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FRANCISCO NETTO

(18? + 1930)

Francisco Netto, o Chico Neto, natural da cidade do Rio de Janeiro-RJ, foi


compositor, cavaquinista, violinista e bandolinista.

Como Bandolinista, gravou em julho de 1927 na gravadora Odeon, a valsa de sua


autoria “A Louca”, também conhecida como “A Doida do Penhasco” (Disco Odeon
10005, Nº da matriz: 1158) . No mesmo disco, Netto gravou um choro de sua autoria
chamado “Tira-teima”( Disco Odeon 10005, Nº da matriz 1159). Ambos registros estão
disponíveis no site da “Discografia Brasileira”.

Dentre suas composições, sua valsa “A Louca” foi regravada por vários outros
bandolinistas como: Luperce Miranda, Reco do Bandolim e Luís Nassif. Constam
várias versões escritas desta composição no acervo digital de partituras da Casa do
Choro. É interessante observar a variedade de fontes que registraram essa
composição, o que nos leva a crer que sua música integra o repertório dos chorões
de várias épocas. Transcreveram sua valsa: Manoel Pedro Nascimento (em
20.09.1929), Candido Pereira da Silva (o Candinho do Trombone), Jupyaçara (em
16.01.1942), Vadinho e Sérgio Napoleão Belluco.

Além de suas composições instrumentais, Chico Netto deixou gravado vários sambas
de sua autoria. Em janeiro de 1929, o cantor Francisco Alves gravou na gravadora
Odeon seu samba “Meu passarinho voou” (Francisco Netto) com o acompanhamento
do Grupo Odeon (Disco Odeon 10311, Nº da matriz 2253). Em 1930, o intérprete
Januário de Oliveira gravou com o acompanhamento da Jazz Band Columbia, da
gravadora Columbia uma série de seus sambas: “A mulher é sempre boa” (Francisco
Netto, Disco Columbia DC-64, Nº da matriz 380612), “A mulher e a falsidade”
(Francisco Netto, Disco Columbia 5229-B, Nº da matriz 380705, julho de 1930) e “A
mulher é sempre boa” (Francisco Netto, Disco Columbia 5184-B, Nº da matriz 380612,
março de 1930). Também com o intérprete Januário de Oliveira, gravou com o
acompanhamento de Gaó, Jonas, Petit, Zezinho e Grany o samba de sua autoria
“Confessa” (Francisco Netto, Disco Columbia 5183-B, Nº da matriz 380607-1, março
de 1930).

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Francisco Netto foi funcionário dos Telégrafos, nos Correios, sendo colega do
também músico Alexandre Gonçalves Pinto que relata em seu livro “O Choro”(1936,
o primeiro livro escrito sobre o gênero) um fato curioso ocorrido com Chico Neto:

“disseram-me que em um torneio o chorão acima tocou sem parar no seu


bandolim mais de quarenta e oito horas, por isso levou três bandolins a fim de
suprir a falta do que ele tocava quando arrebentasse uma corda ou
desafinasse. Demonstrando assim ser um tocador de fôlego e grande
resistência”.

O evento no qual o Duo formado por Francisco Netto (Bandolim) e o Professor Barros
(violão) tocaram “50 horas” foi registrado no jornal “A Esquerda”, em 29/05/1928. O
Duo iniciou a apresentação no dia 25/05, às 21:00 horas, no Salão Indiano do Beira-
mar Cassino, e terminaram a prova no dia 28/05/1928, à uma hora. Segundo a
publicação do jornal, o duo estava “animado com os sucessos dos recentes records
e decidiram também fazer sua fézinha, numa coisa parecida.”

Nos jornais da época constam suas apresentações como bandolinista acompanhador.


Seu grupo era formado por João de Deus (flauta), professor Barros (violão, que
também tocava bandolim) e Francisco Netto (Bandolim). Em 07/04/1928, o jornal
“Manhã” noticiava, dentre suas atrações musicais, uma apresentação especial em
que ele e seu grupo acompanhou a cantora Aracy Cortes. Na ocasião, foi executada
uma valsa chamada “Aracy Cortes”, que infelizmente não consta a autoria da
composição nem seu registro em partitura foi preservado até os dias atuais.

Em 30/08/1928, o Jornal “Sporting” noticiava a atuação de Francisco Netto junto ao


“Conjuncto Regional Brasileiro” no acompanhamento de “dois afamados” cantores em
canções, emboladas, sambas e desafios. O conjunto era formado pelos músicos: Pery
Cunha (violão e bandola), Rubem Bergmann & Arlindo Vasques (Violões), Chico Netto
(bandolim), Altamiro Godinho (cavaquinho) e Salvador Corrêa (pandeiro).

Ainda não temos informações detalhadas sobre as datas de nascimento e morte de


Francisco Netto. Consta nas fontes que descrevemos, que Francisco Netto faleceu
no ano de 1930.

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Sua única fotografia consta em seu “Methodo pratico de Bandolin”, pelo prof.
Francisco Netto, (Chico Netto) e que o Acervo do Bandolim Brasileiro resgatou
especialmente para esta postagem. Na publicação consta o seguinte anúncio:
“Bandolim Sem mestre, Methodo pratico Estylo moderno”. Agradecemos à gentileza
da fotografia ao professor bandolinista Fernando Duarte e à edição de de imagem do
pesquisador e bandolinista Fernando Dalcin.

Fontes de pesquisa
1. VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira na Belle Époque. Rio
de Janeiro: Livraria Santana Ltda., 1977. 2. PINTO, Alexandre Gonçalves. O Choro —
reminiscências dos chorões antigos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Funarte, 1978. (p. 139);

2. Enciclopédia Ilustrada do Choro no Séc. XIX, disponível em:


https://acervo.casadochoro.com.br/cards/view/840

3. Hemeroteca Digital Brasileira;

4. https://www.discografiabrasileira.art.br/fonograma/_creator/francisco%20neto/

5. Acervo Digital de partituras da Casa do Choro – Valsa “A Louca” (Francisco


Netto): https://acervo.casadochoro.com.br/works/view/1632

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