Você está na página 1de 10

ESTUDOS SOBRE ENDIVIDAMENTO NA PEQUENA EMPRESA

Pesquisa bibliométrica nos Eventos EnANPAD de 2005 a 2009

AUTOR
RENALDO ANTÔNIO SOUZA
Faculdade Novos Horizontes
renaldo.souza@mestrado.unihorizontes.br

Resumo:
Micro e pequenas empresas desempenham um papel muito importante na economia de
brasileira pois geram empregos, distribuem renda e podem ser consideradas fator
gerador de estabilidade social. A grande maioria dos estudos sobre finanças
contemplam, e se preocupam mais com a grande empresa, deixando de lado a micro e
pequena empresa, que tem uma realidade bem diferente. Deixando de levar em conta,
no caso do financiamento de suas atividades, características bem próprias da micro e
pequena empresa. O objetivo desta pesquisa foi verificar a incidência de estudo da
academia na área da gestão sobre o tema endividamento na micro e pequena empresa.
Metodologicamente, tratou-se de estudo bibliométrico atendendo a lei de Zipf que
conforme De Muylder et al. (2008) visa encontrar a freqüência de determinados termos
em um artigo científico. Foram pesquisados todos os 4.506 artigos publicados no evento
anual nacional da ANPAD – EnANPAD realizados de 2005 a 2009. Dentre todos os
artigos aceitos e publicados nos anais foram encontrados, 286 artigos com o termo
endividamento e apenas 8 destes relacionaram o termo pequena empresa. Ressaltou-se
portanto a necessidade de instigar novos estudos relacionando os dois termos na
academia frente a necessidade de desenvolver as micro e pequenas empresas.
Introdução

Micro e pequenas empresas desempenham um papel muito importante na economia de


uma nação, mantendo um nível de atividade econômica de algumas regiões, atuando
como complemento das grandes empresas, assimilando, adaptando e, às vezes, criando
novas tecnologias, produtos e processos (SOUZA, 1995). As micros e pequenas
empresas podem tomar decisões rápidas e pontuais, reagindo de imediato à suas
necessidades e exigências (ANTONIK, 2004). Para Santos (2001), devido a sua
capacidade de gerar empregos, distribuir renda, girar a economia, as micro e pequenas
empresas são fatores de estabilidade social.
O objetivo desta pesquisa foi verificar a incidência de estudo da academia na área da
gestão sobre o tema endividamento na micro e pequena empresa.
Especificamente, pretendeu-se analisar quais os artigos que contemplam o tema
endividamento na área da gestão de pequenas empresas, nos artigos publicados no
Evento Nacional da Associação de Programas de Pós-graduação e Pesquisa em
Administração analisando as áreas e artigos encontrados.
Metodologicamente, trata-se de estudo bibliométrico atendendo a lei de Zipf que
conforme De Muylder et al (2008) visa encontrar a freqüência de determinados termos
em um artigo científico.
Justifica-se este estudo pois o tema é relevante economicamente e porque, de acordo
com o SEBRAE (2010), os índices de mortalidade da micro e pequena empresa são
altos ainda e seu tempo inicial de vida é muito curto. As causas apontadas pelo
SEBRAE (2010) para essa mortalidade são as falhas gerenciais que envolvem a falta de
capital de giro, ponto/local inadequado, problemas financeiros e falta de conhecimentos
administrativos.

Desenvolvimento

Há muitas maneiras de definir micro e pequenas empresas, mas sua principal


característica são os seus limitados recursos (RESNIK, 1990). No Brasil o SEBRAE
(Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas Empresas), define e classifica a microempresa
de comércio e serviços como aquela que tem até nove empregados, e a microempresa de
indústria aquela que emprega até dezenove pessoas. Já a Lei Complementar 123 de 14
de Dezembro de 2006, em seu Capitulo II Artigo 3, item I e II define e classifica a
microempresa e a empresa de pequeno porte de acordo com o faturamento
Micro e pequenas empresas representam um papel muito importante na economia de
uma nação, mantendo um nível de atividades econômicas de algumas regiões, atuando
como complemento das grandes empresas, assimilando, adaptando e, às vezes, criando
novas tecnologias, produtos e processos (SOUZA, 1995). Podem tomar decisões rápidas
e pontuais, reagindo de imediato à suas necessidades e exigências (ANTONIK, 2004).
Para Santos (2001), devido a sua capacidade de gerar empregos, distribuir renda, girar a
economia, as micro e pequenas empresas são fatores de estabilidade social.
Conforme SEBRAE (boletim estatístico 2005), produzidos pela RAIS (relação anual de
informações sociais, 2006), as micro e pequenas empresas representam 99% dos 6,72
milhões de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços formais existentes, e
são responsáveis por 48% do total da produção nacional, gerando 40% dos empregos da
população economicamente ativa, o que corresponde a 26% da massa salarial, e por
volta de 20% do produto interno bruto do Brasil.

Estrutura de capital e endividamento


Uma tarefa de extrema importância para o administrador financeiro é tomar decisões
com relação ao financiamento dos ativos da empresa (SANTOS, 2001).
Ainda, segundo Santos (2001, pág. 119) diz “Os ativos de uma empresa - fixos e
circulantes - permitem que ela realize suas operações e obtenha o lucro almejado”.
É importante que o gestor de uma empresa saiba que existem diversas fontes de recursos
para o financiamento de suas atividades (MEGLIORINI e SILVA, 2009).
As fontes de recursos utilizados para financiamento da empresa, que forma sua estrutura
de capital, pode ser de capital próprio e de capital de terceiros (ASSAF NETO 2005). O
uso dessas fontes dependerá das condições básicas e vantagens oferecidas para
utilização de cada um e, é chamado de custo de capital (SANTOS 2001).
Conforme Hoji (2003, pág. 184) “para fins de análise e tomada de decisões sobre
estruturas de capital, são considerados somente os fundos permanentes e de longo
prazo, pois as estruturas de capital, por serem de natureza estratégica, não são
freqüentemente alteradas”.
A decisão de escolher a melhor combinação entre as diversas fontes de financiamento
da empresa é de extrema importância, pois impacta no retorno que ela oferece aos seus
financiadores (MEGLIORINI e SILVA, 2009).
Existem várias correntes teóricas sobre o endividamento. E vários foram os estudiosos a
contribuir para o estudo, Modigliani e Miller (1958), Jensen e Meckling (1976), Ross
(1977), Myers e Majluf (1984), Brealey e Myers (1991). A teoria do Trade off, por
exemplo, considera que existe uma estrutura ótima de capital, uma combinação, de tal
forma, entre o capital próprio e o capital de terceiros que faria com que o valor de uma
empresa fosse maximizado. Para essa teoria as empresas ao elevar seu endividamento
vão aumentando seus benefícios fiscais trazendo como conseqüência um aumento de
seu valor no mercado (BASTOS E NAKAMURA, 2009).
As relações entre os administradores e os acionistas são fatores que influenciam a
estrutura de capital porque, normalmente, aquele que tem o poder de gerir a empresa
tende a agir em defesa de seus próprios interesses. Originando ai, o que se chama custos
de agência, ou seja, custos para solucionar os problemas surgidos em função dos
interesses existentes entre gestores e acionistas da empresa (KIMURA, 2006 E
BASTOS E NAKAMURA, 2009).
A teoria do Pecking order e informações assimétricas, proposta por Myers (1984)
estabelece que, as empresas, no desejo de financiar novos projetos definem uma
estrutura de capital, primeiramente, com a utilização de recursos internos para depois
buscar recursos com terceiros e, só então, captar recursos próprios (KIMURA 2006).
Segundo BASTOS E NAKAMURA (2009) para essa corrente teórica não existe uma
estrutura ótima de capital.

O endividamento da micro e pequena empresa

A grande maioria dos estudos sobre finanças contemplam, e se preocupam mais com a
grande empresa, deixando de lado a micro e pequena empresa, que tem uma realidade
bem diferente. Deixando de levar em conta, no caso do financiamento de suas
atividades, características bem próprias da micro e pequena empresa.
Na micro e pequena empresa todas as decisões estão concentradas nas mãos do
proprietário que, também, é o gestor. Por isso, suas motivações afetam as decisões
relacionadas ao financiamento das atividades desse tipo de empresa. Tornando a teoria
da agência inadequada para micro e pequenas empresas (PEÑALOZA; FIGUEIRÊDO.
2008).
A estrutura de capital das empresas brasileiras é estabelecida segundo uma hierarquia de
financiamento. Quando são escolhidos, primeiro, os recursos internos, para, se
necessário, serem utilizados o endividamento com terceiros e só então utilizar a emissão
de ações (MEDEIROS; DAHER, 2008). Na micro e pequena empresa acontece o
mesmo segundo Kotey (1999), citado por Peñaloza e Figueirêdo, 2008, “as maiores
fontes de financiamento para estrutura de capital de pequenas empresas são o capital
pessoal ou as dívidas de curto prazo”. E também, em Peñaloza e Figueirêdo, 2008,
citando, BERGER E UDELL, 1998, “as pequenas empresas geralmente têm acesso
somente ao financiamento via capital próprio e ao mercado de dividas, enquanto as
grandes empresas acessam o mercado público”.
Conforme os autores, então, a formação da estrutura de capital para financiamento das
atividades na micro e pequena empresa está, portanto, relacionado à teoria Pecking
Order.

Metodologia
Descreve-se nesta seção os caminhos usados para esta pesquisa. Marconi e Lakatos
(1999, p.15) a pesquisa é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico
que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do
conhecimento”.
Durante o trabalho e levando em consideração os objetivos a serem alcançados,
utilizou-se como método de pesquisa exploratória, que segundo Duarte e Furtado (2000,
p.21), “é aquela que enfatiza a descoberta de idéias; proporciona a familiaridade com o
problema de forma a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses” a bibliometria.
O método utilizado para a execução da pesquisa foi o bibliométrico, que é definido
segundo Pritchard (1969) citado por Pao (1989) como “a área de estudo que usa
métodos matemáticos e estatísticos para investigar e quantificar os processos de
comunicação escrita”.
A bibliometria é uma ferramenta estatística “utilizada na gestão da informação e do
conhecimento cientifico e tecnológico” (GUEDES; BORSCHIVER, 2005, p.1)
As principais leis da bibliometria, levantadas por De Muylder et al. (2008), são:
a) Lei de Bradford: ligada à dispersão da literatura periódica científica,
“permite estimar o grau de relevância de periódicos em dada área do
conhecimento, que os periódicos que produzem o maior número de artigos
sobre dado assunto formam um núcleo de periódicos, supostamente de maior
qualidade ou relevância para aquela área” (GUEDES; BORSCHIVER, 2005,
p. 3).
b) Lei de Lotka: ligada à produtividade científica de autores, considera que
“alguns pesquisadores, supostamente de maior prestígio em uma determinada
área do conhecimento, produzem muito e muitos pesquisadores,
supostamente de menor prestígio, produzem pouco”; (GUEDES;
BORSCHIVER, 2005, p.3).
c) Leis de Zipf: “permitem estimar as freqüências de ocorrência das palavras
de um determinado texto científico e tecnológico e a região de concentração
de termos de indexação, ou palavras-chave” (GUEDES; BORSCHIVER,
2005, p.3).
Os artigos publicados no EnANPAD - Encontro da Associação Nacional de Programas
de Pós-graduação em Administração foram considerados entre os anos de 2005 a 2009 e
buscou-se primeiramente identificar os que continham os termos “endividamento” e
“pequena empresa”.

Resultados
Foram pesquisados todos os 4.506 artigos publicados no evento anual nacional da
ANPAD – EnANPAD realizados de 2005 a 2009. Dentre todos os artigos aceitos e
publicados nos anais foram encontrados, utilizando o software Text Filterer 3.4 da
Edward Software, 286 artigos com o termo endividamento.
Destes artigos pode-se analisar a freqüência por ano do evento (TABELA 1) e a
ocorrência por área do mesmo (TABELA 2).

Tabela 1 – freqüência do termo endividamento por ano do evento EnANPAD


Anos Todos Endividamento
2005 791 51
2006 836 44
2007 973 63
2008 1001 69
2009 905 59
Total 4506 286
Frequência do termo 6,35%
Fonte: Dados da pesquisa

Tabela 2 – freqüência do termo endividamento por área do evento EnANPAD


Área Denominação Artigos
ADI Administração da informação 2
CON Contabilidade 57
EOR Estudos organizacionais 8
EPQ Ensino e pesquisa 10
ESO Estratégia em organizações 22
FIN Finanças 108
GCT Gestão ciência, tecnologia e inovação 7
GOL Gestão de operações e logística 1
GPR Gestão de pessoas e relações de trabalho 4
MKT Marketing 12
Outras 55
Total 286
Fonte: Dados da pesquisa

Na fase seguinte foram pesquisados dentre estes 286 artigos aqueles que citavam os
termos (A) pequena empresa (B) média empresa (C) grande empresa e pode-se perceber
uma concentração nos trabalhos das grandes empresas (11 artigos), seguidos das
pequenas empresas (8 artigos) e de médias empresas (6 artigos) (TABELA 3).
Tabela 3 – freqüência dos termos pequena, média e grande empresa nos artigos que
continham o termo endividamento
Anos Endividamento Pequena empresa Média Empresa Grande Empresa
2005 51 1 2 2
2006 44 1 1 2
2007 63 2 3 2
2008 69 4 5
2009 59
Total 286 8 6 11
Fonte: Dados da pesquisa

Nota-se que houve uma pequena variação dentre estes termos: pequena, média e grande
e ausência de artigos no último ano do evento relacionando os termos endividamento e
pequena empresa; bem como endividamento e média empresa. e endividamento e
grande empresa.
Por último os artigos contendo os termos endividamento e pequena empresa foram
analisados: título, resumo e autores (QUADRO 1).

Trabalho Imaterial e Sofrimento Psíquico: o Pós-fordismo no Jornalismo Industrial


Autoria: Paulo Henrique Rodrigues de Souza, Carmem Ligia Iochins Grisci
Este artigo reflete criticamente sobre implicações da recente fase do modo de produção capitalista nas
rotinas de produção num jornal do Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo de caso cuja coleta de
dados se deu através de investigação bibliográfica, seis entrevistas semi-estruturadas com jornalistas e
observação não-participante. Como exercício teórico, é abordada a passagem da etapa fordista do capital
para o pós-fordismo, enfatizando o conceito de compressão do tempo. Posteriormente, são analisados o
deadline do periódico e as mudanças na atividade jornalística. Aqui, é traçada uma inter-relação entre as
atuais rotinas de produção do jornalismo industrial e a emergência do trabalho imaterial na etapa recente
do capital. Finalmente, através de estudos da subjetividade no trabalho, são analisadas as reações dos
próprios jornalistas às transformações na organização do trabalho dentro da redação.
Análise do Processo Decisório dos Gestores de Capital de Risco no Brasil
Autoria: Wilson Toshiro Nakamura, Denis Forte, João Francisco de Aguiar
A escassez de oportunidades de trabalho nas empresas conjugada com o espírito empreendedor do
brasileiro, fizeram da área de capital de risco uma alternativa crescente para a montagem de novos
negócios. Dentre as opções de aporte de novos recursos de capital, surgiu já faz alguns anos uma
alternativa ao financiamento bancário, que são os fundos de capital de risco, administrados por gestores
profissionais, denominados gestores de fundos de venture capital e private equity. Estudar, portanto, o
processo de tomada de decisão dos gestores de fundos de venture capital e private equity é relevante por
permitir um melhor entendimento das variáveis levadas em conta e das etapas envolvidas nesse processo.
O objetivo deste estudo consistiu em analisar empiricamente esse processo à luz das teorias que o
cercam, seja da área de empreendedorismo, de finanças e de estratégia. Por se tratar de uma indústria
recente no país e com poucas informações abertas divulgadas, o método usado foi qualitativo, com a
aplicação de questionários semi-estruturados junto a alguns dos principais gestores de fundos do Brasil,
abarcando diferentes perfis. Os resultados estão em linha com as pesquisas internacionais e com o
arcabouço teórico e revelam algumas especificidades próprias do nosso mercado brasileiro.
Análise da Contabilização e da Evidenciação das Parcerias Instituídas para Captação de Recursos
na Estrutura de Capital das Empresas do Setor Petrolífero: o caso da Petrobrás
Autoria: Maria do Socorro W. F. Gushikem, Patrícia de Souza Costa, Carmem Sylvia Borges Tibério
O objetivo deste trabalho é analisar como se apresentam contabilizadas e evidenciadas as parcerias
instituídas para captação de recursos na estrutura de capital da Petrobrás. Analisaram-se as notas
explicativas das demonstrações contábeis publicadas da Petrobrás S.A, referentes ao exercício findo de
31 de dezembro de 1998 a 2004 e a estrutura de capital do período de 1996 a 2004. As análises
constataram, quanto aos aspectos do ordenamento e clareza, que necessitam ser uniformizados, para
facilitar a comparabilidade entre períodos e que, com relação à comparação entre os veículos de
publicação, dos 10 projetos de parcerias inclusos nas notas explicativas, a informação encontra-se com
um percentual de evidenciação maior na Securities and Exchange Commission (SEC). As informações
apresentam uma variação de conteúdo entre 0% a 100% na evidenciação, dependendo da publicação
focada. O procedimento usado para a contabilização dessas parcerias é o do leasing operacional, em
oposição às evidências do leasing financeiro. A evolução dos capitais demonstra uma opção da empresa
pelos capitais de curto e longo prazo, predominando os do primeiro tipo, e opção pela rentabilidade em
vez da liquidez, obtendo como resultado um alto grau de endividamento.
Significados de Sucesso e Fracasso nos Negócios: o que Dizem Mulheres Empreendedoras
Autoria: Hilka Vier Machado, Amelia Silveira, Marianne Hoeltgebaum, Anna Beatriz Cautela Tvrzska
de Gouvea
Pesquisas sobre sucesso e fracasso nos negócios são tidas como importantes para explicar condições de
crescimento de pequenas empresas. No caso de mulheres empreendedoras, há evidências apontadas na
literatura de que as empresas criadas e geridas por elas enfrentam dificuldades de crescimento. Esta
pesquisa realizada foi teórico-empírica,exploratória, qualitativa, por meio de entrevistas semi-
estruturadas baseadas em pauta ou roteiro. Foram entrevistadas 30 empreendedoras dos Estados do
Paraná e Santa Catarina, que mantém vínculo associativo, com o objetivo de conhecer significados de
sucesso e de fracasso nos negócios e compreender a associação ou não com o desenvolvimento das
empresas. Na análise dos conteúdos identificou-se, tanto para o sucesso como para o fracasso, dois
grupos de categorias: um que está relacionado às características pessoais dos empreendedores e outro
com o processo gerencial. Em ambos os casos, tanto para as características gerenciais, como para as
pessoais, há uma convergência com o que a literatura menciona para condições de sucesso e de fracasso.
Isso indica baixa ou nenhuma relação dos entre significados de sucesso e fracasso e o crescimento das
empresas.
Uma Análise das Intersecções entre Finanças Pessoais, Finanças Organizacionais e Desempenho
no Pequeno Varejo
Autoria: Camila Camargo, Juliana Ilkiu Keiser
O objetivo deste trabalho é identificar a relação entre planejamento financeiro pessoal dos gestores,
decisões financeiras organizacionais e desempenho organizacional em pequenas lojas de varejo de
Curitiba. A operacionalização da pesquisa se deu em duas etapas sucessivas: uma fase qualitativa com
base em entrevistas não-estruturadas e uma fase de levantamento (survey). Com o propósito de agrupar
os diversos indicadores das variáveis de estudo, optou-se pela aplicação da Análise Fatorial de
Componentes Principais. A solução da análise fatorial revelou existirem seis fatores mais gerais capazes
de representar padrões nas decisões financeiras da empresa e oito fatores para mensuração das práticas
financeiras pessoais. As variáveis de desempenho organizacional foram agrupadas em um único fator,
revelando, assim, uma estrutura unidimensional na análise de componentes principais. Após a
identificação dos fatores, os dados foram submetidos à análise de correlação, em que se verificaram
correlações estatisticamente significativas entre algumas dimensões das práticas financeiras pessoais,
organizacionais e desempenho. Assim, as conclusões do estudo apontam evidências empíricas das
relações propostas neste trabalho, em que se verifica que a qualidade da decisão financeira tomada pelo
gestor é fator determinante no desempenho organizacional.
Empreendedores do APL de Confecções de Roupas Íntimas de Nova Friburgo-RJ
Autoria: Denize Rachel Veiga, Lamounier Erthal Villela, Harvey José Santos Ribeiro Cosenza
O propósito deste artigo é identificar características comportamentais dos empreendedores do Arranjo
Produtivo Local (APL) de confecções de roupas íntimas de Nova Friburgo-RJ. Neste sentido, buscou-se
avaliar as características essenciais aos empreendedores organizados em rede, descritos em teorias, e as
características dos empreendedores do APL em questão. Para tal, após um estudo exploratório foi
organizada uma pesquisa de campo e questionários foram aplicados a trinta empreendedores locais. Os
dados coletados foram tratados pela aplicação dos conjuntos fuzzy e os resultados organizados em três
diferentes grupamentos. O primeiro analisa o comportamento dos empreendedores locais que mostraram
ter comportamento isolado, apesar de abertos à inovação. O segundo, avalia a imagem que cada
empreendedor faz de seus pares e demonstrou que inexiste confiança, cooperação e trabalho em equipe.
O terceiro grupamento faz uma análise da auto-avaliação e apresenta resultados paradoxais, pois os
respondentes consideram-se altamente cooperativos, éticos e dispostos ao trabalho em equipe. Conclui-
se que, para dar impulso ao APL, os empreendedores necessitam alterar padrões de comportamento e
agirem de modo mais cooperado.
A Procura de um Modelo de Planejamento Estratégico que Formule Estratégias – O Caso
Policarbonatos do Brasil S.A.
Autoria: Maria Amália Silva Costa, José Célio Silveira Andrade
O principal objetivo deste artigo é apresentar e discutir os modelos de Planejamento Estratégico adotado
por uma empresa petroquímica sob a abordagem da formulação das estratégias. Estratégia não é um tema
novo, mas seu uso voltado para a aplicação em empresas é bastante diversificado; apesar da evolução
dos significados e modelos de Planejamento Estratégico sua elaboração e aplicação não são suficientes
para a formulação de estratégias que garantam à empresa uma visão prospectiva do ambiente e à
obtenção e sustentação de vantagens competitivas. O presente trabalho apresenta uma revisão da
literatura sobre os conceitos que permeiam os modelos de planejamento estratégico e conceitos de
estratégia, analisando as principais diferenças entre eles. Através deste referencial teórico apresenta-se a
experiência da Policarbonatos do Brasil – empresa situada no Pólo Petroquímico de Camaçari - quanto
aos modelos de Planejamento Estratégico, desde 1998 até 2005. Ao final, é proposta uma abordagem que
procura considerar a relação de interdependência entre esses dois conceitos.
Ouro Fino Saúde Animal
Autoria: Bernardo Hauch Ribeiro de Castro
O Caso Ouro Fino Saúde Animal ilustra uma tomada de decisão, pelos executivos da empresa, sobre a
entrada em um novo mercado, de vacinas para bovinos. A principal questão do caso é avaliar as
alternativas de comprar vacinas de terceiros ou produzir internamente suas próprias vacinas. A empresa
do caso é a Ouro Fino Saúde Animal, empresa brasileira de produtos veterinários, instalada no Estado de
São Paulo, com faturamento de mais de R$ 100 milhões anuais. Os dois principais personagens deste
caso são os diretores financeiro e industrial da empresa, Fábio e Dolivar. A situação passa-se em 2005.
Como instrumento de ensino, o caso foi concebido para o ensino de estratégia em cursos de pós-
graduação em administração, levando os alunos a avaliar vantagens e desvantagens de cada uma das
alternativas. Como objetivo secundário, o caso propicia alguns elementos para uma estimativa da
viabilidade financeira da opção de implantar uma nova unidade produtiva e a possibilidade de refletir
sobre uma decisão já tomada, de entrada no novo mercado.
A Fábrica de Painéis
Autoria: Roque Alberto Zim
Após quatorze meses do inicio da nova empresa, Antonio se encontrava em sérias dificuldades, tinha
muitas dúvidas e dividas. Os objetivos iniciais da empresa não tinham sido atingidos, a produção ficava
abaixo do esperado, o capital de giro era cada vez mais escasso, os bancos lhe recusavam crédito e os
fornecedores a cada dia estavam mais impacientes. A sociedade com o antigo sócio estava encerrada sem
que ele tivesse investido na empresa o capital combinado. A saída vislumbrada era um novo sócio que
tivesse capital disponível para dar um novo fôlego a empresa. As principais dúvidas eram sobre o valor a
ser investido e quanto ele precisaria ceder da sociedade para salvar o que restava da empresa. As
dificuldades enfrentadas pela empresa servem como uma reflexão sobre a necessidade de informações
para um novo empreendimento. O estado atual da empresa ilustra a forma como as decisões baseadas em
informações frágeis e sem o devido calculo de necessidades financeiras pode levar um empreendedor a
tomar decisões equivocadas. A tentativa de encontrar um novo sócio estava baseada apenas nas
necessidades da empresa sem uma avaliação da viabilidade do negócio.
Profissionalização da Gestão e Autogestão: um Estudo dos Problemas que Ocasionaram a
Dissolução das Cooperativas Agrícolas dos Perímetros Irrigados no Vale do Rio São Francisco
Autoria: Ariadne Scalfoni Rigo, Deranor Gomes de Oliveira, Francisca Josenaide Campos Costa,
Priscilla Sayonara de Sousa Brandão, Diego Domingos de Souza
Esta pesquisa objetiva analisar os principais problemas que ocasionaram a dissolução das cooperativas
que se instalaram nos perímetros irrigados das cidades de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, no Vale do São
Francisco. Para tanto, a natureza da metodologia de pesquisa é qualitativa e utilizou-se do método “bola
de neve” para amostragem e da entrevista semiestruturadas como principal mecanismo de coleta de
dados. Os resultados demonstram a presença de problemas comuns às cooperativas investigadas,
principalmente no que se refere ao mecanismo de implementação destas organizações em cada perímetro
irrigado. Demonstram, ainda, que questões culturais como o nepotismo, o paternalismo e o
individualismo e questões relativas à ausente profissionalização da gestão das cooperativas são fortes
responsáveis pelo insucesso dos empreendimentos coletivos estudados. Acredita-se que a investigação
sistemática para explicar mais satisfatoriamente os motivos pelos quais quase a totalidade das
experiências cooperativistas nos perímetros irrigados não obtiveram êxito, contribui para apoiar futuras
intervenções na região em prol do cooperativismo.
Proposta de uma metodologia de avaliação da Tecnologia da Informação para empresas em
processo de fusão e aquisição
Autoria: Daniel Duarte, Edimara Mezzomo Luciano, Mauricio Gregianin Testa
Numa época em que a maior parte dos processos de negócio das grandes organizações são suportados
por alguma solução de tecnologia, a participação da área de Tecnologia da Informação (TI) quando se
decide por uma fusão ou aquisição é imprescindível nos processos de avaliação de novas empresas. No
entanto, nem sempre a área de TI tem participação ativa nestas decisões. Muitas organizações têm
dificuldade, ou até mesmo grandes surpresas, no momento de integrar novas empresas ao seu ambiente
após sua aquisição. Assim, o objetivo da pesquisa é desenvolver uma metodologia que possibilite
avaliar, sob a perspectiva de TI, empresas que estarão sendo fundidas ou adquiridas. A construção desta
metodologia ocorreu a partir da realização de um estudo de caso em uma indústria nacional de grande
porte. Uma proposta inicial da metodologia foi desenvolvida com base no referencial teórico, em
entrevistas com 10 executivos da empresa e no acompanhamento, através de observação participante e
análise de documentos, de dois processos de fusão e aquisição. Posteriormente, a metodologia passou
por um processo de validação a partir da sua aplicação em dois casos reais de avaliação de empresas para
fins de aquisição. A partir desta validação a metodologia foi complementada e constitui no resultado
principal da pesquisa.
Quadro 1 – Título, resumo e autores dos artigos
Fonte: ANPAD, 2010

Nota-se que apenas o artigo denominado Análise da Contabilização e da Evidenciação


das Parcerias Instituídas para Captação de Recursos na Estrutura de Capital das
Empresas do Setor Petrolífero: o caso da Petrobrás, das autoras: Maria do Socorro W. F.
Gushikem, Patrícia de Souza Costa, Carmem Sylvia Borges Tibério, teve a palavra
endividamento no seu resumo.
O principal objetivo deste trabalho foi “analisar como se apresentam contabilizadas e
evidenciadas as parcerias instituídas para captação de recursos na estrutura de capital da
Petrobrás” e isto indica que o texto refere-se a uma grande empresa e nenhuma
contribuição pode ser feita aos termos alvo desta pesquisa. E isto corrobora as
referências de Medeiros e Daher (2008) que indicaram que o termo endividamento está
relacionado à emissão de ações.

Considerações finais

Apesar do relevante papel das micro e pequenas empresas na economia brasileira, sobre
o assunto endividamento, pode-se perceber por meio de um estudo bibliométrico que
ainda existe um amplo espaço para discutir e contribuir com pesquisas a este respeito,
pois somente oito (08) artigos relacionaram os dois temas, por ocorrência, embora ao
analisar os resumos pode-se ainda frustrar esta análise. A bibliometria é apenas o início,
deve-se focar no processo decisório das micros e pequenas empresas, diante dos
elevados índices de mortalidade das mesmas no Brasil, índices estes relacionados à
falhas que podem estar relacionadas à falta de capital de giro e investimentos, pode-se
avançar com outros estudos nesta área com diferentes enfoques: desde estudos de casos
como análise setoriais ou regionais.

Referências
ANTONIK, L. R. Administração financeira das pequenas e médias empresas. Revista FAE
BUSINESS, São Paulo, nº 08, maio 2004.
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
ASSAF NETO, A. e SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 2002.
BASTOS, Douglas Dias. NAKAMURA, Wilson Toshiro. Determinantes da estrutura de capital
das companhias abertas no Brasil, México e Chile no período 2001- 2006. Revista
Contabilidade e Finanças. São Paulo, nº 50, Maio/Agosto 2009.
BRIGHAM, E. F. GAPENSKI, L. C. EHRHARDT, M. C. Administração financeira. São Paulo:
Atlas, 2001.
DE MUYLDER, C. et al. Inovação no Evento Enanpad 2007. In: ENCONTRO DE ESTUDOS
ORGANIZACIONAIS, 2008. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro> ANPAD, 2008. CD-ROM,
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996
GITMAN, L. J.; MADURA J. Administração financeira uma abordagem gerencial. São Paulo:
Pearson, 2003.
HOJI, Masakazu. Administração financeira uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2003.
KIMURA Herbert, Fatores determinantes da estrutura de capital. Revisa Integração, nº 44,
JAN, FEV, MAR 2006.
MEDEIROS, O; DAHER, E.. Testando teorias alternativas sobre a estrutura de capital nas
empresas brasileiras. Revista de Administração Contemporânea, vol. 12 nº 1, p 177-199,
2008.
MEGLIORINI, E. SILVA, M. A. V. R. da. – Administração financeira uma abordagem
brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas, TGI,
TCC, monografia, dissertações e teses. 2. ed.. São Paulo: Pioneira, 1999.
PEÑALOZA, Verônica; FIGUEIRÊDO, Felipe de Castro – Fatores que Influenciam a
Estrutura de Capital em Micro e Pequena Empresas: Um Estudo Exploratório. XI
SEMEAD Agosto de 2008.
SANTOS, E. O. dos. Administração financeira da pequena e média empresa. São Paulo:
Atlas, 2001.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE.
Boletim Estatístico de Micro e Pequena Empresa. São Paulo. 2005. Disponível em
www.sebraemg.com.br. Acesso em 28/03/2009.
________. Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil. Brasília.
2004. Disponível em http.www.sebraemg.com.br. Acesso em 28/03/2009.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE-SP.
Financiamento de MPE’s no Estado de São Paulo. São Paulo. SEBRAE 2009, em
www.sebraesp.com.br/principal/conhecendo/20a20mpe/estudos20tematicos/finaciamento_mpe
.aspx. Acesso em 21/06/2010.
SOUZA, M.C.A.F. Pequenas e médias empresas na reestruturação industrial. Brasília:
SEBRAE, 1995.

Você também pode gostar