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Material Teórico
Globalização, Inovações Técnicas e Sociedade
Revisão Textual:
Profa. Ms. Natalia Conti
Globalização, Inovações
Técnicas e Sociedade
• Introdução
• O Processo de Globalização
• As Cidades no Contexto da Produção Global
• O Mundo do Trabalho e a Globalização
• A Sociedade em Rede
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Analisar o processo de globalização e sua relação com a produção
e com a sociedade.
· Tratar das transformações pelas quais as formas de trabalho vêm
passando.
· Discutir as mudanças na sociedade a partir das redes sociais e das
inovações das tecnologias da informação e comunicação.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Globalização, Inovações Técnicas e Sociedade
Introdução
Nesta unidade discutiremos o processo de globalização e as alterações que vem
produzindo na sociedade, em relação às formas de produção, no trabalho e nas
relações sociais.
O Processo de Globalização
No decorrer do século XIX, o mundo conheceu o desenvolvimento de importantes
ramos do conhecimento científico. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no
final do século XVIII proporcionou o surgimento de grandes inovações técnicas,
que com o passar do tempo foram sendo disseminadas pelo mundo.
A partir da segunda metade do século XX, com a corrida espacial entre Estados
Unidos e União Soviética, temos um amplo desenvolvimento de tecnologias de
informação. O lançamento de satélites e a descoberta de novos materiais acelerou a
comunicação entre os povos, por meio de redes de fibra ótica. Canais de televisão e de
rádio, bem como sistemas telefônicos aproximaram lugares distantes, promovendo
a disseminação de informações como nunca antes vivido pela humanidade.
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Figura 1
Outro aspecto a destacar é o fato de que as técnicas são cada vez mais universais;
basta para isso observar o cotidiano de uma grande cidade. Por exemplo, se
no passado as técnicas eram mais locais e cada povo tinha uma técnica para
produzir objetos, para morar, etc., que geralmente se relacionava com os materiais
disponibilizados no meio.
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profundo e fundamental, de que a sociedade dos nossos predecessores, a
sociedade moderna nas suas camadas fundadoras, na sua fase industrial,
era uma “sociedade de produtores”. Aquela velha sociedade moderna
engajava seus membros primordialmente como produtores e soldados; a
maneira como moldava seus membros, a “norma” que colocava diante
de seus olhos e os instava a observar, era ditada pelo dever de desempe-
nhar esses dois papéis.
Desse modo, como afirma o autor, deixamos de ser uma sociedade de produtores
para ser uma sociedade de consumo, a partir da qual ter é mais importante do que
ser. Assim, torna-se necessário que as pessoas, nos mais diversos países, consumam
aceleradamente os mais distintos produtos. Mas como tornar atraente, para um
mesmo número de pessoas, os mesmos produtos?
Muitas vezes as inovações nos produtos não podem mais ser alcançadas por
mudanças na estrutura de seu funcionamento. Neste momento, a indústria pode
utilizar-se de algum apelo estético: um automóvel “Edição Especial Copa do
Mundo”, por exemplo, com alguma alteração externa, ou de acabamento interno,
para atrair a atenção do consumidor.
Trata-se de uma estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus
produtos para que durem menos do que a tecnologia permite. Assim, eles se tornam
ultrapassados em pouco tempo, motivando o consumidor a comprar um novo modelo.
Os casos mais comuns de obsolescência programada ocorrem com eletrônicos, eletrodo-
mésticos e automóveis. É algo relativamente novo: até a década de 20, as empresas desen-
havam seus produtos para que durassem o máximo possível. A crise econômica de 1929 e a
explosão do consumo em massa nos anos 50 mudaram a mentalidade e consagraram essa
tática. É uma estratégia “secreta” dos fabricantes para estimular o consumo desenfreado.
Fonte: https://goo.gl/tVq9Da
A primeira delas diz respeito aos limites físicos de uma expansão acelerada
da economia. Para se produzir qualquer tipo de mercadoria, é necessária certa
quantidade de matéria prima, energia e mão de obra. Do mesmo modo, para que
haja consumo, é vital que a totalidade, ou pelo menos grande parte da população,
tenha uma renda.
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O Brasil, dentre estes países, apresentou uma das mais radicais e rápidas
mudanças na composição da sua população, passando em poucas décadas de uma
nação com maioria de população rural para uma extremamente urbanizada.
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custos e promovendo maior competitividade econômica. No território brasileiro
temos alguns exemplos a respeito.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Neste contexto, novas estruturas de transporte são criadas para atender este
sistema globalizado de produção. A utilização do contêiner no transporte interna-
cional de mercadorias, por exemplo, permite uma padronização das cargas, dentro
do conceito de intermodalidade, favorecendo a utilização de várias modalidades de
transporte de modo integrado, o que minimiza os custos e procura atender várias
demandas, do modo mais adequado possível.
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Os sistemas técnicos que são criados servem, portanto, aos interesses reprodutivos
do capital, abarcando o espaço como objeto a agregar valor e transformar-se em
mercadoria, o que está totalmente de acordo com os mecanismos econômicos
prevalentes na sociedade no momento de reprodução.
Esta nova forma de acumulação depende cada vez menos de uma concentração
espacial da atividade industrial, que pode estar situada dispersa no território.
Há, no entanto, uma necessidade de centralização das atividades gerenciais e
administrativas. Esta descentralização locacional provoca uma “guerra de lugares”,
que usam isenções fiscais e investimentos em infraestrutura para atrair empresas.
Por esta razão, a ação do Estado não pode ser ignorada. Cabe a este:
“[...] a orquestração da dinâmica do processo de investimento e a pro-
visão de investimentos públicos chave, no lugar e tempo certos, para
fomentar o êxito na competição interurbana e inter-regional” (HARVEY,
2005, p. 231).
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Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Todas estas mudanças nas formas de produção e nos lugares alteram a sociedade,
as formas de trabalho, bem como as relações sociais. As produção e disseminação
da informação partem principalmente das cidades globais que concentram serviços
especializados, mas nos países subdesenvolvidos também muita desigualdade
socioeconômica.
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A flexibilidade na localização das indústrias permite que mais e mais pessoas
possam trabalhar em diferentes pontos do mundo. Apesar disso, permanece uma
concentração de população nas áreas com melhor infraestrutura técnica: melhores
transportes e comunicações.
É óbvio que alguns serviços não poderão ser feitos digitalmente, mas a
possibilidade de um serviço ser realizado à distância se ampliou, o que também,
por outro lado, demanda que novos serviços, como os chamados “call centers” –
centrais de atendimento online para clientes – sejam desenvolvidos.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
As pessoas que trabalham nestes ambientes cada vez mais apresentam uma
relação mais precária, flexível, com relação à empresa. Na eventualidade de uma
mudança de cenário econômico, fica mais fácil para um grupo ou empresa se
“readequar” ou “reestruturar”.
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De acordo com David Harvey (2005), com a acumulação flexível nas formas de
produção e nas relações de trabalho, cria-se uma rotatividade da força de trabalho,
que migra, atrás de trabalho, seja permamente ou temporário.
Tal flexibilidade ocorre, por exemplo, por formas de trabalho mais flexível, sem
muita regulamentação, com flexibilização nos contratos de trabalho, com trabalho
em horário variados, com subcontratações ou com terceirização de mão de obra,
ou seja, o empregado trabalha em uma empresa, mas é funcionário de outra.
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em um sistema interdependente que funciona como uma unidade em
tempo real. Devido a essas tendências, houve também a acentuação de
um desenvolvimento desigual, desta vez não apenas entre o Norte e o Sul,
mas entre os segmentos e territórios dinâmicos das sociedades em todos
os lugares e aqueles que correm o risco de tornar-se não pertinentes sob
a perspectiva da lógica do sistema. Na verdade, observamos a liberação
paralela de forças produtivas consideráveis da revolução informacional e
a consolidação de buracos negros de miséria humana na economia global,
quer em Burkina Faso, South Bronx, Kamagasi, Chiapas, quer em La
Courneuve (CASTELLS, 1999, p. 22).
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Em seu livro “Por uma outra globalização”, Milton Santos (2001) apresenta
a globalização como uma “fábula” com os mitos da aldeia global e com o fim
das fronteiras.
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A Sociedade em Rede
A sociedade em rede é, também, um espaço seletivo. Há pessoas, ou grupos,
mais integrados a este sistema produtivo avançado. Quanto mais integrado,
maiores as chances de se fazer valer neste novo sistema de relações sociais. Uma
pessoa que opera um aplicativo pode conectar-se a serviços e bens que não estão
diretamente disponíveis para quem não está conectado.
Essa impessoalidade nas relações via internet gera muitas críticas, pela
possibilidade de afastamento das pessoas dos contatos reais. Por outro lado, abre a
possibilidade de contato entre pessoas que jamais se veriam, por conta da distância
ou por não fazerem parte dos mesmos círculos pessoais.
A criação de leis e normas nem sempre tem efeito prático, já que as estruturas
dos países podem ser obsoletas, ou estes podem não dispor de pessoal qualificado
para atuar, já que este ambiente virtual se renova e se amplia com grande agilidade.
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Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Há muito discurso a favor das novas tecnologias como se elas por si mesmas
fossem tornar o mundo melhor. Dependem de seu uso, de suas práxis sociais,
considerando que estas TICs mudam as relações e as dinâmicas sociais, mas também
contêm intencionalidades que vão além do uso técnico dos objetos e podem ter
usos que não são democráticos e nem aceitáveis socialmente.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
O Mundo Globalizado: Economia, Sociedade e Política
BARBOSA, Alexandre de Freitas. O mundo globalizado: economia, sociedade e
política. São Paulo: Contexto, 2010. (e-book- biblioteca virtual).
Vídeos
A História das Coisas (The Story off Stuff)
21 min, com Annie Leonard, versão brasileira, mostra a questão da produção atual no
mundo e os problemas decorrentes disso.
https://youtu.be/7qFiGMSnNjw
Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá
(89 min, 2007). Documentário feito a partir da entrevista de Milton Santos sobre
globalização.
https://youtu.be/-UUB5DW_mnM
Filmes
The Corporation (A corporação)
Documentário. Canadá, diretores Jennifer Abbott e Mark Achbar. 1h12min. parte 1 e
2, Canadá, 2003. Legendado.
Assista ao documentário “The corporation” (a corporação), que conta como a partir
da polêmica decisão da Suprema Corte de Justiça dos EUA uma corporação passa a
ser vista como uma “pessoa”. Ficam evidentes como as grandes corporações agem,
seus discursos, a exploração da mão-de-obra barata no Terceiro Mundo e a devastação
do meio ambiente. No documentário há entrevista com presidentes de corporações
como a Nike, Shell e IBM, além de outros não relacionados ao mundo dos negócios
corporativos, que analisam a existência das corporações, tais como Noam Chomsky,
Milton Friedman e Michael Moore. Assista o trailer no link a seguir:
https://youtu.be/exY4u0XsEGI
Leitura
Globalização e Divisão Territorial do Trabalho: Uma Introdução à Discussão das Novas Tendências na
Produção do Espaço
ROSA, Maria Cristina. Globalização e divisão territorial do trabalho: uma introdução
à discussão das novas tendências na produção do espaço. Maringá, Revista Acta
Scientiarum 20(1), 1998, p. 115-119.
https://goo.gl/pu55lo
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Referências
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As consequências humanas. Tradução Marcus
Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2004.
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