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AUTOR
RENALDO ANTÔNIO SOUZA
Faculdade Novos Horizontes
renaldo.souza@mestrado.unihorizontes.br
Resumo:
Micro e pequenas empresas desempenham um papel muito importante na economia de
brasileira pois geram empregos, distribuem renda e podem ser consideradas fator
gerador de estabilidade social. A grande maioria dos estudos sobre finanças
contemplam, e se preocupam mais com a grande empresa, deixando de lado a micro e
pequena empresa, que tem uma realidade bem diferente. Deixando de levar em conta,
no caso do financiamento de suas atividades, características bem próprias da micro e
pequena empresa. O objetivo desta pesquisa foi verificar a incidência de estudo da
academia na área da gestão sobre o tema endividamento na micro e pequena empresa.
Metodologicamente, tratou-se de estudo bibliométrico atendendo a lei de Zipf que
conforme De Muylder et al. (2008) visa encontrar a freqüência de determinados termos
em um artigo científico. Foram pesquisados todos os 4.506 artigos publicados no evento
anual nacional da ANPAD – EnANPAD realizados de 2005 a 2009. Dentre todos os
artigos aceitos e publicados nos anais foram encontrados, 286 artigos com o termo
endividamento e apenas 8 destes relacionaram o termo pequena empresa. Ressaltou-se
portanto a necessidade de instigar novos estudos relacionando os dois termos na
academia frente a necessidade de desenvolver as micro e pequenas empresas.
Introdução
Desenvolvimento
A grande maioria dos estudos sobre finanças contemplam, e se preocupam mais com a
grande empresa, deixando de lado a micro e pequena empresa, que tem uma realidade
bem diferente. Deixando de levar em conta, no caso do financiamento de suas
atividades, características bem próprias da micro e pequena empresa.
Na micro e pequena empresa todas as decisões estão concentradas nas mãos do
proprietário que, também, é o gestor. Por isso, suas motivações afetam as decisões
relacionadas ao financiamento das atividades desse tipo de empresa. Tornando a teoria
da agência inadequada para micro e pequenas empresas (PEÑALOZA; FIGUEIRÊDO.
2008).
A estrutura de capital das empresas brasileiras é estabelecida segundo uma hierarquia de
financiamento. Quando são escolhidos, primeiro, os recursos internos, para, se
necessário, serem utilizados o endividamento com terceiros e só então utilizar a emissão
de ações (MEDEIROS; DAHER, 2008). Na micro e pequena empresa acontece o
mesmo segundo Kotey (1999), citado por Peñaloza e Figueirêdo, 2008, “as maiores
fontes de financiamento para estrutura de capital de pequenas empresas são o capital
pessoal ou as dívidas de curto prazo”. E também, em Peñaloza e Figueirêdo, 2008,
citando, BERGER E UDELL, 1998, “as pequenas empresas geralmente têm acesso
somente ao financiamento via capital próprio e ao mercado de dividas, enquanto as
grandes empresas acessam o mercado público”.
Conforme os autores, então, a formação da estrutura de capital para financiamento das
atividades na micro e pequena empresa está, portanto, relacionado à teoria Pecking
Order.
Metodologia
Descreve-se nesta seção os caminhos usados para esta pesquisa. Marconi e Lakatos
(1999, p.15) a pesquisa é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico
que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do
conhecimento”.
Durante o trabalho e levando em consideração os objetivos a serem alcançados,
utilizou-se como método de pesquisa exploratória, que segundo Duarte e Furtado (2000,
p.21), “é aquela que enfatiza a descoberta de idéias; proporciona a familiaridade com o
problema de forma a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses” a bibliometria.
O método utilizado para a execução da pesquisa foi o bibliométrico, que é definido
segundo Pritchard (1969) citado por Pao (1989) como “a área de estudo que usa
métodos matemáticos e estatísticos para investigar e quantificar os processos de
comunicação escrita”.
A bibliometria é uma ferramenta estatística “utilizada na gestão da informação e do
conhecimento cientifico e tecnológico” (GUEDES; BORSCHIVER, 2005, p.1)
As principais leis da bibliometria, levantadas por De Muylder et al. (2008), são:
a) Lei de Bradford: ligada à dispersão da literatura periódica científica,
“permite estimar o grau de relevância de periódicos em dada área do
conhecimento, que os periódicos que produzem o maior número de artigos
sobre dado assunto formam um núcleo de periódicos, supostamente de maior
qualidade ou relevância para aquela área” (GUEDES; BORSCHIVER, 2005,
p. 3).
b) Lei de Lotka: ligada à produtividade científica de autores, considera que
“alguns pesquisadores, supostamente de maior prestígio em uma determinada
área do conhecimento, produzem muito e muitos pesquisadores,
supostamente de menor prestígio, produzem pouco”; (GUEDES;
BORSCHIVER, 2005, p.3).
c) Leis de Zipf: “permitem estimar as freqüências de ocorrência das palavras
de um determinado texto científico e tecnológico e a região de concentração
de termos de indexação, ou palavras-chave” (GUEDES; BORSCHIVER,
2005, p.3).
Os artigos publicados no EnANPAD - Encontro da Associação Nacional de Programas
de Pós-graduação em Administração foram considerados entre os anos de 2005 a 2009 e
buscou-se primeiramente identificar os que continham os termos “endividamento” e
“pequena empresa”.
Resultados
Foram pesquisados todos os 4.506 artigos publicados no evento anual nacional da
ANPAD – EnANPAD realizados de 2005 a 2009. Dentre todos os artigos aceitos e
publicados nos anais foram encontrados, utilizando o software Text Filterer 3.4 da
Edward Software, 286 artigos com o termo endividamento.
Destes artigos pode-se analisar a freqüência por ano do evento (TABELA 1) e a
ocorrência por área do mesmo (TABELA 2).
Na fase seguinte foram pesquisados dentre estes 286 artigos aqueles que citavam os
termos (A) pequena empresa (B) média empresa (C) grande empresa e pode-se perceber
uma concentração nos trabalhos das grandes empresas (11 artigos), seguidos das
pequenas empresas (8 artigos) e de médias empresas (6 artigos) (TABELA 3).
Tabela 3 – freqüência dos termos pequena, média e grande empresa nos artigos que
continham o termo endividamento
Anos Endividamento Pequena empresa Média Empresa Grande Empresa
2005 51 1 2 2
2006 44 1 1 2
2007 63 2 3 2
2008 69 4 5
2009 59
Total 286 8 6 11
Fonte: Dados da pesquisa
Nota-se que houve uma pequena variação dentre estes termos: pequena, média e grande
e ausência de artigos no último ano do evento relacionando os termos endividamento e
pequena empresa; bem como endividamento e média empresa. e endividamento e
grande empresa.
Por último os artigos contendo os termos endividamento e pequena empresa foram
analisados: título, resumo e autores (QUADRO 1).
Considerações finais
Apesar do relevante papel das micro e pequenas empresas na economia brasileira, sobre
o assunto endividamento, pode-se perceber por meio de um estudo bibliométrico que
ainda existe um amplo espaço para discutir e contribuir com pesquisas a este respeito,
pois somente oito (08) artigos relacionaram os dois temas, por ocorrência, embora ao
analisar os resumos pode-se ainda frustrar esta análise. A bibliometria é apenas o início,
deve-se focar no processo decisório das micros e pequenas empresas, diante dos
elevados índices de mortalidade das mesmas no Brasil, índices estes relacionados à
falhas que podem estar relacionadas à falta de capital de giro e investimentos, pode-se
avançar com outros estudos nesta área com diferentes enfoques: desde estudos de casos
como análise setoriais ou regionais.
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