1) O documento discute a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico segundo a teoria de Celso Furtado. 2) O desenvolvimento econômico vai além de indicadores quantitativos e requer a distribuição igualitária da riqueza na sociedade. 3) O subdesenvolvimento ocorre quando o crescimento econômico não é apropriado igualmente por todas as classes, levando à concentração de renda e desigualdades sociais.
Descrição original:
Título original
Desenvolvimento Econômico e o conceito de Subdesenvolvimento
1) O documento discute a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico segundo a teoria de Celso Furtado. 2) O desenvolvimento econômico vai além de indicadores quantitativos e requer a distribuição igualitária da riqueza na sociedade. 3) O subdesenvolvimento ocorre quando o crescimento econômico não é apropriado igualmente por todas as classes, levando à concentração de renda e desigualdades sociais.
1) O documento discute a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico segundo a teoria de Celso Furtado. 2) O desenvolvimento econômico vai além de indicadores quantitativos e requer a distribuição igualitária da riqueza na sociedade. 3) O subdesenvolvimento ocorre quando o crescimento econômico não é apropriado igualmente por todas as classes, levando à concentração de renda e desigualdades sociais.
Desenvolvimento Econômico e o conceito de Subdesenvolvimento (uti lizando
como base a teoria de Celso Furtado).
Em primeiro plano, tendo em vista que a conceituação de subdesenvolvimento deriva do conceito de desenvolvimento, faz-se necessário a exposição detalhada deste. É sabido que, ao transcorrer dos anos, o conceito de “desenvolvimento econômico”, isto é, na sua concepção tradicional, se confundiu com o conceito de “crescimento econômico”, com muitos tratando ambos como sinônimos, sobretudo pela esfera de economistas clássicos. Isto posto, é evidente, não se configura ao se realizar uma análise mais minuciosa da realidade, uma vez que o crescimento, se considerado isolado e prioritariamente, não alcança o desenvolvimento econômico – almejado por todos os países. Dito isso, em concordância com Celso Furtado, pode-se afirmar que o conceito de desenvolvimento vai para além dos indicadores de quantidades, a saber, por exemplo, o Produto Interno Bruto. O que se implica, isto sim, numa irradiação do progresso econômico para o grosso da sociedade. Tal concepção, que para muitos se traduz como “humanista”, abarca o mundo todo, de forma que pensar em desenvolvimento se torna algo complexo. Ou seja, é preciso levar em consideração o desenvolvimento da humanidade e não (tão somente) o desenvolvimento isolado de um país, que muitas vezes se dá às custas dos outros. Enquanto que “crescimento econômico” é entendido pela capacidade que um território possui de combinar acertadamente seus fatores de produção, de modo a gerar maiores produtos e, por consequência, maior renda e maior quantidade ofertada de emprego; por outro lado, “desenvolvimento econômico”, em termos simples e direto, é a apropriação do crescimento para todas as classes da sociedade. Com essa apropriação da riqueza gerada, a população é remetida a uma maior distribuição de renda, contribuindo para um aumento do consumo e, de modo geral, para melhores indicadores sociais. Nas palavras do pensador Schumpeter têm-se: “(...) pois o estado econômico de um povo não emerge simplesmente das condições socioeconômicas precedentes, mas unicamente da situação total precedente.” [Schumpeter, 1997]. Até aqui, em suma, percebe-se que o crescimento econômico de um país é fruto de uma variação quantitativa do produto [agregado], ao passo que o desenvolvimento abarca mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas e nas suas expectativas, das instituições envolvidas na economia e, também, das estruturas produtivas – veja que, neste último ponto, se tem uma sinergia de fatores, pois para o avanço e melhoramento da produção se faz importante um aprimoramento da tecnologia incorporada, a saber o capital físico, e, sobretudo, da tecnologia desincorporada, dada pelo capital humano. Assim, “(...) o desenvolvimento caracteriza-se pela transformação de uma economia arcaica em uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do conjunto da população” [Souza, Nali de Jesus de; Desenvolvimento econômico]. É perceptível que crescimento econômico se torna condição indispensável para o desenvolvimento, entretanto não se configura condição suficiente, visto que é necessária a apropriação. Nesse sentido, cabe elucidar os pontos que corroboram para a apropriação do crescimento econômico: a. homogeneização da renda; b. melhores e maiores níveis de consumo (evidenciando um forte mercado interno); c. melhores indicadores sociais, como GINI e IDH; d. melhores taxas de alfabetização, acompanhadas de baixa mortalidade infantil e reduzidos índices de criminalidade; e. menores índices de pobreza; f. erradicação da pobreza; g. modelo civilizatório, com boa infraestrutura e padrão sustentável. Fica claro que não é possível pensar (e almejar) certo nível de desenvolvimento econômico sem antes levar em consideração a humanidade como um todo, de modo a garantir relações saudáveis e seguras. E aqui cabe expor que ainda que o termo pobreza, por exemplo, seja relativo a cada país, a busca pela erradicação da mesma deve ser necessariamente uma pauta levantada a nível global. Em linhas gerais, uma economia cujo crescimento não está se traduzindo em aumentos dos padrões de vida de toda a população tende a propiciar, no transcorrer dos anos, um ambiente social e político praticamente insustentável. Dito isso, tem-se a sustentabilidade do desenvolvimento como ponto fundamental para a perspectiva econômica, uma vez que ações que promovem falsa distribuição equitativa de renda, por exemplo, não se configuram em um cenário seguro para a expansão harmônica da econômica de uma nação, bem como do mundo. A elevação da produtividade, bem como do nível de bem estar social, somado a preservação do meio ambiente, deve se dar com perspectiva de longo prazo, com continuidade, sustentabilidade. Portanto, todas as dimensões do desenvolvimento, seja social, ambiental, cultural ou técnico-científica, devem precisa e indispensavelmente abarcar entre si uma dinâmica intertemporal. Quer se dizer que as decisões socioeconômicas devem se relacionar de modo a contribuir e apontar para a harmonia da população (toda a sociedade realmente) e, por consequência, garantir um cenário positivo no futuro, perpetuando as boas decisões e ações. Ou seja, é preciso que haja incremento na renda, acompanhado de melhorias na saúde, no trato com o meio ambiente e, sobretudo, na educação. O desenvolvimento sustentável (e o que se deve ser almejado) deve apresentar um vetor que não ignora o que foi conquistado e aprimorado no tempo anterior. A sociedade como um todo somente poderá alcançar um nível global adequado de bem estar quando o objetivo central das atividades socioeconômica (para afunilar a análise) for fundamentado no aprimoramento da relação social, econômica e ambiental dos indivíduos, em vez do simples lucro pelo lucro, ou crescimento pelo crescimento. Em suma, para se ter uma análise certa a respeito do desenvolvimento econômico faz- se necessário conhecer a fundo a sua concepção, de modo a erradicar quaisquer ideias insustentáveis de se alcançar bem-estar social. Em conformidade com o que ficou dito, é claro que crescimento econômico não é fator suficiente para se atingir o desenvolvimento. Nesse sentido, entra-se na compreensão mais condensada do que diz respeito ao subdesenvolvimento. Um país que é constituído por uma sociedade com alto nível de concentração de renda, de certa forma, impede a passagem do crescimento para o desenvolvimento econômico. Isto é de fácil percepção quando se faz uma análise mais minuciosa das relações sociais. Há grande disparidade de renda e, por consequência, acesso ao consumo de bens – até mesmo no nível que se é necessário –, deficiência na formação do indivíduo, sobretudo pela falta de educação de qualidade, e, por consequência, diferenças na produtividade, o que levam a economia geral perder eficiência, entrando assim em um processo em cadeia. Nas palavras do renomado economista Celso Furtado: “(...) a civilização surgida da Revolução Industrial europeia conduz inevitavelmente a humanidade a uma dicotomia de ricos e pobres, dicotomia que se manifesta entre países e dentro de cada país de forma pouco ou muito acentuada”. Ou seja, conceituar subdesenvolvimento se faz possível com o olhar voltado para a realidade, uma vez que as deficiências econômicas, proveniente da concentração de renda e investimento, bem como da debilitada transferência de tecnologia, auxilia na compreensão do mesmo processo. Em síntese, “nas economias desenvolvidas existe um paralelismo entre a acumulação nas forças produtivas e diretamente nos objetos de consumo (...) e a raiz do subdesenvolvimento reside na desarticulação entre esses dois processos causada pela modernização” [FURTADO, Celso Monteiro]. Enquanto que a difusão de tecnologia pressupõe a acertada apropriação do conhecimento, a mesma lógica pode ser estendida para a questão do desenvolvimento, que somente pode ser alcançado com níveis sociais agregados adequados. Se distanciando disso, o país entra na esfera econômica que não se potencializa, reduzindo-se ao subdesenvolvimento. Este caminho alarma, pois que, quando estendido por um período considerável de tempo, debilita cada vez mais a produção e o desempenho científico, e precariza as relações sociais. Ou seja, recuperando a fala do Furtado, há a dicotomia dos ricos e dos pobres, com perdas cada vez mais substanciais para estes. Como forma de contornar eficazmente o subdesenvolvimento tem-se, em primeiro plano, a busca pela homogeneização social – com melhoramento dos indicadores sociais. Em continuidade, é preciso que haja uma relativa autonomia tecnológica, de modo que tanto a nível externo como interno, o país encontre-se com níveis satisfatórios na produção científica. E, obviamente, para se trilhar tal caminho, é preciso que a sociedade esteja educada. Se se deseja uma distribuição adequada da renda, um desempenho tecnológico satisfatório e uma participação competitiva internacionalmente, o capital humano deve estar com formação adequada e fortalecida, isto é, com educação. Finaliza-se, ainda, com as palavras do Furtado, onde o subdesenvolvimento “é um impasse histórico que espontaneamente não pode levar senão a alguma forma de catástrofe social. Somente um projeto político apoiado em conhecimento consistente da realidade social poderá romper a sua lógica perversa” [O Subdesenvolvimento Revisitado].
Bibliografia extra utilizada:
- Livro “Mapa da exclusão social do Brasil: radiografia de um país assimetricamente pobre” (Lemos, José de Jesus Sousa)
Artigo Cobreap - METODOLOGIA APLICÁVEL ÀS VISTORIAS PERIÓDICAS COMO FERRAMENTA DE REDUÇÃO DA INDÚSTRIA DE AÇÕES JUDICIAIS ENVOLVENDO A CONSTRUÇÃO CIVIL