Em uma noite fria, com várias estrelas no céu e uma belíssima lua cheia, um tiefling, um ser meio humano meio demônio cuja profissão é caçar e banir demônios e criaturas das trevas, chamado Kazimir, se esconde nos galhos de uma árvore na floresta. Ele está se escondendo de um grupo de fazendeiros que o estão perseguindo sem motivo aparente. Um grupo de 5 humanos, 1 deles, o menor de todos, está carregando uma foice. 2 deles estão desarmados. Os 2 últimos estão armados com forcados. Um deles é um homem gigante, com grandes músculos marcados na roupa, pele bronzeada, cabelo cortado ao estilo militar de exército e quase 2 metros de altura. Um porte digno de um oficial da guarda real. Os outros são magros e de estatura mediana. -sabemos que está aí demônio- diz o fazendeiro segurando uma foice- apareça e lute. -merda, por que eles estão me perseguindo? Tenho que dar um jeito de me livrar deles. - sussurra Kazimir, pensativo e confuso. Kazimir utilizando suas habilidades mágicas fez sua voz ressoar pela mata, na tentativa de assustar os perseguidores. -por que estão atrás de mim? Vão embora, caso contrário matarei todos com minhas próprias mãos- diz Kazimir com uma voz grossa e a ressoando por toda a mata. -você não irá me assustar, você matou o meu rebanho, então irei arrancar sua cabeça- diz o maior de todos, o único que não parece ter ficado assustado. -do que eles estão falando? Não matei nenhum rebanho-pensa Kazimir- bom, de qualquer forma acho que posso controlar o grandão para ele se livrar dos outros- então, se concentrando e proferindo mais palavras encantadas de poder, ele entra na mente do brutamontes-lute- diz ele em sua mente. O brutamonte abaixa a cabeça e põe a mão na testa como se estivesse com uma forte enxaqueca. -Ruphus? Ruphus você está bem? - diz aquele que estava segurando o outro forcado. Com um único movimento de sua mão, o brutamonte, aparentemente chamado Ruphus, nocauteia o companheiro com um forte soco em sua cabeça. Os outros 3 fazendeiros entram em desespero e saem correndo sem hesitar. Ruphus acorda do transe, e quando vê o que fez, olha diretamente para onde Kazimir está escondido, como se soubesse que ele estava escondido ali esse tempo todo. -você vai se arrepender disso- diz Ruphus- mate meu rebanho novamente e eu arrancarei seu coração e darei aos porcos- Ruphus então se vira e começa a andar para longe. Kazimir resolvendo atacá-lo lança nele um raio de pura eletricidade. Porém Ruphus apenas dá um passo para o lado e desvia do raio como se não fosse nada sem sequer olhar. -posso pelo menos saber seu nome?-pergunta Kazimir -pode me chamar de Ruphus, ou se preferir, me chame de morte- Ruphus então segue seu caminho e logo some em meio à mata. -droga, qual é a desse cara? Quem sabe o Bárifus pode-me ajudar-diz Kazimir pensativo. Kazimir então fecha seus olhos e se concentra -Bárifus, você me escuta?- pensa Kazimir Os olhos de Kazimir então se reviram, e ele se encontra flutuando em um lugar escuro, com um mar de fogo roxo queimando abaixo, e em sua frente um ser amedrontador, com grandes chifres curvados como de um bode, pele escura como obsidiana, grandes olhos escarlates e dentes pontudos e protuberantes brancos como marfim. -o que você quer Kazimir? Por que me invoca?- diz o ser com uma forte e grossa voz que ecoa na imensidão negra. -Bárifus, desculpe. Mas quero entender o que está acontecendo e por que eles estavam atrás de mim. Um dos homens, que se chamava Ruphus disse que eu matei o rebanho dele, porém a única coisa que eu me lembro de ter matado foram umas galinhas demoníacas que me atacaram mais cedo-pergunta Kazimir para o grande ser a sua frente. -você matou um pequeno grupo de kadifurs, eles são um dos seres mais inferiores de todos os 9 infernos. Geralmente criados para abate para serem servidos em banquetes dos duques do inferno.- responde o Bárifus com sua voz grossa. -hm... E sobre aquele tal de Ruphus? Sabe de algo sobre ele?-pergunta Kazimir. -nunca ouvi falar, porém pelo que ambos vimos, acho que ele pode ser uma grande ameaça- -tem razão. Bom, eu acho que vou tentar conseguir algumas informações daquele desmaiado. Muito obrigado Bárifus- -não morra seu idiota, se você morrer eu tenho que voltar para aquele abismo de merda. Nesse momento tudo ao redor de Kazimir começa a girar, cada vez mais rápido. Quando ele acorda, ele está caído no chão, perto do homem desmaiado. -merda, acho que eu devo ter passado 1 hora lá com ele- diz Kazimir após olhar em direção à lua- beleza, agora vamos conseguir algumas informações- Kazimir então pega o homem em seus ombros e o leva em direção a uma arvore, onde o amarra, depois de despir o homem para garantir que ele não estivesse armado. Enquanto Kazimir mexe na fogueira, no centro de seu acampamento improvisado, o homem começa a murmurar. Kazimir prontamente se posiciona virado para o homem e, de costas para a fogueira, diz em alto e bom som para que o fazendeiro desnorteado o pudesse escutar. -o que vocês queriam comigo? Por que estavam tentando me matar?- O homem ao ver tal cena entra em pânico: em sua frente está um ser de estatura mediana com chifres curvos, cabelo curto tão escuro quanto a noite, vestes negras, olhos que brilham em um vinho escuro e com uma gigantesca chama atrás de si. -por favor, não me mate, por favor. Eu só estava seguindo ordens, meu primo Ruphus disso que você matou uma parte do rebanho dele e organizou um grupo de buscas para lhe encontrar- diz o homem, que claramente está em completo pânico e pavor. Kazimir então se aproxima mais do homem, o fazendo querer cada vez mais fugir para longe. -então eu quero que você mande um recado para o seu primo: diga a ele que Kazimir está na cidade, e que ele não vai embora tão cedo- diz Kazimir em tom ameaçador. -tu...tudo bem, eu... eu... Eu falo com ele. Mas por favor me solta- diz o homem completamente apavorado. Kazimir, sem proferir uma única palavra, pega uma adaga e corta as amarras. -suas roupas estão ali; se vista e suma da minha vista- diz Kazimir se sentando perto da fogueira. O homem apenas pega suas roupas e sai correndo para dentro da mata em direção à cidade. Após algum tempo apenas sentado e refletindo sobre o que ia fazer, Kazimir se decidiu; ele iria criar uma revolta popular contra o Ruphus, colocando toda a cidade contra ele e se tornando um líder do lugar. Decidido, ele apagou a fogueira apenas estalando seus dedos e se dirigiu para a cidade. Ainda era noite quando ele chegou lá, e no portão que ele entrou tinha apenas um senhor, um velhinho dormindo dentro do posto de guarda. Ele tinha cabelos completamente brancos e curtos, ao contrário de sua barba, que era cheia e bem cuidada, porém igualmente branca como a neve do inverno. Kazimir bateu no vidro e o senhor da um salto de susto. -alto, quem vem lá?- diz o senhor com sua voz cansada. Ele olha em direção a Kazimir e adquire uma expressão confusa e curiosa. -quem é você? Nunca te vi na cidade, é a 1°vez que vem?- pergunta o senhor. -sim, é a 1°vez que venho aqui. Meu nome é Kazimir, muito prazer em te conhecer, e o senhor é?- diz Kazimir ao homem idoso. -Meu nome é Gatriel, sou um dos vigias desse portão. Bom, seja muito bem vindo a Dorpond-diz o homem, estendendo os braços para o grande arco de pedra que indicava o começo da cidade. -muito obrigado, meu senhor. Parece ser uma excelente cidade- diz Kazimir para o senhor- bom, acho melhor ir indo, ainda tenho que achar um lugar para passar o resto da noite. Até mais Gatriel, foi um prazer-diz Kazimir com um sorriso no rosto. -digo o mesmo meu jovem, divirta-se e aproveite a estadia- responde Gatriel, com um olhar sereno e simpático. Kazimir adentra na pequena cidade chamada Dorpond. É uma cidade relativamente normal, as casas são pequenas e simples, com paredes de madeira e telhados com telhas simples. Existe uma quantidade grade de becos e vielas nas ruas por onde Kazimir passa. -já deve estar perto das 4 horas da manhã agora, tenho que achar um lugar para descansar- pensa Kazimir indo na direção da praça principal da cidade (ou aparentemente a única praça da cidade). Depois de andar por mais alguns minutos, Kazimir avista uma estalagem com as paredes de madeira bruta escura e chão de pedra. Ele conta 3 andares na estalagem. Entra na estalagem e a encontra praticamente vazia, há apenas o barman lá, um elfo alto, com grandes cabelos negros, pele clara como a manhã, olhos castanhos bem vivos e uma pequena cicatriz acima da sobrancelha direita, ele usa vestes marrons e relativamente simples. O ambiente da estalagem é bastante acolhedor. Kazimir conta cerca de 25 mesas arredondadas, com 4 cadeiras cada uma e um pequeno palco para apresentações. As paredes de madeira escura são enfeitadas com quadros, estatuetas e algumas cabeças empalhadas. Todo o lugar é iluminado por tochas em suportes de ferro presas nas paredes. O elfo olha para Kazimir e com um sorriso muito simpático diz: -boa noite, bem vindo a estalagem Gota de Ouro, uma das melhores da cidade, como posso te ajudar? Vejo que é novo na cidade, estou correto?- a voz do elfo é simpática e acolhedora. -muito boa noite meu bom elfo, sim sua afirmativa está correta, acabei de chegar à cidade. Muito prazer, eu me chamo Kazimir e preciso de um lugar para ficar durante essa noite- diz Kazimir sorrindo e se aproximando do balcão. -bom, então veio ao lugar certo meu amigo, a propósito me chamo Celeval, sou o dono dessa estalagem, muito prazer Kazimir. Felizmente eu tenho um quarto sobrando- diz Celeval se abaixando e pegando uma chave, é uma chave de metal escuro e um pouco menor que a palma da mão de Kazimir- Aqui está meu bom amigo, o seu quarto é o 2C. É só você subir as escadas e andar até a terceira porta a esquerda- Celeval então entrega a chave para Kazimir. -E o preço do quarto?- pergunta Kazimir pegando sua bolsa de moedas. -Ah... bom... geralmente vemos isso depois, porém cobramos 1 peça de ouro por dia, infelizmente o almoço não está incluso- responde o elfo com um olhar sereno no rosto. -tudo bem, aqui está- Kazimir diz enquanto coloca 4 peças de ouro em cima do balcão. -obrigado Kazimir, espero que aproveite sua estadia- Diz Celeval novamente com seu sorriso simpático e olhar caloroso. Kazimir então se direciona até o seu quarto. O corredor possui tochas presas em suas paredes, as paredes internas são de pedra polida que de uma forma até que estranha se encaixam perfeitamente com o resto do ambiente, as portas são de carvalho escuro polido com as identificações entalhadas com ferro. Kazimir abre a porta de seu quarto e o ambiente é absurdamente aconchegante, com um belo tapete roxo escuro cobrindo todo o chão, uma pequena mesa no canto esquerdo ao lado de uma cômoda. A cama de casal tem lençóis brancos e macios e belos travesseiros, uma janela com vista para a praça da cidade e uma porta que leva até o banheiro. -eu não me lembro da última vez que eu estive em um quarto tão aconchegante quanto esse aqui- Diz Kazimir sentando-se na cama e tirando seu equipamento e o colocando no canto do lado da cama. -Bom amanhã vamos conhecer melhor a cidade, tenho que ir a uma loja comprar mais suprimentos para poder banir demônios- Diz Kazimir para ele mesmo, deitando-se na cama e pegando no sono. Kazimir se aproxima da loja de artigos gerais que ele viu quando chegou à cidade, lembrando da ótima noite de sono que ele teve, a melhor em muito, muito tempo. Fazia meses ou até mesmos anos desde a última vez que ele conseguiu dormir a noite toda. Kazimir olha para a placa na frente da loja, "loja de artigos gerais do Paddy" com um símbolo de uma bolsa de moedas no fundo. Assim que Kazimir abre a porta, um sininho em cima da porta toca e um pequeno hobbit se levanta de trás do balcão; um homem baixinho com orelhas levemente pontudas. Seu cabelo castanho claro cai como um riacho nas laterais de sua cabeça indo até um pouco abaixo de suas orelhas. Uma barba bem cuidada e curta da mesma cor que seu cabelo se faz presente em seu queixo, ele possui algumas rugas no rosto e olhos fundos, claramente já é um hobbit bem vivido. Ele abre um grande sorriso e diz com uma voz aguda como uma criança animada, porém ao mesmo tempo carregando o peso da idade. -Boa dia, seja muito bem-vindo à loja de artigos gerais do Paddy o que você precisar Paddy pode te ajudar- Diz o hobbit com um grande sorriso no rosto e abrindo os braços mostrando a grande quantidade de estantes cheias na loja. Kazimir olha ao redor surpreso com a grande quantidade de itens variados que tem ali, tudo bem que é uma loja de artigos gerais, mas é a primeira vez que ele vê olhos de medusa e maçãs sendo vendidos no mesmo lugar, sem falar nas cerca de 12 prateleiras nas paredes da loja, 6 de cada lado lotadas de armas, comida, suprimentos mágicos e mundanos e... aquilo é uma lasca de escama de dragão dourado? É realmente surpreendente a quantidade de itens que se encontram ali. Kazimir volta seu foco e vira para o hobbit -Sua loja é realmente impressionante, muito prazer eu me chamo Kazimir- diz Kazimir estendendo a mão para o hobbit que aperta de forma animada- cheguei na cidade essa madrugada e estava procurando suprimentos para rituais de banimento demonico e bem...- Kazimir olha ao redor novamente-acho que vim ao lugar certo -Uuuuuuuh temos um caçador de demônios aqui, é estranho ver um por aqui nessa época do ano, a última incursão aconteceu há apenas 4 meses- diz o Paddy com uma expressão que mudou de surpresa para um leve tom confuso. -incursão? Que incursão?-Pergunta Kazimir claramente confuso -você não sabe? Uma vez por ano um grande grupo de clérigos e paladinos vem até a cidade, eles caçam e eliminam toda e qualquer influência demoníaca que esteja nos arredores da cidade. Na verdade, é até mesmo surpreendente se ver um tiefling por aqui, você é o primeiro que eu vejo em alguns meses- Diz Paddy explicando a situação para Kazimir que claramente está surpreso com aquilo tudo. -Bom, isso é curioso não fazia ideia disso. Bom, vamos falar sobre os itens Paddy? Você tem água benta? E giz e algumas velas?-pergunta Kazimir para o hobbit que parece empolgado para a venda. -Claro, eu tenho quase tudo aqui- Paddy puxa uma prancheta de trás do balcão com uma grande tabela de itens no estoque e seus preços-hm... deixe-me ver, bom a água benta eu tenho 4 frascos, giz eu tenho 25 caixas com 12 gizes grandes e tenho 19 caixas de velas com 8 velas cada uma, quanto você vai querer Kazimir?- Pergunta Paddy levantando os olhos para olhar novamente para Kazimir. -Acredito que 2 frascos de água benta, 2 caixas de giz e 4 de velas é o suficiente meu amigo- Kazimir responde olhando para cima como se estivesse fazendo contas mentalmente. -bom, isso tudo vai dar 56 peças de ouro-Paddy diz depois de olhar o preço dos itens na tabela e fazer cálculos mentalmente -Pelos deuses Paddy, será que teria como fazer um desconto? Até porque eu pretendo me tornar um cliente fiel e se puder até mesmo um amigo- Kazimir diz esperançoso. -Hmmmm...-Paddy parece meio relutante, mas logo abre o grande sorriso novamente-Você está com sorte, sabe eu realmente gostei muito de você, tudo bem Kazimir eu posso fazer por 34 peças, o que você me diz? Kazimir sabe que é um desconto excelente, ele animado abre um sorriso-Está perfeito meu bom amigo, muito obrigado mesmo. Definitivamente irei retornar mais vezes- Kazimir diz enquanto pega sua bolsa de moedas e bota o dinheiro em cima do balcão. Paddy olha para as moedas percorrendo os olhos por elas rapidamente e as contando com a mente. Paddy abre então um grande sorriso e, com um rápido movimento com sua mão direita, logo todas as moedas já estão dentro do caixa da loja- Muito obrigado Kazimir, por favor volte mais vezes, vou gostar muito de ser seu amigo- Paddy diz com um grande sorriso e estendendo a mão para Kazimir. Kazimir sorri de volta e aperta a mão do querido hobbit e diz: -Eu que agradeço Paddy, pode ter certeza de que irei retornar mais vezes Kazimir então sai da loja. Tinha seu próximo objetivo em mente, descobrir mais sobre essas incursões e sobre o Ruphus-Quem sabe possa conseguir mais informações perguntando para os moradores, quem sabe os moradores de rua- Kazimir pensa e se direciona até um grupo de moradores de rua que está do outro lado da praça. Capítulo 2: Novos amigos e novos...inimigos? Kazimir se aproxima do pequeno grupo de moradores de rua. Eram 5 no total, 3 humanos sendo que 2 pareciam ser irmãos e deveriam ter quase uns 22 anos, o outro já aparentava ser mais velho, na casa dos 38 anos, 1 gnomo, um ser baixinho com seus 1,40m de altura e de orelhas pontudas, e o que estava mais isolado dos outros, um draconato negro, um ser que se assemelha muito a um dragão, porém menor e sem as asas. Draconatos são conhecidos por herdar a habilidade de sopro elemental de seus ancestrais dracônicos, no caso do dragão negro é a habilidade de cuspir uma gigantesca linha de ácido capaz de corroer até mesmo a mais resistente armadura metálica. Kazimir prende sua atenção no humano mais velho que estava deitado em um banco de madeira ao lado do gnomo, todos com exceção dele estavam dormindo. O homem tinha o cabelo desgrenhado e castanho escuro com alguns fios brancos. Sua barba era irregular e mal cuidada e era possível ver poucos fios brancos nela também. Os olhos eram igualmente castanhos escuros tais qual seu cabelo. Sua pele era branca, porém levemente bronzeada devido ao fato de ter que ficar muito tempo ao sol. Ele usava uma blusa larga e uma calça, ambas marrons e velhas. A blusa possuía bastantes furos principalmente na parte de cima dela. Porém 2 coisas chamaram ainda mais a atenção de Kazimir; primeiro foi o ursinho de pelúcia castanho que ele estava abraçando e a segunda era uma gigantesca cicatriz que ia de ponta a ponta no meio do seu pescoço, como se tivessem tentado decapitá-lo com um golpe de espada, uma espada bem afiada. Kazimir se aproxima dele e assim que o homem o vê ele se senta no banco quase que instantaneamente e adquire um olhar curioso, era impressionante a velocidade de reação e movimento dele. -Saudações meu amigo, não precisa se preocupar, eu não quero lhe fazer nenhum mal. Gostaria apenas de algumas informações sobre a cidade, a propósito me chamo Kazimir, muito prazer- Diz Kazimir ao homem enquanto estende sua mão para cumprimentá-lo. O homem olha para a mão de Kazimir, em seguida olha para o rosto de Kazimir e com um olhar triste eleva sua mão a apontando para a cicatriz em seu pescoço, enquanto faz um sinal de negativo com sua cabeça. -Ah, não consegue falar não é meu amigo?- Pergunta Kazimir ao homem com um olhar de pena- Mas não se preocupe, eu posso dar um jeito nisso- O homem olha para Kazimir com uma expressão confusa ao vê-lo franzir as sobrancelhas até que ele escuta em sua mente. -E então? Acredito que assim possamos nos comunicar- Era a voz de Kazimir que estava utilizando um feitiço para conseguir falar telepaticamente com o homem. O homem então responde Kazimir com uma voz rouca e cansada -Já faz muito desde a última vez que alguém ouviu a minha voz, na verdade anos desde que aquilo aconteceu... - A expressão dele era triste e melancólica, com os olhos baixos e mão em sua cicatriz. -Parece que isso não te traz boas lembranças meu amigo, se importa de me falar o que aconteceu?- Kazimir pergunta ao homem que faz que não com a cabeça. -Não tem problema... Acho que já faz 3 anos desde que ele tentou me matar- Até o pensamento dele parecia triste agora, mas ao mesmo tempo possuía um tom de raiva- Sabe, você já ter ouvido falar do Ruphus, ele é bem famoso na cidade- A expressão de Kazimir ficou séria, novamente aquele tal de Ruphus- Há 3 anos eu... Digamos que eu entrei no caminho dele e em uma luta ele cortou minha garganta, como ele tinha certeza que eu tinha morrido apenas me jogou em uma vala junto com outros corpos...- -Sabe meu amigo, eu também fui atacado pelo Ruphus- O homem então levanta sua cabeça para observar Kazimir que se encontra admirando o céu- Na verdade é por isso que eu estou na cidade, quero fazer um levante popular contra ele, quero pôr a cidade contra ele e quem sabe assumir a liderança da cidade se eles me aceitarem- Kazimir continua enquanto ainda admira o céu azul acima deles -Quem sabe você não possa me ajudar com isso, o que me diz? Quer se unir a mim como meu guarda costas e me ajudar a derrubar o Ruphus-Kazimir diz isso se virando para o homem e novamente estendendo a mão para ele. O homem olha para a mão de Kazimir por um segundo e a aperta com um sorriso, seus dentes eram surpreendentemente brancos -Sabe que isso será absurdamente difícil e trabalhoso, não é? A cidade o ama- Diz o homem na mente de Kazimir- A propósito, eu me chamo Magnus. -Estou ciente disso meu bom Magnus, por isso mesmo irei precisar de ajuda. Venha comigo vamos ver um amigo que fiz- Kazimir diz isso já sem ser telepaticamente e se levantando. Magnus se levanta com ele e prende o ursinho em um cinto de corda que ele possui em sua calça -Ah, acabo de me lembrar, já que é meu guarda costas obviamente será pago- Kazimir então pega uma moeda de ouro em seu bolso e a joga para Magnus, que pega a moeda com uma imensa facilidade, olha para ela e com uma simples girada em sua mão a moeda some. Kazimir olha isso impressionado. -Vejo que tem suas habilidades, realmente impressionante- Diz Kazimir já se dirigindo até a loja do seu hobbit favorito, o Paddy. Magnus apenas levanta as mãos para a lateral do corpo e dá de ombros com um sorriso enquanto segue Kazimir. Nesse momento Kazimir notou algo, o ursinho de pelúcia em sua cintura fazia um leve tintilar de moedas -Então é por isso que ele anda com esse urso- pensa Kazimir para si mesmo. Eles então chegam à loja do Paddy que se encontra aberta. Assim que o Paddy vê Kazimir logo abre um grande sorriso. -Kazimir meu bom amigo, como você está? Vejo que trouxe um amigo com você, quem é ele- Como sempre Paddy fala com sua voz animada parecendo até uma criança que ganhou o presente que tanto queria de Natal. -Esse, meu amigo, é Magnus. Eu o contratei como meu guarda costas. Infelizmente ele não consegue falar por conta do corte em sua garganta, mas a gente consegue se entender, não é meu amigo?- Kazimir diz enquanto passa seu braço pelo ombro de Magnus e abre um sorriso no rosto, Magnus apenas assente positivamente com a cabeça- Mas e então Paddy- Continua Kazimir tirando o braço dos ombros de Magnus e se aproximando do balcão- Acho que nunca pude te falar o porquê eu est...- Uma forte batida interrompe Kazimir, Paddy no entanto não parece ter notado, ou talvez esteja fingindo que não notou- Paddy... Que barulho foi esse? -Barulho? Não sei do que você está falando eu não ouvi nada- Responde Paddy enquanto se pode ouvir mais 2 batidas fortes. -Paddy, tem certeza de que você não está ouvindo nada?- Pergunta Kazimir com um tom claramente duvidando de Paddy. -Sim, não estou escutando nada- Outra batida é ouvida, dessa vez mais alta e forte que as outras -você deve estar escutando coisas Kazimir- Paddy diz, porém Kazimir poder ver uma gota de suor escorrendo pela sua testa. Mais 2 batidas altas são ouvidas e Kazimir nota que elas vêm de um alçapão camuflado ao lado de Paddy do outro lado do balcão. Kazimir só notou agora que Magnus está olhando para o alçapão há muito tempo, parece que ele notou de onde era o som logo na primeira batida. -Paddy, o que tem naquele alçapão?- Kazimir pergunta apontando para o alçapão camuflado. Paddy nem sequer olha para onde Kazimir está apontando e apenas diz -A..alçapão? E...eu não tenho ne...nenhum alçapão- A voz de Paddy falhava e ele se enrolava enquanto falava. As batidas estavam mais violentas e intensas. O que quer que estivesse ali embaixo estava determinado a sair. -Paddy- Kazimir então adota um tom sério e bota as mãos sobre o balcão que assume uma tonalidade de queimado ao redor das mãos de Kazimir- Eu estou falando sério, o que tem ali embaixo quer sair e eu quero saber o que tem ali antes que aquilo saia e mate todos nós- Paddy começa a tremer ao ver as marcas de queimado no seu balcão, ele engole em seco e diz- Ok ok, talvez e só talvez, eu tenha 3 cães infernais presos no meu porão- assim que diz isso Paddy desce do banquinho que ele sempre fica em pé para poder ficar mais alto que o balcão, vai até o alçapão e começa a pisar nele enquanto grita- CALADOS SEUS PULGUENTOS INFERNAIS EU JÁ ALIMENTEI VOCÊS HOJE, NÃO ADIANTA BATER, VOCÊS SABEM QUE ESSA PORTA É FORTIFICADA- Kazimir dá um tapa em sua própria testa e olha para Magnus que apenas levanta os braços e dá de ombros novamente, Kazimir então olha para Paddy e diz- Paddy, meu bom Paddy, CÃES INFERNAIS PADDY?- Kazimir grita- NÃO SÃO 1 NEM 2, SÃO 3 CÃES INFERNAIS NO SEU PORÃO? VOCÊ SABE QUE ELES SÃO MORTAIS, NÃO É? POR QUE CARALHOS VOCÊ TEM ELES NO SEU PORÃO?- Paddy então responde também gritando -EU SEI KAZIMIR, MAS EU SEI O QUE ESTOU FAZENDO, ESTOU COM ELES HÁ 4 MESES. EU SEI COMO CUIDAR DELES E ELES NUNCA MATARAM OU MACHUCARAM NINGUÉM TÁ LEGAL?- Paddy então olha para baixo e diz mais baixo- Pelo menos não depois que eu os prendi...- Os barulhos de batidas param completamente, parece que essa gritaria toda fez os cães ficarem quietos. Kazimir leva seus dedos às suas têmporas e as massageia enquanto diz em tom mais calmo e mais baixo- Pelos deuses Paddy. Ok ok, mas você poderia ter me falado desde o começo, você sabe que meu trabalho é caçar essas coisas e enviar elas para o inferno novamente- Paddy abaixa sua cabeça, como um cachorro quando sabe que fez algo errado e diz em tom triste- Eu sei Kazimir... Desculpe-me, eu não queria que você se livrasse deles... Eu tenho certeza de que eles não conseguem sair dali de dentro, por favor, confia em mim- Kazimir olha novamente para o alçapão, ele realmente é bem escondido. Se não fossem as batidas ele nunca teria notado que tinha um alçapão ali. Kazimir então olha para Paddy novamente e diz -Tem certeza mesmo disso?- -Sim sim, eu tenho certeza Kazimir- Diz Paddy -Tudo bem, meu amigo. Eu confio em você, mas, por favor, cumpra sua palavra, se eles escaparem muitos inocentes irão morrer- Kazimir diz a Paddy com um tom sério. Paddy novamente abre um sorriso e diz -Pode deixar meu bom amigo, mas enfim o que você ia me dizer?- Kazimir então explica para Paddy tudo que aconteceu desde o encontro com o Ruphus até ele voltar à loja dele com o Magnus. Como já estava começando a anoitecer Paddy os levou até o segundo andar de sua loja, onde era sua casa e serviu o jantar. A casa do Paddy era espaçosa e muito bonita, o chão e as paredes de madeira clara, os corredores muito bem iluminados pelas tochas nas paredes. Kazimir contou cerca de 6 portas contando com a da cozinha, porém todas as portas estavam fechadas então Kazimir decidiu não perguntar de onde eram. Ao acabar de contar a história Paddy, que estava escutando atentamente cada palavra, diz a Kazimir. -Entendo, é realmente estranho o Ruphus ter feito isso tudo; todos na cidade o amam e ele sempre ajuda os moradores. Mas tenho que admitir, sempre o achei muito estranho, ninguém sabe onde ele mora, só sabem de uma fazenda que ele tem e que as vezes algumas pessoas tentam invadir para roubar da plantação e nunca mais são vistas- -Ele parece ser bem possessivo com as coisas em sua fazenda, quando eu entrei vi aquele grupo de kadifurs que eu matei, achei bem estranho por que eles estavam sendo criados em cativeiro- Responde Kazimir para Paddy, enquanto termina de tomar seu chá de camomila que Paddy tinha preparado -Temos que descobrir o que ele está tramando Paddy, mas para isso precisamos de um lugar para fazermos uma base, conhece algum lugar que podemos usar?- Paddy faz que não com a cabeça, porém Magnus acena para Kazimir como se o chamasse. Kazimir então franze novamente suas sobrancelhas e diz mentalmente para Magnus. -O que foi meu amigo? Conhece algum lugar?- -Sim, eu sei de um antigo sistema de tuneis abandonados, a entrada fica na base da colina na parte sul da cidade, do lado do grande barranco, o problema é que lá é um gigantesco labirinto- Magnus responde a Kazimir mentalmente. Como sempre ele está com seu ursinho, porém ele está dando chá para o ursinho também. -Tenho certeza de que podemos mapear o local. Amanhã se importa de me levar até a entrada?- Kazimir pergunta a Magnus -Não, amanhã eu mostro para você onde é- Magnus responde a Kazimir enquanto faz seu ursinho tomar outro gole de chá. Paddy então, que estava apenas vendo os dois se encarando, pergunta -Ei, o que vocês estão falando? Ele sabe de algum lugar?- Kazimir então olha para Paddy e o responde, já falando normalmente -Ah, perdão Paddy. Sim, Magnus estava me contando que conhece um sistema de tuneis abandonado na parte sul da cidade, a entrada fica na colina. Amanhã ele vai me mostrar o local- Paddy pareceu ter ficado animado, abre um sorriso e diz -Isso é muito bom meu amigo, você pode usar eles como uma base. Isso é realmente muito bom Kazimir- Eles conversam por mais algumas horas até que Kazimir e Magnus se despedem de Paddy e saem da loja. Magnus também se despede de Kazimir e segue seu caminho. Enquanto Kazimir estava voltando para a pousada ele notou que tinha alguém nos telhados seguindo-o. Kazimir então olha para o telhado de uma das casas e vê uma figura alta usando um manto completamente negro que escondia seu rosto, assim que a figura misteriosa vê que foi notada ela corre para outro telhado. Kazimir então escala a casa sem esforço e começa a perseguir a figura que era absurdamente rápida. -ESPERE AI, ME FALE POR QUE ESTAVA ME SEGUINDO- Kazimir grita para a figura que apenas ignora a continua correndo. Kazimir então saca uma de suas facas de arremesso e atira contra a figura. Pouco antes de acertar as costas dela, a figura misteriosa dá um salto girando no ar e, pegando a adaga com uma das mãos, continua correndo depois que aterrissa no telhado novamente. Quem quer que seja esse cara, ele é bom. Kazimir então pega sua besta de mão e atira contra a figura. O virote vai de forma certeira na coxa esquerda da figura que se desequilibra e cai do telhado, porém assim que Kazimir chega à beirada, não vê ninguém, apenas uma rua vazia sem uma única gota de sangue. A figura simplesmente sumiu. Kazimir frustrado e confuso então segue seu caminho de volta à pousada que ele está hospedado. Ao chegar, Kazimir vai direto para seu quarto e se deita na sua cama olhando para a sua outra faca de arremesso- quem era aquele cara? Ele era muito rápido e o jeito que ele pegou minha faca no ar, certamente ele não é um simples ladrão- Diz Kazimir para si mesmo-bom, amanhã vou falar disso com o Paddy e com o Magnus- Kazimir então se vira e adormece em sua confortável cama.
Capítulo 3: Cada vez mais mistérios
Kazimir se direciona para a praça da cidade, para encontrar Magnus. São cerca de 10 horas da manhã e como sempre um belo seu azul se encontra acima de sua cabeça, Kazimir certamente iria o admirar se ele não estivesse ocupado demais pensando sobre o acontecido da última noite. Quem era aquela figura e o que ela queria com Kazimir? Ao encontrar com Magnus que se encontrava sentado no banco da praça, eles se cumprimentam e caminham em direção a suposta entrada dos tuneis. Kazimir aproveita esse tempo para conversar com Magnus sobre o ocorrido. -sabe meu amigo, ontem algo estranho aconteceu- diz Kazimir mentalmente para seu companheiro e guarda costas –quando eu estava voltando para minha pousada eu percebi que alguém me observava, quando eu olhei para o telhado consegui vê-la. Eu não pude ver seu rosto nem muito do seu corpo por conta do manto negra que ela estava usando. Mas seja lá quem for esse cara, ele é absurdamente habilidoso, era muito rápido e pelos deuses você deveria ter visto como ele pegou minha faca de arremesso em pleno ar, como se não fosse absolutamente nada. Eu consegui acertar um virote em sua perna esquerda, mas quando fui ver onde ele tinha caído... vazio, ele simplesmente sumiu sem deixar qualquer vestígio ou mancha de sangue.- Magnus escuta atentamente cada detalhe e é possível ver seus olhos inquietos enquanto ele processa a informação e tenta fazer uma análise mental. -definitivamente não podemos baixar a guarda Kazimir, pelo que você me falou esse cara certamente não nenhum amador. E eu não estava perto para te proteger... merda- Magnus fecha seu punho e dá um soco em uma árvore que estava ao seu lado, claramente aborrecido e estressado. Kazimir notou que o soco deixou uma marca de punho na árvore, não era muito evidente, mas estava lá -além de rápido é bem forte. Pergunto-me que outras coisas ele ainda não me mostrou- Kazimir pensa para si mesmo, cortando momentaneamente a conexão mental para que Magnus não ouvisse. - acalme-se meu amigo, está tudo bem. Afinal eu mesmo disse que não precisava me acompanhar até a pousada- Kazimir diz, novamente criando a conexão para poderem conversar- eu ainda tenho 1 dia pago na estalagem, amanhã vou achar outro lugar, dependendo até mesmo nos tuneis.- Magnus parece se acalmar um pouco, mas ainda está bem tenso, não porque não protegeu seu cliente, e sim por não ter protegido seu amigo. Seu único amigo em anos. -vamos ver como estão os tuneis, se você vier ficar aqui amanhã eu também ficarei. Estamos quase chegando- Magnus diz a Kazimir em um tom sério. Mas logo abre um sorriso, dá uma risada e diz- a quem estou enganando? Você não é uma criança. Tem certeza de que está bem amigo? Posso voltar para a estalagem com você mais tarde se quiser Kazimir abre um sorriso e diz em um tom alegre –obrigado meu amigo, mas não será necessário. Acho que posso sobreviver mais uma noite- Kazimir dá uma risada enquanto eles continuam andando e conversando sobre algumas outras coisas banais Depois de cerca de 1 hora de caminhada eles chegam até a encosta da colina. Era como uma entrada de mina fechada por tabuas de madeira formando um “X”, ao lado direito a cerca de 12 metros tinha um gigantesco barranco que deveria ter mais de 30 metros de profundidade, ao final do barranco um rio passava violentamente com suas correntezas furiosas. Como a colina era um pouco mais distante de outras zonais mais habitáveis da cidade, aos arredores tinha muitos arbustos e algumas arvores, era um local absurdamente lindo de fato. Magnus vira para Kazimir e então faz um sinal para ele reativar a ligação mental, Kazimir o faz e Magnus diz –bom Kazimir, é aqui. A entrada do grande labirinto de tuneis da colina. Bom...- Magnus hesita antes de continuar -acho justo você saber meu amigo, eu morava aqui nesses tuneis. A alguns meses atrás, mas tive que sair porque alguns besouros estranhos estavam começando a aparecer. Quer dizer eles sempre estiveram ali, mas começaram a aparecer mais.- Kazimir claramente surpreso pela novidade apenas diz –por que você não me disse isso antes Magnus?- -desculpe Kazimir, eu deveria ter falado, mas... desculpa- seu tom expressava clara vergonha e arrependimento por não ter falado aquilo mais cedo para seu amigo- e me desculpe novamente Kazimir, mas eu tenho uma coisa que eu tenho que resolver. Eu acabei de lembrar dela, por favor me perdoe. Talvez você só me veja novamente amanhã. Desculpe-me por não poder explicar- sem dizer mais nenhuma palavra Magnus simplesmente vai embora com uma expressão de tristeza, preocupação e medo. Ele para por 1 segundo depois de uns 20 metros como se fosse se virar, mas apenas segue seu caminho e logo some em um beco. Kazimir está apenas cada vez mais confuso, como assim ele morava aqui? Que besouros são esses? O que ele tem para resolver? Por que aquele coelho está comendo carne? Esperai, coelho comendo carne? Kazimir olha melhor para aquela cena a apenas 9 metros dele, um coelho completamente marrom estava lá comendo uma raposa morta tranquilamente. Mas tinha algo errado com aquele coelho, além do fato dele estar comendo uma raposa. Apesar de ser um coelho marrom e ter o tamanho normal de um coelho adulto, seu focinho era aberto em uma grande boca, como se estivesse pronto para engolir um braço humano inteiro, possuía também várias presas de cerca de 6 centímetros que lembravam pontiagudas e mortais patas de aranha que se moviam perfurando e arrancando a carne daquela raposa já morta. Sem falar que olhando melhor Kazimir pode notar, aquele coelho possui 3 olhos, dois no lugar normal e um no meio da sua testa olhos vermelhos alaranjados como o fogo das profundezas do inferno. Não restava dúvidas, aquilo era um coelho demoníaco. Sem esperar nem mais 1 segundo Kazimir rapidamente saca sua adaga e se prepara quando percebe que o coelho também notou sua presença. O coelho pula em direção a Kazimir abrindo seu conjunto de presas pontiagudas, apesar dos 9 metros de distância ele salta como se não fosse nada. Kazimir consegue se desviar no último segundo com um dos dentes passando a milímetros de seu rosto, certamente não seria nada agradável ser atingido por aquelas presas. Kazimir então se vira e desfere um corte com sua adaga na lateral do corpo daquele coelho, porém não parece ter sido muito efetivo. Kazimir sabe que tem que deixar aquela criatura parada para poder bani-la, mas isso não vai ser nada fácil. Sem sequer dar mais tempo para Kazimir pensar, aquele coelho pula mais uma vez dessa vez acertando o bíceps direito de Kazimir com suas presas. A ferida queima intensamente e Kazimir solta um grito de dor. Já não bastavam aquelas presas serem afiadas como navalha elas ainda tinham uma espécie de veneno que aumenta o nível de dor no local atingido. Kazimir tinha que pensar rápido, ele sabe que não aguentaria muitos golpes com aquela toxina. Até que ele tem uma ideia, até porque, Kazimir ainda era um feiticeiro. Kazimir faz um símbolo arcano no ar direcionado ao coelho e grita –NE QUOQUAM EXSURGATIS- após proferir as palavras arcanas poucos segundos antes do coelho pular novamente, uma aura arroxeada envolve a criatura e ela fica paralisada. Kazimir respira aliviado, mas sabe que têm que ser rápido, esse feitiço só dura 2 minutos, sendo otimista. Kazimir rapidamente abre sua mochila, pega seu giz, 4 velas e começa a desenhar símbolos no chão ao redor do coelho enquanto profere mais um encantamento -ne hostes transeat locatne hostes transeat locat ab illis potestas penes mana hinc- assim que Kazimir termina o símbolo uma barreira circular aparece, uma barreira branca com um leve tom de dourado que cobre a área circular em volta do coelho como uma pequena cúpula. O coelho volta a se mover e pula na direção de Kazimir, porém ele apenas bate na barreira e não consegue atravessar. Kazimir conseguiu prender o demônio, agora só tinha que mandá-lo de volta para o inferno. -bom coelhinho de merda- diz Kazimir ofegante por conta da intensa dor em seu braço direito que ainda estava sangrando -foi bom enquanto durou. Mas isso é um adeus- Kazimir fecha seus olhos, cruza suas pernas, junta suas mãos em mais um símbolo arcano e então profere o feitiço de banimento -Unde ad mando vobis venistis ad locum nativitatis tuae et locum quietis. Absit, ut ego tibi ad eam sphaeram et adhaesit in ibi usque in sempiternum. nunc denuo vade abiicientes inferni- Kazimir profere o ritual enquanto o coelho tenta inutilmente atravessar a barreira de proteção que Kazimir criou. Assim que Kazimir profere a última palavra o coelho grita de dor, um grito agudo e estridente capaz de fazer ouvidos sangrarem. Fumaça negra começa a sair do corpo da criatura quando ela lentamente vai se desfazendo em cinzas até não restar mais nada. Kazimir cai para o lado com sua visão turva por conta da dor que piorava a cada segundo. A barreira de proteção se dissipou quando o coelho sumiu, ela durou tempo suficiente para o ritual, mas era impossível manter a concentração com aquela dor infernal. Kazimir desmaia sem conseguir mais aguentar aquela dor que já estava por todo o seu corpo.
Kazimir acorda tonto e com um pouco de dor de cabeça, e o ferimento
em seu braço já tratado e enfaixado ele tenta se sentar, mas não tem forças suficientes para isso. Ao olhar ao redor percebe que aparentemente ele está na casa de alguém, ele está deitado sobre uma mesa de mogno escura muito bem envernizada. Ele podia ver cerca de 3 estantes grandes lotadas de livros no canto esquerdo da sala de estar, alguns Kazimir nem sequer conseguia ler a língua escrita. As paredes eram de madeira clara com alguns quadros do que parecia ser uma das divindades, talvez Ráreck o deus da vida; Um homem alto e belo com grandes cabelos lisos e dourados como a mais pura barra de ouro. Sua pele branca tem o contraste perfeito com seu cabelo e seus olhos castanhos claros. Ele usa uma túnica branca com detalhes e adornos dourados com uma curta capa que cai suavemente abaixo de seu quadril. Kazimir conseguia ver um sofá de couro no outro canto da sala de frente para uma pequena mesinha de centro. O teto era alto, deveria ter cerca de 5 metros de altura e era de pedra muito bem polida. A cozinha ao lado esquerdo de onde Kazimir está é relativamente grande, com cerca de 4 armários superiores e outros 2 maiores e mais baixo que eram no chão. Entre os dois armários tinha uma pia com algumas tigelas de barro acumuladas. Um pequeno fogão a velha estava localizado na parte direita da cozinha ao lado de uma pequena janela. Kazimir podia ver cerca de outras 3 portas no local, contando com o que parecia ser a porta de entrada da casa. Logo Kazimir escuta uma voz que ele tem certeza de que já tinha escutado antes. -graças aos deuses você acordou Kazimir, eu estava preocupado- Era Gatriel o guarda velhinho que Kazimir conheceu no seu primeiro dia na cidade. Ele usava roupas brancas e simples, porém ao mesmo tempo elas eram absurdamente lindas –eu estava fazendo a ronda na parte leste da cidade quando fui informado de um tiefling inconsciente na base da colina. Fui correndo, pois sabia que era você. Quando eu cheguei você estava caído ao lado de um círculo de ritual com seu braço sangrando e com uma alta febre. Com um pouco de esforço eu consegui te trazer até minha casa para cuidar dos seus ferimentos. Ainda bem que você está bem- Kazimir sorri com um pouco de dificuldade e diz em um tom alegre e cansado -obrigado Gatriel, muito obrigado mesmo. Mas não precisa se preocupar, é preciso muito mais que um simples coelho demoníaco para me matar- Kazimir se força a sentar-se na mesa, com um pouco de dificuldade ele consegue e pergunta –que horas são? Por quanto tempo eu apaguei?- -são 7:30 da noite, quando eu te encontrei eram mais ou menos 3 horas da tarde- Gatriel responde a Kazimir enquanto se aproxima um pouco mais para ver o curativo de Kazimir –bom, bom. O sangramento parou e o veneno já perdeu o efeito. É, daqui a cerca de 10 minutos você já vai ter recuperado suas forças- ele diz com sorriso alegre em seu rosto. -7:30 da noite? Pelos deuses, quando eu desmaiei era cerca de 1 da tarde. Mas... me diga Gatriel, como você sabe tanto de medicina? Você é um clérigo?- Kazimir pergunta claramente curioso. Gatriel se senta em uma das cadeiras da mesa e Kazimir desce e se senta em outra. Gatriel então dá uma risada e diz em tom alegre –sou sim Kazimir, sou clérigo de Ráreck. Deve ter notado a pintura dele na parede- Gatriel aponta para o quadro na parede. Kazimir estava certo, realmente é um quadro de Ráreck. -bom, que bom que você me encontrou então. Eu estava investigando aquela parte quando vi um coelho demoníaco e lutei contra ele. Eu o bani, mas ele conseguiu me acertar com as presas e bom, eu acabei desmaiando- Kazimir diz enquanto de se levanta da cadeira –eu realmente adoraria ficar aqui para conversar, mas ainda tem algumas coisas que eu preciso fazer. Outro dia eu irei retornar para que possamos conversar okay?- -claro Kazimir, você sempre será bem vindo aqui- Gatriel responde se levantando e indo em direção à porta para abri-la. –até outro dia meu amigo- -até outro dia meu bom amigo- Kazimir diz sorrindo e saindo de dentro da casa Já anoiteceu e o céu está com as estrelas bem visíveis juntamente com a grande lua cheia que brilha forte e lindamente. Kazimir demora um pouco para se localizar na parte que estava da cidade, nunca tinha ido para lá. Enquanto estava andando por uma parte que estava completamente vazia e mal iluminada, Kazimir mantinha sempre sua guarda alta e prestava muita atenção aos seus arredores, quando de repente um virote de besta passa zunindo a centímetros do seu rosto. Kazimir dá um pulo para o lado e saca sua adaga procurando quem deu o tiro. Ele nem precisou se esforçar muito, pois o autor do disparo simplesmente pula de um dos telhados para o chão com uma cimitarra em mãos. Era um humano ruivo e de cabelos curtos, usava um manto preto igual à da figura do dia anterior. Ele aparentava já ter cerca de 30 e poucos anos e possuía várias cicatrizes no rosto. Possuía um porte atlético, porém não muito grande. Kazimir pode notar um colar dourado em seu pescoço também. -finalmente nos encontramos Kazimir. Sabe não é muito fácil ter chance de te matar. Mas quem bom que estou tendo essa chance agora- diz o homem com uma voz grossa e forte em um tom sádico. Ele possuía um grande sorriso maligno em seu rosto enquanto se aproxima de Kazimir -era você que estava me seguindo ontem não era? Quem é você e por que quer me matar- Kazimir grita na esperança de alguém o escutar enquanto ele levanta sua adaga preparado para aparar qualquer golpe. -e que diferença faz você saber? Você já está morto mesmo. Ah, e nem adianta gritar, essa parte da cidade é praticamente vazia e as poucas pessoas que moram aqui estão pouco se fudendo para o que acontece com alguém- o homem fala isso sorrindo enquanto avança para golpear Kazimir. Com dificuldade por conta do braço machucado Kazimir não consegue se defender do golpe e a cimitarra faz um corte em sua perna direita, por sorte foi superficial. O homem rapidamente gira para um golpe direcionado ao pescoço de Kazimir, mas ele consegue se abaixar na hora certa para não ser acertado pelo golpe - foi o Ruphus? Ele te enviou- Kazimir pergunta enquanto desfere um corte certeiro no antebraço direito do homem -aí, isso doeu seu merda- o homem diz para Kazimir pouco antes de desviar de outro golpe da adaga de Kazimir -e se foi ele? Que diferença faz? Eu já falei, você vai morrer aqui seu verme- ele grita quando faz um corte no peito de Kazimir, por sorte sua armadura de couro amorteceu o golpe -não, é você que vai morrer aqui- Kazimir estende seu braço com a palma virada para o homem e grita –UT IN FLAMMAS ET PUNIRE- O homem instantaneamente entra em combustão, ele grita de dor e agonia enquanto as chamas o transformam em cinzas, não deixando nada para trás com exceção do colar de ouro que estava em seu pescoço. Kazimir se senta olhando para o monte de cinzas a sua frente, depois de cerca de 10 minutos ele pega o colar de ouro que está de alguma forma gelado como um cadáver, isso é estranho considerando que ele estava em chamas há pouco tempo. Kazimir então nota uma coisa, aquele cara não parecia possuir nenhum ferimento na perna, então será que não era ele que estava no telhado na noite anterior? Antes que pudesse terminar a linha de raciocínio Kazimir escuta um assobio vindo do alto da casa atrás dele. Quando ele olha vê a figura da noite anterior, ele tinha certeza de que era ela, podia ver a coxa esquerda enfaixada. Ele estava ali vendo tudo? Sem dizer uma única palavra a figura lança uma adaga na direção de Kazimir, que se finca no chão ao lado dele, quando Kazimir foi olhar para o telhado de novo a figura já tinha sumido. Olhando melhor Kazimir notou, aquela era sua adaga, a adaga que tinha lhe sido roubada pela figura. Por que ela estava devolvendo? E por que ela parecia até mais afiada do que antes? Confuso e cheio de perguntas Kazimir vai para o único lugar onde poderia pensar, para a loja do Paddy. Quando Kazimir chegou o Paddy estava tacando 3 bifes para dentro do alçapão dos cães. Quando viu Kazimir ele se assustou e quase caiu no alçapão, mas conseguiu se equilibrar e fechar a porta. Logo em seguida ele deu um sorriso e diz com sua voz de criança animada -Kazimir, como está o meu tiefling favorito?- -muito bem, tirando o fato de que eu quase morri 2 vezes hoje- responde Kazimir enquanto se aproxima do balcão Paddy faz uma cara de surpresa e pergunta –como assim? Me conta essa história direito Kazimir então conta para Paddy tudo que aconteceu em seu dia, desde a chegada a entrada da mina até a vinda dele até a loja do Paddy. Paddy como sempre estava escutando atentamente cada detalhe e palavra, quando Kazimir mostrou o colar Paddy o pegou para poder olhar melhor. -então o cara que tentou te matar hoje estava com isso e o cara que te seguiu ontem estava olhando tudo de camarote e ainda devolveu sua faca?- Paddy diz em tom confuso enquanto ainda analisa o cordão -exatamente, queria saber se você tem alguma ideia do que pode ser esse colar- diz Kazimir enquanto estala seu pescoço e ombros. -bom, o lado bom é que eu sei que magia é, bom pelo menos que tipo de magia é. O lado ruim é que isso é uma magia de ligação, quem quer que tenha lançado ela sabe exatamente onde esse colar está e...- Paddy é interrompido pelo colar de abrindo e revelando um cristal azul claro em seu interior. Assim que ele se abre uma ilusão surge em cima do colar, o rosto de uma elfa. Seu rosto e absurdamente lindo, com cabelos grandes e azulados caindo como uma linda cachoeira abaixo de seus ombros. Sua pele parecia ser absurdamente suave e macia, com uma perfeita tonalidade esbranquiçada. Seus olhos não eram da mesma cor, o direito era de um azul celeste que com o brilho de sua pupila até parecia o espaço. Seu olho esquerdo era de um roxo claro, quase lilás, eles davam um toque ainda mais majestoso para as feições encantadoras da elfa. Porém apesar de sua beleza angelical ela possuía uma expressão raivosa e olhava diretamente para Kazimir. Todos se assustaram quando a ilusão falou -como você pode? Como você pode matar meu marido?- sua voz, apesar do tom de tristeza e raiva, era absurdamente suave, melódica e sinfônica. -eu peço perdão senhorita, mas ele me atacou primeiro e ele tentou me matar primeiro- respondeu Kazimir para a elfa que negava com a cabeça. -não importa, você matou a única pessoa que eu amava Kazimir. E agora, você está na minha lista. Vamos nos falar novamente, quando eu for ao seu encontro- a voz dela dessa vez não possuía tom de raiva nem tristeza, na verdade ela foi absurdamente fria e seria. Kazimir e Paddy se entreolham tentando entender o que acabou de acontecer quando Paddy fala -algo me diz que ela quer te matar- -jura Paddy? Eu nem tinha notado isso- Kazimir diz com tom sarcástico - o que você vai fazer Kazimir?- -eu? Vou para minha estalagem e esperar ela vir falar comigo, até lá vou continuar seguindo o planejamento- diz Kazimir indo até a porta e a abrindo -até amanhã Paddy- sem nem esperar uma resposta Kazimir fecha a porta e volta para a estalagem para poder ter uma boa noite de sono. Capítulo 4: uma celebração... diferente O dia amanhece e Kazimir já está a caminho da entrada do seu futuro esconderijo. Depois de andar por mais de 1 hora ele chega novamente até aquela entrada fechada com tabuas de madeira. Kazimir olha ao redor procurando alguma outra criatura que possa ser uma ameaça, mas tudo que ele encontra são restos de velas queimadas, o desenho de giz e uma poça de sangue seco no chão, provavelmente dele mesmo. Kazimir ainda consegue sentir o cheiro horrível que aquela criatura exalava, um cheiro pútrido e de enxofre. Kazimir leva a mão à boca quando o cheiro lhe causa uma ânsia de vômito gigantesca. Porém Kazimir não tem tempo para essas coisas, afinal, ele ainda tem um esconderijo para limpar. Kazimir retira aquelas tabuas de madeira da entrada e entra naquele túnel. Se não fosse sua visão no escuro, seria praticamente impossível ver qualquer coisa ali dentro. Kazimir se aventura cada vez mais para dentro daquele túnel. É um corredor feito inteiramente de pedra e terra, com um cheiro de mofo muito forte. O ambiente também é absurdamente úmido e gélido. Depois de quase 10 minutos, Kazimir chega a uma bifurcação, mas o maior problema é que ambos os caminhos são exatamente iguais. Porém, olhando um pouco melhor aqueles corredores que deveriam ter cerca de 6m de altura e 4m de largura, Kazimir vê algo que é no mínimo peculiar. Na entrada do túnel direito tinha um esqueleto humano, um esqueleto que usava mantos pretos e possuía um emblema na parte inferior do manto. O símbolo era de um tridente dourado com um rubi no final do cabo. -essas roupas são exatamente iguais às do homem que me atacou, e iguais a da figura que está me observando- Kazimir pensa em voz alta enquanto olha melhor o esqueleto e o símbolo- mas isso é estranho, as roupas estão novas e quase sem poeira, não parece que estão aqui nem há 3 dias- Kazimir então começa a escutar um barulho, um barulho que parecia ser de alguma coisa cavando a parede em que o esqueleto estava encostado. Então se afasta da parede segundos antes de uma criatura criar um buraco nela e utilizá-lo como saída. Ela parecia um besouro, porém bem achatado, azul celeste e com quase 30 centímetros. Aquele besouro vai em direção do esqueleto, mais especificamente até a perna esquerda dele. Kazimir notou que era a única parte de todo aquele esqueleto que ainda possuía carne, pelo menos até o besouro chegar nela. Em questão de segundos a parte do esqueleto tem toda a carne devorada, não restando um único centímetro de carne. Kazimir assustado saca sua besta leve, olha para a criatura e diz: -Elementaignis, exuretinimicos fulmine- da mão direita de Kazimir é lançado um raio de fogo em direção à criatura, porém ele apenas bate na carapaça e é refletido para a parede –ótimo, ele é imune a magias, mas que merda- A criatura então corre na direção de Kazimir, que apenas dá um disparo com sua besta e acerta o meio daquela criatura pregando-a no chão. Aquele besouro estranho para de se mover na mesma hora; o tiro foi fatal. Kazimir decide então seguir pelo túnel da esquerda. Depois de muito tempo, que para Kazimir pareceram horas, andando e matando besouros estranhos, Kazimir chega a uma espécie de salão. Uma gigantesca sala quadrada com mais de 20 metros de lado e quase 12 de altura, tochas de pedra apagadas nas paredes, uma espécie de palanque no final da sala com um trono de pedra no final. O lugar todo está muito empoeirado. Kazimir olha ao redor, feliz por ter conseguido achar esse lugar depois de passar por aquele grande labirinto de tuneis. -tenho que admitir, esse lugar é surpreendente. E bem que o Magnus não estava exagerando quando disse que esse lugar era um grande labirinto infestado de besouros- Kazimir diz, enquanto anda pela grande sala. Então para e se lembra de algo- por falar no Magnus, onde será que ele está? Não o vejo desde ontem... Bom, acho melhor sair, não sei quanto tempo passei aqui dentro. Mas antes...- Kazimir então faz um gesto de tornado com suas mãos enquanto diz- primum vento flare, et vocatio hercle ones auferetur impurus- Um tufão começa a se formar no meio da sala, sugando toda a poeira da sala. Depois de passar pela sala toda acompanhando os gestos de Kazimir, o tufão apenas vai para o corredor da saída, vira no outro corredor e se desfaz. Kazimir então vai em direção à saída. Quando Kazimir sai dos tuneis, matando vários outros besouros no caminho, se surpreendeu ao ver que já tinha anoitecido – bom, vamos falar com o Paddy sobre os túneis. Quem sabe eu acho o Magnus no caminho- diz Kazimir enquanto se dirige para a loja de seu bom amigo Paddy. Pouco tempo depois de começar a andar, ele escuta passos no telhado da casa ao lado dele e quando olha vê novamente a figura encapuzada. Kazimir mais uma vez tenta persegui-la, subindo no telhado da casa em questão de segundos, mas ela já está correndo para longe. –VOCÊ NÃO VAI FUGIR DESSA VEZ- grita Kazimir para a figura encapuzada, Kazimir então aponta sua mão para a figura e grita: -NE QUOQUAM EXSURGATIS- na tentativa de paralisar o fugitivo. Porém algo diferente acontece. Um brilho dourado começa a surgir na barriga de Kazimir que assustado para de correr. Quando o brilho para Kazimir já sabe exatamente o que aconteceu; nem sempre a magia sai da forma que a gente espera, às vezes efeitos aleatórios acontecem, e foi exatamente isso que aconteceu. Kazimir com raiva aponta o indicador para a figura e grita: -Elementaignis, exuretinimicos fulmine- No entanto, a única coisa que acontece é que saíram penas de ganso das orelhas de Kazimir. Ele pega um pedaço de papel em seu bolso, um papel já velho com uma lista de 100 efeitos possíveis de quando a magia dá errado. Ele se senta no telhado, olha para o papel com raiva e diz: –Eu tenho um ódio profundo por essa lista. Legal, agora eu sou imune a álcool por 1 mês. Nem beber para esquecer essa merda eu posso- Kazimir então se levanta e continua indo na direção da loja do Paddy. Ao chegar, ele encontra Paddy do lado de fora da sua loja, com Magnus o ajudando a fechar a loja. Quando vê os dois, Kazimir apenas abre um sorriso e diz com uma voz animada: –Paddy, Magnus, meus grandes amigos. O que me dizem de irmos para a taverna beber?- Ambos se assustam com a fala e aparição repentina de Kazimir, porém rapidamente Paddy abre um sorriso e com sua voz animada e alegre ele diz: -Kazimir, que bom que você está bem. Mas por que ir a uma taverna assim do nada? Hoje nem é sexta... ou é? -Paddy claramente pareceu confuso no final de sua frase. -Não meu bom Hobbit, hoje ainda é quarta-feira. Porém coisas aconteceram e agora eu sou imune a álcool por 1 mês, então eu queria ir a uma taverna para talvez ganhar uma grana em uma competição de bebida. O que você me diz?-Kazimir diz, se aproximando mais de seus amigos. -imune a álcool? Como isso... bom não importa, eu acabei de fechar a loja então não vejo o menor problema. Vamos lá então, rumo à melhor taverna da cidade, a taverna O Martelo Divino- Paddy diz sorrindo e andando em direção à parte norte da cidade. Kazimir e Magnus se entreolham e seguem o pequeno Hobbit. Depois de andaram por alguns minutos Kazimir começa a escutar música tocando, uma música animada que parecia ser de alaúde e lira. Quando Kazimir vê a fonte logo sabe que ali é a taverna, um lugar feito de pedra polida, com uma grande chaminé, várias mesas exteriores lotadas e muita música tocando. Ao entrar logo sentem o forte cheiro de bebida. O ambiente animado e festeiro é realmente cativante, vários clientes dançando e cantando com seus copos na mão. -Sejam bem vindos à famosa taverna O Martelo Divino- uma voz grossa e rouca diz em alto e bom som, sua voz pode ser ouvida claramente mesmo com toda a confusão e barulho na taverna. O dono da voz é um anão; um ser baixinho e carrancudo, com uma grande barba ruiva muito bem cuidada, um cabelo curto nas laterais porem que terminava em um rabo de cavalo. Kazimir, Paddy e Magnus se aproximam do balcão e então Kazimir diz – Muito boa noite meu bom anão, eu me chamo Kazimir, muito prazer. Esses cavaleiros são meus amigos Paddy e Magnus- Kazimir diz apontando com a mão para ambos. -Muito prazer Kazimir, eu me chamo Hangadlir, Hangadlir StormHammer. Seja muito bem-vindo à minha taverna, em que eu poderia te ajudar?-Hangadlir possui um olhar sereno e, como sua barba cobre completamente sua boca, é difícil dizer se está sorrindo ou não. -Bom meu amigo, eu gostaria de saber qual é sua política sobre uma competição de bebedeira, é permitido em seu estabelecimento?-Kazimir pergunta ao anão que sorri com o olhar (e provavelmente com a boca também). -Não só permitido, como incentivado meu companheiro. Afinal de contas todos nós gostamos de uma boa competição. NÃO É VERDADE RAPAZES?- O anão grita e todos na taverna levantam suas canecas e gritam de volta de forma positiva. -Isso é excelente- exclama Kazimir -Poderia por gentileza anunciar uma competição para mim? Estou querendo um ótimo adversário- -Mas é claro companheiro, porém devo lhe avisar, uma parte dos lucros fica para a taverna- O anão então dá um pulo e fica sobre o balcão enquanto grita -ATENÇÃO SEUS RATOS ALCOÓLATRAS QUE EU AMO TANTO, TEMOS UM NOVO DESAFIANTE PARA UMA COMPETIÇÃO DE BEBIDAS. QUEM ACHAR QUE TEM BOLAS SUFICIENTES PARA PARTICIPAR QUE SE APROXIME. MAS LEMBREM-SE, QUEM VOMITAR NO MEU CHÃO EU VOU LIMPAR COM A CARA DA PESSOA- O grande grupo de pessoas presentes no local se alegra e se levantam para poder ver a competição. Hangadlir então guia Kazimir para uma mesa que se encontrava vazia e ficava quase no meio da taverna. Kazimir se senta na cadeira e Hangadlir grita novamente -MEUS AMIGOS, ESTAMOS COMEÇANDO MAIS UMA COMPETIÇÃO DE BEBIDAS COM O DESAFIANTE DA VEZ, KAZIMIR. QUEM SERÁ O PRIMEIRO A MOSTRAR PARA TODOS QUE POSSUI ESTOMAGO DE AÇO?- O primeiro a se voluntariar é um meio orc; um homem de cerca de 2,20m de altura. Pele esverdeada em um leve tom esmeralda, com um cabelo completamente raspado. Possui uma de suas presas quebradas, deixando a outra presa de uns 5cm solitária para fora de sua boca. O gigante esverdeado se senta à frente de Kazimir com um sorriso confiante e grita -EU SOU URGRUM, E EU VOU MOSTRAR PARA ESSE TAMPINHA O QUE É BEBER DE VERDADE- Hangadlir então bota um copo na frente de ambos, um clássico copo de shoot com um líquido que possui uma aparência transparente e levemente bege -Vamos começar leve, um bom e velho whisky para aquecer- Hangadlir diz Sem perder tempo o meio orc vira o copo em sua boca e engole de uma só vez, ele sequer parece ter sentido o whisky. Kazimir também vira aquele copo em sua boca, ele sente o líquido descer queimando em seu estomago, porém não sente mais nenhum outro efeito -Bom, bom. Vamos deixar um pouquinho mais difícil- diz Hangadlir -Sabe rapaz, ainda dá para desistir- o meio orc profere para Kazimir em um tom debochado, porém Kazimir apenas sorri com o canto da boca e não diz nada Hangadlir bota na frente deles outro copo de shoot, esse possui um líquido completamente transparente dentro e um forte cheiro de álcool -O que me dizem de uma dose de lamento da noiva? Ótimo para esquecer aquele babaca que te deixou plantada no altar... E esquecer seu próprio nome também. HAHAHAHA- Hangadlir gargalha de forma estridente enquanto se afasta da mesa O meio orc novamente toma a iniciativa e vira o copo, dessa vez ele parece ter sentido bastante o efeito. Kazimir vira também e sente aquela bebida descendo por sua garganta, com um sabor adocicado e refrescante. Porém mais uma vez Kazimir não sente o efeito do álcool. Cerca de 4 rodadas se passaram até que o orc cai inconsciente após ingerir um shoot de ruína dos gigantes, Kazimir, no entanto continua lá, firme e forte. O público grita de exaltação, alguns xingando e outros comemorando. Enquanto o meio orc é retirado sendo carregado da mesa, o anão anuncia -TEMOS O NOSSO VENCEDOR, KAZIMIR DERROTA URGRUM NA COMPETIÇÃO. MAIS ALGUEM GOSTARIA DE TENTAR A SORTE CONTRA ESSE TIEFLING QUE POSSUI AS CHAMAS DO INFERNO QUEIMANDO EM SEU ESTOMAGO?-sua voz ecoa pela taverna quando se ouve um barulho de caneca sendo posta na mesa -sabe, eu estou ansioso para ver o que esse rapaz é capaz de fazer- um humano se aproxima, com um porte atlético, grande cabelo branco reluzente igual ao brilho de um relâmpago, olhos azuis igualmente brilhantes. Usava uma regata branca com uma calça cinza e possuía um brinco dourado em sua orelha direita, aparentando ter no máximo 28 anos. Com um sorriso simpático ele se senta na frente de Kazimir o toda a multidão fica em silêncio -Pelas barbas do mestre anão, parece que o campeão quer defender seu título- Hangadlir diz enquanto se vira para o público e grita -MUITO BEM SEUS PORCOS BEBADOS, EU ESPERO QUE ESTEJAM SOBRIOS O BASTANTE PARA VEREM ISSO. O ATUAL E INVICTO CAMPEÃO AGLAR TRUGAM IRA DEFENDER SEU TÍTULO, 38 COMPETIÇÕES, 38 VITORIAS. SERÁ QUE KAZIMIR CONSEGUIRÁ DESTRONAR O REI??- -Sabe Kazimir quando isso acabar, vamos conversar um pouco, você parece um sujeito legal- Aglar diz para Kazimir. Sua voz é suave e melodiosa como um canto de uma arpa recém afinada -E enquanto a você Hangadlir, vamos começar isso bem, nos tragam uma boa dose de pinga anã- O anão empolgado sai e retorna com dois copos de shoot cheios de um líquido amarelado, e efervescente. A pinga anã, uma bebida absurdamente forte produzida somente por anões em suas principais minas para comemoração ou apenas para divertimento. Os olhos de Kazimir ardem quando ele aproxima a bebida de seu rosto. Sem mais enrolação, ele bebe e aquele líquido desce por sua garganta queimando muito. Kazimir sente uma leve tontura, mas ela passa menos de 1 segundo depois. Após quase 12 rodadas de bebidas ambos continuam acordados e aparentam estar perfeitamente bem. Kazimir acha que notou os olhos de Aglar brilhando levemente quando ele bebeu um shoot de lágrima de dragão 3 rodadas atrás, mas será que foi apenas sua imaginação? O barman então traz mais 2 copos para a mesa, esses possuem um líquido negro e levemente borbulhante dentro -Tenho que admitir é a primeira vez que alguém aquenta tanto com o Aglar, geralmente eles sequer chegam na sexta rodada. Mas você, você é impressionante Kazimir. Bom, aqui está uma rodada de abismo negro. Boa sorte- Hangadlir diz e se afasta novamente. Aglar vira o copo em sua boca e o líquido escorre para fora como se fosse uma espécie de gosma, ele balança a cabeça e quando abre os olhos, Kazimir pode ver, lá está o brilho em seu olhar, porém como um flash ele some novamente e... Aglar cai na mesa desacordado. Silencio, é tudo que está presente na taverna agora, ninguém consegue acreditar que Aglar foi derrotado nem mesmo o próprio Kazimir e olha que ele está imune a álcool. Depois de 10 longos segundos Hangadlir toma a frente e anuncia -BOM PESSOAL, PARECE QUE O CAMPEÃO FOI DERROTADO, LOGO TEMOS UM NOVO CAMPEÃO DA CASA. UMA SALVA DE PALMAS PARA KAZIMIR, O TIEFLING MAIS FODÃO QUE EU JÁ VI EM TODOS OS MEUS 396 ANOS DE VIDA- logo após isso, Hangadlir sobe na mesa e levanta o braço de Kazimir e toda a multidão começa a aplaudir e gritar em euforia principalmente o Paddy que está pulando e gritando igual a um lunático, talvez por que ele seja um pouco lunático Aglar então levanta a cabeça e Kazimir novamente vê aquele rápido brilho em seu olhar, ele vai em direção de Kazimir, aperta sua mão e diz -Meus parabéns amigo, você foi o primeiro que conseguiu me vencer, venha, vamos conversar -Aglar fala de maneira absurdamente fluida e anda perfeitamente bem, parece que todo aquele álcool já perdeu o efeito, ou então nunca tenha feito efeito. -Claro amigo. Paddy você pode contabilizar o dinheiro ganho por favor?- Kazimir pergunta a Paddy que já estava indo falar com o barman -Claro Kazimir, pode ir lá que eu conto tudo direitinho -Paddy então se vira para falar com Hangadlir e Kazimir vai em direção à mesa que Aglar está sentado -e então, imune a álcool não é?-Aglar pergunta assim que Kazimir se senta Kazimir surpreso pela pergunta apenas responde -imune a álcool, como assim?- Aglar solta uma risada e diz -ah qual é Kazimir, está tudo bem, não precisa mentir para mim. Sabe, eu também sou imune, é por isso que eu sempre ganhei- após a frase final Aglar se aproximou para poder falar mais baixo Kazimir novamente surpreso responde -tudo bem, tudo bem eu admito, eu estou imune a álcool por 1 mês graças a um feitiço que deu errado. Mas me diga, quando você descobriu?- -quando descobri?- Aglar põe a mão no queixo antes de responder –foi na sétima rodada quando você ficou tranquilo após beber um shoot de baba de demônio, ninguém fica tranquilo depois de beber aquilo, e os próximos shoots então, qual é mano ficou meio obvio para mim- -Então por que me deixou ganhar? Por que não me desmascarou?- Kazimir pergunta claramente confuso -Por quê? Simples, eu não me divertia assim há muito tempo, e outra, esse título já estava me cansando. Honestamente estou feliz que o perdi- responde Aglar à pergunta de Kazimir -entendo- Diz Kazimir -mas me diga Aglar, você possui família?- -Ah sim sim, eu sou casado e tenho um filho, a coisa mais linda do mundo, completou 3 anos mês passado, eu moro aqui perto na verdade. Inclusive... MERDA- Aglar olha para a lua e se levanta desesperado -já era para eu estar em casa 1 hora atrás, desculpa Kazimir, mas eu tenho que ir, se não eu estou muito fudido- Sem nem esperar Kazimir se despedir ou falar alguma palavra, Aglar sai em disparada pela porta, logo após jogar algumas moedas no balcão. Kazimir se levanta e Paddy vem até ele com um grande e pesado saco de dinheiro -Olha só Kazimir, tem quase 2 mil peças de ouro aqui dentro, já descontado a parte do taverneiro- Paddy mal consegue segurar a bolsa de tão pesada, Magnus então a pega com uma só mão e a levanta com extrema facilidade fazendo Paddy ficar a alguns centímetros do chão antes dele soltar a bolsa -isso é excelente Paddy, se quiser pode pegar 400 dessas peças, você também Magnus- Paddy dá um grande pulo de comemoração e Magnus apenas ascende com a cabeça -Muito obrigado Kazimir, você é foda- Paddy diz pulando para pegar o saco de moedas, Magnus baixa o saco e Paddy pega sua parte. Magnus sobe o saco novamente e olha para Kazimir estendendo para ele pegar -Não vai pegar sua parte meu amigo?-Kazimir pergunta, porém Magnus apenas dá um sorriso e gira sua mão direita mostrando 3 moedas de ouro entre seus dedos. Com um movimento igualmente rápido as moedas somem Eles vão andando novamente para a loja do Paddy onde se despedem e Kazimir vai para sua última noite em seu quarto na estalagem Gota de Ouro. Ao entrar no quarto e fechar a porta, Kazimir se senta na cama e começa a se arrumar para dormir. Porém, ao olhar para a janela, ele vê a figura encapuzada olhando para ele do telhado da construção em frente. Um vento passa e balança a cortina, cobrindo a figura. Menos de 1 segundo depois quando a cortina sai da frente, a figura não está mais lá. Ela simplesmente sumiu de novo -Quer saber? Foda-se, eu não vou tentar te perseguir de novo hoje, boa noite sombra perseguidora- Kazimir diz isso se virando e se deitando. Então nota que esqueceu de apagar a luminária de seu quarto. Com preguiça de se levantar, ele apenas diz -lumusecxtinta- com a intenção de apagar a luz, porém uma explosão de fumaça azulada ocorre e Kazimir tossindo devido a fumaça grita -EU ODEIO ESSA MERDA DE LISTA-