é, o conhecimento era adquirido pelo tempo
de trabalho em determinado produto.

34 • capítulo 2
Para a terceira fase (reconfiguração de aplicações), o aprendizado é geren-
ciado pela elaboração, na concepção do conhecimento interagindo com o pró-
prio conhecimento. A terceira fase permitiu o desenvolvimento de novas apli-
cações, que podiam ser implementadas com maior rapidez, isso fez com que os
usuários se apropriassem da tecnologia, compreendendo melhor seus funda-
mentos e a capacidade de traduzi-las para seu cotidiano.
A sociedade em rede também permitiu a constituição de novas formas de
comunicação à medida que as possibilidades de novos conhecimentos e apli-
cações evoluíam abrindo novos horizontes profissionais.
Como exemplo, temos a combinação das redes sociais e de seus meios de
comunicação que estão moldando as organizações e as estruturas importantes
em todos os seus níveis: individual, organizacional e social.
Temos também uma lógica própria desse trabalho em rede, em que alte-
ramos bastante os conceitos das operações e dos resultados nos processos de
produção. Pode-se afirmar que as redes transformaram-se em um modelo de
comunidade na sociedade atual.
Segundo CASTELLS (1999):

O tema das comunidades é ventilado, mas também delicado e levanta todo tipo de
suspeitas, ironias e perigos. A verdade é que a Internet é apenas um instrumento que
estimula, e não muda, certos comportamentos; ao contrário, é o comportamento que
muda a Internet.[...]

E ainda acrescenta:

A sociabilidade está se transformando em nova maneira de relação pessoal, por meio


da qual se formam laços eletivos diferentes daqueles formados no trabalho ou no am-
biente familiar, como andar de bicicleta ou jogar tênis.

Hoje é muito comum encontrarmos pessoas que fazem parte de alguma


rede social como o Facebook, Twitter, Linkedin e outras. E isso tem feito o con-
ceito de redes sociais se modificar atualmente sob diferentes perspectivas. A
proliferação das redes sociais e sua popularização maciça é resultado de vários
avanços na área de TI, tanto na parte de software, quanto de hardware e redes.

capítulo 2 • 35
Numa rede social, observamos as diversas possibilidades que podem ser
compartilhadas, como:
•  Informações e conhecimento;
•  Interesses;
•  Ações para alcançar objetivos comuns etc.

A estrutura de uma rede social é formada por pessoas e organizações conec-


tadas através de algum tipo de relação ou interesse, possibilitando o comparti-
lhamento de valores e objetivos em comum.
Mas também é necessário entender que uma rede social possui sistemas
abertos, podendo simplesmente, de uma hora para outra, desmanchar rapida-
mente os relacionamentos não hierárquicos de uma rede virtual.
Em uma sociedade em rede nem tudo funciona ou trabalha de forma corre-
ta, pois também possui suas vantagens e desvantagens:
Vantagens: o uso das redes possui efeitos benéficos quando abre portas para:
• Aprendizado;
• Interação social ou profissional;
• Criação de redes de contatos;
• Exposição positiva da imagem;
• Divulgação de trabalhos, conhecimentos, produtos ou ideias;
• Trocas de opiniões e compartilhamento de diferentes visões sobre
um mesmo tema;
• Mobilização social, e outros

Desvantagens:
• Gerar uma exposição exagerada ou negativa;
• Facilitar crimes como pedofilia ou estelionato;
• Compulsão;
• Redução na produtividade durante o trabalho;
• Ser levado a cometer atos insanos como por exemplo agendar ma-
nifestações violentas;
• Trocar informações relacionadas com crime digital;

36 • capítulo 2
2.3  Modelos de sociedade da informação

Segundo POLIZELLI e OZAKI (2009), existem três modelos de sociedade da in-


formação resultantes do que foi estudado até aqui sobre o assunto: o modelo
americano, com foco no mercado; o modelo europeu, baseado nas instituições;
e o modelo asiático, que privilegia as cadeias de negócios.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a avançar na área de computação,
principalmente durante e após a Segunda Guerra Mundial, e também a área de
negócios, representada por hardware e software. Devido a isso, os EUA se trans-
formaram na principal referência da sociedade da informação para os modelos
de negócio desse segmento.
Além disso, foi nos EUA que houve os primeiros desenvolvimentos relaciona-
dos com a comunicação entre os computadores, como as redes, posteriormente
a Internet e os sistemas de computadores pessoais.
O modelo americano passou por algumas eras: a era do papel, a era do siste-
ma de computação em massa e a era do computador.
A era do papel mostra a importância do conhecimento desde a época da colo-
nização pelos peregrinos no século XVII. Nessa época, começou a ser desenhado
um dos grandes valores da administração pública daquele país: a governança por
meio de informações escritas e publicadas.
Nesse período é que o conhecimento começou a ser relacionado com as pes-
soas. Somente um cidadão bem-informado fazia parte da elite, e o conhecimento
residia no que era impresso: nos contratos, nos acordos e demais atividades de
pessoas relacionadas com a igreja, advogados e médicos.
Durante a Guerra de Independência,vários planfetos eram usados para infor-
mar as pessoas a respeito do andamento das ações dos envolvidos.
Em razão da educação e das atividades relacionadas, nos EUA, serem bem de-
senvolvidas, isso propiciou o desenvolvimento de uma grande rede de bibliote-
cas públicas, aumentando assim a rede de conhecimento. Como consequência,
a imprensa também teve avanços e, por causa da crescente necessidade de co-
municação, os correios e telégrafos também passaram a ter maior importância.
Conforme a sociedade e as atividades em geral evoluíam, questões como a
proteção dos direitos autorais começaram a aparecer. Ainda na área legal, tam-
bém apareceu um conjunto de leis para proteção de encomendas que eram en-
viadas pelo correio, surgindo também um sistema de catálogos e compras a dis-
tância. Empresas como a Sears resultaram desse processo. A Sears é hoje uma

capítulo 2 • 37
grande loja de departamentos e, desde aquela época, desenvolveu uma grande
rede de comunicação, informação e logística.
De 1850 a 1870, ocorre a Segunda Revolução Industrial no país, alavancando
assim um grande crescimento econômico relacionado principalmente com o
desenvolvimento da indústria bélica, da indústria editorial e da mecânica.
Durante as guerras, foi desenvolvida uma rede de coleta de informações
que contribuiu para a cultura de valorizações dos registros, contribuindo para
a expansão das empresas, gerando a criação de monitoramento do sistema de
inovações.
Alguns dos inventos mais importantes do século XIX apareceram nos EUA
por meio dessa infraestrutura que foi criada ao longo do tempo. Os inventos
eram protegidos por patentes e estão exemplificados nas figuras a seguir.

Figura 1 – Cartão perfurado

Figura 2 – Máquina analítica

38 • capítulo 2
Figura 3 – Fotograma e cinema

Figura 4 – Maquina de escrever

Uma vez que o sistema de patentes provocou uma explosão de invenções,


apareceu então a era da comunicação em massa.
Outras invenções também contribuíram para a aceleração das comunica-
ções, principalmente com o uso da eletricidade. Invenções como o fonógrafo,

capítulo 2 • 39
telefone, computador, a luz elétrica residencial, o rádio e a televisão aceleravam
cada vez mais o acesso à informação.
As invenções ampliaram muito a velocidade das comunicações dos negó-
cios e começavam a dar uma face mais próxima a que conhecemos por escritó-
rios e empresas.
O desenvolvimento do computador nos Estados Unidos abre uma nova
abordagem estratégica de implantações de tecnologias inéditas com início nos
anos 1920.
Sendo assim, uma nova era passa a ser concebida: a do computador.
Os projetos militares foram os maiores patrocinadores da indústria da com-
putação e os pioneiros no que é chamado de “modelo de gestão de TI com base
em encomendas”.
Em 1950, o modelo de negócios com base no mercado foi adotado por essa
indústria, em particular nos escritórios para a parte de produção, contabilida-
de e finanças.
Em 1952, a GM instalou o primeiro computador para o controle de opera-
ções comerciais.
Nos anos 50 e 60, as aplicações para computador de grande porte, os
mainframes, sustentam o seguimento de software e assim um novo tipo de ne-
gócio é gerado, o de comercialização de tecnologias.
A constatação de que essa cadeia de negócios seria irreversível levou as em-
presas e universidades, com o apoio do governo, a organizar a ARPANET, que
foi a precursora da Internet como conhecemos hoje.
Os resultados desse novo tipo de negócio começam a aparecer em várias
inovações: o ATM (Auto Teller Machine – caixa eletrônico) na área bancária, o
POS (Point Of Sale – ponto de venda) e a automação.
Em 1971, quatro supercomputadores localizados em universidades ameri-
canas permitiram a troca de informações entre os cientistas.
Em 1987, o NSF (National Science Foundation) assume a responsabilidade
de manter o backbone dessa rede.
Foi o pontapé incial da World Wide Web, ampliando toda essa rede com a
escala global.
Em 1993, é criado o navegador Mosaic, pela Universidade de Illinois, tor-
nando possível o acesso à Internet, levando a um crescimento exponencial do
número de computadores conectados à rede.

40 • capítulo 2
Outra inovação, decorrente da Internet, é o e-Governmebt (governo eletrô-
nico), o qual disponibiliza informações para os cidadãos, de documentos, esta-
tísticas e serviços em geral.
Os grandes laboratórios passam a contar com um ambiente de intercâm-
bio digital.
E com a consolidação da indústria de TI no mundo, as pesquisas se orienta-
ram para produtos e soluções específicas, ampliando os estudos voltados para
as tecnologias básicas e os fundamentos de negócios.
Entre os modelos de sociedade da informação, o americano é o que mais se
destaca. Sendo assim não iremos nos aprofundar nos modelos asiático e europeu.

2.4  Reestruturação produtiva e sociedade da informação

A era do computador, apesar de ter sido uma época produtiva e positiva, teve
seus impactos críticos nos anos 1980 e 90, principalmente na economia, no
emprego e nos processos trabalhistas. Isso ocorreu porque o uso da tecnologia
da informação atuou diretamente em alguns processos como o redesenho da
produção em massa e introduziu novas formas de organização da produção e
dos mercados de trabalho devido à globalização.
Alguns autores chamam esse paradoxo de “Reestruturação produtiva”. Esse
conceito tem relação com as novas formas de organização da produção possi-
bilitada pelas TICs.
Alguns autores mostram que as organizações perceberam duas estratégias
para o uso das novas tecnologias a fim de reestruturar a produção:
•  A primeira estratégia privilegiou o emprego da tecnologia sobre as rela-
ções de trabalho;
•  A segunda estratégia foi marcada por uma abordagem de redução dos
riscos, em que a ideia seria o de combinar o uso dos equipamentos com
novas relações de trabalho mais horizontais, voltadas para a troca de in-
formações entre departamentos.

capítulo 2 • 41
2.5  Cadeias de negócio

Já mencionamos as cadeias de negócio anteriormente, e não podemos deixar


de tratá-las sem falar do capitalismo americano.
Uma grande força do capitalismo americano é o espírito empreendedor de
seus executivos, que são permanentemente encorajados a investir e a competir
nas mais diferentes áreas da economia, fazendo com que alguns negócios assu-
mam proporções inéditas.
A área de tecnologia da informação e comunicação (TIC) oferece grandes
oportunidades de crescimento sustentável e competitividade para as empresas.
Entretanto, a tecnologia por si só, sem alinhamento estratégico com o
negócio, não faz sentido. Introduzir novos artefatos de hardware e software
não garante aumento de produtividade do pessoal e melhoria de processos.
Para que as iniciativas de tecnologia tenham sucesso, é necessário estabe-
lecer uma linguagem comum e definir um mapa unificado entre o negócio
e a TIC. Uma forma de buscar esse alinhamento e demonstrar o valor das
iniciativas de TIC é utilizar uma matriz de valor focada em duas dimensões:
criticidade do empreendimento e prática de inovação.
Existem três questões polêmicas sobre tecnologia da informação e comu-
nicação:
1.  A TIC muda realmente os conceitos básicos da estratégia de gestão?
Tecnologia e negócio são de naturezas diferentes. Enquanto a tecnologia
avança rapidamente, as práticas de negócios evoluem de forma mais lenta e são
mais estáveis.

2.  A TIC gera efetivamente novos benefícios e vantagens competitivas


para as empresas?
Gira em torno da discussão sobre como medir o retorno de investimento
das iniciativas de TIC nas áreas de negócios.

3.  A disseminação da tecnologia não transforma a TIC numa commodity


(mercadoria), que desta forma reduz sua importância relativa?
Essa questão é polêmica e a que mais contribui para que a TIC tenha uma
imagem de uma área para suporte aos negócios, sem muita importância estra-
tégica relativa. Se a área de tecnologia é reativa (casual) às solicitações das áreas
de negócios, sempre teremos a impressão de que as soluções são uma commodity

42 • capítulo 2
(mercadoria), mesmo que essa solução introduza inovações tecnológicas (novas
formas de tecnologia).
Devido ao sucesso do modelo de capitalismo americano, muitas sociedades
vêm adotando esse padrão, do qual o Brasil faz parte.
No geral, baseia-se em redes de negócios de grandes empresas líderes em
parceria com universidades para desenvolvimento de projetos.
Seu foco passa a ser no cliente e os produtos e serviços, a serem adequados
a esse cliente e aos seus desejos.
Também temos a inovação como a mola-mestre nesse modelo, em que for-
necedores e empresas líderes se aliam em cadeias de negócios para consolidar
posição no mercado.

2.6  OCDE

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é


uma organização com sede em paris que agrega 34 países que adotam os prin-
cípios da democracia representativa e da economia de livre mercado.

CONCEITO
Democracia representativa é a forma de exercer o poder político por meio de representantes
eleitos pela população.
Economia de livre mercado é uma forma de prática da economia quando existe pouca ou
nenhuma intervenção dos governos. Neste caso, todas as ações econômicas e individuais
respeitam a transferência de dinheiro, bens e serviços voluntariamente. Porém, quando há
contratos voluntários, o cumprimento é obrigatório. A propriedade privada é protegida pela lei
e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros.

A OCDE sucede uma outra organização chamada OECE (Organização Euro-


peia para a Cooperação Econômica), que foi formada em 1947 com o objetivo
de sustentar o Plano Marshall após a Segunda Guerra Mundial.
A OCDE é, na verdade, um fórum entre os países participantes que fomenta
políticas públicas entre os países que apresentam os maiores IDHs (Índices de
Desenvolvimento Humano). A organização ajuda no desenvolvimento e na ex-
pansão econômica dos países participantes para proporcionar ações que possi-
bilitem a estabilidade financeira e o fortalecimento da economia global.

capítulo 2 • 43
A organização possui um conselho formado por um representante de cada
país, além de um representante da Comissão Europeia. A organização não trata
somente dos aspectos econômicos, mas também promove projetos nas áreas
social, ambiental, de educação e geração de emprego. Entre os principais ob-
jetivos, estão:
•  Promover o desenvolvimento econômico;
•  Proporcionar novos postos de emprego;
•  Melhorar a qualidade de vida;
•  Contribuir para o crescimento do comércio mundial;
•  Proporcionar acesso à educação para todos;
•  Reduzir a desigualdade social;
•  Disponibilizar sistemas de saúde eficazes.

Atualmente, os países-membros são: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França,


Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal,
Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia, Alemanha, Espanha, Canadá, EUA, Japão,
Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, México, República Checa, Hungria, Polô-
nia, Coreia do Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia e Israel.
A OCDE influencia o desenvolvimento da sociedade da informação por meio de
fóruns e congressos que estruturam as ações dos países-membros.
Quando a OCDE foi criada, a sociedade da informação atuava em quatro pon-
tos devido ao contexto dos anos 1990, com a Internet se consolidando e com sua
formação ligada a questões de infraestrutura, preços e regulação:
•  Infraestrutura
•  Recursos públicos
•  Governo
•  Implementações

44 • capítulo 2
Europa
· Liderança institucional
· Rede de inovação

Bases dos modelos de


sociedade da informação EUA
· Liderança do setor
· Infraestrutura privado
· Agências públicas
· Recursos humanos · Política das infovias
· Regulamentação
· Governo (legislação)
Ásia
· Redes de fornecedores
· Ação de fomento do
Estado
1995 1997 1999
Figura 5 – Workshops da OECD e os modelos de sociedade da informação.

2.7  O livro verde da sociedade da informação no Brasil

No Brasil, foi elaborado um documento chamado “Livro Verde da Informação”,


como uma proposta para a sociedade da informação brasileira. O documento so-
freu influência da sociedade da informação americana e europeia daquele período.
O objetivo do documento é esclarecer os objetivos do projeto e apresentar
uma proposta política, traduzindo uma oferta de desenvolvimento da informá-
tica e da Internet no Brasil.
Em 1991, a Rede Nacional de Pesquisa (RNP) criou o backbone brasileiro.
Em 20 de dezembro de 1994, a Embratel lança um serviço experimental
para conhecer melhor a Internet.
Em 1995, a Internet é aberta ao setor privado no Brasil para a exploração
comercial. A RNP fica responsável pela infraestrutura básica de interconexão e
informação em âmbito nacional, tendo o controle do backbone.
Em 1999, é lançado o Programa Sociedade da Informação (Sociinfo), com
o objetivo maior de integrar o desenvolvimento econômico e social ao acesso
às TICs e uso delas e promoção da inclusão social por meio da inclusão digital.

capítulo 2 • 45
O Livro Verde, em relação ao setor privado, assumia a nova economia com
base na economia de mercado, na globalização e no comércio internacional.
A elaboração do Livro Verde estimulou alguns avanços, em particular nas
ações do governo eletrônico, Internet para pesquisadores e aumento da popu-
lação com acesso à rede.

CONCEITO
Governo eletrônico, ou e-gov, consiste nas ações das TIC aliada ao conhecimento nos pro-
cessos internos de governo e que são relacionadas com a entrega dos produtos e serviços
do governo para os cidadãos, indústria e demais componentes da sociedade.

ATIVIDADE
1. O que são sociedade da informação e sociedade do conhecimento?
2. Qual foi a contribuição de Castells e como ele a entende?
3. Quais foram os três modos de desenvolvimento propostos por Castells? Escolha um
desses modos e explique-o?
4. Onde se originou a base da crise, segundo Castells?
5. O que você entende por “O modelo americano de sociedade da informação”?
6. Leia “A era do papel” e elabore uma conclusão sobre o assunto?

REFLEXÃO
Vimos que, no modelo americano da sociedade da informação, do qual sofremos grande
influência, existiram algumas eras: era do papel, era da informação etc. Com base nisso e
verificando que a tecnologia se desenvolve muito rápido, assim como a ciência, na sociedade,
será que no futuro teremos alguma outra grande mudança a tal ponto de caracterizar outra
era? Qual seria esta “nova era”? E não estamos nos referindo à “nova era” (new age)! Fica a
dica para esta reflexão.

46 • capítulo 2
LEITURA
Os seguintes livros são bem interessantes e complementam os assuntos que abordamos
neste capítulo.
LÉVY, P. A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 1998.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação. 10. ed. edição. Ed. Paz e Terra,
1999.

POLIZELLI, D. L.; OZAKI, A. M. Sociedade da informação – os desafios da era da colaboração


e da gestão do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2008.

STAREC, C.; GOMES, E.; BEZERRA, J. Gestão estratégica da informação e inteligência com-
petitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.

SETZER, V.W. Os meios eletrônicos e a educação: uma visão alternativa. São Paulo: Editora
Escrituras, Coleção Ensaios Transversais. V. 10, 2001.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Estudaremos, no próximo capítulo, sobre a revolução digital e exploraremos um pouco a In-
ternet, negócios eletrônicos e outros assuntos relacionados. Observaremos que esses temas
estão totalmente relacionados ao que abordamos anteriormente: a sociedade da informação.

capítulo 2 • 47
3
A revolução digital
3  A revolução digital
A Internet foi criada no final da década de 1960. Na verdade, podemos dizer que foi
a primeira versão da Internet, chamada de Arpanet, usada pelos militares. O que
nós conhecemos por Internet ganhou proporções maiores a partir da década de 90,
com o advento da World Wide Web (www). Desde então, nossas vidas mudaram.
A Internet passou a ser usada como vitrine e lojas pelas empresas; passou
a publicar imagens, vídeos, áudios de uma maneira muito acessível, de modo
que ganhou a população mundial. Até mesmo pessoas comuns poderiam ter
seu próprio site e publicar suas opiniões, fotos e demais elementos pessoais de
uma maneira muito rápida e prática.
As comunicações ganharam outra proporção, apareceram os programas de
bate-papo. Esses programas demandaram novos recursos e hoje é possível ter
voz, áudio e vídeo pelo telefone, assim como tinha Dick Tracy nos quadrinhos
a partir da década de 30 ou a tripulação da Star Trek, em Jornada nas Estrelas.
É ou não é uma revolução digital? Vamos estudar um pouco sobre isso nes-
te capítulo.

OBJETIVOS
•  A Internet;
•  Negócios digitais;
•  O conhecimento digitalizado;
•  Tecnologia onipresente.

REFLEXÃO
Você sabe o que é um protocolo? Como a Internet funciona? Quando foi a primeira vez que
você usou a Internet e para qual fim? Hoje você a usa para quê? Pense nestas perguntas.

50 • capítulo 3
3.1  A internet

A Internet, assim como muitos elementos da Tecnologia da Informação atual,


provém de um projeto para a área militar dos Estados Unidos. A ideia desse
projeto era ter uma forma de comunicação entre as bases militares que fosse
eficiente e infalível a ataques nucleares.
Na década de 1960, a Defense Advanced Projects Research Agency (DARPA)
patrocinou um projeto para desenvolver uma tecnologia de rede que permitis-
se que pesquisadores, em várias localizações no país, pudessem compartilhar
informações.
Essa tecnologia também deveria ser resistente a falhas. O resultado deste
projeto foi a ARPANET, lançada em setembro de 1969. A ARPANET conectava
computadores em quatro localizações:
•  UCLA
•  Stanford Research Institute
•  UC Santa Barbara
•  Universidade de Utah

Nos anos que se seguiram, a quantidade de computadores conectados cres-


ceu de maneira bem rápida. Em 1972, foi introduzida a ferramenta de e-mail
que se tornou a maior aplicação da rede. Em 1973, a ARPANET conectou-se à
University College of London, no Reino Unido, e ao Royal Radar Establishment
na Noruega, tornando-se internacional. Em 1986, a NSFnet (a grande rede da
National Science Foundation) foi conectada à ARPANET, e o resultado passou
a ser conhecido como Internet. Com o tempo, diversas outras companhias se
conectaram à Internet (CAPRON e JOHNSON, 2004).
Na arquitetura de funcionamento da Internet, os principais backbones (cir-
cuito de transmissão de alta velocidade análogo ao sistema de rodovias esta-
duais) conectam-se a redes regionais. Essas redes regionais, por sua vez, dão
acesso a provedores de serviços, grandes empresas e instituições públicas. Os
pontos de acesso à Internet (NAPs – Network Acess Point) e as Trocas de Inter-
net Metropolitana (MAE – Metropolitan Area Exchanges) são grandes Hub, em
que o backbone intercepta redes regionais e locais e em que os proprietários dos
backbones se conectam uns aos outros (LAUDON e LAUDON, 2007).

capítulo 3 • 51
As pessoas se conectam à Internet de duas maneiras:
•  ISP (Internet Service Provider – Provedor de serviços de Internet): é uma
organização comercial com conexões permanentes com a Internet e que
vende conexões a assinantes.
•  Por meio de suas empresas, universidades ou centros de pesquisa que
tenham domínios próprios.

Backbone

MAE Hubs regionais (MAEs and NAPs)


Domínio Domínio
nyu.edu provedor local
Linha
T1 Host Host
regionais regionais

Linha
telefônica
comum

Rede do campus
POP3 SMTP Residência
Mail Mail

Escritórios Cliente IP Cliente IP

Figura 1 – Arquitetura da Internet


LAUDON e LAUDON, 2007.

A Internet baseia-se na pilha de protocolos TCP/IP. Todos os computadores


recebem um IP único (Internet Protocol), que é representado por um número de
32 bits, com séries de 0 a 255, separadas por pontos. O endereço 64.233.164.104
pertence ao Google, por exemplo.
Quando um usuário envia uma mensagem a outro usuário da Internet, a
mensagem é decomposta em vários pacotes por meio do TCP. Cada pacote con-
tém seu endereço de destino. Os pacotes são enviados a um servidor de rede,
que encaminha para quantos servidores forem necessários até que todos os pa-
cotes cheguem ao destino e a mensagem seja remontada.

52 • capítulo 3
Como vai você? Servidores Como vai você?
A B C Z A B C

A B
A B C A B C
A B C Y A B C

X
C
Gateway Gateway
Bem, obrigado! Bem, obrigado!
X Y Z X Y Z

Figura 2 – Comutação por pacotes


LAUDON e LAUDON, 2007.

Para os usuários de Internet, seria muito difícil guardar os endereços ba-


seando-se apenas em números. Devido a isto, foi criado o Sistema de Nomes
de Domínio (Domain Name System – DNS), que converte os endereços IP em
nomes de domínios.
O DNS possui uma estrutura hierárquica:
•  No topo está o domínio raiz;
•  No domínio de primeiro nível, temos nomes com dois ou três caracteres,
como .edu, .gov, e códigos de país, como .br, .uk, .ca etc;
•  No domínio de segundo, nível temos duas partes designando o nome de
primeiro nível e o nome de segundo nível;
•  Um nome de hospedeiro (host) na base da hierarquia indica um compu-
tador específico da Internet ou na rede privada.

Domínio-raiz

Domínios de
edu com gov org net primeiro nível

Domínios de
expedia google congress segundo nível

Domínios de terceiro nível


sales.google.com sales Hospedeiros

computer1.sales.google.com Computer 1

Figura 3 – Sistema de nomes de domínio da Internet


LAUDON e LAUDON, 2007.
capítulo 3 • 53
A Internet baseia-se na arquitetura cliente/servidor. As pessoas acessam à
Internet por meio de aplicações clientes, como o navegador. Todas as informa-
ções trocadas (dados das aplicações, mensagens de e-mail, etc.) ficam armaze-
nadas na máquina cliente ou em um servidor.
Os clientes que acessam à Internet atualmente não o fazem apenas por com-
putadores, mas também por diversos dispositivos, como os tablets, celulares etc.
Quando você conecta seu computador cliente na Internet, passa a ter aces-
so a uma variedade de serviços, como e-mail, grupos de discussão, mensagens
instantâneas, vídeos, redes sociais, serviços do governo, páginas de comércio
eletrônico e serviços corporativos.
Cada serviço na Internet é implementado por um conjunto de programas e
pode funcionar a partir de um único servidor ou de servidores diferentes.
As redes corporativas compreendem um conjunto de várias redes diferentes
(desde a rede telefônica até a Internet e as redes locais) que conectam grupos de
trabalho, departamentos ou escritórios.
Uma rede corporativa pode oferecer aplicações comerciais aos seus clien-
tes. Por exemplo, pode ser um portal onde o cliente, através de seu navegador
web, acessa relatórios sobre as vendas da empresa.
Para isso, a empresa precisa de uma arquitetura com sistemas backend.
Esse tipo de sistema funciona no servidor como uma aplicação. Ele se conecta
a bases de dados, faz transações com outros sistemas etc. Além disso, você pre-
cisará de um servidor de aplicações que tratará o envio de informações de uma
aplicação cliente não apenas como requisições de páginas, mas como requisi-
ções de informações a programas.

54 • capítulo 3
Servidor
Servidor de banco Sistemas
Cliente Internet Servidor de aplicativo de dados back-end

PDA · Servidor
· Navegador Web Web (HTTP)
· Outro software · Simple Mail
cliente Transfer Vendas
Páginas Produção
Protocol (SMTP) Web
· Domain Name Contabilidade
Serving (DNS) RH
· File Transfer
Protocol (FTP)
· Network News Arquivos
Transfer Protocol de
(NNTP) correio

Figura 4 – Modelo cliente servidor na Internet


LAUDON e LAUDON, 2007.

3.1.1  Internet, intranets e extranets

A intranet de uma empresa é uma rede privada que utiliza a mesma tecnologia da
Internet (ou tecnologia semelhante) para conectar computadores, recursos e apli-
cações de uma rede, tornando-os disponíveis somente ao seu público interno.
Uma intranet deve ser protegida por medidas de segurança como firewalls, me-
canismos para autenticação e controle de acesso, permitindo apenas que usuários
autorizados possam fazer uso dos recursos disponíveis.
As principais diferenças entre a Internet e a intranet são relacionadas ao
conteúdo (que é restrito na intranet e liberado na Internet).
As empresas podem usar intranets para diversos fins, como:
•  Ensino eletrônico;
•  Repositório de dados;
•  TV corporativa;
•  Comunicação instantânea (por texto ou voz);
•  Divulgação de notícias;
•  Gerenciamento de projetos;
•  Conectar aplicativos; etc.

capítulo 3 • 55
Já a extranet pode ser considerada como um ponto de conexão externo a
uma intranet, ou seja, um ponto onde a intranet fica passível de acesso ao pú-
blico externo (como clientes, fornecedores, parceiros comerciais etc.). O acesso
da extranet também deve ser controlado. Afinal, se não fosse assim e o acesso
fosse público, estaríamos falando da Internet!
As extranets fornecem recursos até parecidos com os das intranets, como
troca de informações, ensino eletrônico, transmissão de dados, comunicação
instantânea, dentre outros.
Quando uma empresa conecta sua intranet à intranet de outra empresa, po-
demos dizer que há a formação de uma extranet (claro, se a conexão for com o
fim de prover os recursos citados e, ainda, com a devida proteção – se for públi-
ca, não faz sentido chamá-la de extranet).

Internet Intranet da Filial

Intranet da Matriz

Extranet

Intranet do cliente ou fornecedor

Figura 5 – Extranet composta de intranets diferentes

Em geral, a conexão para uma extranet exige a chamada rede privada virtual
(VPN: Virtual Private Network).
Em uma VPN, a conexão entre os elementos computacionais é protegida.
Assim, você pode trafegar dados sobre a infraestrutura pública da Internet pro-
tegendo-os com mecanismos de criptografia. Mesmo que algum “intruso” ten-
te observar os dados, estes estarão “embaralhados” de maneira que não farão
nenhum sentido.

56 • capítulo 3
A C
Internet

Dados
Dados

B D

Figura 6 – Criação de uma VPN

3.1.2  A Wold Wide Web (WWW)

A World Wide Web é o mais conhecido serviço de Internet. É um padrão uni-


versalmente aceito para armazenar, recuperar, formatar e apresentar informa-
ções usando uma arquitetura cliente/servidor. Nesse padrão, páginas web são
formatadas por meio do hipertexto que possui links, vinculando documentos.
Para “navegarmos” na web, precisamos de um browser (navegador). O software
faz as requisições de objetos usando a arquitetura cliente/servidor na web.

Figura 7 – Tela do Internet Explorer

capítulo 3 • 57
A figura 7 mostra a tela do Internet Explorer, o navegador web que vem junto
com o Windows. O Internet Explorer é o navegador mais usado no mundo.
Ao digitarmos um endereço no navegador, o que acontece é o seguinte:
•  O endereço é o URL de um objeto: http://www.estudeadistancia.com;
•  Esta URL define um endereço único de um site ou arquivo na Internet;
•  O servidor usa o DNS para traduzir o endereço do computador host na
Internet;
•  Feito isso, ele usa o protocolo apropriado para solicitar ao servidor o ob-
jeto desejado pelo usuário.

As páginas web são baseadas numa linguagem-padrão chamada Lingua-


gem de Marcação de Hipertextos (hypertext markup language – HTML). Essa
linguagem é interpretada pelo navegador, que exibirá os resultados na tela de
seu computador.
O protocolo acima especificado é o HTTP (protocolo de transferência de hi-
pertexto – hypertext transfer protocol), que é um padrão de comunicações usado
para transferência de páginas web.

3.1.2.1  Negócios digitais


Como já citamos, é comum lermos na Internet sobre e-commerce e e-business
e encontrarmos textos que confundem suas definições e usos. Como são pala-
vras provenientes do inglês, vamos traduzir os termos separadamente e dar o
significado de cada um deles para entendermos a diferença entre eles.
Segundo o dicionário online MICHAELIS:
Business: 1 serviço, trabalho, profissão, ocupação. 2 assunto, negócio.
important business / negócios importantes. 3 negócio, atividade comercial, co-
mércio. he went into business / ele ingressou no comércio. 4 empresa, firma, es-
tabelecimento industrial ou comercial. 5 loja. 6 direito de agir, interesse. 7 ação
em representação teatral.
Commerce: 1 comércio, negócio, tráfico. 2 intercâmbio (comercial ou cultu-
ral). 3 relações pessoais. I have no commerce with him / não tenho relações com ele.
Como podemos perceber, são termos diferentes. Enquanto “business” trata
do negócio como um todo, do assunto, “commerce” é apenas a parte da troca
comercial, do intercâmbio, como é mostrado em uma das traduções, e seria a
parte principal da definição. Portanto, de certa forma, o e-commerce é uma par-
te integrante do e-business. Dá para perceber que um termo é bem relacionado

58 • capítulo 3
com o outro. Porém, é natural que os termos se confundam, pois a infraestrutu-
ra usada para ambos é praticamente a mesma.
Segundo os autores (LAUDON e LAUDON, 2007), e-business refere-se ao uso
de tecnologia digital e de Internet para executar os principais processos de ne-
gócios de uma empresa. Neste contexto, todas as atividades relacionadas com
a gestão interna da empresa e até mesmo com os fornecedores fazem parte do
e-business incluindo o e-commerce que, segundo os autores, lida com a compra
e a venda de mercadorias e serviços pela Internet.
A figura 8 tenta estabelecer o relacionamento entre e-business e e-
commerce e seu relacionamento com o mundo exterior, que são os
clientes e usuários da empresa a qual possui processos baseados em
e-business. Como podemos ver, o e-business engloba outros conceitos já vistos
anteriormente em outras disciplinas como ERP, SCM, CRM e BI. A integração
desses sistemas com os processos de negócio e aliados à estratégia corporativa,
além de outros fatores que veremos no capítulo, são fatores críticos de sucesso
para o bom relacionamento.

E-Business

E-Commerce
Processos de negócio,
estratégias integradas, Trocas eletrônicas, Mundo
comércio eletrônico,
tecnologias atuais, loja virtual, interface externo
Sistemas ERP, CRM, com o mundo
SCM externo

Figura 8 – Relacionamento entre e-business, e-commerce e o mundo externo à empresa.

Uma vez que definimos e mostramos as diferenças entre os termos, vamos


agora a algumas questões relacionadas com a disciplina.
Toda organização tem suas preocupações imediatas e estratégicas. Lem-
bre-se de que quando nos referimo à estratégia, estamos considerando ações
a longo prazo. O que é melhor? Preocupar-se com o lucro atual e reduções de
custo imediatas ou o posicionamento da organização daqui a alguns anos? E se
estamos tentando analisar a situação daqui a alguns anos, como a Internet e o
mundo digital estarão incluídos nesta análise?

capítulo 3 • 59
Para ajudar nesta análise, gostaria de apresentar alguns dados estatísticos
sobre as redes sociais atualmente.
Segundo o site Socialnomics (BBC BRASIL, 2012), o Facebook ultrapassou
o número de 1 bilhão de usuários (número muito maior que a população de
vários países juntos, incluindo o Brasil) e, dentro desse número, em média uma
pessoa gasta cerca de 6 horas por mês “dentro” do Facebook.
As redes sociais são usadas basicamente para entretenimento pessoal, po-
rém é excelente para as empresas divulgarem produtos e serviços. Além disso,
muitas redes sociais possuem APIs, as quais permitem que as empresas desen-
volvam formas de integração com seus sistemas integrados ou de comércio ele-
trônico. Enfim, é uma grande possibilidade de negócio.

CONEXÃO
Conheça um pouco algumas APIs dos principais sites:
Google Maps: <https://developers.google.com/maps/>. É possível encontrar muitas formas
de embutir os mapas do Google em aplicações desenvolvidas pelos programadores.
Facebook: <http://developers.facebook.com/>. Possibilita que os programadores integrem
seus sistemas ao Facebook.
Java API: <http://docs.oracle.com/javase/7/docs/api/index.html. API> da linguagem Java.
Por meio desta API, os programadores podem escrever diversos tipos de aplicações para
diferentes plataformas.
Twitter: <https://dev.twitter.com/>. Com esta API é possível conhecer as formas de integra-
ção do Twitter com outras aplicações.

Portanto, perante esses dados, as empresas não podem de forma nenhuma


descartar a entrada no mundo digital. Trata-se de um posicionamento estraté-
gico e de sobrevivência. Mas resta saber se as empresas estão preparadas atual-
mente para esta mudança.
A entrada no mundo digital significa repensar os processos, os relaciona-
mentos com fornecedores, com clientes, a tecnologia usada internamente,
as pessoas e seu grau de relacionamento com essa nova realidade, enfim, um
novo paradigma.
A tecnologia ainda é um campo inexplorado para alguns gerentes e estes, se
não entenderem devidamente os benefícios e possibilidades que ela oferece,
certamente serão obstáculos para o avanço nesta área. Cabe ao gestor de TI in-
tervir neste difícil processo.

60 • capítulo 3
Esta mudança de paradigma que deve acontecer nas empresas está relacio-
nada com uma divisão sugerida por KALAKOTA & ROBINSON (2002) em perío-
dos do e-commerce:
•  Primeira etapa (1994-1997): o que ocorreu foi uma corrida das empresas
para garantir sua presença na Internet. De uma certa forma, não impor-
tava como seria o relacionamento pós-contato com o cliente ou interes-
sado, o importante era estar presente na Internet!
•  Segunda etapa (1997-2000): o foco foi as transações eletrônicas: com-
prar e vender na Internet. Porém, um problema muito sério ocorreu
nesta época e várias empresas “.com” acabaram por desaparecer após
o “boom” inicial da Internet. Como já vimos na disciplina de Sistemas
de Informações, não basta ter um bom sistema de venda sem que exista
uma estrutura de supply chain suficientemente preparada para suprir as
demandas de clientes e usuários.
•  Terceira etapa (2000-até hoje): o foco desse período está relacionado com
a lucratividade. Uma vez que as empresas “.com” suportaram as crises
anteriores, a meta agora é saber como a Internet afeta a lucratividade.
Isto afeta não apenas a parte de compra e venda (e-commerce), mas todos
os processos envolvidos nesta tarefa, inclusive os processos de retaguar-
da, também chamados de back office.

Como já foi comentado, as apessoas estão cada vez mais conectadas e é na-
tural que essa vida on-line seja explorada pelas empresas e atividades como o
e-business e e-commerce tomem força e ganhem outras proporções. Por outro
lado, com o avanço da tecnologia, muitos elementos tecnológicos que funda-
mentam as atividades digitais ficam mais baratos e acessíveis para as empresas
que querem entrar nesse ramo ou mesmo expandir o que já existe.
Essa nova economia trouxe novos tipos de negócios e organizações, e con-
sequentemente a forma de lidar com esse novo contexto fez com que apareces-
sem novos modelos de negócio.
Rappa (2010) fez uma taxonomia (classificação) envolvendo os tipos de mo-
delos de negócio desse novo cenário. Porém, temos de tomar cuidado com um
detalhe: esta área é muito volátil. Embora o trabalho de Rappa seja muito in-
teressante e é um dos poucos que faz essa classificação, novos modelos têm
aparecido, os quais não foram contemplados na taxonomia proposta por ele.

capítulo 3 • 61
O quadro 3.1 apresenta a taxonomia proposta por RAPPA (2010) apud
SIQUEIRA e CRISPIM (2012). Observe cada modelo e suas variantes:

VARIANTES DESCRIÇÃO

Modelo de negócio tradicional baseado em instalações


Comércio físicas e que utiliza a rede como mais um canal de co-
misto mercialização para os seus produtos. [LivrariaSaraiva.
com.br]

Comércio Comercialização de produtos/serviços exclusivamente


MODELO
virtual pela Internet. [Submarino.com.br]
COMERCIANTE
Modelos de negócios
que envolvem a
Comercialização de produtos digitais ou serviços cuja
comercialização de
entrega é realizada pela própria Internet. É a forma
serviços ou produtos Comércio
mais pura de Comércio Eletrônico, uma vez que todo
tangíveis/digitais para virtual puro
o processo do negócio é realizado on-line. [Symantec.
pessoas físicas ou
com]
jurídicas. Pode ser um
negócio totalmente
baseado na Internet ou
com reforço de uma loja Empresas que vendem produtos ou serviços para ou-
tradicional. Mercantil tras empresas (B2B) utilizando-se a Internet como ca-
nal de comercialização.[Quickpack.com]

Empresas produtoras de mercadorias que se utilizam da


Mercantil
web como canal direto de venda para o consumidor final,
direto
eliminando total ou parcialmente os intermediários. [Dell]

62 • capítulo 3
Site que reúne diversas lojas virtuais. A receita é obtida
Shopping através de taxa mensal + comissão sobre as vendas
virtual realizadas ou pagamentos por anúncios. [Shopfacil.
com.br, Amazon.com]

Ambiente virtual que possibilita a oferta de mercadorias


e a realização de lances até se chegar à melhor oferta
MODELO disponível. A receita é obtida através de taxas de cadas-
Leilões on-li-
CORRETAGEM tramento + comissão no caso de empresas (B2B) ou
ne
Modelos de negócios comissão sobre venda no caso de pessoas físicas (C2C).
chamados de Possui variantes como o Leilão reverso. [Superbid.net /
facilitadores de negócios Mercadolivre.com.br]
na Internet. São
sites que facilitam e
estimulam a realização
Possibilita a interação entre empresas do mesmo setor
de transações, através
e incentiva transações através de negociação direta
da manutenção de um
Portal vertical ou leilões. Variantes: Agregador de compras – reúne
ambiente virtual; coloca
compradores para obter maior volume e melhor nego-
em contato e aproxima
ciação.[Chemconnect.com]
os fornecedores e os
potenciais compradores.
Geralmente um
corretor cobra uma
taxa (mensal/anual) ou Aproxima compradores e vendedores; a receita é ge-
comissão por transação ralmente obtida através de comissões sobre as transa-
realizada. ções realizadas pelo site. É o caso dos Corretores Fi-
nanceiros, que facilitam a realização de investimentos,
disponibilizando acesso a fornecedores de serviços fi-
Metamediá-
nanceiros (investshop.com.br) como compra de ações,
rios
seguros, investimentos. Além de sites que dão prêmios
aos consumidores (dotz.com.br) para incentivar a com-
pra em sites parceiros. Outra variante são os agentes
de transação financeira [Paypal.com], que também se
enquadram nesta categoria.

capítulo 3 • 63
São grandes portais de conteúdo que oferecem con-
Portais teúdo gratuito ou parcialmente gratuito, além de ser-
genéricos viços como mecanismo de busca [Google.com, Bus-
MODELO cape.com.br] e servidores de e-mail. [Hotmail/Yahoo].
PUBLICIDADE
Oferece produtos e Sites especializados em determinado público ou seg-
serviços, geralmente Portais mento de mercado. Geram menos volume de tráfego
gratuitos. Gera grande especializa- que os genéricos, mas com um perfil de público mais
volume de tráfego e dos concentrado, o que é valorizado pelos anunciantes.
normalmente obtém [maisde50.com.br]
receita através de
anunciantes. Quando Portais afiliados fornecem um link para compras em
não gratuito, a forma de portais comerciantes parceiros – é um modelo de re-
cobrança pode ser por muneração por desempenho, se o afiliado não gerar
assinatura ou Modelos
compras, ele não representa custo para o comerciante
“on-demand”. afiliados
parceiro. Variações incluem programas de intercâmbio,
pay-per-click e partilha de receitas de banner. [Ama-
zon.com]

Softwares desenvolvidos colaborativamente por


uma comunidade de programadores que compar-
tilham código abertamente. Em vez de licenciar o
Open
código fonte através de taxa, o modelo depende
MODELO Source
da receita gerada a partir de serviços relacionados
COMUNIDADE como integração de sistemas, suporte ao produto,
O modelo comunitário tutoriais e documentação de usuário. [Red Hat]
baseia-se na lealdade
do usuário. A receita Conteúdos acessíveis abertamente, desenvolvidos
pode basear-se sobre Conteúdo colaborativamente por uma comunidade global de
a venda de serviços
aberto usuários que trabalham voluntariamente. [Wikipe-
e produtos auxiliares
dia.com]
ou contribuições
voluntárias, ou pode ser
Sites que possibilitam a um indivíduo se conectar a ou-
vinculada à publicidade
tros indivíduos com interesses em comum (professio-
e assinaturas de
nal, passatempo, romance). Serviços de rede sociais
serviços premium. Serviços de
podem fornecer oportunidades de publicidade con-
rede social
textual e assinaturas de serviços premium. [LinkedIn,
Facebook, Orkut]. Outra variante são sites de compras
coletivas [Groupon.com, PeixeUrbano.com.br].

Quadro 3.1 – Taxonomia dos modelos de negócio


RAPPA (2010) apud SIQUEIRA e CRISPIM (2012).

64 • capítulo 3
3.2  O conhecimento digitalizado

Podemos perceber que todo o conhecimento que estamos mostrando com as


tecnologias e avanços da ciência está relacionado com a mente das pessoas e
como elas processam as informações.
Portanto, o conhecimento digitalizado, na verdade, é um processo comple-
xo que necessita de ferramentas de tecnologia corretas e apropriadas, de forma
que o conhecimento possa ser apresentado e mostrado, armazenado, indexa-
do, recuperado, compartilhado e também disponível para a sociedade.
A tecnologia da informação possui vários recursos para poder digitalizar o
conhecimento e novos recursos aparecem todo o tempo.
A área de gestão do conhecimento tem ganhado bastante destaque, pois ne-
cessita dessas ferramentas e de material humano que as conheça e as utilize a
fim de formar os sistemas gerenciadores de conhecimento.
A revolução digital, assunto que trataremos em seguida, possui como base
as ferramentas que permitem a digitalização do conhecimento e a convergên-
cia tecnológica.
Notamos que cada vez mais a mobilidade tem baseado várias atividades re-
lacionadas com a comunicação, com a produção, com os serviços e outros, e
isso tem como consequência o aparecimento contínuo de novos e modernos
smartphones, com funções que excedem a simples comunicação.
Os jovens das Geração Y e mais novos têm aproveitado estas facilidades. Eles
já são nativos digitais e lidam com os aparelhos celulares e demais dispositivos
com um desembaraço natural. Usam as redes sociais de maneira maciça para
várias finalidades, principalmente para comunicação, interação e diversão.
Essa geração possui características marcantes como:
•  Independência e forte interação em rede;
•  Abertura intelectual;
•  Colaboração;
•  Interligação dos intelectos para a conscientização organizacional;
•  Cultura da inovação.

Esse conhecimento digitalizado tem influenciado a tecnologia de forma


que ela fique cada vez mais onipresente na sociedade.

capítulo 3 • 65
3.3  Tecnologia onipresente

Existe um termo na área de computação de que certamente você não ouviu


falar chamado de computação ubíqua. Mas certamente você é um usuário des-
se tipo de conceito, mas não sabia que tinha esse nome!
Esse termo foi usado pela primeira vez na década de 1980 e permanece até
hoje, porém, com outro nome. Ela também é conhecida como computação per-
vasiva, tecnologia calma, everyware ou também encontramos como inteligên-
cia ambiental.

CONEXÃO
Saiba mais sobre tecnologia vestível:
<http://www.tecmundo.com.br/acer/40880-acer-pode-revelar-tecnologia-vestivel-no-ini-
cio-de-2014.htm>
<http://www.google.com/glass/start/>: Site do Google Glass
http://blogs.estadao.com.br/link/amazon-inaugura-secao-de-tecnologia-vestivel/

Chega de suspense! A computação ubíqua tem como princípio tornar a inte-


ração entre homem e computador invisível, ou seja, tenta integrar a informáti-
ca ao máximo na vida das pessoas de forma que ela se torne invisível. Atualmen-
te, com tanta tecnologia que nos rodeia, isso é extremamente aplicável. Temos
atualmente a tecnologia “vestível”, aquela que está embutida em relógios de
pulso com boa parte dos recursos dos smartphones presentes, roupas inteligen-
tes que se adaptam ao clima, calçados com chip eletrônicos para ajudar atletas,
temos também como grande exemplo o Google Glass, e outros.
O termo “invisível” da computação ubíqua não significa que a tecnologia não
será visível aos nossos olhos, mas a tecnologia estará tão impregnada na vida das
pessoas que ela praticamente não será notável, tornando-se onipresente.
Porém, para chegar a essa “invisibilidade”, é uma longa jornada, mas estamos
caminhando com passos largos nessa estrad. Por exemplo, o Google Glass já é ven-
dido na Internet e os outros exemplos mencionados. O primeiro passo para essa in-
visibilidade é o uso de interfaces naturais, ou seja, deixar que a forma de interação
com o computador seja a mais natural possível.
Outro exemplo: em alguns aviões militares, o sistema de mira da artilharia
do avião já pode ser controlado pelos olhos do piloto. É um exemplo de interfa-
ce natural.

66 • capítulo 3
A interface natural pode ser por meio da fala, dos gestos (veja os novos ví-
deo-games e seus jogos de dança, tiro com arco, e outros) e outros modos e,
dessa forma, o teclado e o mouse não seriam mais necessários.
O outro passo é permitir um tipo de computação que seja sensível ao con-
texto, ou seja, os dispositivos usados seriam dotados de sensores que captam o
ambiente do usuário e respondem a este ambiente. No ambiente, podem estar
pessoas ou objetos e os sensores seriam capazes de captar qualquer movimen-
tação do ambiente e processar as informações. Isso implica rapidez de proces-
samento do computador e dispositivos pequenos e práticos dotados de tecno-
logia sem fio e ligados a computadores de maior processamento.
O reconhecimento de voz e a escrita eram grandes desafios enfrentados
pela ciência e tecnologia porque os erros de voz principalmente com a dicção
do usuário eram difíceis de serem modelados, assim como a escrita. Mas com
o lançamento do Iphone 4S da Apple, parece que algumas barreiras foram su-
peradas. O Siri é um aplicativo embarcado do Iphone, o qual não tem apenas
sistema de reconhecimento de voz, ele é usado como um “assistente inteligen-
te” e executa algumas solicitações do usuário. Por exemplo, algumas perguntas
como “Vai chover hoje?” ou ainda “Preciso levar guarda-chuva hoje?”, nesse
caso o aplicativo irá consultar a previsão do tempo e responder às questões
conforme foi pedido. Ou se for dito “Me acorde às 6 da manhã” ou ainda “Ani-
versário da minha esposa em 20 de dezembro”, nesse caso o aplicativo irá aju-
dar o usuário a não perder o horário nem esquecer o aniversário da esposa.

Figura 9 – Exemplo de dispositivo vestível

capítulo 3 • 67
ATIVIDADE
1.  O que é comércio eletrônico?

2.  O que são negócios eletrônicos?

3.  Compare as respostas das perguntas 1 e 2. Negócios eletrônicos é um sinônimo de co-


mércio eletrônico? Explique.

4.  O que é computação ubíqua?

5.  Como funciona o software como serviço?

6.  Para que serve o DNS (Domain Name System)?

7.  Pesquise e responda às questões: o que é http? Por que ele é importante?

8.  O que é Internet?

9.  O que é WWW?

10.  Compare as respostas das perguntas 9 e 10. www e Internet são sinônimos? Explique.

REFLEXÃO
A revolução digital é sem dúvida muito interessante. Com o advento da Internet e a possi-
bilidade da expansão de oportunidades, negócios e serviços, muitas atividades relacionadas
com a tecnologia apareceram. Realmente é interessante poder conversar com outras pes-
soas do outro lado do mundo em tempo real vendo a imagem delas, como era mostrado nos
seriados e desenhos antigos. Pode parecer muito natural para a Geração Y, Z, mas para quem
conheceu os telefones a disco e sabe da dificuldade que era fazer uma ligação telefônica no
início da década de 80 vai entender. Até os mais novos devem ficar espantados com a tec-
nologia vestível e o seu grande exemplo, o Google Glass. É realmente uma revolução digital!

68 • capítulo 3
LEITURA
O artigo “The computer for the 21st century” de Mark Weiser é onde o termo computação
ubíqua apareceu pela primeira vez. Vale a pena dar uma lida neste excelente artigo. Disponí-
vel em: <http://wiki.daimi.au.dk/pca/_files/weiser-orig.pdf>.
Quer saber sobre uma tecnologia que vai modificar bastante os telefones celulares e
outros dispositivos? Leia o Grafeno nestes dois links: <http://info.abril.com.br/noticias/
ciencia/2013/07/como-o-grafeno-mudara-o-mundo.shtml e http://e-fisica.fc.up.pt/fisica_
na_up/conteudos/grafeno>.
Aprenda um pouco sobre a “Internet das coisas”. É muito interessante: <http://www.ibm.
com/midmarket/br/pt/pm/Internet_coisas.html>

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BBC BRASIL. BBC Click: Facebook está perto de 1 bilhão de usuários. BBC Brasil, 2012.
Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/04/120426_
videoclickebc.shtml>. Acesso em: 10 Maio 2012.

CAPRON, H. L.; JOHNSON, J. A. Introdução à informática. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informações gerenciais. São Paulo: Pearson,


2007.

KALAKOTA, R.; ROBINSON, M. E-business: estratégias para alcançar o sucesso no mundo


digital. Porto Alegre: Bookman, 2002.

RAPPA, M. Business Models on the Web: Managing the digital enterprise, 2010. Disponível
em: <http://digitalenterprise.org/models/models.html>. Acesso em: 12 maio 2014.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos estudar os conceitos de TIC (Tecnologia da informação e co-
municação), e descobrir suas principais áreas de aplicação e analisar os impactos que elas
exercem na sociedade.

capítulo 3 • 69
4
Tecnologias da
informação e
comunicação
4  Tecnologias da informação e comunicação
Neste capítulo, vamos estudar um conceito muito importante e atual conhecido
por TIC – Tecnologias da informação e comunicação. As TICs são empregadas
em vários setores da nossa sociedade, e uma das que tem mais recebido mais
influência é a área de Educação. A Educação a Distância (EAD) tem utilizado
muito os produtos gerados pelas TIC. Quem imaginava, há 10 anos, que poderí-
amos ter salas de aula on-line com a participação de vários alunos e professores
debatendo ao mesmo tempo, e em lugares diferentes?
Refletiremos os conceitos, suas aplicações e impactos na sociedade.
Bons estudos!

OBJETIVOS
•  Conceito de TIC;
•  Impacto das TICs na sociedade;
•  Relação dialética entre a sociedade e as TICs;
•  Aplicação das TICs.

REFLEXÃO
Provavelmente você já deve ter pensado em como a tecnologia nos envolve nos dias de hoje.
Em todo lugar que vamos, a trabalho ou a passeio, temos algum tipo de contato com tecno-
logia. Você já tentou imaginar como seria se não tivéssemos tantos aparatos tecnológicos?
Como seria?

72 • capítulo 4
4.1  Conceito de TIC

Já citamos anteriormente que TIC significa Tecnologia da Informação e Comu-


nicação. Pesquisando na Internet sobre o conceito de TIC, vamos perceber que
as definições são muito parecidas e convergentes.
Segundo o site Infoescola, TIC é um conjunto de recursos de tecnologia in-
tegrados usados para o mesmo objetivo. As TICs usam o software, hardware e
Internet em várias áreas da sociedade, especialmente na educional. (PACIEVI-
TCH, 2014).
Segundo a Wikipedia, as TICs representam todas as tecnologias que se rela-
cionam com os processos de comunicação das pessoas. A Wikipedia também
possui uma outra definição semelhante ao site Infoescola e também cita que
as TICs estão aplicadas em vários setores, em especial no setor da educação.
(WIKIPEDIA, 2012).

CONEXÃO
Faça esse teste. Use o seu navegador e pesquise pela palavra “TIC” na Internet. Você obser-
vará que a maioria dos resultados relacionará as TICs com a área educacional.
Use diferentes mecanismos de pesquisa, como o Google, Bing, Yahoo, e compare os resultados.

De acordo com o Portal Educação, as TICs podem ser conceituadas como


uma junção dos meios de comunicação, tecnologias, serviços e produtos que
possuem como objetivo disponibilizar funções automatizadas para o auxílio
das pessoas (PORTAL EDUCAÇÃO, 2014).
Em qualquer área, as TICs buscam minimizar os processos e possibilitar o
acesso à informação e ao conhecimento. Além disso, também busca resolver
problemas, apoiar as áreas do conhecimento e principalmente facilitar o aces-
so à Internet e às tecnologias de comunicação.
Assim como qualquer outra área, as TICs passaram por várias fases até che-
garem à forma que temos hoje. Desde o início, com os primeiros computadores
valvulados e que ocupavam uma grande área, até meados da década de 1990, o
termo mais usado era “computação”, porém, com o surgimento e populariza-
ção da Internet, esta área do conhecimento passou a ser chamada de “tecnolo-
gia da informação e comunicação”.

capítulo 4 • 73
Sem dúvida, as TICs provocaram uma revolução no que se refere ao aces-
so à informação. Diminuíram caminhos que antes eram tortuosos e demora-
vam para serem percorridos. Por exemplo, a Internet permite conectar por voz,
vídeo e som, pessoas separadas fisicamente por milhares de quilômetros em
poucos segundos, o que até pouco tempo atrás era impensável.
E é claro que apresentam impacto na educação. Um professor pode dar sua
aula para vários alunos simultânea e geograficamente dispersos por meio de
um canal eletrônico como a Internet, via satélite e outras formas e interagir
com eles em tempo real.
Da mesma forma, as empresas podem utilizar estes mecanismos como
apoio à divulgação e comercialização de seus produtos e serviços. A tomada de
decisão fica facilitada, pois a informação é mais rápida, mais precisa, mais ágil.
Ainda continuando com a definição de TIC, como já foi citado, trata dos
procedimentos, métodos e equipamentos utilizados para o processamento da
informação e comunicação aos seus interessados.
O uso das TICs e a maneira como as organizações em geral, pessoas e a so-
ciedade como um todo as usaram influenciou profundamente o aparecimento
da chamada “sociedade da informação”.
Temos percebido quanto o ser humano, a informação e o computador estão
conectados. Na verdade, isso é a base da Sociedade da Informação. Notamos
um crescente uso de computadores e uso das telecomunicações, o que nos pro-
porciona ter mais acesso à informação.
Autores como Pierre Levy e Manuel Castells definem a tecnologia da infor-
mação e comunicação como sendo o conjunto de procedimentos, métodos e
equipamentos que processam a informação e propagar no contexto da Revolu-
ção Informática, Revolução Telemática ou Terceira Revolução Industrial. De-
senvolveram-se gradualmente desde a segunda metade da década de 1970 e,
principalmente, nos anos 90 do mesmo século.
Essas tecnologias tornaram mais ágil e menos palpável o conteúdo da co-
municação, por meio da digitalização e da comunicação em redes para a cap-
tação, transmissão e distribuição das informações que podem assumir a forma
de texto, imagem estática, vídeo ou som.

74 • capítulo 4
4.2  Aplicações das TICs

As TICs podem ser aplicadas em três áreas, conforme explicita a figura 1 e se-
gundo (RAMOS, 2008):

Áreas de
aplicação das
TICs

Controle e
Computação Comunicação
automação

Figura 1 – Áreas de aplicação das TICs


RAMOS, 2008.

Na figura 1, existem diversos exemplos de aplicações em cada área que revo-


lucionaram o quotidiano de pessoas e empresas.
O termo computação provém da palavra computar, que significa calcular ou
contar. Um computador é o instrumento que faz essa função. Um computador
não é um sistema inteligente por definição. A vantagem que ele possui sobre
nós é que as operações que ele executa são extremamente rápidas. Estas opera-
ções são programadas por pessoas e, é claro, podem estar sujeitas a erros.
A palavra informática significa o tratamento da informação por meios auto-
máticos. Considerando o estado atual da tecnologia, o computador e os siste-
mas eletrônicos em geral são o meio usado para este tratamento.
O computador representa a parte física da computação, também chamado
de hardware. O hardware é, portanto, o conjunto de componentes eletrônicos e
mecânicos que formam o computador. Além do hardware temos o software, que
representa a parte lógica, intangível, ou seja, o conjunto de instruções e dados
que são processados pelo hardware. O software é o que transforma o computa-
dor útil para as pessoas.
Normalmente encontramos a palavra hardware associada a todos os equi-
pamentos incorporados em produtos que necessitam de processamento com-
putacional, como, por exemplo, equipamentos hospitalares, parte eletrônica
de automóveis, telefones celures e outros.

capítulo 4 • 75
Existe um termo, pouco falado, mas definido por RAMOS (2008), chamado
burótica. A burótica é a junção das palavras bureau (escritório) com a palavra
informática. Sendo assim, burótica é a aplicação da informática em ambientes
de escritório com o objetivo de realizar as tarefas típicas desse ambiente, como,
por exemplo, a organização de dados, o processamento de texto, a reprodução
de documentos, a transmissão e recepção de informação sob diversas formas e
execução de tarefas associadas à gestão.

Figura 2 – Sala de videoconferência

A figura 2 mostra uma aplicação das TICs em relação à burótica. Trata-se de


uma sala equipada com telão, projetor multimídia e aparelhos de vídeoconfe-
rência. Dessa forma, funcionários que estejam longe fisicamente podem reu-
nir-se e fazer a reunião com som e imagem.
A figura 2 também tem relação com a outra grande aplicação das TICs: a co-
municação. A comunicação, desde a antiguidade, é uma necessidade básica do
ser humano e consiste na interação que existe entre dois ou mais participantes
em termos de transmissão e recepção de informação.
As telecomunicações têm se desenvolvido de maneira muito rápida nos últi-
mos anos. Atualmente, são usados diversos meios, como linhas telefônicas, cabos
coaxiais, cabos de fibra ótica, cabos submarinos e sistemas de rádio e de satélite.

76 • capítulo 4
A seguir, apresentamos alguns exemplos de tecnologias e serviços de tele-
comunicações:
•  Tecnologia ADSL: nesse tipo de tecnologia, é possível usar linhas telefô-
nicas convencionais para transmitir dados em alta velocidade;
•  Telefones celulares: usam sistemas de rádio para efetuar a comunicação
sem fios;
•  EDI (Eletronic Data Interchange): Atualmente existem vários servidores
de diferentes empresas que trocam informações entre si e permitem es-
treita colaboração entre fornecedores e clientes;
•  O serviço de videoconferência permite a ligação de som e imagens em
tempo real, o que elimina custos de viagem e gastos de tempo.

Outra palavra usada muito pouco, mas que contém um conceito importan-
te, é telemática. Como já é possível perceber, trata-se da junção das palavras
telecomunicações e informática.
Novamente, não é difícil perceber quanto as duas palavras estão relaciona-
das. A Internet é um exemplo. É uma grande rede de computadores interliga-
dos mundialmente que oferece os mais variados serviços por meio de softwares
e equipamentos apropriados.
A última aplicação das TICs é o controle e automação. Essa área compreen-
de o controle de mecanismos e de processos industriais. Alguns exemplos tí-
picos desta área são: robótica, a simulação de veículos, o controle de processos
por computador, o controle de processos na indústria química e farmacêutica,
além de outros.
A robótica, em especial, é um termo criado pelo escritor Isaac Asimov
no seu livro Eu, Robô (1948). Esse livro virou filme nos anos 90 e é muito inte-
ressante. A robótica é uma área bastante abrangente, pois envolve outras áreas,
como a eletrônica, mecânica, eletricidade, física e, além disso, trata de siste-
mas (software) compostos de máquinas e partes mecânicas que são controladas
eletronicamente.
Essa tecnologia tem sido muito empregada em montadoras de veículos e
indústrias em geral. É uma área em constante desenvolvimento e tem se mos-
trado bastante interessante porque reduz o custo de produção e até mesmo de
problemas de trabalho, aumentando a qualidade e a produtividade.

capítulo 4 • 77
Figura 3 – Um robô industrial e uma tela do software de controle

A figura 3 mostra um exemplo de robô industrial e uma tela de um software


de controle do robô. Normalmente esses softwares são desenvolvidos e opera-
dos por trabalhadores do conhecimento (LAUDON e LAUDON, 2011).
Os trabalhadores do conhecimento são representados pelos engenheiros, cien-
tistas, arquitetos e outros que contribuem com o seu conhecimento e normalmen-
te projetam produtos ou serviços e criam novos conhecimentos para a empresa.
Outra área importante das TICs no mundo atual são as aplicações CAD/
CAM (Computer aided design – desenho assistido por computador e computer
aided manufacturing – manufatura assistida por computador). Nessa área, en-
contram-se as aplicações de criação de produtos industriais, de construção civil
(plantas e demais desenhos), desenho industrial e publicidade. Nesss áreas, o
CAD/CAM ajuda muito nos cálculos e na criação de documentação técnica (de-
senhos). Em muitos casos, os produtos podem ser visualizados em 3D ainda na
fase de concepção, o que traz muitas vantagens para os projetistas.

78 • capítulo 4
Figura 4 – Imagem 3D de um sistema CAD.

No caso do CAM, as aplicações residem no campo industrial, principalmente


na manufatura. O robô mostrado na figura 3 é um exemplo da aplicação do CAM
na indústria. O CAM permite gestão automatizada das informações e diversos pa-
râmetros relevantes para a produção, bem como o controle dos equipamentos.

4.3  O impacto das TICs na sociedade

A sociedade como um todo, em particular as organizações, tem passado por


muitas mudanças. Vamos citar alguns fatos relacionados com as TICs para fun-
damentar esta afirmação.
Em 2009, as empresas dos EUA investiram quase 1 trilhão de dólares em
hardware e software e isso significa mais da metade de todo o capital daquele
país para investimento. Segundo (LAUDON e LAUDON, 2011), os EUA gastaram
275 bilhões de dólares em consultorias e serviços. Estamos falando de 2009 e
certamente na metade da segunda década dos anos 2000 essa quantia deve ter
mudado, e para mais.
Dessa forma, todo esse investimento é refletido no ambiente da sociedade
de alguma maneira.

capítulo 4 • 79
Um fator que comprova isso é a quantidade de abertura de contas de celu-
lares que ultrapassa o número de aparelhos fixos instalados. Aparelhos como
os smartphones, softwares de mensagens instantâneas, vídeoconferências e ou-
tros são fundamentais para os negócios e a sociedade atualmente. Imagine um
grande evento esportivo sem o uso maciço da tecnologia! Não seria possível nos
dias atuais.
Para se ter uma ideia, em 2008 mais de 75 milhões de empresas tinham um
site registrado na Internet. O número de usuários de Internet cresce de forma
muito rápida e há autores que dizem que se você ou sua empresa não estiver
conectado, você não está sendo tão eficiente quanto poderia.
Os jornais tradicionais ainda existem, porém perde leitores para a modalida-
de on-line diariamente. Segundo estatísticas, 106 milhões leem parte da notícia
on-line, 70 milhões leem todo o jornal de maneira on-line e mais de 1 bilhão de
pessoas possui uma conta em alguma rede social digital.
Na área empresarial, as TICs exercem uma grande influência.
Como exemplo, na área de sistemas de informações, os autores LAUDON e
LAUDON (2011) destacam:
•  A plataforma de computação em nuvem aparece como uma das grandes
áreas de inovação empresarial;
•  Crescimento do software como serviço;
•  Plataforma móvel digital para competir com o PC como sistema opera-
cional;
•  Gerentes adotam colaboração on-line e software de redes sociais para melho-
rar a coordenação, colaboração e compartilhamento de conhecimentos;
•  Aplicações de inteligência empresarial aumentam cada vez mais;
•  Reuniões virtuais aumentam;
•  Aplicações da Web 2.0 são amplamente adotadas pelas empresas;
•  Teletrabalho ganha força no ambiente de trabalho;
•  Cocriação do valor de negócios: nesse caso, a fonte de valor de negócios
passa de produtos para soluções e experiências, e de recursos internos
para redes de fornecedores e colaboração com os clientes.

Mas, sem dúvida, a área em que as TICs possuem maior destaque, principal-
mente nas referências bibliográficas, é a área da educação.

80 • capítulo 4
Nos últimos anos, notamos o grande aumento do ensino a distância (EAD)
não só no Brasil, mas em todo o mundo. Podemos perceber a grande oportunida-
de de estudos pela Internet por meio da disponibilização de cursos de graduação
a distância e até mesmo a oportunidade de cursar assuntos específicos, ofereci-
dos por grandes faculdades espalhadas no mundo.

Software como serviço (SaaS): os softwares são distribuídos on-line como um serviço
de Internet e não mais como um produto “encaixotado” ou sistema customizado.
Web 2.0: a web 2.0 é um termo utilizado há pouco tempo para representar uma nova
geração de serviços e formas de interação pela Internet. Apesar de ter várias aborda-
gens em torno do conceito, para o usuário final a maior mudança é poder usar a web
como se fosse um sistema em desktop.
Computação em Nuvem ou Cloud Computing: é um conceito antigo que foi reinventado
há pouco tempo. A computação em nuvem usa recursos compartilhados na Internet para
prover recursos de armazenamento, processamento e outros para os usuários finais.

Sites como o Coursera, que oferece várias possibilidades de estudo de as-


suntos específicos e até mesmo cursos completos, estão cada vez mais popula-
res na Internet. Alguns oferecem cursos gratuitos e outros possuem um esque-
ma de ser gratuito até certo ponto e depois ter algum tipo de pagamento. Essa
modalidade de curso tem sido chamada de OpenCourseWare (OCW).

CONEXÃO
Alguns sites que oferecem cursos de qualidade gratuitos e pagos:
<www.coursera.org>
<www.veduca.com.br>
<ocw.mit.edu>: portal de cursos do MIT
<ocw.unicamp.br>

Atualmente, existe um termo usado nas empresas chamado BYOD (Bring


Your Own Device – Traga seu próprio equipamento). Você também vai encon-
trar esse termo como consumerização de TI. Esse termo é muito interessante
para analisarmos o grande impacto que as TICs exercem na sociedade como
um todo.

capítulo 4 • 81
Nos dias atuais, com o barateamento dos equipamentos como telefones
celulares, tablets e computadores, eles têm se tornado mais acessíveis para as
pessoas. Como exemplo, a quantidade de celulares existentes no Brasil é maior
que o número de habitantes! É muita coisa!
Acontece que as pessoas acabam sendo influenciadas pela tecnologia dis-
ponível, compram esses dispositivos mais modernos e gostariam de ter a opor-
tunidade de usá-los em todos os ambientes que frequenta.
Se a pessoa é aluno de uma escola, certamente que gostaria de levar seu dis-
positivo às aulas para poder usar os recursos de Internet durante a aula como
anotações, criação de figuras etc. Se vários alunos da mesma classe usam o re-
curso com sabedoria durante a aula, eles podem compartilhar as anotações e
ter uma experiência de aprendizado melhor. No ensino presencial, notamos
que o uso de laptops e tablets como substitutos aos cadernos tradicionais tem
aumentado cada vez mais entre os alunos.
O mesmo pode ocorrer nas empresas ou seja, o funcionário pode possuir
um laptop ou tablet e ter o desejo de usá-lo como ferramenta de trabalho. Mui-
tas vezes o aparelho levado pelo usuário é muito mais moderno do que aqueles
oferecidos pela empresa.
Essa é uma discussão abrangente, pois envolve vários assuntos: seguran-
ça de informações, ética e outros, porém não podemos desconsiderar que é
uma realidade.
De acordo com algumas fontes (STANISCI, 2010), as TICs têm causado um
grande impacto na educação, em alguns países de uma maneira bastante inte-
ressante. Segundo o site, todas as crianças e jovens em idade escolar no Uruguai
já possuem o seu próprio computador pessoal, assim como os professores da
rede pública. Essa iniciativa faz parte de um plano do governo uruguaio e tem
apresentado bons resultados.
Interessante também é que o governo brasileiro também tem um programa
semelhante, chamado de “Um computador por aluno”, porém ainda não foi
“pra frente” como aconteceu naquele país. Segundo o site do UCA (Um Compu-
tador por Aluno – www.uca.gov.br), os dados mais recentes são de 2010.
No caso do Uruguai, os computadores foram adaptados às necessidades dos
estudantes. Trata-se de laptops à prova d’água e com teclados de tamanho redu-
zido para melhor uso das crianças.
Ainda na área da educação, existem vários produtos atuais que ajudam tan-
to professores e alunos no dia a dia em sala de aula.

82 • capítulo 4
Um dos exemplos é o ambiente virtual de aprendizagem (AVA). AVA é um
conceito, e não um produto de uma empresa. O AVA também pode ser conheci-
do como LMS (Learning Management System) em alguns ambientes. Trata-se
de um software que agrupa em uma mesma plataforma vários tipos de recursos,
que podem ser usados pedagogicamente. Dentro dele é possível integrar vários
tipos de mídias, linguagens e recursos além de apresentar informações organi-
zadas e desenvolver interações entre alunos e formadores.
Ainda em relação ao impacto das TICs na sociedade, observe o gráfico 1.
Ele mostra um significativo aumento em quatro anos em relação ao número de
usuários que usam o computador todos os dias da semana, em contraposição
ao decréscimo de usuários que usam pelo menos uma vez por semana.
São dados nacionais e importantes que concordam com o que estamos ten-
tando mostrar no texto, ou seja, a tecnologia impacta sensivelmente a socieda-
de moderna.

100
Todos os dias ou Pelo menos uma
90 quase todos os dias vez por mês
80 Pelo menos uma Menos de uma
vez por semana vez por mês
67 69
70
60
60 58
53
50

40 35
30 30
30 24 23
20
10 9 9
10 7 7
2 3 2 1 1
0
2008 2009 2010 2011 2012

Gráfico 1 – Proporção de usuários de Internet, por frequência do


acesso individual (2008 – 2012).
Disponível em: <http://www.cetic.br/publicacoes/2012/tic-domicilios-2012.pdf>.

capítulo 4 • 83
Veja o gráfico 2 e observe o grande aumento de usuários que possuem aces-
so à Internet da própria casa.
Tanto o gráfico 1 quanto o gráfico 2 são proporcionais ao número de usuários
de Internet considerados no período (81 milhões em 2012 segundo o TIC Domíci-
lios e Empresas 2012, disponível em <http://www.cetic.br/>).

100
Em casa Centro público
90 de acesso gratuito
Centro público
80 de acesso pago 74
70 68

60 56
48 48
50

40 45 35
42
27
30
19
20

10 4 4 4 6 4
0
2008 2009 2010 2011 2012

Gráfico 2 – Proporção de usuários de Internet, por local de acesso individual (2008 – 2012).
Disponível em: < http://www.cetic.br/publicacoes/2012/tic-domicilios-2012.pdf>.

O site Socialnomics (QUALMAN, 2013) possui vários vídeos mostrando al-


guns dados muito expressivos a respeito do uso das mídias digitais no mundo
moderno. Seguem alguns dados presentes na pesquisa feita pelo site:
•  O Facebook possui mais de 1 bilhão de usuários;

•  Se o Facebook fosse um país, ele teria a terceira maior população do


mundo e o dobro da população dos EUA;

•  Mais de 50% da população do mundo têm menos de 30 anos;

•  A cada dia, 20% das pesquisas do Google nunca tinham sido feita antes;

•  Em 10 anos, 40% das empresas da Fortune 500 não existirão mais;

84 • capítulo 4
•  A mídia social ultrapassou a busca por pornografia na Internet;

•  Um a cada cinco casais se conhecem pela Internet; 3 em cada 5 casais


gays se conhecem pela Internet;

•  Um a cada cinco divórcios culpa o Facebook;

•  A cada segundo, duas pessoas se cadastram no Linkedin;

•  A cada minuto, 72 horas de vídeos são postados no Youtube;

•  Se a Wikipedia fosse um livro, ela teria 2,25 milhões de páginas;

•  Lady gaga, Justin Bieber e Katy Perry têm mais seguidores no Twitter do
que toda a população da Alemanha, Turquia, África do Sul, Canada, Ar-
gentina, Reino Unido e Egito ... juntos!

O site apresenta outras estatísticas. São números grandiosos e até mesmo


assustadores e que mostram quanto a tecnologia está presente na vida das pes-
soas. Essas informações na mão de pessoas que sabem trabalhar os dados, são
preciosíssimas para as empresas que trabalham com marketing e comunicação.
Existem muitas outras aplicações das TICs na sociedade. Em cada área do
conhecimento, podem-se citar vários exemplos e aplicações. Apresentamos al-
guns exemplos, mas você vai perceber que há muitos outros semelhantes. Ob-
serve-os e analise o impacto que eles causam no seu dia a dia.

4.4  Relação dialética entre a sociedade e as TICs

A palavra dialética provém da junção de duas palavras: do grego dia, que signifi-
ca “troca”, e lekticós, que significa “apto à palavra”. Então, o termo dialética tem
a mesma raiz de diálogo.
Uma relação dialética implica uma contínua relação recíproca em que nenhum
dos elementos participantes podem ser entendidos isoladamente e fora do contex-
to da sua realidade e sem as relações constantes de determinação mútua.
A relação dialética entre sociedade, ciência, informação e tecnologia impli-
ca que cada um dos termos desta relação estão relacionados uns com os outros
e não podem ser entendidos separadamente, como mostrado na figura 5.

capítulo 4 • 85
A tecnologia A sociedade
determina determina
impacto na impactos na
ciência e na ciência e na
sociedade tecnologia

A ciência determina
impactos na
sociedade e na
tecnologia

Figura 5 – Relação dialética entre ciência, tecnologia, informação e sociedade

Observe um exemplo dessa relação: o telefone celular.


É uma necessidade básica da sociedade, do ser humano. Por meio de in-
vestigações científicas e experimentos, acumulando-se o conhecimento ao
longo dos tempos, foi inventado o telefone, que possibilita a comunicação
em longas distâncias.
Ao longo do tempo, essa tecnologia foi se aprimorando, tornando a comuni-
cação mais rápida, mais confiável, mais audível e estabelecida de diversas for-
mas: via cabos, via satélite etc.
A ciência possibilitou esse avanço, inclusive deu às pessoas a oportunidade
de se comunicarem em deslocamento, ou seja, com mobilidade.

Como funciona o celular?


Como o nome já nos dá a dica, ele funciona por meio de células. O aparelho celular
nada mais é do que um aparelho de rádio de ondas curtas. O aparelho fica conectado
a uma central que identifica o aparelho na região em que a central atua (a célula). Com
o uso de várias centrais, várias células, é possível a comunicação de um aparelho a
outro lugar. Quando a distância de uma célula à outra é muito grande, a comunicação
é interrompida e ocorre o que chamamos popularmente de “perda de sinal”. Conforme
o usuário do telefone se movimenta, de célula para célula, existe uma sincronização de
sinais entre as centrais e isso permite ao usuário se deslocar enquanto fala.

86 • capítulo 4
Esse avanço é claro que foi possível com o uso da tecnologia. Conforme a
ciência avançava, a tecnologia caminhava juntamente. Já vimos esse assunto
no primeiro capítulo.
Portanto, a sociedade começou a demandar essa necessidade: de fazer com
que as pessoas se comunicassem em qualquer lugar que estivessem, usando o
seu próprio aparelho, dando origem assim à telefonia celular móvel.
E assim, com o uso cada vez maior do celular, outras facilidades foram in-
corporadas a ele, sempre com o auxílio da tecnologia, com o suporte da ciência.
Atualmente, podemos tirar fotos com o celular e, em alguns casos, as fotos
possuem qualidade melhor do que muitas câmeras fotográficas tradicionais,
trocar mensagens instantâneas e rapidamente, acessar à Internet, sincronizar
contatos e agenda, enfim, muitas possibilidades, até mesmo assistir à televisão!
É interessante notar que essas facilidades possibilitaram até mesmo a troca
de função do telefone celular: muitas pessoas preferem usá-lo para trocar men-
sagens instantâneas do que falar pelo telefone.
Esse é um exemplo de como a tecnologia muda o comportamento das pes-
soas e da sociedade.
O exemplo nos mostra que a sociedade demandou uma necessidade de no-
vos conhecimentos por meio da ciência e esta demandou o desenvolvimento de
novas tecnologias de comunicação. O aparelho celular, então representante da
tecnologia e ciência na relação, fez com que novos comportamentos e formas
de comunicação aparecessem na sociedade.
Dessa forma, mostra-se a relação dialética entre tecnologia, informática,
comunicação e sociedade. A figura 6 apresenta um esquema do que seriam as
células na telefonia celular.
Estações rádio base
Células

Sinal

Figura 6 – Esquema de rede de telefonia celular


capítulo 4 • 87
Nesse texto, tentamos mostrar as diferentes abordagens sobre a relação
entre ciência, sociedade e tecnologia. Porém, é importante entender que cada
uma das abordagens reflete um momento histórico na evolução do homem
atual e, como tal, as abordagens incluem crenças, valores, argumentos e conhe-
cimentos próprios do cenário e do período evolutivo da ocasião.
De qualquer forma, podemos chegar a algumas conclusões importantes
para o profissional da área de TIC:
Existem conceitos diferentes a respeito da sociedade, da ciência e da tecnolo-
gia que variam de acordo com o período histórico, a cultura, o contexto e a abor-
dagem que lhes são atribuídos. A tecnologia, informação e a ciência, juntamente
com a sociedade, mantêm uma relação dialética contínua entre si que está em
constante interação e determinação mútua de impactos em sua evolução.

ATIVIDADE
1.  Dê um exemplo de aplicação das TICs na área de comunicação diferente do que vimos no
texto. Explique-o.

2.  Dê um exemplo de aplicação das TICs na área de computação diferente do que vimos no
texto. Explique-o.

3.  Qual a diferença entre computação, informática e tecnologia da informação?

4.  Além dos exemplos dados no texto, qual outra aplicação das TICs você poderia comentar?
Dê um exemplo e comente-o.

5.  No texto, usamos o aparelho celular para explicar a relação dialética entre as TICs e a
sociedade. Comente outro exemplo que explica essa relação.

6.  Existem muitas aplicações das TICs na educação. Pesquise algumas delas na Internet e
comente aquela aplicação que você achou mais interessante. Explique o motivo.

REFLEXÃO
As TICs têm dado origem a uma autêntica revolução em diversas profissões e atividades na
investigação científica, na concepção e gestão de projetos, no jornalismo, na medicina, nas

88 • capítulo 4
empresas, na administração pública, na arte e na escola. Certamente estamos cercados
pela tecnologia. Porém, resta-nos saber aproveitar suas oportunidades e poder estabelecer
uma relação de paz entre a sociedade e as TICs. De fato, as TICs são um fator de inovação
em vários segmentos da sociedade que proporcionam novas práticas de trabalho, de com-
portamento que nos fazem aprender a obter a informação, para construir o conhecimento e
adquirir novas competências.

LEITURA
O livro Eu, Robô é uma leitura bastante interessante. A robótica possui três leis fundamen-
tais, elaboradas pelo autor, Isaac Asimov, que são bastante discutidas no livro. O livro teve
uma adaptação para o cinema que, mesmo sendo um filme de ação, trata dessas três leis.
No link <http://www.edrev.info/reviews/revp49.pdf>, temos uma resenha sobre o livro A
Galáxia Internet de Manuel Castells. Trata de um texto em que o leitor vai encontrar vários
assuntos relacionados com as transformações sociais que fizeram a Internet aparecer no
final do século XX.
O livro O que é virtual?, de Pierre Levy, é uma excelente obra sobre as questões de que
tratamos neste capítulo. Existe uma resenha interessante em <http://www.citador.pt/biblio.
php?op=21&book_id=948> que pode dar uma noção a respeito do livro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAUDON, K.; LAUDON, J. Sistemas de informações gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson,
2011.

PACIEVITCH, T. Tecnologia da informação e comunicação. Infoescola, 2014. Disponível em:


<http://www.infoescola.com/informatica/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/>.
Acesso em: 10 jun. 2014.

PORTAL EDUCAÇÃO. Tecnologias da informação e comunicação. Portal Educação,


2014. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/53824/
tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-tics>. Acesso em: 10 jun. 2014.

QUALMAN, E. Social Media Video 2013. 2013. Disponível em: <http://www.socialnomics.


net/2013/01/01/social-media-video-2013/>. Acesso em: 10 jun. 2014.

capítulo 4 • 89
RAMOS, S. Conceitos básicos em TIC. Livre, 10 jan. 2008. Disponível em: <http://livre.
fornece.info/>. Acesso em: 10. jun. 2014.

STANISCI, C. MEC apresenta ações para estimular uso das TICs nas escolas durante
conferência. 2010. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/ponto-edu/mec-apresenta-
acoes-para-estimular-uso-das-tics-nas-escolas-durante-conferencia/>. Acesso em: 10 jun.
2014.

WIKIPEDIA. Tecnologias da informação e comunicação. Wikipedia, 2012. Disponível


em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologias_da_informa%C3%A7%C3%A3o_e_
comunica%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 10 jun. 2014.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, estudaremos algumas questões relacionadas com a ética, aspectos le-
gais e profissionais envolvidos na relação e uso das TICs. Além disso, analisaremos TI Verde
e sustentabilidade, que é um assunto bastante importante atualmente.

90 • capítulo 4
5
Aspectos éticos
legais e profissionais,
TI Verde e
sustentabilidade
5  Aspectos éticos, legais e profissionais, TI
Verde e sustentabilidade

É um dever do profissional de qualquer área da TI conhecer alguns aspectos


além dos aspectos técnicos. Durante a época dos estudos na graduação, muitos
alunos anseiam pela parte técnica e não dão a devida atenção aos elementos
que farão parte do seu cotidiano após a conclusão do curso.
Os aspectos relacionados com o exercício da profissão, como conhecer as
principais referências de informação da área de TI, tratar com temas ambien-
tais, é muito importante.
Neste capítulo, iremos tratar de alguns destes assuntos e tentar despertar o
interesse em áreas que, assim como as demais, mais técnicas, também deman-
dam bons profissionais. Ainda mais na área de regulamentação da profissão no
Brasil, que já é um assunto bem antigo, como veremos.
Esperamos que você aproveite bastante os ensinamentos deste capítulo,
pois certamente eles irão fazer parte de sua vida profissional posteriormente.

OBJETIVOS
•  Aspectos éticos e legais relacionados ao exercício profissional na área de TI;
•  Mercado de trabalho na área de TI e tendências;
•  Regulamentação da profissão na área de Tecnologia da Informação;
•  TI Verde e Sustentabilidade;
•  Informatização das Empresas;
•  Conceito de sustentabilidade;
•  Conceito de Tecnologia da Informação (TI) Verde ou Computação Verde;
•  Melhores práticas e experiências em TI Verde.

92 • capítulo 5
REFLEXÃO
Em 1992, houve uma conferência no Rio de Janeiro chamada Eco 92. Você já era nascido(a)?
Os objetivos desta conferência eram discutir e tomar decisões a respeito da degradação am-
biental já existente e garantir melhor qualidade de vida para as próximas gerações. Foi a pri-
meira vez que mundialmente foi discutida a questão da TI Verde e sustentabilidade na área de
TI. Quando puder, procure saber sobre a Eco 92, pois é uma excelente fonte de informação!

5.1  Introdução

Alguns assuntos a serem tratados neste capítulo são bem antigos. E, para co-
nhecê-los melhor, precisamos saber de algumas referências nacionais e mun-
diais na área de computação.
O termo “Tecnologia da Informação” é recente. É um termo muito usado
comercialmente, porém academicamente é um conceito relativamente novo.
Se formos procurar a respeito da história da tecnologia da informação, vamos
achar os mesmos componentes e fatos da história da “computação”, que é o
termo original.
Tocamos nesse assunto porque mundialmente existem algumas associa-
ções de classe que são muito influentes na área de computação e informática e
surpreendentemente ignoradas pela maioria dos “profissionais de TI”. Essas
organizações são a IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers), ACM
(Association of Computing Machinery), IEEE Computer Society e nacionalmen-
te a SBC (Sociedade Brasileira de Computação).
São essas associações que estudam os currículos de cada área da computa-
ção, recomendando disciplinas e sequenciamento de estudos, elaboram códi-
gos de ética como referência, criam os padrões (de rede por exemplo) usados
no nosso dia a dia, possuem comunidades ativas e colaborativas em prol do de-
senvolvimento da área de computação e informática nacional e mundialmente.

capítulo 5 • 93
CONEXÃO
Para conhecer um pouco mais sobre as associações aqui mencionadas, convidamos você a acessar
os links:
IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers): www.ieee.org
IEEE Computer Society: www.computer.org
ACM (Association of Computing Machinery): www.acm.org
SBC (Sociedade Brasileira de Computação):<www.sbc.org.br>

Conhecer essas associações, talvez possuir uma afiliação, é muito impor-


tante. Por exemplo, citamos o caso dos padrões de rede: um profissional da
área de rede deve (e tem de) conhecer o padrão IEEE 802.11. Como vemos, o
IEEE é quem criou e publicou este padrão, mundialmente aceito e usado.
Nessas associações, existem comunidades de profissionais, acadêmicos e
demais colaboradores que, como dissemos, estudam, colaboram e organizam
publicações que podem ser consultadas a fim de nos guiar em várias áreas.
Portanto, para estudar os assuntos desse capítulo, usaremos essas associa-
ções como referência.

5.2  Aspectos éticos e legais relacionados ao exercício profissional


na área de TI

Os sistemas de computação estão cada dia mais presentes na nossa vida. Em


todo lugar que vamos, a passeio ou não, conseguimos identificar algum ele-
mento que esteja informatizado ou on-line.
E será cada vez “pior”. Há benefícios e malefícios dessa invasão tecnológi-
ca que sofremos. Ao mesmo tempo que é bom sabermos a localização física e
geográfica de um parente pelo celular, é ruim saber que os nossos passos estão
sendo armazenados em um banco de dados. Quando gostamos de um deter-
minado assunto numa rede social e o marcamos, essa preferência também é
armazenada e, posteriormente, com o conjunto do que gostamos, é possível
para os computadores traçarem um possível perfil que possuímos e assim nos
atingir com informações a respeito daquele perfil.
E por aí vai, esse conjunto de dados acumulados é chamado atualmente de
Big Data. Porém, isso nos leva a pensar em algumas coisas. Querendo ou não,
estamos sendo rastreados e por que não dizer vigiados? Isso é bom? É ruim?

94 • capítulo 5
Como profissionais da computação, precisamos adotar algumas posturas,
principalmente em relação à ética.
A ética em computação pode abranger, de acordo com MASIERO (2000) e
ACM (1992), os seguintes assuntos:
•  Profissionais da computação
•  Usuários e clientes
•  Ser humano

A ética é uma área bastante estudada e cheia de discussões. Para o nosso


contexto, vamos tentar aplicá-la à nossa área de computação e informática. Em
primeiro lugar, se vamos aplicá-la, estamos nos referindo à conduta diária de
uma pessoa. No campo profissional, a aplicação se dá com a conduta da pessoa
a qual está atribuída a uma determinada profissão em particular.
No caso da ética em computação, como já vimos, podemos considerar prin-
cipalmente o profissional em computação e seus usuários.
Nesse caso, os principais pontos de discussão que envolvem a ética em com-
putação, de acordo com MASIERO (2000), ACM (1992), SBC (2013). são:

Segundo a entrevista do filósofo Mario Sergio Cortella para o Instituto Ethos, disponível em http://
www.rts.org.br/entrevistas/entrevistas-2007/mario-sergio-cortella/, Ética é o conjunto de valores
e princípios que utilizamos para decidir nossa conduta em sociedade. É o que orienta nossas
ações em relação às três grandes questões da vida humana ― querer, dever e poder ―, que são
exatamente os territórios da nossa ação. (...) Aquilo que nos faz conviver de forma fraterna. A
palavra “ethos” significa, portanto, o lugar onde nos abrigamos, no qual é preciso haver princípios
e valores que permitam a convivência. Esse conjunto de princípios e valores é exatamente o que
chamamos de ética, ou seja, as regras da casa. A palavra “ética” remonta à ideia de vida coletiva.
Seria impossível pensar em ética se só existisse o indivíduo. A ética faz sentido apenas porque
vivemos em conjunto. Portanto, ética tem a ver com o plural, não com o singular.”

•  Desenvolvimento de sistemas: as questões éticas nesse caso envolvem a


responsabilidade com o cliente e sua participação a fim de garantir um
produto adequado e com qualidade, além de reduzir os riscos no desen-
volvimento.
•  Automação de decisões: nesse caso, elementos como o nível de auto-
mação de um sistema estão envolvidos a fim de garantir a distribuição

capítulo 5 • 95
adequada entre as tarefas executadas pelo computador e pelo usuário.
Além disso, envolve garantir o conteúdo correto para a correta tomada
de decisão.
•  Violação da informação: essas questões envolvem o acesso aos dados ar-
mazenados a fim de garantir a confidencialidade dos dados envolvidos;
a violação da comunicação, para garantir e respeitar a segurança da co-
municação; e os danos ao sistema computacional, principalmente rela-
cionado, com vírus.
•  Internet: as questões tratam de conteúdos de sites, para poder garantir
a veracidade e qualidade da informação, e do comércio eletrônico, para
garantir a segurança e integridade das transações e o estabelecimento de
regras bem definidas.
•  Sistemas críticos: são sistemas em que as falhas podem causar danos se-
veros (inclusive morte) e danos ao meio ambiente. Exemplos: sistemas
de controle de aeronaves, sistemas médicos, controle químico etc. Nesse
caso, eles precisam de técnicas de avaliação e desenvolvimento que ga-
rantam a segurança do sistema.

Os problemas com relação à ética na computação estão relacionados ainda


com a forma de como os problemas éticos tradicionais são agravados ou trans-
formados pela TI. Além disso, envolvem a definição de políticas sobre o que é
e o que não é adequado sobre o uso de TI. Ainda mencionam como o impacto
da TI atua sobre os valores humanos, tais como saúde, riqueza, oportunidades,
liberdade, democracia, conhecimento, privacidade, segurança, realização pes-
soal etc., além de atuarem nos padrões de conduta de profissionais da compu-
tação, ou seja, a ética profissional.
Para tanto, as associações de classe elaboraram códigos de ética de refe-
rência, que são documentos com várias diretrizes orientadoras em vários as-
pectos: pessoais, de postura, ideias que são moralmente aceitas ou toleradas
pela sociedade. Dessa forma, o indivíduo pode ser enquadrado em uma postura
politicamente correta e compatível com a boa imagem que a organização ou
profissão deseja ocupar.
Normalmente ele é elaborado pela sua entidade de classe ou organização
competente de acordo com as atribuições da atividade desempenhada.
No caso da computação e informática, um código de ética normalmente
adotado é o da ACM (1992). Esse documento trata basicamente do comporta-

96 • capítulo 5
mento do profissional de TI. O código da ACM trata de:
•  Imperativos morais gerais
De acordo com a ACM, os tópicos são:
•  Devo contribuir para a sociedade e o bem-estar humano;
•  Devo evitar causar mal/danos a outros;
•  Devo ser honesto e digno de confiança;
•  Devo ser justo e agir para não discriminar;
•  Devo honrar direitos de propriedade, incluindo copyrights e patentes;
•  Devo dar crédito adequado à propriedade intelectual;
•  Devo respeitar a privacidade dos outros;
•  Devo honrar acordos de confiança.

•  Responsabilidades profissionais específicas


•  Devo tentar atingir a máxima qualidade, eficácia e dignidade nos pro-
cessos e produtos de trabalho profissional;
•  Devo adquirir e manter competência profissional;
•  Devo conhecer e respeitar as leis relacionadas ao trabalho profissional;
•  Devo aceitar e prover avaliação (“review“) profissional apropriada;
•  Devo dar avaliações de sistemas de computadores e seu impacto de for-
ma compreensiva e completa, incluindo uma análise de possíveis riscos;
•  Devo honrar contratos, acordos e responsabilidades designadas;
•  Devo melhorar o conhecimento público da computação e de suas
consequências;
•  Devo acessar recursos de computação e comunicação apenas quando
receber autorização para tal.

•  Imperativas de liderança organizacional


•  Articular responsabilidades sociais dos membros de uma unidade or-
ganizacional e encorajar a aceitação plena dessas responsabilidades;
•  Gerenciar recursos humanos e materiais para projetar e construir sis-
temas de informação que melhorem a qualidade de vida;
•  Reconhecer usos autorizados dos recursos computacionais e de co-
municação de uma organização;
•  Assegurar que usuários e outros que serão afetados por um sistema
tenham suas necessidades claramente articuladas durante a avalia-
ção e o projeto de requisitos; eventualmente, o sistema deve ser vali-
dado contra esses requisitos;

capítulo 5 • 97
•  Articular e dar suporte a políticas que protejam a dignidade de usuá-
rios e outros afetados por um sistema computacional;
•  Criar oportunidades para que os membros da organização aprendam
os princípios e limitações de sistemas computacionais.

O código de ética recomendado pela ACM é interessante, porém há um pro-


blema que ocorre no Brasil: a falta de regulamentação da profissão. Sendo as-
sim, o que adianta adotar um código de ética que pode não ser seguido pelos
profissionais regulamentados? No Brasil nem todos concordam com a regula-
mentação e isso ocasiona vários debates desde a década de 1980. No próximo
tópico, iremos estudar um pouco mais sobre o mercado de trabalho e a regula-
mentação da profissão.

5.3  Mercado de trabalho na área de TI e tendências

A TI é uma área que envolve programadores, engenheiros de software, administra-


dores de rede, entre outros. Há muita confusão quando se fala dos profissionais
de TI. É comum confundi-los com os programadores, por exemplo. Mas o progra-
mador é uma carreira específica dentro do universo da Tecnologia de Informação.

Tecnologia da Informação (TI) é a área de conhecimento responsável por criar, admi-


nistrar e manter a gestão da informação através de dispositivos e equipamentos para
acesso, operação e armazenamento dos dados, de forma a gerar informações para
tomada de decisão (WIKIPEDIA, 2014).

As profissões dessa área não são regulamentadas, como acontece com diver-
sas outras áreas de conhecimento. Esse fato torna difícil o mapeamento da área
de atuação dos profissionais de tecnologia. Veremos isso no próximo tópico.
Observando as vagas disponíveis para estes profissionais, é possível selecio-
nar algumas áreas e profissões de TI, com suas ramificações. A figura 1 mostra
um QR code que liga para a página de carreiras e salários na área de TI da Info
Exame. Convido você a acessar o link e observar a tabela.

98 • capítulo 5
Figura 1 – Tabela de cargos e salários da Info Exame
Disponível em: <http://info.abril.com.br/carreira/salarios/>.

As empresas que utilizam os serviços de profissionais de TI também dividem


as funções e cargos em níveis, de acordo com a capacidade profissional dentro
do cargo, por exemplo: o cargo Analista de Sistemas costuma ser dividido em
Analista de Sistemas Trainee, Analista de Sistemas Júnior, Analista de Sistemas
Pleno e Analista de Sistemas Sênior. Geralmente, a remuneração é diferenciada
de acordo com o nível: quanto maior o seu nível, maior a remuneração.
Há também os profissionais freelancers e autônomos, que, motivados pelo
perfil empreendedor, atuam na prestação de serviços formais e informais, mo-
vimentando grande volume de recursos do mercado.
O Mercado de trabalho de TI tem crescido muito nos últimos anos, demons-
trando a importância cada vez maior desta área para os negócios.

5.4  Mercado de trabalho

Até 2015, o mercado brasileiro de TI experimentará taxa de crescimento anual de


9,9%. As companhias da América Latina vão investir 384 bilhões de dólares em TI
até 2015 e o Brasil responderá por mais de 40% dos negócios (TI INSIDE, 2012).
Entre as tecnologias que vão levar a maior parte dos orçamentos estão so-
luções para cloud computing, mobilidade, redes sociais e gerenciamento de
Big Data.
O setor de Sistemas da Informação foi o que teve maior índice de cresci-
mento em toda a economia nacional, alcançando 4,9% em 2012 (JORNAL DO
BRASIL, 2012). Essa é uma oportunidade importante para o setor se estruturar
cada vez mais, solucionando problemas como o déficit de mão de obra, a falta
de regulamentação e o aumento dos salários de entrada da categoria.

capítulo 5 • 99
É um mercado estratégico, que precisa se organizar melhor. As profis-
sões precisam ser regulamentadas e os salários ajustados para a realidade
do mercado. A média dos salários dos trabalhos de TI é de R$ 2.950 reais, o
que representa muito pouco, quando comparado com os salários de ou-
tras profissões estratégicas (BRASSCOM, 2012). Em tempo, a Brasscom
é a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comuni-
cação e recomenda um código de ética para os seus associados.
Segundo pesquisa feita na CATHO (2014), utilizando 5 palavras-
-chave para os cargos, verificou-se a existência das seguintes vagas para os pro-
fissionais da área de TI:
•  Webdesigner – 269 vagas • Programador – 2.552 vagas
•  TI – 19.534 vagas • E-commerce – 115 vagas
•  Internet/Web – 800 – vagas • Gestor de TI – 159 vagas

Todas as vagas estão distribuídas entre todas as carreiras da área de TI, como
gerência, desenvolvimento, infraestrutura, consultoria, segurança, entre outras.
Além do número de vagas disponíveis, também podemos observar os valo-
res salariais para estes profissionais no guia salarial, que traz a remuneração
média oferecida aos profissionais das áreas de tecnologia no mercado brasilei-
ro, como mostra o link da figura 1.
Ao comparar a pesquisa salarial com guias de anos anteriores, é possível
perceber que houve uma valorização salarial média de 20% dos profissionais de
TI. Vinte por cento em função da alta demanda por estes profissionais.

CONEXÃO
A seguir, são apresentados alguns sites em que são divulgadas vagas exclusivas na área de informá-
tica e dicas para a carreira:
<www.apinfo.com>
<www.ceviu.com.br>
<www.profissionaisti.com.br>
<http://info.abril.com.br/noticias/carreira/10-dicas-para-iniciar-a-carreira-em-ti-06022012-3.shl>
<http://geracaotec.sc.gov.br/?p=546
http://freelati.com/>

100 • capítulo 5
Os salários variam de acordo com o cargo exercido pelo profissional. Observe
novamente a tabela do link da figura 1. As faixas salariais apresentadas para cada
cargo representam a média nacional de salário bruto, não incluem bônus e podem
variar de acordo com a região e tamanho da empresa. Veja a seguir a tabela:
Além da tabela anterior, é possível verificar os valores apresentados pela
empresa Catho, que fez um estudo com mais de 260 mil profissionais em 4
mil cidades de todo o país, onde se verificou a média salarial dos profissionais
que atuam no Brasil, em abril de 2014. Nessa pesquisa, é apresentada a remu-
neração detalhada de cada cargo aliada a uma determinada área específica.
O ranking faz parte da “40ª Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho On-li-
ne”. Nessa pesquisa, o profissional respondeu a um formulário eletrônico com
questões sobre o cargo, remuneração, benefícios, cidade, faturamento da em-
presa, sexo, idade, escolaridade, idiomas, entre outros dados.

5.5  Perfil profissional

Qual é o perfil do profissional de TI? Esta pergunta é importante e precisa ser


refletida pelos profissionais que desejam atuar neste Mercado.
Os profissionais da área de TI passaram, ao longo das últimas décadas, a
alinhar cada vez mais a área técnica com a área de negócios. A figura deste pro-
fissional como um “nerd” do final dos anos 1970 e início dos anos 1980 deu
lugar a um profissional com formação mais abrangente e conhecimentos em
várias áreas, como: administração, economia, gestão de projetos, liderança,
empreendedorismo, fluência em idiomas, oratória, redação, gestão de pessoas,
responsabilidade social e ambiental, entre outras.
A área de TI não é vista mais hoje como uma área de suporte ou de bastidor.
É uma área estratégica dentro das organizações, com forte presença nos níveis
gerenciais da empresa.
As carreiras relacionadas à área de Tecnologia da Informação são bem di-
versificadas, o que faz com que o perfil desses profissionais varie muito, de
acordo com as suas áreas de atuação.
Um programador, por exemplo, tem um perfil mais técnico e focado. Essa
função exige concentração e o domínio profundo das tecnologias disponíveis.
Seu relacionamento será mais fortemente com os integrantes de sua equipe de
desenvolvimento, portanto uma visão ampla de negócio, geralmente, não faz
parte do perfil deste profissional. Já o Analista de Sistemas possui um perfil

capítulo 5 • 101
com ampla visão dos negócios e das necessidades da empresa e de gestão em-
presarial. Seu relacionamento pode ultrapassar as fronteiras da área de TI, pois
ele interage com as outras áreas da empresa, sendo necessário que ele tenha
um perfil de solucionador de eventuais conflitos que possam aparecer.
O profissional de TI pode levar a sua carreira para três grandes áreas: técni-
ca, atuando na área de programação; desenvolvimento e análise de sistemas;
estratégica, na gestão do departamento de tecnologia em uma grande empresa;
ou uma mistura de ambas, ao criar seu próprio empreendimento.
Algumas pesquisas mostram exigências do mercado, sendo importante res-
saltar, como, por exemplo, a fluência em outro idioma, a experiência profissio-
nal, a formação acadêmica e as certificações.
O conhecimento da língua inglesa é obrigatório e é aceitável que se conhe-
çam também outros idiomas. A experiência profissional também é muito im-
portante e o desligamento amigável do emprego anterior também representa
um ponto positivo, pois é comum o contato entre os contratantes para discu-
tirem sobre a atuação do profissional. A formação acadêmica, com formação
de nível técnico ou superior, também é uma das características importantes
no perfil do profissional desta área. Por fim, as certificações funcionam como
complemento à formação acadêmica e representam uma forma de o profissio-
nal acompanhar as mudanças tecnológicas disponíveis no Mercado. Enfim, a
formação profissional, juntamente com a experiência e as certificações, é um
ponto chave no que se espera dos profissionais desta área.
Além destas exigências essenciais ao profissional de TI, é possível citar ou-
tras características fundamentais para o sucesso na profissão, tais como capa-
cidade técnica, boa expressão oral e escrita, capacidade de negociar, noções de
gestão empresarial, trabalho em equipe, formação e aperfeiçoamento continu-
ado, networking, responsabilidade social e ambiental.
As capacidades técnicas são fundamentais, mas a habilidade de se relacio-
nar, de negociar e de se comunicar é essencial para esses profissionais. Comu-
nicar-se bem com os diferentes agentes envolvidos no processo, como clientes,
gestores e outros profissionais, além de ser capaz de mediar situações de confli-
tos, são características que diferenciam os profissionais desta área.
Ter noções de gestão empresarial é outra característica importante, pois os
profissionais precisam possuir conhecimento dos processos empresariais para
que possam criar e desenvolver ferramentas que possam agilizar processos e
reduzir custos, gerando, assim, diferenciais competitivos para a empresa. Para

102 • capítulo 5
aqueles que pretendem desenvolver suas carreiras na área gerencial, é neces-
sário o desenvolvimento de uma ampla visão sobre a empresa em que atuam,
para que o departamento de TI torne-se uma área estratégica, gerando resulta-
dos para a organização. Ter conhecimento de planejamento, organização, co-
ordenação e controle é fundamental para a gestão dos recursos na área de TI.
Para aqueles profissionais que desejam atuar na área técnica, é necessário
o aprofundamento nas linguagens de programação atualizadas, com o conhe-
cimento de novos métodos para o desenvolvimento de soluções e construção
de aplicativos. Já para aqueles que desejam empreender seu próprio negócio, é
imprescindível o desenvolvimento de habilidades para avaliar oportunidades,
dimensionar mercado, conseguir financiamento e capital de risco, construir
times, conhecer as implicações legais e aprender a lidar com o crescimento de
seu empreendimento.
Independentemente dos caminhos escolhidos, os profissionais de TI também
precisam desenvolver e exercitar valores que facilitem o trabalho em equipe, como
cooperação, colaboração, aceitação de outras ideias e opiniões, aberturas a críticas,
comprometimento e suscetibilidade a mudanças.
O profissional da área de TI tem de estar também em constante aperfeiçoa-
mento de suas técnicas, pois a área de tecnologia sofre grandes mudanças num
curto período. O profissional deve estar atento a toda e qualquer tendência im-
portante para o mercado e sempre aberto às possibilidades de mudança.
A capacidade de criar e explorar redes de relacionamentos é muito importan-
te no cenário de tecnologia, pois o profissional passa a ter um leque maior de
recursos que ele pode utilizar a seu favor em diversos momentos de sua carreira.
Por fim, os profissionais de TI também precisam estar cientes de suas responsa-
bilidades sociais e ambientais, buscando ferramentas, processos e recursos que
reduzam o consumo, que promovam maior eficiência e ganhos ambientais e in-
vestimento em mecanismos que promovam o desenvolvimento social.
A tabela 1 mostra a evolução da carreira sugerida para um profissional que
queira seguir a carreira de CIO (Chief Information Officer, ou seja, o profissio-
nal responsável por toda a área de TI de empresa).

capítulo 5 • 103
PERFIL TÉCNICO
Investimento em certificações em todas as etapas são
imprescindíveis. Participação em grande número de pro-
5 jetos, ajudando assim na aquisição de experiência e vi-
são crítica. Fluência em inglês e espanhol. Curso técnico
ou superior.

Atuação em segmentos mais específicos, como teleco-


municações, redes ou projetos. Upgrades de certifica-
5 a 10 ções para o setor escolhido. Especialização nas áreas
de administração, economias e marketing. Talvez seja
necessária uma nova graduação ou certificação.

Tempo de Investir em expressão oral e comunicação. Upgrades de


10 a 15
mercado certificação nas áreas de sociologia ou psicologia.

em anos A essa altura, você já é um especialista referencial em


TI. Talvez seja uma boa hora para mestrado e doutorado.
15 a 20
Participe do máximo de fóruns e eventos na área. Você já
possui todos os requisitos para atuar como CIO.

Em média, com 20 anos de atuação de carreira, o profis-


sional já atingiu todos os seus objetivos e pode começar
20 a 25
a pensar em diversificar sua atuação, como, por exemplo,
prestar consultoria ou investir no seu próprio negócio.

Seguir com a carreira, buscar novos desafios, estar aten-


+ de 25 to às tendências e conhecer todos os detalhes de gestão
de processos.

104 • capítulo 5
PERFIL DE NEGÓCIOS
No início da carreira, a atitude e a personalidade cha-
mam a atenção dos gestores para os profissionais com
5
potencial. Uma pós-graduação de alto reconhecimento
ou no exterior é um grande diferencial.

O ideal seria ser coordenador de alguma área ou projeto.


O ideal é abandonar o posto de executar para tornar-se
5 a 10
um gestor. Relacionar-se com as pessoas. MBA em área
complementar à sua formação.

Não se acomode. Nesse ponto, você já conhece a em-

Tempo de 10 a 15 presa amplamente. Adquira mais competências em ges-

mercado tão de negócios.

em anos É o momento de tomar decisões importantes com crité-


15 a 20 rio e rigor. A fase mais crítica da profissão não permite
erros.

O auge da carreira para quem superou todos os obstá-


20 a 25 culos exige excelência na relação com as pessoas. Sua
especialização agora são as pessoas.

Preocupe-se com o seu legado. A questão agora é con-


duzir uma sucessão produtiva. Esteja atento a outras ex-
+ de 25
periências e atitudes. Tenha bom senso, seja flexível e
assuma riscos.

Tabela 1 – Evolução do perfil profissional (BAUER, 2006)

Como o mercado da tecnologia de informação tem crescido muito nos últi-


mos anos e tem, igualmente, sofrido grandes transformações do ponto de vis-
ta técnico e tecnológico, é natural que o perfil dos professionais demandados
pelo setor também venha se transformando ao longo do tempo. Algumas novas
habilidades são cada vez mais solicitadas na profissão: capacidade de adapta-
ção, autodesenvolvimento, jogo de cintura e proatividade.

capítulo 5 • 105
Verifica-se que há várias características inerentes ao perfil de TI. E estas ca-
racterísticas precisam ser abordadas para auxiliar os futuros profissionais da
área no norteamento de uma carreira de sucesso e de muitas conquistas.

5.6  Regulamentação da profissão na área de Tecnologia da


Informação

No tópico sobre código de ética, citamos que somente o código de ética não
é suficiente para garantir uma boa conduta nas organizações e projetos. É in-
teressante que, assim como existe em outras profissões, que haja uma regula-
mentação da profissão.
Este assunto é discutido no Brasil há muito tempo e até hoje não existe ne-
nhum acordo sobre ele. Existem projetos de lei, porém a prática é que não há
regulamentação suficiente para a área de computação e informática no Brasil.
A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) mostra-se desfavorável à regu-
lamentação. De acordo com o seu ponto de vista, a regulamentação traria buro-
cratização e limites nas funções do profissional. É claro que existem opositores
e já existem no Congresso projetos para a criação do CONIN (Conselho Nacio-
nal de Informática), CREI (Conselho Regional de Informática) e do CONFREI
(Confederação Nacional de Informática).
Existem prós e contras de cada lado e os argumentos favoráveis e não favo-
ráveis são bem convincentes. Os motivos favoráveis que sustentam a criação da
regulamentação são:
•  Os serviços prestados seriam de melhor qualidade;
•  Formandos qualificados teriam emprego garantido;
•  A ética profissional seria mais bem estabelecida;
•  Trabalhadores anti-profissionais ou anti-éticos não teriam vez no merca-
do;
•  Um conjunto de normas técnicas seria criado;
•  Unificação das variadas profissões da área e nomenclatura apropriada;
•  Fim da separação entre os profissionais de computação e demais profis-
sões regulamentadas;
•  Criação de um conselho de classe específico com normas mais cabíveis
para a área.

106 • capítulo 5
E os desfavoráveis:
•  Um diploma não é garantia de qualidade, assim como a falta dele não
significa falta de profissionalismo;
•  Há uma grande dificuldade em definir quem exerce a profissão devi-
do a grande quantidade de programadores informais que atuam em
outras áreas;
•  Seria estabelecido um currículo mínimo, que num contexto dinâmico
como o da informática, torná-se-ía obsoleto rapidamente;
•  A velocidade das mudanças no setor dificultaria a definição das atribui-
ções do profissional e a legislação não conseguiria acompanhá-las com
seu ritmo lento;
•  A sociedade já possui leis suficientes para punir um mal profissional da
informática;
•  Normas Técnicas e um código de ética podem ser estabelecidos sem a
necessidade de regulamentação da profissão;
•  Há necessidade de testes de qualidade apenas para os “produtos”, os
softwares, não para os profissionais;
•  Devido a reserva de mercado, bons profissionais ficariam fora do mercado;
•  A fiscalização só pode ser realizada por outros integrantes da classe.
•  Aumento do preço dos produtos produzidos pelos “profissionais quali-
ficados”;
•  A necessidade de registro para exercer a profissão criaria reserva de mer-
cado para profissionais estrangeiros, auxiliando o crescimento do de-
semprego no Brasil;
•  As normas técnicas não poderão dar garantia de qualidade total aos pro-
gramas, pois a natureza destes não permite que os programadores assu-
mam total responsabilidade pelos problemas (bugs) que venham a apre-
sentar.

5.7  TI Verde e sustentabilidade

Existem vários tipos de projetos na área de informática que variam em tama-


nho (do escopo, duração, equipe, etc) e quantidade de recursos (humanos e/ou
materiais). Durante o planejamento desses projetos, fazem-se análises do atual
parque tecnológico disponível e, muitas vezes, é necessária a substituição de

capítulo 5 • 107
alguns equipamentos, como servidores, desktops e compra de outros dispositi-
vos. É claro que isso varia de caso para caso.
Para não divagarmos em uma situação empresarial, vamos tomar como
exemplo a nossa situação doméstica: a informática evolui, nosso telefone ce-
lular passa a ficar obsoleto, vemos uma propaganda de um novo celular mais
potente, com mais recursos etc. O que fazemos com o antigo aparelho? Ou des-
cartamos, literalmente, vendemos ou damos algum destino para ele.
Mas e o que ocorre com este aparelho? Vira lixo em algum depósito de lixo
da cidade? É devidamente reaproveitado como material de reciclagem? Não sa-
bemos ao certo, não é?
Esse foi um pequeno exemplo de um simples celular. Agora imagine, em
um grande projeto, onde são inseridos servidores, desktops, equipamentos
de rede etc.? Perceba que, quanto mais equipamentos usarmos, mais vamos
precisar de energia elétrica para mantê-los funcionando? Os aparelhos eletrô-
nicos dissipam calor, mesmo que pouco, mas dissipam. E sabemos que a alta
temperatura no nosso computador faz com que ele literalmente trave e pare de
funcionar, mas e em um data center? Precisaremos de mais refrigeração, quer
dizer, ar-condicionado e mais energia elétrica!
A energia elétrica infelizmente não é de graça e, se de mais energia precisa-
mos, mais fontes de energia serão necessárias. Como sabemos que a maioria
da geração de energia elétrica no Brasil provém de hidrelétricas, quer dizer que
mais recursos destas usinas serão necessários ou talvez mais usinas deverão ser
construídas. Enfim, é uma reação em cadeia.
Contando que a TI está sendo cada vez mais utilizada e nunca retrocede,
mais recursos naturais serão necessários a cada momento.
É claro que isso sensibiliza a comunidade ambientalista e também aque-
les que têm maior consciência sobre o meio ambiente. Não podemos ficar pa-
rados? Mas como atuar em uma situação que necessita de mais recursos sem
agredir tanto o meio ambiente? É aí que entra a TI Verde!
TI Verde refere-se a tudo que está relacionado com o meio ambiente e TI. É
o estudo e a prática de projetos, manufatura, uso e descarte de computadores,
servidores e subsistemas associados (monitores, impressoras, dispositivos de
armazenamento, dispositivos de rede e sistemas de comunicação) eficiente e
eficazmente com o mínimo (ou sem) de impacto no meio ambiente. Essa defi-
nição foi dada por San Murugesan (Murugesan, 2008) em um dos textos mais
clássicos sobre TI Verde.
Uma forma de se conseguir essa eficiência e eficácia no lidar com produtos

108 • capítulo 5
de TI e não prejudicar o meio ambiente é usar os conceitos de sustentabilidade,
como mostra o Guia para o Gestor de TI Sustentável (Itautec, 2011).
O assunto é tão importante que algumas empresas estão selecionando os seus
fornecedores, os quais devem possuir algum plano de descarte de seus produtos.
Isso, na verdade, faz parte de uma política corporativa principalmente relacionada
com os padrões da ISO, os quais a empresa possa ter.
Segundo o Guia, a TI sustentável está diretamente relacionada ao desenvol-
vimento e à implementação de estratégias e ações que são consequências dos
seguintes pontos de vista:
•  Econômico: que garante um equilíbrio de custo-eficiência. Dessa forma,
os negócios obterão maior vantagem competitiva e a reputação da em-
presa será consolidada.
•  Ambiental: que gera padrões de aquisição e uso dos equipamentos e
seus impactos na natureza em todo o seu ciclo de vida (fabricação, uso
e descarte).
•  Social: que gera padrão e cultura de sustentabilidade nos stakeholders
e, principalmente, nos funcionários, colaboradores e na cadeia de valor.

Redução de espaço 47

Melhoria do desempenho
55
e uso de sistemas

Redução de emissão de carbono e


56
impacto ambiental

Redução de custos 73

Consumo e redução de energia 75

0 20 40 60 80 100
Gráfico 1 – Razões e benefícios para se utilizar a TI Verde (Murugesan, 2008). Adaptado.

O gráfico 1 mostra algumas razões e benefícios para se usar a TI Verde de


acordo com Murugesan (Murugesan, 2008). Pelo gráfico, percebemos que:
•  75% referem-se à redução do consumo de energia;
•  73% para diminuir custos;
•  56% para diminuir a emissão de carbono e impacto ambiental;

capítulo 5 • 109
•  55% para melhorar o uso e desempenho dos sistemas;
•  47% para economizar espaço físico.
Porém, como elaborar uma estratégia para se conseguir algum resultado
com TI Verde? Murugesan sugere adotar a abordagem holística para a TI Verde,
conforme a figura 2.

MANUFATURA

MANUFATURA TI VERDE MANUFATURA

MANUFATURA

Figura 2 – Abordagem holística da TI Verde (Murugesan, 2008). Adaptado.

Conforme mostra a figura 2, para compreendermos os impactos ambientais


que envolvem a TI, precisamos passar pelos quatro caminhos complementares:
Uso (Green Use): relacionado com a redução de energia de computadores
e sistemas de informações e os usa de uma maneira ecologicamente correta.
•  Descarte (Green Disposal): relacionado com o reaproveitamento de
computadores ou equipamentos antigos. Existem várias possibilidades
de reaproveitamento de computadores antigos.
•  Projeto (Green Design): relacionado com o projeto de equipamentos
(computadores, servidores etc.) com uso eficiente de energia e ambien-
talmente correto.
•  Manufatura (Green Manufacturing): relacionado com a manufatura de
componentes eletrônicos, computadores e outros equipamentos deriva-
dos com o mínimo impacto ao meio ambiente.

110 • capítulo 5
Toda vez que você observar nos seus estudos sobre holística, encontrará uma abor-
dagem na qual o sujeito principal do estudo é um ser ou entidade indivisível e que
precisa de outras partes que o complementam. Ou seja, para se entender o sujeito do
estudo, ele deve ser encarado e entendido como uma coisa só, e não é pelo estudo de
componentes separados que iremos entender sobre o todo. Uma empresa, por exem-
plo, pode ser entendida de acordo com a abordagem sistêmica (podemos estudar os
departamentos separadamente para entendê-la). Na visão holística, que é a percepção
da realidade, a visão sistêmica seria uma forma de operacionalizar esta visão. No nosso
caso, vamos entender a TI Verde como um assunto único, mas que depende de compo-
nentes para o entendimento.

Focando os esforços nos quatro componentes apresentados, a sustentabili-


dade desejada poderá ser alcançada do lado da TI e do lado dos fornecedores.
Para as empresas que aderem à TI Verde almejarem os resultados esperados,
precisam estar de acordo com o ciclo de vida mostrado na figura 3.

PROJETO VERDE

MANUFATURA
USAR MATERIAL
VERDE DE
REPROCESSADO
COMPUTADORES

RECICLAGEM,
REIMPLANTAÇÃO, REAPROVEITAMENTO, RECUSAR
REPROCESSAMENTO
REÚSO ATUALIZAÇÃO PARTES
DE MATERIAIS

USO CRITERIOSO
DESCARTE
DE INFORMÁTICA

DOAÇÃO

Figura 4 – Ciclo de vida da computação “verde” (Murugesan, 2008). Adaptado.

capítulo 5 • 111
5.8  Uso de TI em prol do meio ambiente

O maior objetivo é reduzir o consumo de energia tanto em ambientes pequenos


quanto em grandes data centers. Vamos mostrar algumas dicas em relação a
esses dois ambientes.
Em relação a PCs, podemos reduzir significativamente o consumo de ener-
gia adotando algumas medidas pessoais, que, em conjunto, irão apresentar
bons resultados: um deles é o simples fato de desligar o PC quando ele não es-
tiver sendo usado! Pode parecer uma coisa boba, mas em muitas empresas o
consumo de energia pode ser reduzido bastante se os usuários desligarem seus
PCs na hora do almoço, em intervalos e outros horários. Muitas pessoas não
desligam seus computadores simplesmente pelo fato de não gostarem de ter de
religá-los quando voltar a usá-los!
Além de gastarem energia desnecessariamente, os computadores e monito-
res, quando estão ligados, liberam calor, sendo necessário um maior esforço do
ar-condicionado para poder refrigerar adequadamente o ambiente.
Uma alternativa é usar softwares ou formas de economia de energia quando
os computadores não estão sendo usados. A maioria dos sistemas operacionais
modernos oferece uma forma de economia de energia. Porém, é uma ação que
depende do usuário e também de uma política corporativa para enfatizar isso.
Até mesmo o uso de protetores de tela pode colaborar para a redução de energia.
Uma outra alternativa é usar equipamentos como thin clients para o usuário.
Os thin clients possuem muitas vantagens em relação ao uso de máquinas tradi-
cionais, entre elas, além do consumo de energia, ter um considerável MTBF – o
que pode ser o fator diferencial neste caso.
Os data centers serão cada vez mais usados daqui para frente. Quanto mais
aplicações de Internet aparecerem, maior será a sua procura. Com isso, as em-
presas que detêm data centers precisarão se preocupar, até mesmo por ques-
tões de funcionamento, com políticas ambientais adequadas. Logo, a energia
elétrica para mantê-los será cada vez maior e tudo o que já falamos relacionado
com energia caberá nesse exemplo também.
Algumas alternativas para aumentar a eficiência de data centers podem ser
feitas, entre elas usar equipamentos com maior eficiência energética, melhorar
a parte de uso de ar-condicionado e alternativas de refrigeração a ar e água nos
equipamentos, principalmente em servidores, investimento em softwares de
gerenciamento de energia, e até mesmo ter projetos de arquitetura para os data

112 • capítulo 5
centers que propiciem melhor aproveitamento das condições climáticas, além,
é claro, de possuírem métricas para monitorar o consumo de energia. Parece
uma tarefa fácil, mas a Gestão de TI nestes casos é fundamental, e o gestor será
uma peça-chave para coordenar todos esses esforços.
Segundo o site Data center Information (Techtarget, 2012), uma recente pes-
quisa detectou que:
•  Mais de 50% das pessoas que responderam à pesquisa disseram que eco-
nomizam energia por meio de virtualização de servidores;
•  32% fizeram esforços para melhorar o uso e a eficiência dos sistemas de
refrigeração;
•  17,5% implementaram políticas de desligamento dos servidores que não
estavam sendo usados;
•  11% tentaram usar energia DC (por meio de baterias) no data center;
•  Somente 7,7% tentaram usar refrigeração líquida para aumentar a efici-
ência geral do data center.

O uso de refrigeração por líquido é muito mais eficiente que a refrigeração


tradicional (a ar). Porém, este tipo de alternativa não tem sido tão utilizado por-
que a complexidade de projetar sistemas com esta tecnologia é mais comple-
xa e isso “assusta” um pouco os envolvidos. Contudo, se a computação de alta
densidade tem se tornado cada vez mais frequente, é necessário que os gestores
de TI comecem a lidar com esta complexidade também.
Uma alternativa que foi comentada anteriormente para data centers é o proje-
to da estrutura física ecologicamente eficiente. O termo é encontrado como “eco-
friendly design” e pode ser feito usando-se borracha sintética para o teto e pintura,
tapetes que contenham baixo VOC, bancadas e mobília feitas de produtos recicla-
dos, e sistemas elétricos e mecânicos que gerenciam energia eficientemente.
Projetos ecológicos também usam luz natural como forma de energia ou
também energia eólica. Empresas que adotam esse tipo de energia têm incenti-
vos do governo e conseguem vantagem competitiva, pois os clientes têm procu-
rado parceiros que sejam ecologicamente corretos.
Os funcionários do data center também devem ser influenciados e adotarem
medidas ecológicas e a adotarem métricas para a redução de calor e descarta-
rem material que tenham propriedades tóxicas, como é o exemplo de muitos
tipos de plásticos que usamos no dia a dia.

capítulo 5 • 113
A virtualização é um grande fator para a redução de energia, segundo o site
da Computerworld (Computerworld, 2009). Esse site é apenas um dos muitos
que tratam deste tipo de alternativa. Como você já deve ter visto em outras dis-
ciplinas, a virtualização ocorre quando usamos várias máquinas virtuais hos-
pedadas em uma máquina física. O uso de virtualização de servidores nos data
centers é muito vantajoso porque diminui a necessidade de espaço físico e eco-
nomiza energia, além de simplificar a organização do data center.
Muitas empresas têm procurado o uso de data centers para entrarem na “onda
verde” e usufruírem de suas facilidades como forma ecológica de estarem com-
patíveis com o meio ambiente em relação a seus servidores.
Existe um grupo criado pelas grandes empresas de data center chamado
Green Grid (www.thegreengrid.org), cujo objetivo é propagar o conhecimento
das melhores práticas do uso de energia em data centers, assim como estabele-
cer padrões na construção, operação e outras atividades relacionadas com data
centers ecologicamente corretos.
Outra prática que pode ser adotada é reutilizar equipamentos antigos. O
descarte simples destes equipamentos é prejudicial ao meio ambiente porque
eles apresentam internamente componentes que são altamente corrosivos,
dentre outros fatores.
Atualmente, existem várias alternativas para o reaproveitamento de equipa-
mentos antigos, principalmente PCs. Uma alternativa é transformar máquinas
antigas em thin clients, como mostrado no site (Open Thin Client, 2012). Exis-
tem várias formas de implementar esta possibilidade e, principalmente a co-
munidade Open Source, com o uso de Linux, oferece várias maneiras para isso.
Vale a pena pesquisar mais sobre isso. Portanto, é interessante reaproveitar ao
máximo os equipamentos antigos.
Outra abordagem que pode ser usada para diminuir os impactos ao meio
ambiente e endossar a TI Verde é projetar novos computadores com compo-
nentes mais modernos e que tenham menor grau de agressão ao meio ambien-
te. O projeto deve contemplar também um balanço entre a viabilidade econô-
mica, taxa de agressão ao meio ambiente e desempenho dos componentes. O
projeto de componentes “verdes” chega a ser uma prática de negócio a ser ex-
plorada pelas empresas.
As empresas fabricantes são também cobradas por questões “verdes”. Sen-
do assim, também procuram desenvolver formas de produção menos poluen-
tes e agressivas. Os projetos acabam sendo finalizados com componentes com

114 • capítulo 5
alta taxa de atualização e reúso. Um exemplo é a evolução dos núcleos de pro-
cessadores nos PCs (saíram dos single core para os quad core) por razões tec-
nológicas e de consumo de energia. Essa alternativa é contrária à evolução de
aumentar o clock do processador: quanto mais rápido, mais energia consome.
Portanto, dividir as tarefas em mais núcleos e não degradar a performance de-
sejada é uma forma de aumentar a “velocidade” geral do computador. Existem
outras formas na produção de hardware também.

5.9  Estratégias empresariais de TI “Verde”

Como já comentado, cada empresa pode desenvolver uma estratégia holística


sobre a TI Verde e esta estar alinhada com uma política ambiental corporativa
mais abrangente.
A estratégia deve desenvolver uma política de TI Verde com objetivos, claros,
metas, planos de ação e cronogramas. Em grandes empresas, onde esse tipo de ini-
ciativa é mais facilmente suportads e aplicada, existem profissionais específicos
para cuidar da implementação desta política “verde”.
Para inserir a empresa na TI Verde, Murugesan (Murugesan, 2008) sugere
uma combinação de uma ou mais das seguintes abordagens:
•  Abordagem tática incremental: a empresa preserva o que já existe de in-
fraestrutura e políticas e insere pequenas e simples medidas para alcan-
çar níveis moderados de objetivos ambientais, como redução de energia,
por exemplo. Estas medidas incluem adotar políticas de gerenciamento
de energia dos equipamentos, desligar os computadores quando não es-
tiverem em uso, até mesmo adotar uso de lâmpadas fluorescentes com-
pactas na iluminação dos ambientes e manutenção de uma temperatura
adequada no ambiente de trabalho. São medidas relativamente fáceis de
serem implantadas e com baixo custo.
•  Abordagem estratégica: é feita uma auditoria da infraestrutura da TI e
de como é o seu uso em uma leitura ambiental. Com base nisso, é fei-
to um planejamento abrangente que engloba os aspectos mais amplos
da TI Verde por meio da implementação de novas iniciativas diferentes.
Como exemplo, uma empresa pode partir para ter equipamentos mais
aderentes às políticas ambientais por meio da compra de fornecedores
que também possuem políticas semelhantes e também desenvolver polí-
ticas para a operação e descarte de equipamentos. Embora a redução do

capítulo 5 • 115
consumo de energia seja o objetivo principal, nesta abordagem podem
ser priorizadas as áreas de marketing, marca, criação, entre outros, mos-
trando que a empresa tem preocupação e projetos ambientais.
•  Abordagem de “imersão total” na TI Verde: essa abordagem amplia con-
sideravelmente os conceitos da abordagem estratégica. Nesse caso, me-
didas aprofundadas podem ser tomadas como políticas para a compen-
sação de emissão de gás carbônico e neutralização das emissões de gás
nocivos à camada de ozônio, plantio de árvores e uso de energia prove-
niente de fortes naturais, como, por exemplo, a energia solar e a energia
eólica. Assim, até mesmo os funcionários em suas rotinas domésticas
são incentivados a pensar “verde”. Há também por meio de outros incen-
tivos para isso, como a doação de softwares para gerenciamento de ener-
gia de seus computadores pessoais, doação de sementes para o plantio
de árvores em suas residências etc.

Empresas menores também podem fazer sua parte adotando medidas in-
crementais simples e aumentando as possibilidades e projetos aos poucos para
adquirir status de empresa que adota a TI Verde.

5.10  Usando a TI para sustentabilidade ambiental

Este último tópico também é importante porque, além da própria TI se tornar


“verde”, ela pode suportar e alavancar outras iniciativas ambientais, oferecen-
do modelagem inovadora, simulação e ferramentas de apoio à decisão, como:
•  Softwares para análise, modelagem e simulação de impacto ambiental e
gestão de riscos ambientais;
•  Plataformas para a gestão ambiental de comércio de emissões, ou inves-
timento ético;
•  Ferramentas de auditoria e relatórios de consumo de energia e de pou-
pança e para o monitoramento das emissões de gases de efeito estufa;
•  Sistemas de conhecimento de gestão ambiental, incluindo sistemas de
informação geográfica e padrões de metadados ambientais;
•  Ferramentas e sistemas de planejamento urbano;
•  Tecnologias e padrões para redes interoperáveis ​​de monitoramento am-
biental e inteligente em redes de sensores;
•  Integrar e otimizar as já existentes redes de monitoramento ambiental.

116 • capítulo 5
Além de mover-se para uma direção mais “verde” e alavancar outras inicia-
tivas ambientais, a TI poderia ajudar a criar uma consciência verde entre seus
profissionais, empresas e público em geral, auxiliando na construção de co-
munidades, envolvendo grupos em decisões participativas, bem como campa-
nhas de apoio à educação verde. Com base nestas ideias, algumas ferramentas,
como portais ambientais, blogs, wikis e simulações interativas sobre o impacto
ambiental de uma atividade, poderiam ser criadas para oferecer assistência e
usar a TI como uma forma de criação de uma consciência “verde”.
A TI é uma parte do problema ambiental, e também pode ser uma parte da
solução. A TI Verde será obrigatória nas empresas em um futuro muito próxi-
mo. Tornar a TI “verde” é, e continuará a ser, uma necessidade, não uma opção.
A TI Verde representa uma mudança dramática nas prioridades na indústria de
TI. Até agora, a indústria tem apostado em poder de processamento de equipa-
mentos e gastos com equipamentos associados e não existe claramente uma
preocupação com outros requisitos, tais como energia, refrigeração e espaço de
centro de dados. No entanto, a indústria de TI terá de lidar com todos os requi-
sitos de infraestrutura e do impacto ambiental de TI e seu uso.
Os desafios da TI Verde são enormes, mas os recentes desenvolvimentos
indicam que a indústria de TI tem vontade e convicção para enfrentar os pro-
blemas ambientais de frente. As empresas podem se beneficiar tomando esses
desafios como oportunidades estratégicas. O setor de TI e os usuários devem
desenvolver uma atitude positiva para lidar com as preocupações ambientais e
adotar posturas “verde” juntamente com suas políticas e práticas.

ATIVIDADE
1.  Após a leitura dos temas, faça uma reflexão sobre o perfil do profissional do mercado de TI
e o seu mercado de atuação.

2.  Você conhece alguma empresa que tem iniciativas relacionadas com TI Verde? Quais as
atividades que ela realiza para isso?

3.  Quais medidas básicas que você proporia a uma pequena empresa para que iniciasse nos
conceitos de TI Verde?

4.  Quais são os benefícios reais para uma empresa ao adotar os conceitos de TI Verde?

capítulo 5 • 117
REFLEXÃO
A TI está em constante evolução; assim, no momento em que você estiver lendo esse texto,
provavelmente o que foi nele mencionado como atual, será assunto já ultrapassado e outro
estará no lugar. TI Verde e questões éticas, bem como a gestão da carreira em TI, são, na sua
essência, problemas que sempre existiram mas tratados de uma forma diferente. Conforme o
mundo evolui, os conceitos e tecnologias, ainda mais na nossa área, evoluem conjuntamente
e você, como futuro profissional de TI, terá de estar “antenado” com relação a essas mudan-
ças. Ao escolher uma profissão, é importante que haja interesse em se aprofundar em tudo
aquilo que a cerca. Conhecer o mercado, o perfil do profissional e aquilo que se espera dele
é fundamental para que se construa uma carreira de sucesso, pautada no que há de mais
novo. O interesse e a busca de crescimento levam os profissionais a buscarem uma qualifi-
cação cada vez melhor. Este capítulo buscou trabalhar um pouco desta realidade, trazendo
elementos essenciais para que se iniciasse uma discussão sobre a trajetória que vocês irão
trilhar profissionalmente.

LEITURA
Os links a seguir possuem vários textos relacionados com os assuntos tratados neste capí-
tulo. Recomendamos sua leitura para você obter maior detalhamento do que foi visto e guias
de inspiração para os seus projetos.
• <http://info.abril.com.br/ti-verde/>. Este link da Info Exame mostra várias reportagens
na área de TI Verde que podem ajudá-lo a entender os tópicos apresentados por meio
de vários estudos de casos e novas tecnologias.
• <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/>. Portal do governo sobre textos de por-
tarias, decretos, resoluções e toda a legislação referente às normas de sustentabilidade
ambiental que devem ser aplicadas às compras públicas, inclusive na área de informática.
• <http://blogs.intel.com/blog/2009/09/16/operacao-de-data-center-de-alta-tempe-
ratura/>. O blog da Intel é cheio de dicas e textos sobre TI Verde. Neste link é apresen-
tado um artigo específico para a gestão de data centers que possuem alta temperatura.
• <http://computerworld.uol.com.br/gestao/2009/10/04/ti-verde-5-dicas-para-
manter-sua-empresa-sustentavel/>. Artigo com cinco dicas para tornar uma empresa
sustentável na área de tecnologia.

118 • capítulo 5
Os links a seguir estão relacionados com a parte de carreira e possuem várias dicas:
•  <http://carreiradeti.com.br/>
•  <http://www.profissionaisdetecnologia.com.br/blog/>
•  <http://ogestor.eti.br/>
•  <http://computerworld.com.br/carreira/ >
•  <http://info.abril.com.br/corporate/>
•  <http://idgnow.uol.com.br/>
•  <http://www.michaelpage.com.br/>

Não deixe de ler os códigos de ética da ACM e SBC que estão listados nas referências deste
capítulo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIATION OF COMPUTING MACHINERY. Code of Ethics. Association of Computing
Machinery - About, 1992. Disponível em: <http://www.acm.org/about/code-of-ethics>.
Acesso em: 3 maio 2014.

BAUER, M. Vida profissional: sempre em frente. Microsoft Business, São Paulo, v. 1, n. 1, p.


26, ago. 2006.

BRASSCOM. Brasscom na mídia. BRASSCOM, 2012. Disponível


em: <http://www.brasscom.org.br/brasscom/Portugues/detNoticia.
php?codNoticia=44&codArea=2&codCategoria=26>. Acesso em: 3 maio 2014.

INFORMATION SYSTEMS AUDIT AND CONTROL ASSOCIATION. Cobit 5 Home, 2012.


Disponível em: <www.isaca.org>. Acesso em: 10 nov. 2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Instituto Brasileiro


de Governança Corporativa. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/Secao.
aspx?CodSecao=17>. Acesso em: 10 nov. 2012.

IT GOVERNANCE INSTITUTE. About IT Governance, 2012. Disponível em: <www.itgi.org>.


Acesso em: 1 nov. 2012.

ITIL OFFICIAL Site. About ITIL, 2012. Disponível em: <http://www.itil-officialsite.com/


AboutITIL/WhatisITIL.aspx>. Acesso em: 10 nov. 2012.

capítulo 5 • 119
JORNAL DO BRASIL. Economia. Jornal do Brasil, 2012. Disponível em: <http://www.jb.com.
br/economia/noticias/2012/03/07/setor-de-ti-e-o-que-mais-cresce-no-brasil-aponta-
ibge/>. Acesso em: 3 maio 2014.

MASIERO, P. C. Ética em computação. São Paulo: EDUSP, 2000.

MURUGESAN, S. Harnessing green IT: Principles and practices. IT Professional, v. 10, n. 1,


2008.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO. Comissão de Ética. Sociedade Brasileira


de Computação, 2013. Disponível em: <http://www.sbc.org.br/images/pdf/02.codigo_de_
etica_da_sbc.pdf>. Acesso em: 3 maio 2014.

TI INSIDE. Gastos com TI devem crescer 6% em 2013 no Brasil. TI Inside, 2014. Disponível
em: <www.tiinside.com.br/29/10/2012/gastos-com-ti-devem-crescer-6-em-2013-no-
brasil/ti/308262/news.aspx>. Acesso em: 3 maio 2014.

WIKIPEDIA. Tecnologia da Informação. Wikipedia, 2014. Disponível em: <http://pt.wikipedia.


org/wiki/Tecnologia_da_informa%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 3 maio 2014.

120 • capítulo 5

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