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Texto de Sexo

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Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não
podem mais voltar...
isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe às vezes, para realinhar os
pensamentos...
isto é equilíbrio.

Tampouco é a pausa involuntária que o destino nos impõe compulsoriamente, para que
revejamos a nossa vida...
isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...


isto é circunstância.

Solidão é muito mais que isto...

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa Alma!

(Página 79 do Livro Palavras Para Entorpecer o Coração)


Fátima Irene Pinto

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INTIMIDADE: PRÓS E CONTRAS

As pessoas desancam o casamento. Dizem que o amor mingüa, que o sexo começa a rarear,
que a rotina é acachapante. Dizem, dizem, mas as pessoas seguem casando e mantendo-se
casadas por quilométricos anos. Qual é a boa dessa história? Uma jóia chamada intimidade.
Íntimos, muitos acreditam, são duas pessoas que possuem relações físicas e emocionais entre
si. É bem mais que isso. Intimidade é você não precisar verbalizar tudo o que pensa, é aceitar
a solidão do outro, é estarem familiarizados com o silêncio de cada um. Intimidade é não
precisar estar linda em todos os momentos, não precisar ser coerente em todas as atitudes, é
rirem juntos de uma história que só eles conhecem o final.

Intimidade é ler os olhos, os lábios e as mãos de quem está com você. Mais do que repartir um
endereço, é repartir um projeto de vida. Não basta estar disponível, não basta apoiar decisões,
não basta acompanhar no cinema: intimidade é não precisar ser acionado, pois já se está
mentalmente a postos.

Intimidade é não ter vergonha de ser o que a gente é, não precisar explicar coisa alguma, ser
compreendido e brigar sabendo que nada irá se romper. Intimidade é não precisar andar na
ponta dos pés pelos corredores de uma vida compartilhada.

Muitos mantém-se casados por causa desse idílio que é não precisar se anunciar todo dia
como um investimento seguro, podendo inclusive usar aquelas camisetas puídas e comer o "s"
de um palavra no plural sem que a sua cotação desabe. Só há uma coisa ruim na intimidade: a
falta que faz um pouco de cerimônia.

Calcinhas penduradas no banheiro, o telefonema sempre na mesma hora da tarde, o arroto


que dispensa o pedido de desculpas, o lençol amarfanhado, a TPM todo santo mês, o mesmo
perfume, as mesmas reações, o mesmo cardápio. O lado negro de um matrimônio feliz.

O casamento dá uma intimidade rara, apaziguadora, salutar. Não há máscaras nem teatro: é o
habitat natural de um homem e de uma mulher que se querem como são. A intimidade salva as
relações extensas, a não ser quando as corrói. Contradição maquiavélica. O melhor e o pior
dos mundos, nos obrigando a escolher entre o habitual e a novidade, entre a paz e a
adrenalina, entre a rede e o salto. Sedução x segurança: que vença o melhor.
Martha Medeiros

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“… isso que chamamos de amor, esse lugar confuso entre o sexo e a organização familiar…”

Sérgio, não sabia como começar - então comecei copiando essa frase aí de cima, é Caetano
Veloso numa entrevista ao JB, vim lendo pelo caminho, não consegui me livrar dela.
Agora estou aqui, escrevendo para você no meu quarto antigo, que minha mãe conserva tal-e-
qual, como se eu um dia fosse voltar para casa. E lá se vão - quantos mesmo? - sei lá, quinze
vinte anos, qualquer coisa assim.

Chove. Faz frio. É bom estar aqui. Tão bom. Me sinto protegido. Ficamos vendo velhas
fotografias, bebendo vinho e rindo muito. Meu irmão Felipe vestiu um modelinho de couro
negro e saiu “para dar uma prensa numa caixa de supermercado”. Márcia está tão bonita. E
Rodrigo, meu sobrinho, que tem dois anos e não parece quase me desconhecer. Deixei-os
vendo um filme antigo dos Beatles, Lennon repetindo “don´t let me down” - e agora percebo
que meu inglês anda tão precário que não lembro se é d´ont ou don´t.

Cansado, cansado. Quase não dormi. E não consigo tirar você da cabeça. Estou te escrevendo
porque não consigo tirar você da cabeça. Hesito em dizer qualquer coisa tipo me-perdoe ou
qualquer coisa assim. Mas quero te contar umas coisas. Mesmo que a gente não se veja mais.
Penso em você, penso em você com força e carinho. Axé.

Foi mau, ontem. Fui mau, também. Menos com você, mais comigo mesmo. Depois não
consegui dormir. Me bati pela casa até quase oito da manhã. Teria telefonado para você, não
fosse tão inconveniente. Acabei ligando para Grace, pedi paciência, chorei, contei, ouvi.

Não era nada com você. Ou quase nada. Estou tão desintegrado. Atravessei o resto da noite
encarando minha desintegração. Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto
medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma
pressa, uma urgência.E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação
bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça. Com requintes, com
sofreguidão, com textos que me vêm prontos e faces que se sobrepõem às outras. Para que
não me firam, minto. E tomo a providência cuidadosa de eu mesmo me ferir, sem prestar
atenção se estou ferindo o outro também. Não queria fazer mal a você. Não queria que você
chorasse. Não queria cobrar absolutamente nada. Por que o Zen de repente escapa e se
transforma em Sem? Sem que se consiga controlar.

Te escrevo com um cigarro aceso e uma xícara de chá de boldo. A escrivaninha é muito antiga,
daquelas que têm uma tampa, parece piano. Tem um pôster com Garcia Lorca na minha frente.
Um retrato enorme de Virginia Woolf. E posso ver na estante assim, de repente, todo o Proust,
e muito Rimbaud, e Verlaine, Faulkner, Ítalo Svevo, William Blake. Umas reproduções de
Picasso. Outras de Da Vinci. Um biscuit com um pierrô tão patético. Uma pedra esotérica ainda
de Stonehenge, Inglaterra, uma caixinha indiana. Todos os meus pedaços aqui.

E você não me conhece, eu não conheço você.


Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse.

Zelda, há também o único romance escrito por Zelda Fitzgerald, a mulher de Scott Fitzgerald,
que morreu louca, um incêndio, um hospício. Chama-se “Save me the waltz”. “Reserve-me a
valsa”, não é lindo? Lembra o Brahma, se se dançasse no Brahma.

Please, save me the waltz.

Fiz fantasias. No meu demente exercício para pisar no real, finjo que não fantasio. E fantasio,
fantasio. Até o último momento esperei que você me chamasse pelo telefone. Que você fosse
ao aeroporto. Casablanca, última cena. Todas as cartas de amor são ridículas. Esse lugar
confuso de que fala Caetano. E eu estava só começando a entrar num estado de amor por
você. Mas não me permiti, não te permiti, não nos permiti. Pedro Paulo me dizendo no ouvido
“nunca vi essas luz nos seus olhos”.

Eu não queria saber.

Tão artificial, tão estudado. Detesto ouvir minha voz no gravador ou ver minha imagem em
vídeo. Sôo falso para mim mesmo. A calma, o equilíbrio, as palavras ditas lentamente, como se
escolhesse. Raramente um gesto, um tom mais espontâneo. Tão bom ator que ninguém
percebe minha péssima atuação.

Você compreende tudo isso?

Pausa. Campainha. O jornal de domingo. Desço, outro chá de boldo. Um comentário de


Rubens Ewald sobre Aqueles dois, diz que é excelente, fala da “dignidade e tratamento
delicado dado ao tema”. Lembro da crítica de Sérgio Augusto, de como fez mal por dentro. Já
passou.

Quando pergunto você-compreende-tudo-isso não estou subestimando você. Ah, deus, perdoe.
Não sinto agressividade nenhuma em relação a você. E gosto das tuas histórias. E gosto da
tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, soma-
las, diminui-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.

Dormi umas três horas e acordei ouvindo Quereres, de Caetano. Repeti, várias vezes, cada
vez mais alto. Ah, bruta flor do querer. Discutia tanto com Ana Cristina César, antes que ela
acolhesse a morte (acertadamente? Me pergunto até hoje, nunca sei responder): nossa
necessidade fresca & neurótica de elaborar sofrimentos e rejeições e amarguras e pequenos
melodramas cotidianos para depois sentar Atormentado & Solitário para escrever Belos Textos
Literários.

O escritor é uma das criaturas mais neuróticas que existem: ele não sabe viver ao vivo, ele vive
através de reflexos, espelhos, imagens, palavras. O não-real, o não-palpável. Você me dizia
“que diferença entre você e um livro seu”. Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos
jeitos. Alguns estranhos.

Não há nenhum subtexto nisto que te escrevo. Não acho bonito que a gente se disperse assim,
só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais - e eu nasci
praticamente no campo, até os 15 anos quase no campo, céu e campo. Não sei se a gente
pode continuar amigo. Não sei se em algum momento cheguei a ver você completamente como
Outra pessoa, ou, o tempo todo, como Uma Possibilidade de Resolver Minha Carência. Estou
tentando ser honesto e limpo. Uma possibilidade que eu precisava devorar ou destruir. Porque
até hoje não consegui conquistar essa disciplina, essa macrobiótica dos sentimentos, essa
frugalidade das emoções.

Fico tomado de paixão. Há tempos não ficava.

E toda essa peste, meu amigo. O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança
dessa coisa, “esse lugar confuso”, o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me
sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida, aos
36 anos, tão pouco. Nem vivi nada ainda. E não sou sequer promíscuo. Dum romantismo não
pós, mas pré todas as coisas - um romantismo que exige sexualidade e amor juntos. Nunca
consegui. Uns vislumbres, visões do esplendor. Me pergunto se até a morte - será? Será amor
essa carência e essa procura de amor, nunca encontrar a coisa?

Das minhas heterossexualidades, dois filhos mortos, não ficou nada. Das minhas
homossexualidades, esse pânico lento e uma solidão medonha. A hora é tão grave.

Vim pegar energia. Sim. Preciso ver a terra, preciso do horizonte do pampa. Já começa a agir,
meus ombros se soltaram. Olhei no espelho e aquela ruga entre as sobrancelhas se desfez.

Não quero me tornar uma pessoa pesada, frustrada, amarga. Não vou me tornar assim. Então
vacilo, escorrego e a mania de perfeição virginiana e a estética libriana no dia seguinte me
dizem “que vergonha, que vergonha, que vergonha”.

Eu podia dizer que tinha/tínhamos bebido demais. Eu podia dizer que estava com tanto medo
de vir para Porto Alegre. Eu podia contar a você dos meus últimos meses, oito, dez, doze horas
por dia sobre a máquina de escrever, falando com quase ninguém. Sozinho, às vezes.
Cantando também. Tudo isso, se eu te dissesse, talvez tivesse ajudado a doer menos em você.
De repente me passa pela cabeça que você pode estar detestando tudo isso e achando longo
e choroso e confuso. Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir.
Tento não ficar assustado com a idéia que este tempo aqui é curto, que eu vou voltar a São
Paulo e que talvez não veja mais você. Sei que não fico assustado demais, e enfrento, e
reconstituo os pedaços, a gente enfeita o cotidiano - tudo se ajeita. Menos a morte.

Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas… Uma lembrança boa de você, uma vontade de
cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não
sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará,
porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

Quando te falo da idade, quando te falo do tempo, e não tivemos tempo - queria te falar de
Cronos, Saturno, da volta pelo Zodíaco quando se completa 30 anos. A tua estrela é muito
clara, tem sinais bons na tua testa. Compreendo teu Plutão e a Lua encarcerados na casa XII -
as emoções e paixões aprisionadas -, e também Urano, todo o impulso bloqueado. Na mesma
casa, a do Karma, a dos espíritos que mais sofrem, tenho também o Sol, Mercúrio e Netuno.
Somos muito parecidos, de jeitos inteiramente diferentes: somos espantosamente parecidos. E
eu acho que é por isso que te escrevo, para cuidar de ti, para cuidar de mim - para não querer,
violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça,
como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis,
desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem.

Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu
pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas.
Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. Você é muito lindo e eu tento te
enviar a minha melhor vibração de axé. Mesmo que a gente se perca, não importa. Que tenha
se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você,
para mim.

Com cuidado, com carinho grande, te abraço forte e te beijo,

Caio F.

p.s.: Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis. E
amanhã tem sol.
Caio Fernando Abreu

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Quando falamos em virgindade, logo pensamos em sexo, e a partir do dia que o


experimentamos, o mundo parece perder seu mistério maior. Não somos mais virgens - que
grande ilusão de maturidade.
Virgindade é um conceito um tanto mais elástico. Somos virgens antes de voltar sozinhos do
colégio pela primeira vez. Somos virgens antes do primeiro gole de vinho. Somos virgens antes
de conhecer Nova York. Somos virgens antes do primeiro salário. E podemos já estar
transando há anos e permanecermos virgens diante de um novo amor.
Por mais que já tenhamos amado e odiado, por mais que tenhamos sido rejeitados,
descartados, seduzidos, conquistados, não há experiência amorosa que se repita, pois são
variadas as nossas paixões e diferentes as nossas etapas, e tudo isso nos torna novatos.
As dores, também elas, nos pegam despreparadas. A dor de perder um amigo não é a mesma
de perder um carro num assalto, que por sua vez não é a mesma de perder a oportunidade de
se declarar para alguém, que por outro lado difere da dor de perder o emprego. Somos sempre
surpreendidos pelo que ainda não foi vivido.
Mesmo no sexo, somos virgens diante de um novo cheiro, de um novo beijo, de um fetiche
ainda não realizado. Se ainda não usamos uma lingerie vermelha, se ainda não fizemos amor
dentro do mar, se ainda cultivamos alguns tabus, que espécie de sabe-tudo somos nós?
Eu ainda sou virgem da neve, que já vi estática em cima das montanhas, mas nunca vi cair.
Sou virgem do Canadá, da Turquia, da Polinésia. Sou virgem de helicóptero, Jack Daniels,
revólver, análise, transa em elevador, LSD, Harley Davidson, cirurgia, rafting, show do Neil
Yong, siso e passeata. A virgindade existencial nos acompanha até o fim dos nossos dias,
especialmente no último, pois somos todos castos frente à morte, nossa derradeira experiência
inédita. Enquanto ela não chega, é bom aproveitar cada minuto dessa nossa inocência frente
ao desconhecido, pois é uma aventura tão excitante quanto o sexo e não tem idade pra
acontecer.
Martha Medeiros

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