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Interação em Saúde da Comunidade II Discente: Gabriela Bravim de Araujo

Prof. Francielle Brustolin de Lima Simch GRR: 20205096

Turma 10

Resumo do artigo “Comunicação nas práticas em saúde: revisão


integrativa da literatura”

O artigo apresentado é uma revisão bibliográfica que versa sobre o


estabelecimento de uma comunicação bilateral e dialógica tanto entre os
profissionais de saúde e os usuários desse sistema, quanto entre os próprios
profissionais de saúde nas equipes.

O texto inicia definindo a comunicação como uma prática social interativa


entre os humanos, que pode ser expressa verbalmente, por meio das palavras,
e não-verbalmente, pelos gestos, expressões, olhares, posturas corporais e
outros. Portanto, a comunicação é um processo subjetivo, que, apesar de
englobar também as informações objetivas e factuais, é extremamente
influenciada pela esfera interior do indivíduo e pelo ambiente social e cultural no
qual ele está inserido. Logo, podemos observar que a comunicação pode ser
utilizada para criar pontes entre indivíduos distintos, mas, se não for utilizada
com a devida atenção, pode simbolizar distanciamento e hierarquias entre eles,
visto as diferenças de linguagens e saberes, as limitações orgânicas e a
imposição de valores (muitas vezes motivada por um sentimento inconsciente
de superioridade).

Quanto à metodologia aplicada, após a definição do tema, foram


selecionados 29 artigos completos publicados no período de 2000 a 2010, após
pesquisa nos bancos de dados Literatura Latino-Americana em Ciências da
Saúde (Lilacs), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MedLine) e
Science Direct, utilizando os descritores “comunicação em saúde”,
“comunicação” e “comunicação e educação em saúde”.

Dos resultados, após a análise dos materiais, foram definidas quatro


temáticas para a discussão: (I) a comunicação no estabelecimento de relações
entre trabalhadores de saúde e usuários; (II) (des)comunicação: barreiras ao ato
comunicativo; (III) comunicação e a formação do trabalhador de saúde; e (IV)
modelos comunicativos em saúde: a busca pelo modelo dialógico.

Na temática I, são destacados a comunicação e o seu potencial


terapêutico. Essa parte do artigo frisa sobre a capacidade de formar, por meio
de uma comunicação saudável, interações que vão influenciar no processo de
saúde e doença do paciente. O profissional de saúde deve explicar e clarificar a
mensagem para o paciente, não apenas expondo as informações, mas utilizando
de uma linguagem adequada para se fazer ser entendido, inclusive diante de
pacientes pediátricos. É necessário se atentar para os gestos e expressões
corporais próprios e também do paciente, praticar a escuta empática e
compreender as diferentes perspectivas culturais e sociais, visando estabelecer
a troca de informações e conhecimentos, e não apenas a exposição unilateral
desses. Assim, é possível conciliar o tratamento terapêutico com a realidade
cultural do paciente e preservar a autonomia dele. Essa foi a parte do artigo que
mais chamou minha atenção e me lembrou da discussão sobre o “método clínico
centrado na pessoa” e o papel do médico não apenas como um simples
identificador de sinais e sintomas, mas também como um ponto de apoio e de
conforto para pessoas que estão passando por momentos difíceis (a doença). A
profissão médica deve ser humanizada.

A temática II discute sobre as barreiras que dificultam a comunicação. Não


é incomum observar práticas de comunicação não-terapêuticas, como induzir
respostas, falsa tranquilização e comunicação unilateral. A falta de paciência por
parte do profissional, o uso de linguagem inacessível, a imposição de
informações e a postura autoritária são condutas que afastam os pacientes e
criam resistência ao processo terapêutico. Também influenciam nos projetos de
educação em saúde, cujo enfoque apenas na transmissão da informação, sem
ouvir a população-alvo, faz com que os cuidados propostos no projeto tenham
uma adesão muito baixa por parte da população. Além disso, é apontado
também a hierarquização dentro da própria equipe multiprofissional,
caracterizada pela impaciência e pela imposição de informações entre os
profissionais com diferentes formações.

Na temática III, é evidenciado que o desenvolvimento dessa capacidade


de comunicação dialógica deve ser incentivado logo durante a graduação,
visando a formação futura de profissionais humanizados. É necessário treinar os
acadêmicos para identificar as necessidades do paciente atendido,
reconhecendo, nesse processo, seus costumes e sua cultura. As Universidades
devem buscar a capacitação dos discentes com habilidades de comunicação
bilateral.

A temática IV apresenta a dicotomia entre os modelos comunicativos


existentes. Primeiro é apresentado o modelo monológico da comunicação,
pautado na sensação de superioridade por parte dos profissionais de saúde e na
deslegitimação das informações apresentadas pelos usuários. Esse modelo é
caracterizado pela imposição de informações e pela falta de diálogo entre as
partes, fazendo a população assumir um papel passivo na comunicação. Como
já apresentado no artigo, é reforçado que essa não é a conduta adequada, sendo
terapeuticamente inviável e promovendo a não adesão às propostas de saúde
por parte da população-alvo. O outro modelo apresentado é o dialógico, em que
se nota o respeito à cultura e ao saber dos usuários do sistema de saúde e
compreende o paciente não apenas como a doença, mas como um ser humano
que está incluído em uma sociedade, e que tem a sua própria percepção do
mundo. Com o exercício desse modelo, é possível identificar as esferas sociais
e culturais em que o indivíduo está inserido e, assim, estabelecer um plano
terapêutico em negociação com ele, respeitando sua autonomia e
individualidade.

O artigo então conclui que os profissionais de saúde devem estar atentos


para os aspectos verbais e não verbais da comunicação e buscarem a superação
das barreiras comunicativas. É necessário estabelecer o diálogo com os
usuários, produzindo o intercâmbio de saberes e desenvolvendo projetos de
saúde válidos.

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