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4ª RODADA DE QUESTÕES – DELEGADO PCMG

Direito Penal e Direito Processual Penal

Renato Borelli
Juiz Federal do TRF1. Foi Juiz Federal do TRF5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público
e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ). Atuou no CARF/Ministério da Fazenda como
Conselheiro (antigo Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia, com especialização em
Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica.

Disciplinas: Direito Penal e Direito Processual Penal


Cargo: Delegado de Polícia do Estado de Minas Gerais
Banca organizadora: FUMARC

DIREITO PENAL

1. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES)


Mélvio é instrutor de escaladas, membro da Associação Capixaba de Escaladas (ACE).
Sua especialidade é escalar picos com alto grau de dificuldade. Em comemoração aos
seus 10 (dez) anos como instrutor, resolveu promover uma escalada em Afonso Clau-
dio, cidade do Espírito Santo, na Pedra de Lajinha, que está entre os cinco picos mais
altos do Brasil. Montou um grupo nas redes sociais e convocou amigos e escaladores.
No dia marcado para a subida, havia previsão de chuva e ventos, que poderiam ocorrer
na metade do trajeto. No pé do pico, lugar de início da subida, foi colocada uma placa
indicando que não era seguro escalar em função das condições climáticas. Como a
escalada era muito longa, ele foi orientado por colegas instrutores que não promovesse
a escalada. Três amigos de Mélvio, que não tinham experiência nessa prática esportiva,
foram fazer a escalada para prestigiar Mélvio. Um deles, ao ouvir a fala dos demais ins-
trutores, resolveu não subir, mas os outros dois cederam à insistência de Mélvio, que
considerava a subida fácil, apesar de longa. Feliz, Mélvio disse que, apesar da chuva
e do vento previstos, nada iria derrubá-los na escalada e que tudo estava sob controle,
afirmando que muitas vezes tais previsões estavam erradas. Mesmo sabendo que não
era 100% seguro fazer a escalada, principalmente para os iniciantes, Mélvio se colocou
como responsável por seus amigos, garantindo-se em seus 10 anos de experiência. Não
obstante, a previsão se confirmou. Com a chegada do vento e da tempestade, Mélvio
não conseguiu dar o suporte prometido para seus amigos, que acabaram sendo arre-
messados, pelo vento e chuva, para baixo. Com a queda os dois amigos vieram a falecer.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

Sabendo-se que:

I – restou comprovado que o material de escalada de Mélvio era compatível com os níveis
de segurança exigidos para escaladas nas condições acima expostas;
II – o instrutor possuía autonomia e registro para a promover escaladas, com experiência
no tipo de subida proposto e reconhecido pela ACE;
III – o percentual de acertos de tais previsões do tempo, para as próximas horas, era de
95% em relação ao local da escalada, como estava exposto na placa;
IV – os amigos de Mélvio que caíram, somente subiram com a garantia de segurança do
instrutor;

é correto afirmar que Mélvio:


a. deve responder por homicídio doloso em sua forma direta, devido à sua condição de
agente garantidor.
b. deve responder por homicídio culposo, devido à sua condição de agente garantidor.
c. não deve responder por homicídio, uma vez que seus amigos aceitaram sua garantia
para subir.
d. não deve responder pela prática de homicídio, uma vez que o mau tempo era alheio à
sua vontade.
e. deve responder por homicídio doloso, considerando o dolo eventual, porque, mesmo
sem a intenção de matar, não levou em consideração os avisos dos demais instrutores.

2. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA) A ideia de punição é


assunto base para a construção de um sistema penal democrático. Não é à toa que, no
decorrer da história, pesquisadores, juristas, doutrinadores, bem como a jurisprudência,
trataram das tentativas de justificação dos fins que se pretende alcançar com a aplica-
ção das penas em âmbito do Direto Penal. Em observância ao Código Penal de 1940,
marque a afirmativa correta em relação aos fins atribuídos à pena, no caso brasileiro.
a. De acordo com a ideia de prevenção geral que foi construída em reação ao caso bra-
sileiro, tal justificativa é a adotada para aplicação da pena no Brasil.
b. De acordo com o desenvolvimento de bases estatísticas para o Direito Penal, che-
gamos ao entendimento de aplicação da teoria utilitarista unificada, que incorpora o
modelo da civil law e common law.
c. O Código Penal de 1940, em junção com a jurisprudência, adotou como única justifi-
cação a retribuição, tendo a pena como fim em si mesma.
d. O Código Penal de 1940 adotou a teoria mista, unificada ou eclética, que reflete na unifi-
cação das ideias de retribuição e prevenção como finalidade para aplicação das penas.
e. De acordo com a legislação penal, a ressocialização do preso mediante o cumpri-
mento da pena é o único fim determinado legalmente para a pena.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

3. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA) “Chamamos de extra-


-atividade a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando fatos
ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no
tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência”. (GRECO,
Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. vol. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus,
2015, p. 159). Segundo esse autor, a extra-atividade é gênero do qual seriam espécies
a ultra-atividade e a retroatividade.
Leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta:
a. A garantia penal positivada na Constituição Federal brasileira (1988) promove a retro-
atividade da lei penal mais benéfica quando o condenado, por uma conduta típica,
apresenta residência fixa, após cometimento do ilícito penal.
b. A lei penal possui ultra-atividade, nos casos em que, mesmo após sua revogação por
lei mais gravosa, continua sendo válida em relação aos efeitos penais mais brandos
da lei que era vigente no momento da prática delitiva.
c. A aplicação da irretroatividade em Direito Penal funciona como garantia legal do ius
puniendi que pretende auferir a punição mais gravosa ao condenado.
d. A ultra-atividade da lei penal funciona como mecanismo de endurecimento da norma
penal, ao passo que funciona como técnica de resolução de conflito para aplicação de
um direito penal punitivo.
e. A figura da ultra-atividade da norma penal realiza o objetivo de garantir a condenação
do réu pela norma penal vigente na prática da conduta delitiva, com o principal objetivo
de promover a segurança jurídica em âmbito penal.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

4. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) No dia 01/03/2014, Vitor, 60 anos, des-


feriu um golpe de faca no peito de sua namorada Clara, 65 anos, que foi a causa efi-
ciente de sua morte, pois descobrira que a vítima mantinha uma relação extraconjugal
com o vizinho. Foi instaurado inquérito policial para apurar o evento, entrando em vigor,
no curso das investigações, a Lei n. 13.104/2015, passando a prever a qualificadora do
feminicídio. As investigações somente foram concluídas em 25/01/2021. Considerando
apenas as informações expostas, a autoridade policial deverá indiciar Vitor pela prática
do crime de homicídio:
a. com causa de aumento de pena, sem a qualificadora pela condição de mulher da vítima.
b. sem qualquer causa de aumento de pena e sem a qualificadora pela condição de
mulher da vítima.
c. com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, bem  como causa  de
aumento de pena.
d. com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, sem  qualquer causa de
aumento de pena.
e. com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, além de causa de diminuição
de pena pelo relevante valor moral.

5. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) Haroldo convence Bruna a aplicarem um


golpe no casal de noivos Marcos e Fátima, apresentando-se como organizadores de
casamento. Após receberem do casal vultosa quantia para a organização das bodas,
Haroldo e Bruna mudaram de cidade e trocaram de telefone. Percebendo que haviam
sido vítimas de um golpe, Marcos e Fátima registraram os fatos na delegacia, demons-
trando interesse em ver os autores responsabilizados pelo crime de estelionato. Após o
registro da ocorrência, Bruna, arrependida, por conta própria, efetuou a devolução ao
casal de parte do dinheiro que havia recebido. Considerando que houve reparação par-
cial do dano:
a. a conduta de Haroldo e Bruna tornou-se atípica, tratando-se de mero ilícito civil.
b. Haroldo responderá por estelionato consumado, enquanto Bruna terá sua tipicidade
afastada pela reparação parcial do dano.
c. Haroldo e Bruna responderão por estelionato, devendo Bruna ter sua pena diminuída
pelo arrependimento posterior.
d. Haroldo responderá por estelionato tentado, enquanto Bruna terá sua tipicidade afas-
tada pela reparação parcial do dano.
e. Haroldo e Bruna responderão por estelionato, sem a causa de diminuição da pena pelo
arrependimento posterior.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) Tramita no âmbito interno da Polícia Civil


do Estado do Rio Grande do Norte processo administrativo disciplinar (PAD) que apura
eventual falta funcional praticada por certo delegado de polícia. Durante a instrução do
PAD, foi verificada pela autoridade competente que o conduz a necessidade de obten-
ção de prova emprestada, consistente em interceptação telefônica realizada no bojo de
processo criminal. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o compar-
tilhamento de prova pretendido é:
a. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações  telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas.
b. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefô-
nica somente pode ser utilizada para fins de investigação criminal ou instrução proces-
sual penal.
c. viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal competente e respeita-
dos os princípios do contraditório e da ampla defesa.
d. viável, independentemente de prévia autorização pelo juízo criminal, porque, uma vez
produzida, a prova pertence ao Estado que é uno.
e. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação tele-
fônica somente pode ser produzida no âmbito de investigação e processo criminal
ou ação de improbidade administrativa.

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2. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES) A


Lei n. 13.245/2016 alterou o art. 7º da Lei n. 8.906/1994 (Estatuto da OAB) que garante
ao advogado do investigado o direito de assistir a seus clientes durante a apuração de
infrações, inclusive nos depoimentos e interrogatório, podendo apresentar razões e que-
sitos. Com efeito, Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de duas testemunhas
em fase de inquérito policial, alegando que não recebeu notificação informando do dia e
hora da oitiva das referidas testemunhas em sede policial. Diante da temática apresen-
tada, assinale a seguir a alternativa correta.
a. O sigilo do inquérito policial impede que o advogado tenha acesso aos atos já docu-
mentados em inquérito policial.
b. A Lei n. 13.245/2016 impôs o dever à autoridade policial de intimar previamente o
advogado constituído para os atos de investigação, em homenagem ao contraditório e
à ampla defesa.
c. A Lei n. 13.245/2016 instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial, ainda que já haja
provas devidamente constituídas.
d. A Lei n. 13.245/2016 não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente
o advogado constituído para os atos de investigação.
e. A inquisitorialidade do procedimento investigatório policial é o que impede que o advo-
gado tenha acesso aos atos já documentados em inquérito policial.

3. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) Em 28/11/2020, foi aberto inquérito poli-


cial para investigar a prática do crime de comércio ilegal de armas por parte de Flávio. No
curso da investigação, foram obtidos indícios veementes de que Flávio adquiriu um imóvel
com o dinheiro proveniente do crime, posteriormente alienado a seu sogro. Sendo esse o
único bem que constava em nome do investigado antes da alienação, o seu sequestro:
a. não poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, pois o bem já se encontra em
nome de terceiro.
b. poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, mesmo antes do oferecimento
da denúncia.
c. não poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, por se tratar de bem imóvel.
d. poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, sem a possibilidade de oposição
de embargos de terceiro.
e. não poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, dado não haver condenação
a demonstrar a prova efetiva da proveniência ilícita do bem.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

4. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES)


Manoela exerce atividade de delegada de polícia federal em Vitória-ES. Desconfiada da
infidelidade de seu noivo, decidiu, fora de suas atribuições e de seu expediente de tra-
balho, realizar interceptação do telefone celular de seu noivo. Nesta situação hipotética,
marque a opção CORRETA.
a. A competência será definida pela prevenção, vez que o delito foi praticado por funcio-
nário público federal, mas fora de suas funções.
b. Compete à Justiça Federal processar e julgar o delito de interceptação sem autoriza-
ção, pois que ofende interesse da União, no caso sistema de telecomunicações.
c. Compete à Justiça Federal processar e julgar o delito de interceptação sem autoriza-
ção, pois no caso, o delito foi praticado por funcionário público federal.
d. A competência será sempre da Justiça Estadual, ainda que tenha sido praticado por
funcionário público federal no exercício de suas funções.
e. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o delito de interceptação sem autoriza-
ção, pois no caso, o agente federal estava fora de suas funções.

5. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA) Márcio, por intermédio


de um advogado, ingressou com uma queixa-crime em face de Arnaldo, uma vez que,
pelas redes sociais, Arnaldo imputou a ele, falsamente, um fato definido como crime.
No curso do processo, Marcio tomou conhecimento por meio de amigos em comum que
Arnaldo teria perdido um filho assassinado em um assalto, fato que o comoveu e em
sede de alegações finais, Márcio, por seu advogado, postula a absolvição do réu em
relação ao crime contra a honra cometido.
Diante desta situação, é correto afirmar que o juiz
a. poderá, ainda assim, condenar o réu, uma vez que a ação penal, nesta hipótese, é
privada, cabendo a ele tal decisão.
b. deverá, nestas situações, chamar o autor e o réu a fim de que possa promover a recon-
ciliação entre eles.
c. não terá outra alternativa que não seja reconhecer a extinção da punibilidade de Arnaldo.
d. poderá condenar ou absolver Arnaldo, independentemente do fato de Márcio ter, em
sede de alegações finais, postulado a absolvição do agente.
e. ficará obrigado a absolver Arnaldo, porquanto Márcio é o titular da ação penal privada,
podendo assim desistir dela a qualquer tempo.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

GABARITO
DIREITO PENAL

1. B
2. D
3. B
4. C
5. E

DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. C
2. D
3. B
4. E
5. C

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Direito Penal e Direito Processual Penal

GABARITO COMENTADO

DIREITO PENAL

1. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES)


Mélvio é instrutor de escaladas, membro da Associação Capixaba de Escaladas (ACE).
Sua especialidade é escalar picos com alto grau de dificuldade. Em comemoração aos
seus 10 (dez) anos como instrutor, resolveu promover uma escalada em Afonso Clau-
dio, cidade do Espírito Santo, na Pedra de Lajinha, que está entre os cinco picos mais
altos do Brasil. Montou um grupo nas redes sociais e convocou amigos e escaladores.
No dia marcado para a subida, havia previsão de chuva e ventos, que poderiam ocorrer
na metade do trajeto. No pé do pico, lugar de início da subida, foi colocada uma placa
indicando que não era seguro escalar em função das condições climáticas. Como a
escalada era muito longa, ele foi orientado por colegas instrutores que não promovesse
a escalada. Três amigos de Mélvio, que não tinham experiência nessa prática esportiva,
foram fazer a escalada para prestigiar Mélvio. Um deles, ao ouvir a fala dos demais ins-
trutores, resolveu não subir, mas os outros dois cederam à insistência de Mélvio, que
considerava a subida fácil, apesar de longa. Feliz, Mélvio disse que, apesar da chuva
e do vento previstos, nada iria derrubá-los na escalada e que tudo estava sob controle,
afirmando que muitas vezes tais previsões estavam erradas. Mesmo sabendo que não
era 100% seguro fazer a escalada, principalmente para os iniciantes, Mélvio se colocou
como responsável por seus amigos, garantindo-se em seus 10 anos de experiência. Não
obstante, a previsão se confirmou. Com a chegada do vento e da tempestade, Mélvio
não conseguiu dar o suporte prometido para seus amigos, que acabaram sendo arre-
messados, pelo vento e chuva, para baixo. Com a queda os dois amigos vieram a falecer.

Sabendo-se que:

I – restou comprovado que o material de escalada de Mélvio era compatível com os níveis
de segurança exigidos para escaladas nas condições acima expostas;
II – o instrutor possuía autonomia e registro para a promover escaladas, com experiência
no tipo de subida proposto e reconhecido pela ACE;
III – o percentual de acertos de tais previsões do tempo, para as próximas horas, era de
95% em relação ao local da escalada, como estava exposto na placa;
IV – os amigos de Mélvio que caíram, somente subiram com a garantia de segurança do
instrutor;

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Direito Penal e Direito Processual Penal

é correto afirmar que Mélvio:


a. deve responder por homicídio doloso em sua forma direta, devido à sua condição de
agente garantidor.
b. deve responder por homicídio culposo, devido à sua condição de agente garantidor.
c. não deve responder por homicídio, uma vez que seus amigos aceitaram sua garantia
para subir.
d. não deve responder pela prática de homicídio, uma vez que o mau tempo era alheio à
sua vontade.
e. deve responder por homicídio doloso, considerando o dolo eventual, porque, mesmo
sem a intenção de matar, não levou em consideração os avisos dos demais instrutores.

Letra b.
Mélvio, mesmo ciente das condições climáticas que poderia pôr em risco a prática de esca-
lada, decidiu insistir no seu intento inicial, considerando que a sua expertise na prática supe-
rasse qualquer adversidade. Além disso, Mélvio atuou na condição de garante da segurança
de seus dois amigos, nos termos do art. 13, § 2º, do Código Penal:

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar
o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a. tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b. de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c. com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

Sendo assim, Mélvio, devido à sua condição de agente garantidor, deve responder por
homicídio culposo, por ter atuado com culpa consciente, acreditando que o resultado não
se realizaria.

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2. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA) A ideia de punição é


assunto base para a construção de um sistema penal democrático. Não é à toa que, no
decorrer da história, pesquisadores, juristas, doutrinadores, bem como a jurisprudência,
trataram das tentativas de justificação dos fins que se pretende alcançar com a aplica-
ção das penas em âmbito do Direto Penal. Em observância ao Código Penal de 1940,
marque a afirmativa correta em relação aos fins atribuídos à pena, no caso brasileiro.
a. De acordo com a ideia de prevenção geral que foi construída em reação ao caso bra-
sileiro, tal justificativa é a adotada para aplicação da pena no Brasil.
b. De acordo com o desenvolvimento de bases estatísticas para o Direito Penal, che-
gamos ao entendimento de aplicação da teoria utilitarista unificada, que incorpora o
modelo da civil law e common law.
c. O Código Penal de 1940, em junção com a jurisprudência, adotou como única justifi-
cação a retribuição, tendo a pena como fim em si mesma.
d. O Código Penal de 1940 adotou a teoria mista, unificada ou eclética, que reflete
na unificação das ideias de retribuição e prevenção como finalidade para aplicação
das penas.
e. De acordo com a legislação penal, a ressocialização do preso mediante o cumpri-
mento da pena é o único fim determinado legalmente para a pena.

Letra d.
a. Errada! A pena, no Brasil, não se ampara apenas na ideia da prevenção geral, mas também
na sua função retributiva e ressocializadora, conforme se extrai do caput do art. 59 do CP:

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à perso-


nalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime: [...]

Para efeito de estudo, a concepção preventiva geral sustenta a produção de efeitos inibi-
tórios, nos cidadãos em geral, à realização de condutas delituosas, de sorte que deixarão
de praticar atos ilícitos em razão do temor de sofrer a aplicação de uma sanção penal. A
prevenção geral pode ser vista sob o viés positivo ou negativo. A prevenção geral negativa
enxerga a pena como uma ameaça, no sentido de uma coação psicológica, capaz de incutir
na mente de todos os efeitos negativos do crime. Já a prevenção geral positiva busca gerar
efeitos sobre os indivíduos não criminalizados da sociedade, não sob a forma de intimida-
ção, mas para produzir um acordo para reafirmar a confiança no sistema coletivo, impondo
um mal ao agente delinquente.

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b. Errada! A teoria utilitarista, também conhecida como teoria relativa ou preventiva, não foi
a adotada pelo Código Penal brasileiro, ao menos não de forma pura.
A título de esclarecimento, a teoria utilitarista procura um fim utilitário para a punição. A pena
deve não apenas se dirigir ao agente infrator, mas também advertir os delinquentes em po-
tencial que não cometam crime.
c. Errada! A retribuição é uma das funções da pena, segundo o nosso ordenamento jurídico
brasileiro, conforme expressa disposição do art. 59, caput, do Código Penal. No entanto, ela
não é a única finalidade da pena, que também se presta à prevenção do crime, geral
e especial.
d. CERTA! De fato, o Código Penal brasileiro adotou a teoria mista ou eclética, para a qual
a pena é tanto uma retribuição ao condenado pela realização de um delito como uma forma
de prevenir a realização de novos delitos. Para a teoria mista, a pena tem caráter retributivo,
mas também se destina à reeducação do criminoso e de intimidação geral.
e. Errada! Como já dito, no nosso sistema penal, a ressocialização não é o único fim da
pena. A retribuição e a prevenção geral também são funções da pena.

3. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA) “Chamamos de extra-


-atividade a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando fatos
ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no
tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência”. (GRECO,
Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. vol. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus,
2015, p. 159). Segundo esse autor, a extra-atividade é gênero do qual seriam espécies
a ultra-atividade e a retroatividade.
Leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta:
a. A garantia penal positivada na Constituição Federal brasileira (1988) promove a retro-
atividade da lei penal mais benéfica quando o condenado, por uma conduta típica,
apresenta residência fixa, após cometimento do ilícito penal.
b. A lei penal possui ultra-atividade, nos casos em que, mesmo após sua revogação por
lei mais gravosa, continua sendo válida em relação aos efeitos penais mais brandos
da lei que era vigente no momento da prática delitiva.
c. A aplicação da irretroatividade em Direito Penal funciona como garantia legal do ius
puniendi que pretende auferir a punição mais gravosa ao condenado.
d. A ultra-atividade da lei penal funciona como mecanismo de endurecimento da norma
penal, ao passo que funciona como técnica de resolução de conflito para aplicação de
um direito penal punitivo.
e. A figura da ultra-atividade da norma penal realiza o objetivo de garantir a condenação
do réu pela norma penal vigente na prática da conduta delitiva, com o principal objetivo
de promover a segurança jurídica em âmbito penal.

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Letra b.
a. Errada! A retroatividade da lei penal mais benéfica tem sede no texto constitucional, em
seu art. 5º, XL, mas NÃO está condicionada a qualquer requisito. Significa dizer: basta
ser lei mais benéfica para que se aplique a fatos pretéritos. Nesse sentido é o art. 5º, XL, da
CF e o art. 2º do CP:

CF, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
CP, art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.  
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 

b. CERTA! A ultra-atividade da lei penal se refere, em síntese, à aplicação da lei penal já


revogada. Uma das hipóteses de sua ocorrência é a aplicação da lei penal ao fato que lhe é
contemporâneo quando for mais benéfica que a lei que lhe sucedeu.
c. Errada! A garantia da irretroatividade da lei penal confere segurança jurídica ao infrator
da lei, na medida em que lhe evita surpresas quanto à punição de fato criminoso, impedin-
do que novas regras, mais gravosas, disciplinem a sua conduta. Assim, em tese, deve-
rão ser aplicadas as regras punitivas vigentes ao tempo do fato, ressalvada a possibilidade
de a lei mais benéfica retroagir.
d. Errada! A ultra-atividade da lei penal NÃO serve como mecanismo de endurecimento
da norma penal, pelo contrário, garante a aplicação da norma penal mais benéfica, vigente
ao tempo do fato, quando norma mais gravosa lhe sobrevém. Mas isso nem sempre aconte-
ce. No caso das normas excepcionais ou temporárias, a ultra-atividade garante a aplicação
de tais normas aos fatos praticados durante a sua vigência, ainda que elas sejam sucedidas
por normas mais benéficas.
e. Errada! A condenação pela norma vigente ao tempo do fato só acontecerá quando tal
norma não for revogada por outra mais benéfica ou quando tratar-se de lei temporária ou
excepcional. Em regra, a ultra-atividade busca garantir a aplicação da lei vigente ao
tempo do fato, quando esta se mostrar mais benéfica ao agente.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

4. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) No dia 01/03/2014, Vitor, 60 anos, des-


feriu um golpe de faca no peito de sua namorada Clara, 65 anos, que foi a causa efi-
ciente de sua morte, pois descobrira que a vítima mantinha uma relação extraconjugal
com o vizinho. Foi instaurado inquérito policial para apurar o evento, entrando em vigor,
no curso das investigações, a Lei n. 13.104/2015, passando a prever a qualificadora do
feminicídio. As investigações somente foram concluídas em 25/01/2021. Considerando
apenas as informações expostas, a autoridade policial deverá indiciar Vitor pela prática
do crime de homicídio:
a. com causa de aumento de pena, sem a qualificadora pela condição de mulher da vítima.
b. sem qualquer causa de aumento de pena e sem a qualificadora pela condição de
mulher da vítima.
c. com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, bem  como causa  de
aumento de pena.
d. com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, sem  qualquer causa de
aumento de pena.
e. com a qualificadora pela condição de mulher da vítima, além de causa de diminuição
de pena pelo relevante valor moral.

Letra c.
O princípio da legalidade, previsto no art. 1º do Código Penal e no art. 5º, XXXIX, da CF/1988
contempla que “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia co-
minação legal”. Isso corresponde a um dos mais importantes pilares do Direito Penal incri-
minador, do princípio da legalidade extraímos que a punição exige lei escrita, estrita, certa
e anterior ao fato praticado.
Como consequência do pressuposto da anterioridade, tem-se que a lei penal é irretroativa,
salvo quando benéfica ao réu (art. 5º, XL, da CF/1988).
Pois bem, realizadas essas ponderações, observa-se que a Lei n. 13.104/2015, responsá-
vel pela inclusão da qualificadora do feminicídio no Código Penal, endureceu a pena do cri-
me de homicídio e, portanto, é prejudicial ao réu, não podendo retroagir para alcançar fatos
ocorridos no ano de 2014, antes da sua entrada em vigor.
Dessa forma, Vitor responderá por homicídio, mas sem a qualificadora do feminicídio (prin-
cípio da anterioridade da lei penal), porém com a causa de aumento de pena prevista no art.
121, § 4º, do CP, por Clara ser vítima com idade superior a 60 anos, regra já estava positi-
vada na lei penal ao tempo da infração (1º/03/2014).

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4ª RODADA DE QUESTÕES – DELEGADO PCMG
Direito Penal e Direito Processual Penal

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
[...]
Homicídio qualificado
§ 2º Se o homicídio é cometido:
[...]
Feminicídio (Incluído pela Lei n. 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (Incluído pela Lei n.
13.104, de 2015)
[...]
Aumento de pena
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de pres-
tar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de
60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei n. 10.741, de 2003)

5. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) Haroldo convence Bruna a aplicarem um


golpe no casal de noivos Marcos e Fátima, apresentando-se como organizadores de
casamento. Após receberem do casal vultosa quantia para a organização das bodas,
Haroldo e Bruna mudaram de cidade e trocaram de telefone. Percebendo que haviam
sido vítimas de um golpe, Marcos e Fátima registraram os fatos na delegacia, demons-
trando interesse em ver os autores responsabilizados pelo crime de estelionato. Após o
registro da ocorrência, Bruna, arrependida, por conta própria, efetuou a devolução ao
casal de parte do dinheiro que havia recebido. Considerando que houve reparação par-
cial do dano:
a. a conduta de Haroldo e Bruna tornou-se atípica, tratando-se de mero ilícito civil.
b. Haroldo responderá por estelionato consumado, enquanto Bruna terá sua tipicidade
afastada pela reparação parcial do dano.
c. Haroldo e Bruna responderão por estelionato, devendo Bruna ter sua pena diminuída
pelo arrependimento posterior.
d. Haroldo responderá por estelionato tentado, enquanto Bruna terá sua tipicidade afas-
tada pela reparação parcial do dano.
e. Haroldo e Bruna responderão por estelionato, sem a causa de diminuição da pena pelo
arrependimento posterior.

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4ª RODADA DE QUESTÕES – DELEGADO PCMG
Direito Penal e Direito Processual Penal

Letra e.
Haroldo e Bruna responderão por estelionato, não havendo espaço para se falar em
causa de diminuição da pena pelo arrependimento posterior. É que o arrependimento
posterior, causa geral de diminuição de pena consagrada no art. 16 do Código Penal, exige
que a reparação do dano ou a restituição da coisa sejam integrais, não sendo suficiente
para a sua incidência a reparação parcial do dano.
Vejamos a redação do art. 16:

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

1. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) Tramita no âmbito interno da Polícia Civil


do Estado do Rio Grande do Norte processo administrativo disciplinar (PAD) que apura
eventual falta funcional praticada por certo delegado de polícia. Durante a instrução do
PAD, foi verificada pela autoridade competente que o conduz a necessidade de obten-
ção de prova emprestada, consistente em interceptação telefônica realizada no bojo de
processo criminal. De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o compar-
tilhamento de prova pretendido é:
a. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações  telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas.
b. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação telefô-
nica somente pode ser utilizada para fins de investigação criminal ou instrução proces-
sual penal.
c. viável, desde que devidamente autorizada pelo juízo criminal competente e respeita-
dos os princípios do contraditório e da ampla defesa.
d. viável, independentemente de prévia autorização pelo juízo criminal, porque, uma vez
produzida, a prova pertence ao Estado que é uno.
e. inviável, pois a Constituição da República de 1988 prevê que a interceptação tele-
fônica somente pode ser produzida no âmbito de investigação e processo criminal
ou ação de improbidade administrativa.

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4ª RODADA DE QUESTÕES – DELEGADO PCMG
Direito Penal e Direito Processual Penal

Letra c.
A questão encontra-se amparada na Súmula 591 do STJ, que assim dispõe:

Súmula 591-STJ: É permitida a “prova emprestada” no processo administrativo discipli-


nar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o con-
traditório e a ampla defesa.

Correta, portanto, a alternativa “c”! O compartilhamento de prova pretendido é viável, des-


de que devidamente autorizada pelo juízo criminal competente e respeitados os prin-
cípios do contraditório e da ampla defesa.

2. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES) A


Lei n. 13.245/2016 alterou o art. 7º da Lei n. 8.906/1994 (Estatuto da OAB) que garante
ao advogado do investigado o direito de assistir a seus clientes durante a apuração de
infrações, inclusive nos depoimentos e interrogatório, podendo apresentar razões e que-
sitos. Com efeito, Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de duas testemunhas
em fase de inquérito policial, alegando que não recebeu notificação informando do dia e
hora da oitiva das referidas testemunhas em sede policial. Diante da temática apresen-
tada, assinale a seguir a alternativa correta.
a. O sigilo do inquérito policial impede que o advogado tenha acesso aos atos já docu-
mentados em inquérito policial.
b. A Lei n. 13.245/2016 impôs o dever à autoridade policial de intimar previamente o
advogado constituído para os atos de investigação, em homenagem ao contraditório e
à ampla defesa.
c. A Lei n. 13.245/2016 instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial, ainda que já haja
provas devidamente constituídas.
d. A Lei n. 13.245/2016 não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente
o advogado constituído para os atos de investigação.
e. A inquisitorialidade do procedimento investigatório policial é o que impede que o advo-
gado tenha acesso aos atos já documentados em inquérito policial.

Letra d.
a. Errada! O sigilo do inquérito policial não pode ser oposto ao advogado do indiciado, de
sorte que ao advogado é garantido o acesso aos elementos de prova já documentados, nos
termos da Súmula Vinculante 14:

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4ª RODADA DE QUESTÕES – DELEGADO PCMG
Direito Penal e Direito Processual Penal

Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso


amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.

b. Errada! A Lei n. 13.245/2016 não trouxe essa previsão. Na verdade, ela inseriu o inci-
so XXI ao art. 7º do Estatuto da OAB, garantindo ao advogado o direito de assistir a seus
clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos in-
vestigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, poden-
do, inclusive, no curso da respectiva apuração, apresentar razões e quesitos.
c. Errada! A Lei n. 13.245/2016 não instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial, que per-
manece sendo um procedimento dispensável.
d. CERTA! Como dito, a Lei n. 13.245/2016 não trouxe essa previsão.
e. Errada! De fato, o inquérito policial é um procedimento inquisitivo, mas não há óbice ao
acesso, pelo advogado, dos elementos de prova nele já documentados.

3. (PC-RN/2021/FGV/DELEGADO DE POLÍCIA) Em 28/11/2020, foi aberto inquérito poli-


cial para investigar a prática do crime de comércio ilegal de armas por parte de Flávio. No
curso da investigação, foram obtidos indícios veementes de que Flávio adquiriu um imóvel
com o dinheiro proveniente do crime, posteriormente alienado a seu sogro. Sendo esse o
único bem que constava em nome do investigado antes da alienação, o seu sequestro:
a. não poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, pois o bem já se encontra em
nome de terceiro.
b. poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, mesmo antes do oferecimento
da denúncia.
c. não poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, por se tratar de bem imóvel.
d. poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, sem a possibilidade de oposição
de embargos de terceiro.
e. não poderá ser requerido pela autoridade policial ao juiz, dado não haver condenação
a demonstrar a prova efetiva da proveniência ilícita do bem.

Letra b.
a. Errada! O bem poderá sim ser sequestrado, ainda que já se encontre em nome de tercei-
ro. É o que autoriza o art. 125 do CPP, in verbis:

Art. 125.  Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proven-
tos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

b. CERTA! De acordo com o art. 127 do CPP:

Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou me-


diante representação da autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer
fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.

c. Errada! Como visto logo acima, o art. 127 do CPP previu expressamente a legitimidade
da autoridade policial para representar ao juiz requerendo sequestro de bens imóveis.
d. Errada! Nos termos do art. 129 do CPP, é possível a oposição de embargos de terceiros:

Art. 129. O sequestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.

e. Errada! Consoante o art. 127 do CPP, o sequestro tanto poderá ser requerido pela autori-
dade policial ao juiz como poderá ocorrer em qualquer em qualquer fase do processo e até
mesmo antes de oferecida a denúncia ou queixa.

4. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES)


Manoela exerce atividade de delegada de polícia federal em Vitória-ES. Desconfiada da
infidelidade de seu noivo, decidiu, fora de suas atribuições e de seu expediente de tra-
balho, realizar interceptação do telefone celular de seu noivo. Nesta situação hipotética,
marque a opção CORRETA.
a. A competência será definida pela prevenção, vez que o delito foi praticado por funcio-
nário público federal, mas fora de suas funções.
b. Compete à Justiça Federal processar e julgar o delito de interceptação sem autoriza-
ção, pois que ofende interesse da União, no caso sistema de telecomunicações.
c. Compete à Justiça Federal processar e julgar o delito de interceptação sem autoriza-
ção, pois no caso, o delito foi praticado por funcionário público federal.
d. A competência será sempre da Justiça Estadual, ainda que tenha sido praticado por
funcionário público federal no exercício de suas funções.
e. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o delito de interceptação sem autoriza-
ção, pois no caso, o agente federal estava fora de suas funções.

Letra e.
Como não se evidencia ofensa a bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias ou
empresas públicas, já que Manoela agiu de forma alheia à sua atividade funcional, competi-
rá à Justiça Estadual Comum processar e julgar o suposto delito de interceptação telefônica
sem autorização judicial.

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Direito Penal e Direito Processual Penal

5. (PC-ES/2019/INSTITUTO ACESSO/DELEGADO DE POLÍCIA) Márcio, por intermédio


de um advogado, ingressou com uma queixa-crime em face de Arnaldo, uma vez que,
pelas redes sociais, Arnaldo imputou a ele, falsamente, um fato definido como crime.
No curso do processo, Marcio tomou conhecimento por meio de amigos em comum que
Arnaldo teria perdido um filho assassinado em um assalto, fato que o comoveu e em
sede de alegações finais, Márcio, por seu advogado, postula a absolvição do réu em
relação ao crime contra a honra cometido.
Diante desta situação, é correto afirmar que o juiz
a. poderá, ainda assim, condenar o réu, uma vez que a ação penal, nesta hipótese, é
privada, cabendo a ele tal decisão.
b. deverá, nestas situações, chamar o autor e o réu a fim de que possa promover a recon-
ciliação entre eles.
c. não terá outra alternativa que não seja reconhecer a extinção da punibilidade de Arnaldo.
d. poderá condenar ou absolver Arnaldo, independentemente do fato de Márcio ter, em
sede de alegações finais, postulado a absolvição do agente.
e. ficará obrigado a absolver Arnaldo, porquanto Márcio é o titular da ação penal privada,
podendo assim desistir dela a qualquer tempo.

Letra c.
Tratando-se de crime de ação penal privada, haverá perempção quando o querelante deixar
de formular o pedido de condenação nas alegações finais, a teor do art. 60, III, do Código
de Processo Penal:

Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á pe-


rempta a ação penal:
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;

A perempção, por sua vez, conduz a necessária extinção da punibilidade do réu, conforme
art. 107, IV, do Código Penal:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:


[...]
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

Com efeito, não restará outra alternativa ao Juiz a não ser reconhecer a extinção da punibi-
lidade de Arnaldo. Portanto, correta a alternativa “c”!

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