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N.º 110
BOLETIM TRIMESTRAL
Janeiro/Março
2011
Memórias esparsas em
SMBN 14
homenagem a
D. José dos Santos Garcia, Chibuto 16
primeiro bispo da
Sociedade Missionária Visite o site
da ARM em
www.arm.org.pt
(Pág. 8 e 9)
Propriedade:
CORREIO ARMISTA
ria ideias. Foi uma bela parceria. comunidade simpática junto à ser- me de simpatia e dedicação total ao
No mês de Agosto tivemos a casa ra de Nampatiua. Foram 3 dias de povo. É um trabalhador incansável e
cheia com a visita das meninas LBN encontro, dirigidos, em macua, por fazer mais do que ele é impossível.
e do Presidente da ARM e sua fa- três leigos experientes. O povo fi- O desafio é simplificar os métodos
mília. Além da presença amiga e da cou animado, continua a estudar e para podermos aprofundar o
ajuda financeira, foi uma lufada de rezar os textos que deixámos. Na que ele fez, ir onde ele não che-
ar fresco a entusiasmar-nos. Como próxima semana lá estaremos para gou e fazer da paróquia a tal casa
nós padres já estamos todos na re- dar continuidade. Não podemos do Evangelho – Evangelização. Na
forma, a vinda de gente mais cabeça está claro, como vai
jovem deu outra cor à Missão funcionar, iremos aprendendo
e suscitou na juventude de Ma- na caminhada.
lema novas esperanças para a Na cidade não vejo quem
sua caminhada. Esperamos que esteja disposto a dar 3 dias
ela(e)s voltem para ficar. para repetirmos aqui a experi-
Nas férias do P. José Ale- ência de Muricai. Teremos de
xandre, eu fui pároco prematu- usar outros métodos e come-
ro durante dois meses e meio. çar pela carência mais sentida:
Sem inventar nada de novo, o caos da família. Vou socor-
dediquei-me sobretudo às co- rer-me da convivência dos últi-
munidades mais longínquas que mos anos com os Encontros de
só podem ser visitadas nesse Reflexão para Casais na região
tempo seco. Foi a melhor oca- de S. João da Madeira. Aqui a
sião para conhecer os proble- família é diferente, os proble-
mas do povo e das comunidades. mas apresentam-se de forma
Qual seria o problema maior a diversa e a cultura macua exige
ser atacado? À primeira vista outro tratamento. Mas, lá no
é a formação dos responsáveis fundo, a doença é a mesma e os
pelo funcionamento das comu- objectivos terão de ser idênti-
nidades: animadores de zona, cos. O Carlindo que iniciou esse
anciãos, catequistas, ministros da abandonar a sementeira que fize- trabalho em S. João, estará con-
Comunhão e outros ministérios. mos. A ideia é que de cada expe- nosco porque vê tudo lá do alto. Va-
Vendo mais a fundo, o problema riência destas surjam novos após- mos tentar abrir caminho para um
maior é a evangelização. Porque tolos para irem levar a Boa Nova a movimento de casais cristãos.
esses líderes não podem dar o que outras comunidades. Isso é traba- Aos nossos amigos que vivem
não receberam. Se não foram bem lho para 2011, lá para Maio, depois longe pedimos a solidariedade de
evangelizados não podem evangeli- das chuvas que estão a começar. nos acompanharem com a ora-
zar nem orientar as comunidades. A novidade deste final de ano é ção. Porque sem a Graça, isto não
E a melhor maneira de evangelizar que o P. José Alexandre (que diri- avança.
os líderes é trabalhar com toda a gia este barco há 18 anos) vai ser Um santo Natal para cada um de
comunidade. Fiz a primeira expe- transferido para Pemba e virá para vós e um 2011 cheio da bênção de
riência no mês das missões. Como aqui o P. Luís Figueiredo. Eu terei Deus.
Cristo nos ensinou a começar pelos de tomar o leme em Fevereiro. P. O amigo,
mais pobres, fomos começar numa Alexandre deixa uma herança enor- P. Jerónimo Nunes
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Ao comemorarmos os 650
anos do seu nascimento e S.S. Bento XVI envia aos Armistas:
primeiro da sua canonização,
votos de Santo Natal,
a ARM quis prestar uma sin-
gela homenagem a NUNO de feliz Ano Novo
SANTA MARIA. Pedimos ao e Benção Apostólica
Senhor Prof. Doutor Aires A.
Nascimento, para ser o autor
É com muita emoção que leva- do através de carta assinada pelo
e escrever algo diferente do mos até vós a carta que hoje nos Senhor Núncio Apostólico, em 12
que soe fazer-se. chegou, via Nunciatura Apostó- de Maio, p.p. (de que demos opor-
lica de Lisboa. Vem da parte da tuno conhecimento); se esse gesto
Secretaria de Estado do Vatica- nos surpreendeu, a reiteração dele
no e tem todas as marcas de ser e os termos agora usados deixa-
de iniciativa de Sua Santidade o -nos sem palavras, pois só alguém
Papa Bento XVI. muito atento e
Trata-se de um generoso pode
gesto de simpatia referir-se ao livro
que ultrapassa as entregue como
formalidades pro- “ponderosa obra
tocolares e revela Nuno de Santa
a personalidade Maria: fragmen-
de um Papa que tos de memória
atende aos míni- persistente, da
mos pormenores autoria de Aires
de gentileza. Co- A. Nascimento,
Prontamente aceitou. E nes- move-nos que a querendo deste
te livro, que não é nenhuma todos os membros modo testemu-
da ARM conce- nhar o seu apreço
biografia, trouxe à memória o
da a Sua Benção e regozijo pela
testemunho do rei D. Duarte,
Apostólica e que formule votos visita do Sucessor de Pedro”. Se
Crónica do Condestável, Fer-
de santo Natal e Feliz Ano Novo o juízo vai para o autor, não pode-
não Lopes, Camões... sobre para as famílias de cada um. mos nós deixar de nos sentirmos
Nun’Àlvares. Toca-nos que, em final de Ano, orgulhosos como ARM, editores,
De referir que o autor ofereceu nos tenha a todos no coração para e com isso nos congratularmos
os direitos, sendo estes inte- connosco partilhar a alegria da com o nosso amigo, Prof. Pe. Ai-
gralmente canalizados para o visita a Portugal. Não pode ficar res A. Nascimento que confiou em
projecto. desapercebido que o motivo de nós para executarmos o que ele
tanta gentileza seja a obra que lhe preparou. Mais que qualquer co-
entregámos através da Nunciatura mentário vale por si o documento
“Um Sorriso para Ti”. Apostólica, dedicada a S. Nuno. original que anexamos.
Sua Santidade já a tinha agradeci-
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Era por meados do mês de Abril gas, com doze anos em África, sem de todos pelo que significava de con-
de 1957. Aproximava-se a Páscoa, interrupção, admirado sobretudo pela fiança por parte do Santo Padre.
que esse ano calhou a 21, um tanto obra que estava a erguer na Missão No dia seguinte, à meditação, o
sobre o tarde, como acontece este do Mutuáli. Era muito, no entanto, o P.e Campos voltaria ao tema. Subli-
ano de 2011. O dia de Páscoa desse que devíamos aprender de quem com nhava ele: todos sabíamos que Pio
longínquo ano haveria de ficar inde- ele convivera e com ele colaborara XII seguia de perto as actividades
levelmente marcada pela publicação na edificação de uma comunidade da Sociedade Missionária, desde os
da encíclica Fidei Donum, dedicada – humana e cristã. Felizmente, não tempos em que fora Secretário de
particularmente à África. Para nós, nos faltavam testemunhos imediatos. Estado do Vaticano; todos sabíamos
os da Sociedade Missionária Portu- O P.e Vaz, antigo companheiro de também que o Santo Padre Pio XII,
guesa (sobretudo para os que desper- estudos e bem a par da actividade do repetidas vezes, havia manifestado as
távamos para a vida), teve um brilho P.e Garcia, ajoelhou voltado para o suas expectativas quanto à acção que
particular a aproximação desse dia: sacrário e rezou a antífona do Veni, a Sociedade ia realizando no campo
a eleição do primeiro bispo, D. José Sancte Spiritus. Já não teve voz para missionário; nem outra coisa era de
dos Santos Garcia. É inevitável re- entoar o Salve Regina porque a co- esperar, como se podia deduzir de
cordá-lo, em momento em que ele, moção era muita; apenas rezou: “Ó tantos gestos do passado, entre os
D. José, passou definitivamente para Maria, rainha das missões, dai-nos quais se deviam contar as bem signi-
o Pai (a 11 de Janeiro). muitos e santos missionários”. Era o ficativas as palavras que na encíclica
Inesperadamente, em semana de primeiro gesto de solidariedade com Saeculo exeunte octavo, ele dedicara
Paixão, chegava uma notícia que nos o novo bispo e simultaneamente de à Sociedade Portuguesa das Missões
alvoroçou no Seminário de Cucu- veneração e ansiedade pelo que a de- Católicas Ultramarinas, salientando
jães. Pela solenidade que revestia, o signação representava para a Socie- que a Sociedade tinha saído do co-
Reitor, P.e Domingos Marques Vaz, dade Missionária. ração do Papa; no ano em que íamos
decidiu transmiti-la na capela, no fi- Todos nos irmanámos num mes- celebrar as Bodas de Prata da institu-
nal das “Orações do Meio-dia”. Com mo sentimento. Invocávamos sobre cionalização da Sociedade, a nomea-
emoção contida, anunciou: “Habe- ele o Espírito de Deus: a Deus o con- ção de um bispo tomado de entre os
mus Episcopum; o Santo Padre Pio fiávamos, por Cristo que o escolhera nossos devia ser motivo de alegria e
XII, nomeou esta manhã o P.e José e por Maria de quem esperávamos de renovação de fidelidade à vocação
dos Santos Garcia, Superior Regio- protecção. A ele lhe desejávamos as missionária: era momento, insistia,
nal de Nampula, como bispo da nova maiores bênçãos divinas. No fundo de agradecer a Deus e ao Santo Pa-
diocese de Moçambique, Porto Amé- da capela, sentiu-se que o P.e Alfre- dre o gesto que nos abrangia a todos
lia.” do Alves, imperturbável, rejubilava. nós.
Ao tempo, não se haviam intro- Sem se mover, o P.e Manuel Morei- Estava dado o tom que iríamos
duzido ainda as palmas no espaço ra Campos, Director Espiritual, que respeitar, mas ficavam a pairar as
sagrado nem estávamos preparados tudo acompanhava, contemplativo, novas responsabilidades de acom-
para tanto. A resposta de aplauso, na curvado sobre o banco, também no panhamento que iriam pesar sobre a
surpresa da notícia, foi apenas de um fundo da capela, conteve-se para não Sociedade Missionária – um bispo,
olhar e de um sorriso, ambos admira- exteriorizar a sua alegria; só no fi- com uma nova diocese, num cam-
tivos, por parte da comunidade intei- nal do dia, ao exame de consciência, po novo de missão, definitivamente
ra, sem excepção. Ainda emocionado deixou ele expandir o que lhe ia na aberto por um dos nossos...
pela novidade que acabava de comu- alma e que reflectia já o que ocupara Por tudo isso havia em todos uma
nicar, o Reitor não adiantou muitas as conversas do dia inteiro (passado alegria contida, com um misto de an-
mais palavras. Na realidade, para com a tarde sem aulas, em dispensa siedade, que prolongava a do Reitor
nós, alunos (eu ia no 3º ano do curso de actividades dada pelo Reitor): a do Seminário, que era também Assis-
de filosofia), o nome era conhecido, nomeação de um bispo da Sociedade tente Geral e Secretário da Direcção
mas pouco mais tínhamos dele que a Missionária devia ser motivo de ac- da mesma Sociedade: o campo de
imagem de umas barbas fartas e lon- ção de graças a Deus e de regozijo trabalho em Moçambique iria alar-
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gar-se e obrigaria a repartir forças manteve laços de estreita e viva co- trito de Cabo Delgado, divisão ad-
e efectivos por mais uma diocese, laboração, considerando-se sempre ministrativa criada em 1954, o qual
quando havia consciência de que os como um dos seus membros, visitan- era constituído por dois concelhos
grupos do Sul do Save e de Nampula do as suas Casas com regularidade e (Porto Amélia e Ibo) e diversas cir-
não tinham mãos a medir, apesar de mostrando-se sempre disponível para cunscrições (Macomia, Macondes,
em 1956 ter sido enviado um grupo as iniciativas para as quais fosse con- Mecúli, Mocímboa da Praia, Monte-
de oito novos missionários. O Supe- vidado. Contava com a colaboração puez, Palma e Quissanga), com uma
rior Geral não estava em Cucujães. da mesma Sociedade e apresentava população oficialmente estimada em
O P.e Alfredo Alves demonstrava os seus projectos ao Superior Geral 497.105 habitantes, distribuídos por
contentamento que contagiava. O P.e da Sociedade, admitindo que nem 78.480 Km2. As dimensões territo-
Francisco Mendes Sequeira acom- todos os pedidos iriam ser atendidos, riais eram enormes; a evangelização
panhava-o, com o P.e tinha a seu favor a pre-
José Lourenço Baptis- sença de uma congre-
ta. Outros não ousavam gação, devotada a um
exteriorizar sentimen- trabalho de evangeli-
tos, contentando-se com zação sério e metódico
referir impressões de – a de S. Luís de Mon-
circunstância ou relata- fort (Monfortinhos);
vam episódios antigos era um grupo originá-
em que a figura do novo rio dos Países Baixos
bispo vinha à colação. e experimentado por
Em 10 de Abril de trinta anos de presen-
1957, D. José foi no- ça. Ao tempo, o grupo
meado Bispo da nas- era constituído por 29
cente diocese de Porto sacerdotes e 2 irmãos.
Amélia (actual Pemba). Ao seu lado, trabalha-
Era sua vontade receber va um grupo signifi-
a sagração episcopal na cativo de 27 irmãs da
igreja de Cucujães, em Consolata, de outras
homenagem à Socieda- origens. O número de
de Missionária que ali católicos era de 37.000
tinha a sua Casa principal e como mas pressupondo que planos conju- e a rede escolar apresentava 357 pos-
testemunho da sua vinculação a ela, gados facilitavam entendimentos na tos, 372 professores e 32.253 alunos
com isso tencionando também signi- destinação dos missionários. Man- matriculados.
ficar quanto esperava da colaboração tendo uma relação directa e interessa- A Diocese de Pemba deve a D.
pastoral dos membros do Instituto na da, colocava-se também à disposição José a criação de todas as estrutu-
nova diocese a que ia presidir. Por da Direcção Geral para funções que ras fundamentais de uma Diocese,
razões menores, tal desejo não foi se- estivessem ao seu alcance. Assim mi- a começar pelos Seminários e pela
cundado pelo Superior Geral da SM. nistrou ordens a muitos dos membros formação de vocações de vida con-
A cerimónia teve lugar na catedral da Sociedade, na capela de Santa Fi- sagrada. Homem de acção, apostava
de Nampula em 16 de Junho daquele lomena, em Cucujães, quando para na simplicidade das actuações e na
ano, com a presença de quase todos tal era convidado e tinha disponibili- colaboração que oferecia e solicitava
os bispos moçambicanos e com gran- dade (assim aconteceu em 1962, ano – com humildade e sem alarido. Pas-
de representação dos missionários da em que o signatário das linhas foi por sou fazendo o bem. Entrou agora no
Sociedade Missionária e de outros ele ordenado de presbítero). gozo do seu Senhor. Com saudade o
Institutos. Coincidia a Diocese de Porto revemos e lhe rezamos.
Com a Sociedade Missionária Amélia com as dimensões do dis- Aires A. Nascimento
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Assembeia Geral
21 e 22 de Maio — Fátima/Tomar
Angola
Comemorar em 2011
A ARM em Angola está de pa-
D.José entregou o Caso a ARM cujo presi- rabéns e em grande força.
dente aceitou e disse que promoverá
D. José dos Santos Garcia foi o um encontro com dia a determinar. São cerca de 20, e reúnem-se
primeiro bispo da Sociedade Mis- Não será possível estares por aqui mensalmente no Seminário da
sionária, facto que não deve ser ig- por essa ocasião?
norado ou esquecido. Assim, con- Boa Nova em Luanda, com as fa-
Vou fazer a mesma pergunta ao
juntamente com a SMBN, estamos a Pe. J. António. Estamos na véspera mílias.
preparar a evocação da sua memória do começo do nosso Retiro anual Estão a organizar-se para es-
para o próximo dia 16 de Junho, dia ao qual será a Assembleia. Amanhã
da sua ordenação episcopal,. Estão tarem presentes e nos representa-
será o dia da chegada. Envio-te um
a ser desenvolvidas algumas acções pequeno resumo histórico dos três rem na ordenação sacerdotal do
no sentido de que o evento ocorra no anos que aqui passámos juntos.
salão nobre da Câmara Municipal Pe. José Pedro Carlos, no próxi-
Pe. André”
da Covilhã, e com a colaboração da mo dia 5 em Malanje.
Diocese da Guarda. Nesse dia será Dado que o P.e João Almendra Foram estas boas noticias que
lançado um livro monográfico de D. vem a Portugal em Julho para cele-
José, da autoria do Prf. Doutor P.e nos comunicou o Serafim Gomes
brar as Bodas de Ouro sacerdotais
Aires do Nascimento, já em fase de em 31 de Julho, está a prever-se que no passado dia 7, numa das suas
envio para a gráfica. É a nossa sin- o dia 24 do mesmo mês será a data vindas a Lisboa. Os encontros têm
gela homenagem ao Homem, ao Pa- mais conveniente. Está na forja o
dre e ao Missionário, que foi D. José tido o patrocínio da SMBN, e em
último livro sobre os nossos semi-
dos Santos Garcia. nários. particular dos P.es Augusto Farias