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PROCESSO COLETIVO/ DIREITOS DIFUSOS

1. HISTÓRICO
2. TEORIAS
3. AÇÃO POPULAR
4. ACP

1. HISTÓRICO

Remédios Constitucionais - Histórico


- Habeas corpus: previsto primeiramente no Código Criminal de 1830 e,
constitucionalmente, em 1891.
- Ação popular: previsto na CF de 1934.
- Mandado de segurança individual: previsto na CF de 1934, extraído da CF de 1937,
restabelecido na CF de 1946.
- Habeas data, Mandado de Injunção e Mandado de segurança coletivo: CF de 1988.
O mandado de injunção coletivo não foi previsto expressamente pelo texto da CF/88,
mas mesmo assim sempre foi admitido pelo STF e atualmente encontra-se disciplinado
pela Lei nº 13.300/2016.

Ação civil pública = origem na Lei 6.938/81(Política Nacional do Meio Ambiente). Ou


seja, a ACP não foi criada na lei de ação civil pública atual, somente o inquérito Civil.
Inquérito civil = origem na Lei 7.347/85

O TAC foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pelo art. 211 da Lei 8.069/90
(ECA). Em seguida, o art. 113 da Lei 8.078/90 (CDC) ampliou sua aplicação a todos os
direitos difusos e coletivos, ao acrescentar o § 6º ao art. 5º da LACP, determinando
que os órgãos públicos legitimados à propositura da Ação Civil Pública – ACP poderão
celebrar TAC

Uma novidade trazida pelo CDC foi a legitimidade do Ministério Público para propor
ação coletiva na defesa dos interesses individuais homogêneos
Posteriormente em lei de 2007 foram incluídos no rol de legitimados para ACP o MP e
a Defensoria. A lei 11.448/07 foi o primeiro diploma a atribuir expressamente à
Defensoria Pública legitimidade para propositura de ação civil pública. Depois com a EC
80/04 a legitimidade da Defensoria para ACP foi constitucionalizada.

3. AÇÃO POPULAR.

A Lei 4.717/65 (AÇÃO POPULAR) foi o primeiro instrumento, no Brasil, de tutela de


interesses transindividuais, visando resguardar os direitos difusos e o patrimônio
público. Prevê em seu art.1º que qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a
anulação ou declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio.
Portanto, trata-se de legitimação individual, em regra, a qual NÃO exclui o possível
litisconsórcio entre cidadãos e a possibilidade do MP ou outro cidadão promover o
prosseguimento da ação em caso de desistência do autor ou se este der causa à
absolvição da instância, conforme art. 9º da referida lei. (AÇÃO
POPULAR. INGRESSO DE ASSISTENTES LITISCONSORCIAIS. POSSIBILIDADE. 1. O art. 6º,
§ 5º , da Lei n. 4.717 /65 estabelece que: "É facultado a qualquer cidadão habilitar-se
como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular". 2. É possível
o ingresso dos assistentes litisconsorciais na ação popular a qualquer tempo, desde
que comprovado o requisito da cidadania, mediante cópia dos títulos de eleitor 
É TAMBÉM POSSIVEL O litisconsórcio entre O PROPONENTE de ação popular e
eventual ação civil pública proposta por ente legitimado (ex: defesa do patrimônio
público ou do meio ambiente)

Remessa necessária. STJ não admite nos casos de sentença de improcedência nas
ações coletivas que versem sobre direitos individuais homogêneos. O art 19 da lei da
ação popular aplica-se somente nos casos de sentença carência ou improcedência da
ação que versem sobre direitos transindividuais.

Súmula 365/STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. É
somente o cidadão.

Nem a CF, tampouco a Lei de Ação Popular possuem exigência expressa quanto ao
anterior esgotamento das vias de impugnação disponíveis para o posterior
ajuizamento da ação constitucional pelo legitimado. 

Não é condição para o cabimento de ação popular a demonstração de prejuízo


material aos cofres públicos, dado que o art 5°, LXXIII, da CF estabelece que qualquer
cidadão é parte legítima para propor ação popular e impugnar, ainda que
separadamente, ato lesivo ao patrimônio material, MORAL, cultural ou histórico do
Estado ou de entidade de que ele participe (STF, Tese 836 de Repercussão Geral)

CF, art. 5ª, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.

Na Lei de Açao Popular existe previsão de agravo de instrumento para qualquer


decisão interlocutória. Não se aplica o rol do CPC.
4. ACP

A indisponibilidade de bens determinada em uma ação civil publica não impõe a um


bem específico a situação de inalienabilidade ou impenhorabilidade, afastando apenas
sua sujeição à execução de terceiros estranhos à ação coletiva. STJ.

No caso de ação coletiva para a tutela de direitos individuais homogêneos, se a


sentença for procedente, fará coisa julgada erma omnes. Entretanto, se for
improcedente, independentemente do fundamento, impedirá a propositura de nova
ação coletiva por qualquer dos legitimados coletivos. O lesado poderá propor ação
individual, desde que não tenha participado da ação coletiva como litisconsorte (art.
103, §2, CDC). O entendimento do STJ firmado no resp 1.302.596-SP – Info 575, foi no
sentido de que após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação
coletiva proposta em defesa de direitos individuais homogêneos, independentemente
do motivo que tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura
de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em
outro Estado da federação. O CDC determina que na tutela dos direitos individuais
homogêneos, a coisa julgada terá efeitos: III - erga omnes, apenas no caso de
procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores. Em caso
de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo no
processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.

A legitimidade concorrente pode ser conjunta ou disjuntiva (disjuntiva é o que separa,


desune). Na primeira, há mais de um legitimado, porém, todos devem atuar na lide,
em litisconsórcio necessário. Já na disjuntiva os legitimados podem ir a juízo
separadamente ou em conjunto, tornando o litisconsórcio facultativo (É o caso, por
exemplo, do artigo 103 da CF, do artigo 5 da LACP ou do artigo 1.314 do CC).

Legitimidade extraordinária: quando uma pessoa não titular do direito material faz a
sua defesa em juízo - pode haver mais de uma legitimada extraordinária concorrente.
Ex. Defensoria e MP ingressam como litisconsortes com ACP em favor de uma
coletividade. O litisconsórcio será unitário. Decisão deve ser a mesma para ambos.
DICA Em regra, todas as hipóteses de legitimidade extraordinária concorrente
implicarão litisconsórcio facultativo e unitário!

Substituto processual. Quem em nome próprio, pleiteia direito alheio. Acontece na


representação pelos sindicatos, por exemplo, habeas corpus impetrado em favor de
terceiro. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como
assistente litisconsorcial. Substituiçao processual da Defensoria Pública, desvinculada
da representação postulatória dos interessados envolvidos. Trata-se de atuação
coletiva, em nome próprio, “Custös Vulnerabilis”, “Custös Plebis” e de “Amicus
Communitas”.

Legitimação no processo coletivo. Ordinária ou extraordinária? Para a Teoria da


legitimação autônoma, nem uma nem outra. Para os autores que adotaram a
categoria da legitimação autônoma para condução do processo, trata-se de uma
terceira espécie (tertium genus) de legitimação ad causam, aplicável às tutelas
coletivas, que não se confunde com a dicotomia legitimação ordinária-legitimação
extraordinária. A proposta justifica-se da seguinte maneira: o legitimado não vai a juízo
na defesa do próprio interesse, portanto, não é legitimado ordinário, nem vai a juízo
na defesa de interesse alheio, pois não é possível identificar o titular do direito
discutido.

Em diversos julgados, entendeu o STJ que a ilegitimidade ativa ou a irregularidade da


representação processual não implica a extinção do processo coletivo, competindo ao
magistrado abrir oportunidade para o ingresso de outro colegitimado no polo ativo da
demanda.

As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses


coletivos ou individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa
dos associados. STJ. 2ª Turma. REsp 1796185/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 28/03/2019. As associações de classe atuam como representantes processuais,
sendo obrigatória a autorização individual ou assemblear dos associados - STF, RE
573.232. Esse entendimento, todavia, não se aplica na hipótese de a associação buscar
em juízo a tutela de interesses ou direitos difusos - art. 82, IV, do CDC. STJ. 4ª Turma.
AgInt no REsp 1335681/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/02/2019. Por
se tratar do regime de substituição processual, a autorização para a defesa do
interesse coletivo em sentido amplo (difuso) é estabelecida na definição dos
objetivos institucionais, no próprio ato de criação da associação, sendo
desnecessária nova autorização ou deliberação assemblear. As teses de repercussão
geral resultadas do julgamento do RE 612.043/PR e do RE 573.232/SC tem seu alcance
expressamente restringido às ações coletivas de rito ordinário, as quais tratam de
interesses meramente individuais, sem índole coletiva, pois, nessas situações, o autor
se limita a representar os titulares do direito controvertido, atuando na defesa de
interesses alheios e em nome alheio. STJ. 3ª Turma. REsp 1649087/RS, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/10/2018. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1719820/MG, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 15/04/2019.

Art. 1.059 CPC.  À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se o
disposto nos arts. 1o a 4o da Lei no 8.437, de 30 de junho de 1992: (...) “Art. 1º. Não
será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no procedimento cautelar ou
em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que
providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança,
em virtude de vedação legal. § 1º. Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida
cautelar inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na
via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal.” não se aplica aos
processos de ação popular e de ação civil pública.

Art. 2º No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será


concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas .

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do


respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas
ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério
Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto
interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia públicas.

Em julgamento da ADI 4.296, ocorrido em 9/6/2021, o Pleno do STF reviu a orientação


jurisprudencial tradicional sobre a matéria, oportunidade em que declarou a
inconstitucionalidade das normas constantes da Lei 12.016/2009 que restringiam a
concessão de medida liminar, precisamente em relação ao artigo 7º, §2º, assegurando-
se, pois, a possibilidade de concessão de medida liminar que tenha por objeto a
compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes
do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de
aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Declarou-se a inconstitucionalidade do artigo 22, que prevê que a sentença no


mandado de segurança coletivo fará coisa julgada limitadamente aos membros do
grupo ou da categoria, oportunidade em que se prestigiou a tese fixada no Tema 1119,
segundo a qual "é desnecessária a autorização expressa dos associados, a relação
nominal destes, bem como de filiação prévia, para a cobrança de valores pretéritos de
título judicial decorrente de mandado de segurança coletivo impetrado por entidade
associativa de caráter civil". 

O Pleno do STF declarou, por sua vez, a constitucionalidade dos dispositivos legais que
1) faculta ao juiz exigir caução do impetrante para a execução da medida liminar, 2)
declara que não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial
praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias de serviço público, 3) fixa o prazo decadencial de 120
(cento e vinte) dias para a impetração do mandado de segurança, e 4) não são cabíveis
mandado de segurança de sucumbência na via mandamental (súmula 512/STF).
 artigo 15 da Lei 12.016/2009 não foi alvo de impugnação na ADI 4296, pelo que, em
sede de juízo abstrato, ainda permanece válido o regramento segundo o
qual "quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do
Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do
respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da
sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de
cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição". 

BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE CONFERIDA AO JULGADOR, DE


OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DA PARTE 1. Tratando-se de fornecimento de
medicamentos, cabe ao Juiz adotar medidas eficazes à efetivação de suas decisões,
podendo, se necessário, determinar até mesmo, o sequestro de valores do devedor
(bloqueio) de verbas públicas, segundo o seu prudente arbítrio, e sempre com
adequada fundamentação.

Açao coletiva passiva: nao permitida no ordenamento jurídico pátrio, ante a ausência
de previsão legal. Doutrina e jurisprudência. Impossibilidade de reconvenção em ação
coletiva. Deve ser extinta sem julgamento do mérito. A doutrina que entende cabível
argumenta no sentido da ampliação do acesso à justiça e no direito de ação.

No sistema “norte-americano”, por vigorar sistema judicial de aferição da


representatividade adequada, existe a possibilidade de ações nas quais figura uma
coletividade no polo passivo, as “class defendant”, tendo em vista que o critério de
representatividade do legitimado dependerá sempre de análise judicial (tanto quando
figurar no polo ativo quanto passivo). A ação coletiva passiva exige para sua
admissibilidade que a demanda seja proposta contra um representante adequado,
fazendo este o papel de legitimado extraordinário no amparo de uma situação jurídica
coletiva. Logo, com base na ação coletiva passiva sustenta-se um dever ou estado de
sujeição, em relação ao qual seria titular a coletividade.

Nas class actions, do sistema norte americano, há o instituto do "opt in" e "opt out". Lá, quando
ajuizada uma ação para tutelar DIH, deve haver o “fair notice” e os interessados são citados para
dizer se querem ("opt in") ou não ("opt out") fazer parte da demanda coletiva. Caso o sujeito citado
não se oponha, será atingido pelo efeito da futura sentença, tendo adotado, tacitamente, o "opt in".
Logo, é correto  dizer que o sistema opt-out/opt-in alcança um número maior de pessoas, pois
bastará o silêncio para ocorrer a aceitação tácita da ação coletiva.

Para parte da doutrina que admite a viabilidade de ajuizamento das denominadas


ações coletivas passivas (defendant class actions), trata-se de fenômeno já existente
no nosso ordenamento, ainda que sem previsão legal.
São apontados inúmeros exemplos de ações coletivas passivas, alguns inclusive
extraídos da realidade do foro: ações propostas em face de associações que
congregam torcidas organizadas de times de futebol, objetivando a sua extinção por
praticarem atos ilícitos; ações propostas por legitimados coletivos em face de
entidades que congregam coletividades integradas por determinado segmento de
atividade econômica (por exemplo, demanda aforada pelo Ministério Público ou
associação de defesa de consumidores contra a Federação de Bancos ou dos
prestadores de serviços ou seguros de saúde), para fins de imposição de condutas ou
procedimentos a todas as instituições congregadas (instituições financeiras ou
seguradoras de saúde); ações propostas por empresas investigadas por danos
ambientais a fim de que seja declarada a licitude da atividade por elas desempenhada
e a ausência de risco ambiental; ação rescisória de decisão proferida em ação coletiva;
ação anulatória de compromisso de ajustamento de conduta firmado por órgão
público legitimado; ação cautelar incidental proposta pelo réu em ação civil pública
(para, por exemplo, dar efeito suspensivo a recurso especial ou extraordinário); ações
em defesa do meio ambiente contra movimento social que, a pretexto de estimular a
reforma agrária, pratica atos lesivos à natureza (imaginar invasão praticada por grupo
de trabalhadores sem terra danificando área de reserva legal de propriedade rural; ou
invasão e dano a prédios integrantes do patrimônio histórico e cultural);

Além disso, deve-se considerar a hipótese expressa na legislação que trata de ação
coletiva apassiva - art. 554, §1º do CPC/15 (embora somente possessórias – “No caso
de acao possessória que figure no polo passivo grande número de pessoas...”) e
reconhece a defensoria como representante adequado em caso de hipossuficiência
(que aqui deve ser lido no amplo aspecto à luz da vulnerabilidade em geral e não
somente econômica).

O estatuto do idoso somente protege AÇÕES que protejam direitos coletivos lato


sensu ou individuais indisponíveis. Assim, na execução ou quando o idoso aciona a
justiça para proteger direito individual disponível (como rescisão de contrato de
compra e venda, por exemplo), as custas e os emolumentos são pagos normalmente,
não se aplicando o estatuto do idoso. (Da Proteção Judicial dos
Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos. Art. 88. Nas
ações de que trata este Capítulo, não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas).

No que se refere a custas, na Ação Penal Pública em regra não há adiantamento de


custas,

MANDADO DE SEGURANÇA DESISTÊNCIA. POSSIBILIDADE.


INAPLICABILIDADE DO ART. 267 , § 4º , DO CPC. ORIENTAÇÃO QUE PREVALECE NO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL RE 669.367/RJ- É lícito ao impetrante desistir da ação
de mandado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade
apontada como coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o
caso, dos litisconsortes passivos necessários, mesmo que já prestadas as informações
ou produzido o parecer do Ministério Público. Doutrina. Precedentes.

MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. Apenas partidos políticos e organizações


sindicais ou associações de classe podem impetrar mandado de segurança coletivo. O
STF tem entendido que “Nos termos do art. 5º, LXX, da Constituição Federal, ‘o
mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com
representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados.” No mesmo sentido o STJ
firmou entendimento ao decidir que “O rol dos legitimados a impetrar mandado de
segurança coletivo previsto no art. 5º, inciso LXX, da Constituição Federal, assim como
no art. 21 da Lei nº 12.016/2009, não elenca a Defensoria Pública.”

Lei nº 7347/85, Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano
causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos
Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes
da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. §1o
Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em
estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária. (Renumerado
do parágrafo único pela Lei nº 12.288, de 2010)

Tutela preventiva. Tutela inibitória. Antes do ilícito, para evitar sua prática. X Tutela de
remoção do ilícito -ilícito já cometido, mas antes do dano. X Tutela reparatória (após o
dano) - a) especifica (cumprimento em natura da obrigação - restituição ao estado
anterior)
b) resultado prático equivalente
c) comum (indenização em dinheiro - equivalente financeiro)

Diferentemente da tutela específica da obrigação, que pressupõe o seu cumprimento


in natura (restituição ao estado anterior), a tutela pelo resultado prático equivalente
assegura o cumprimento da obrigação fixada pelo juiz, porém, de forma diversa à
original.

Tutela genérica da obrigação: conversão da obrigação específica em perdas e danos, a


qual somente terá lugar em casos de obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa na
forma residual ou mediante expressa anuência do credor. Nas obrigações ambientais a
tutela reparatória deve ser vista como ultima ratio, à luz de uma ordem de preferência
DE PREVENÇÃO, REMOÇÃO DO ILÍCITO ANTES DO DANO.
Dano existencial - ideia de projeto de vida impedido por ato ilícito de outrem.

Indenização por desvio produtivo. Espécie de dano autônomo. Tempo livre como bem
jurídico indenizável

A súmula 625 do STF dispõe que: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede
concessão de mandado de segurança.”

MI coletivo previu legitimidade à Defensoria e MP. Tutela direitos humanos, difusos,


coletivos e individuais homogêneos. Coisa julgada em regra ultra partes mas pode ser
erga omnes quando inerente ao exercício do direito.

MS coletivo não cabe em relação à direito DIFUSO, mas sim aos direitos coletivos, pois
as pessoas devem ser identificadas por um grupo ou categoria. Não é possível a
dispensa do requisito de um ano de funcionamento para as associações. Coisa julgada
sempre ultra partes - relativa à categoria. NÃO há previsão expressa de atuação da
Defensoria.

STF. O requisito de constituição de pelo menos um ano só é exigível das associações.


Para as entidades de classe, sindicatos e partidos políticos não.

O dano moral coletivo, assim entendido o que é transindividual e atinge uma classe
específica ou não de pessoas, é passível de comprovação pela presença de prejuízo à
imagem e à moral coletiva dos indivíduos enquanto síntese das individualidades
percebidas como segmento, derivado de uma mesma relação jurídica-base. 2. O dano
extrapatrimonial coletivo prescinde (não precisa) da comprovação de dor, de
sofrimento e de abalo psicológico, suscetíveis de apreciação na esfera do indivíduo,
mas inaplicável aos interesses difusos e coletivos.
Danos coletivos (danos a diversos direitos de personalidade, diversos indivíduos ao
mesmo tempo, direitos coletivos ou individuais homogêneos, com vitimas
determináveis) x danos difusos (dano social, vitimas indeterminadas, verba dirigida a
um fundo)

PREVENÇÃO E CONTINÊNCIA NO PROCESSO COLETIVO.

Conforme previsão da Lei n.º 7.347/1985 (ação civil pública): “Art. 2º (...) Parágrafo
único. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações
posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Súmula 489 do STJ que: “Reconhecida à continência, devem ser reunidas na justiça
federal as ações civis públicas propostas nesta e na justiça estadual.”

Embora o CDC determine que não existe litispendência entre processos coletivos e
lides individuais tratando sobre o mesmo direito coletivo strictu sensu (“Art. 104. As
ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais), entende o STJ que, ajuizada ação coletiva
atinente a uma macrolide geradora de processos multitudinários, é possível a
suspensão, pelo magistrado, de ação individual existente sobre a mesma matéria
discutida no feito coletivo, de ofício e independentemente do consentimento do
autor da respectiva lide individual, a fim de aguardar o julgamento da ação coletiva,
em razão do regramento do CPC acerca de recursos repetitivos. 543-C do Código de
Processo Civil

“RECURSO REPETITIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO COLETIVA.


MACROLIDE. CORREÇÃO DE SALDOS DE CADERNETAS DE POUPANÇA. SUSTAÇÃO DE
ANDAMENTO DE AÇÕES INDIVIDUAIS. POSSIBILIDADE. 1. Ajuizada ação coletiva
atinente a macrolide geradora de processos multitudinários, suspendem-se as ações
individuais, no aguardo do julgamento da ação coletiva. 2. Entendimento que não nega
vigência aos arts. 51, IV e § 1º, 103 e 104 do Código de Defesa do Consumidor; 122 e
166 do Código Civil; e 2º e 6º do Código de Processo Civil, com os quais se harmoniza,
atualizando-lhes a interpretação extraída da potencialidade desses dispositivos legais
ante a diretriz legal resultante do disposto no art. 543-C do Código de Processo Civil,
com a redação dada pela Lei dos Recursos Repetitivos (Lei n. 11.672, de 8.5.2008).
3. Recurso Especial improvido.” (REsp 1110549/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 14/12/2009).

Entende o STJ que, no âmbito do direito privado, é de cinco anos o prazo prescricional
para ajuizamento de execução individual em pedido de cumprimento de sentença
proferida em ação civil pública, contado esse prazo a partir do trânsito em julgado da
sentença exequenda.

Tratando-se de direito difuso, o transporte in utilibus será sempre incondicionado. Já


no caso dos direitos coletivos strictu sensu e individuais homogêneos, o transporte
está condicionado à suspensão da pretensão individual, no prazo máximo de 30 dias, a
partir da ciência do ajuizamento da ação coletiva.

 transporte in utilibus da coisa julgada coletiva.


 Em razão do princípio da máxima eficácia da tutela coletiva, a coisa julgada
coletiva, em todos os interessados coletivos, nunca prejudica as pretensões
individuais (nem mesmo em caso de improcedência da ação coletiva por
motivo outro que não a falta de provas), só beneficia. Logo, a coisa julgada só
será transportada ao particular se for in utilibus (ela somente beneficia, não
prejudicando). Portanto, mesmo que improcedente a ação coletiva em direitos
individuais homogêneos (onde não se distingue o fundamento da falta de
provas), a coisa julgada não impedirá o ajuizamento de ação individual pelo
particular.
 EXCEÇÃO: assistentes litisconsorciais (caso da questão): Há apenas uma
exceção, hipótese em que a coisa julgada não so beneficia, mas também
prejudica o particular. Ela ocorre quando os lesados individuais intervierem no
processo coletivo, na qualidade de assistentes litisconsorciais do autor. É o que
fala o art. 94 do CDC.
 PLUS: de acordo com Mazzilli, apesar do capítulo apenas se referir aos
individuais homogêneos, este artigo se aplica aos interesses coletivos,
individuais e até mesmo aos difusos

art. 95 do CDC, a condenação será genérica, sem determinar os destinatários e a


extensão da reparação. Com efeito, diferentemente do que ocorre no processo
individual, a liquidação no processo coletivo não é só para apurar o quanto
devido (quantum debeatur), mas também o nexo de causalidade e o dano (an
debeatur), razão pela qual a doutrina (DINAMARCO) considera que não há
verdadeiramente liquidação, mas sim habilitação (ou “liquidação imprópria”, como
prefere a LACP para diferenciá-la da liquidação própria, que avalia apenas o quantum
debeatur).
Por tais motivos, a doutrina afirma que há uma dupla iliquidez: uma de ordem objetiva
e outra subjetiva.
 a) iliquidez objetiva: não há fixação de um valor determinado pela sentença;
 b) iliquidez subjetiva: há necessidade de liquidação também para aferir
a titularidade do crédito executado.

Atualmente o entendimento do STJ é de que as decisões proferidas em ACP coletivas


não ficam limitadas ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a
decisão, não se aplicando o art. 16 da LACP, que foi declarado inconstitucional. ERESP
1.134.957/SP. A coisa julgada da decisão difere de sua eficácia, que é erga omnes.

Competência territorial absoluta ajuizamento ACP - local do dano - não modificável


pelas partes.

1.2. Do microssistema da tutela coletiva


O microssistema da tutela coletiva é formado por diversas normas processuais,
materiais e heterotópicas sobre o processo coletivo. Como ainda não há uma
regulamentação corporificada, doutrina e jurisprudência reconhecem que as diversas
leis existentes se comunica m entre si formando um verdadeiro sistema policentrado
de tutela coletiva. Como núcleo duro desse sistema (normas mais importantes), temos
o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e a Lei de Ação Civil Pública (LACP).
CDC, Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de
Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao
inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições.
LACP, Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e
individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código
de Defesa do Consumidor.
Os arts.90 do CDC e 21 da LACP são chamadas de “normas de reenvio”, sendo tal
reenvio uma consequência da aplicação do chamado “diálogo das fontes” ,
comumente encontrado nas normas de direito material.
O microssistema de tutela coletiva gera um “Sistema de Vasos Intercomunicantes”.
Tal sistema decorre do policentrismo do ordenamento jurídico brasileiro e significa que
a normatização das situações ou das relações jurídicas se encontra em normas
esparsas. À guisa de exemplo, existem diversas normas jurídicas que regulam o
processo civil coletivo (CF, LACP, LAP, LIA, CDC, LMS). Entre estas diversas normas
existe uma “comunicação”, que alguns denominam de aplicação integrada, ainda que
informal, para regular determinado instituto da tutela coletiva. É exatamente esta
reunião intercomunicante de vários diplomas que regulam a mesma matéria que é
denominado de sistema de vasos comunicantes.
As normas integrantes desse microssistema serão aplicadas subsidiariamente sempre
que houver alguma lacuna na lei que regula determinada ação coletiva; enquanto que
o CPC será aplicado de forma residual, ou seja, somente quando não for encontrada
uma solução dentro do próprio microssistema. CUIDADO! Com o NCPC, é necessário
fazer uma releitura desse entendimento, que seria correto caso ainda estivéssemos
sob a vigência do CPC/73. Para Fabrício Bastos, o NCPC passa a integrar o
microssistema de tutela coletiva, de forma que a sua aplicação é subsidiária (e não
residual) – este entendimento é divergente na doutrina. Existem diversas teses acerca
da forma de aplicação do microssistema de tutela coletiva:

1ª tese: 1º - aplicação da lei específica que regulamenta determinada ação coletiva


específica; 2º - verificada a omissão na lei específica, aplica-se o microssistema de
tutela coletiva, de forma subsidiária ou supletiva; 3º - permanecendo a omissão,
aplica-se o CPC ou CC de forma residual. Esta é a tese adotada pela maioria da
doutrina.
2ª tese: 1º - aplica-se a lei extravagante específica da ação coletiva; 2º - havendo
omissão, aplicação subsidiária do núcleo duro do microssistema; 3º - permanecendo a
omissão, aplicação subsidiária das demais normas que compõem o microssistema; 4º -
permanecendo a omissão, aplicação residual do CPC ou do CC.
3ª tese (o NCPC é parte integrante do microssistema de tutela coletiva): 1º - aplicação
direta do diploma legislativo que regulamenta a ação coletiva posta em análise; 2º -
em caso de omissão, aplicam-se as normas do núcleo duro (CDC e LACP); 3º - caso
estas normas sejam insuficientes, aplicam-se as demais leis que compõem o
microssistema de processo coletivo em regime de coordenação com as normas
previstas no NCPC, desde que estas não conflitem com as normas do microssistema e
com a CF

1.3. Do diálogo das Fontes


A multiplicidade de fontes normativas que compõe o microssistema pode resultar na
existência de conflito aparente de normas ou na necessidade de aplicação conjunta de
normas, sendo a utilização do Diálogo das Fontes a solução que confere maior
efetividade ao processo coletivo. Segundo a teoria do diálogo das fontes, as normas
jurídicas, mesmo que pertencentes a ramos jurídicos distintos, não devem se excluir,
mas se complementar. Assim, prestigia-se a unidade do ordenamento jurídico, além de
conferir maior efetividade ao processo coletivo.

Contribuintes em relação à majoração de um tributo municipal. Exemplo de direito


coletivo strictu sensu. direitos indivisíveis, pertencentes a um grupo, categoria ou
classe determinada ou determinável de pessoas, ligadas por uma relação jurídica base
entre si ou entre estes e a parte contrária. X espectadores em relação a uma
propaganda televisiva enganosa. Hipótese de direito coletivo difuso - Didier Jr. e Zaneti
Jr. alertam para a necessidade de a relação jurídica base ocorrer anteriormente à
incidência da lesão ao grupo. Caso ocorra posteriormente, seus integrantes estariam
unidos por uma situação essencialmente fática, caracterizando hipótese de interesse
difuso ou como exemplificam: “No caso da publicidade enganosa, a ‘ligação’ com a
parte contrária também ocorre, só que em razão da lesão e não de vínculo precedente.

A doutrina aponta que os direitos difusos são mutáveis no tempo e no espaço. Assim,
dada à ausência de vínculo jurídico base, tais direitos acabam ligando-se por uma
situação de fato efêmera no tempo, podendo aparecer (ex: direito difuso de acesso
aos meios digitais, à internet) e até mesmo desaparecer (ex: extinção de uma espécie
animal) à luz do caminhar social evolutivo.

O princípio da ampla publicidade da tutela coletiva também se aplica à fase


extrajudicial, incluindo-se o inquérito civil, o qual é visto como um procedimento
público, informativo e inquisitivo.

Os requisitos da tutela provisória no processo coletivo (tutela antecipatória ou


cautelar) é diferente do geral do CPC - art. 84 § 3 o CDC: relevância do fundamento da
demanda E justificado receio de ineficácia do provimento final.
APLICA-SE SUBSIDIARIAMENTE O CPC. Regras tutela provisória de urgência cautelar
requerido na forma antecedente, por ex. Enunciado nº 503 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis: “o procedimento da tutela cautelar, requerida em caráter
antecedente ou incidente, previsto no Código de Processo Civil é compatível com o
microssistema do processo coletivo”.

Controle de políticas públicas x Processo estrutural


O controle jurisdicional de políticas públicas, via processo coletivo, se dá quando a
atividade administrativa descumpre os objetivos republicanos, ameaçando ou violando
a eficácia e a integridade de direitos fundamentais. O controle jurisdicional da
administração é subsidiário e consubstancia ato corretivo que entra em cena somente
quando a atividade administrativa não atua adequadamente.
Logo, a condição de possibilidade do controle jurisdicional de políticas públicas é que o
administrador tenha descumprido seus deveres jurídico-políticos, comprometendo a
eficácia e a integridade de direitos fundamentais.

Por sua vez, o processo coletivo “estrutural”, “de interesse público” ou “de litígio
estratégico” consubstancia justamente a técnica voltada à resolução de litígios
envolvendo a falta ou o mau funcionamento de políticas ou instituições públicas,
levado a efeito por burocracias estatais, que acabam por colocar em risco direitos e
garantias fundamentais, desafiando medidas estruturais (structural injunctions) como
forma de reestruturação prospectiva e adequação de políticas e instituições públicas à
ordem constitucional vigente. Acerca das características deste modelo processual
estrutural, pode-se perceber que:
i) a estrutura da participação não é rigidamente bilateral, mas multilateral;
ii) a investigação fática não é retrospectiva (voltada ao passado), mas prospectiva
(resolução de um problema futuro);
iii) o remédio jurisdicional não versa sobre compensação por erro passado, mas sobre
soluções flexíveis futuras;
iv) o resultado não é imposto, mas negociado;
v) o papel do juiz não é passivo e declaratório, mas ativo e fiscalizatório,
responsabilizando-se pela avaliação fática e pela moldura do procedimento;
vi) o direito discutido não versa sobre uma disputa interindividual, mas sobre a justiça
de uma política pública.

Solução prospectiva flexível - pode mudar conforme as medidas são adotadas e vão
produzindo seus efeitos - decisões em cascata.

Súmula STF 429 - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não
impede o uso do Mandado de Segurança contra omissão da autoridade.

Na vigência dos contratos de plano ou de seguro de assistência à saúde, a pretensão


condenatória decorrente da declaração de nulidade de cláusula de reajuste nele
prevista prescreve em 20 anos (art. 177 do CC/1916) ou em 3 anos (art. 206, § 3º, IV,
do CC/2002), observada a regra de transição do art. 2.028 do CC/2002. (...)

REsp repetitivo nº 1.166.561/RJ, em 25/10/2010 (Tema 414): “Não é lícita a cobrança


de tarifa de água no valor do consumo mínimo multiplicado pelo número de unidades
autônomas existentes no condomínio quando houver único hidrômetro no local”.
Portanto, segundo o STJ, a cobrança pelo fornecimento de água aos condomínios em
que o consumo total de água é medido por único hidrômetro deve se dar pelo rateio
do consumo real aferido.
Será de dez anos o prazo de prescrição para o ajuizamento de ação de repetição de
indébito por cobrança indevida de serviços de telefonia não contratados (EResp
1533744/RS – J. 20.02.2019).

Súmula 412 do STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-
se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil. (DJe 16/12/2009). Trata-se, na
vigência do CC/2002, do prazo DECENAL. Recordemos que a tarifa de água e esgoto
não tem natureza de taxa, mas de preço público, ou seja, não se trata de espécie
tributária.

A parte que foi vencida em ação civil pública não tem o dever de pagar honorários
advocatícios em favor do autor da ação. A justificativa para isso está no princípio da
simetria. Isso porque se o autor da ACP perder a demanda, ele não irá pagar
honorários advocatícios, salvo se estiver de má-fé (art. 18 da Lei nº 7.347/85). Logo,
pelo princípio da simetria, se o autor vencer a ação, também não deve ter direito de
receber a verba. Desse modo, em razão da simetria, descabe a condenação em
honorários advocatícios da parte requerida em ação civil pública, quando inexistente
má-fé, de igual sorte como ocorre com a parte autora. STJ. Corte Especial. EAREsp
962250/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/08/2018. Existe precedente do STJ
que faz uma ressalva: se a ação tiver sido proposta associações e fundações privadas e
a demanda tiver sido julgada procedente, neste caso, o demandado terá sim que pagar
honorários advocatícios. Assim, o entendimento do STJ manifestado no EAREsp
962.250/SP "não se deve aplicar a demandas propostas por associações e fundações
privadas, pois, do contrário, barrado de fato estaria um dos objetivos mais nobres e
festejados da Lei 7.347/1985, ou seja, viabilizar e ampliar o acesso à justiça para a
sociedade civil organizada." (STJ. 2ª Turma. REsp 1796436/RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 09/05/2019).

Não é possível propor nos Juizados Especiais da Fazenda Pública a execução de


título executivo formado em ação coletiva que tramitou sob o rito ordinário, assim
como impor o rito sumaríssimo da Lei nº 12.153/2009 ao juízo comum da execução.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.804.186-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/08/2020
(Recurso Repetitivo – Tema 1029) (Info 679).

Tutela coletiva de direitos - tutela de direitos individuais acidentalmente coletivos -


direitos individuais homogêneos, por questões de política legislativa - homogeneidade
de questões jurídicas, seriam melhor tutelados coletivamente em termos de economia
processual e segurança jurídica.

Tutela de direitos coletivos. Direitos essencialmente coletivos - direitos difusos e


direitos coletivos strictu sensu.

Molecularização dos conflitos: demandas-molécula, caracterizado pela reunião de


demandas repetitivas. Nesse prisma, a molecularização dos conflitos corresponde a uma
nova forma de se pensar a resolução de conflitos seriais. O termo foi cunhado no Brasil
por Kazuo Watanabe, voltando-se a avaliar a relação que se estabelece entre demandas
coletivas e individuais, assim como a necessidade de conversão das ações individuais
repetitivas em ação coletiva.

O processo coletivo comum abrangeria a ação civil pública, a ação popular, o mandado
de segurança coletivo, a ação de improbidade administrativa, o mandado de injunção
coletivo, o habeas data coletivo e, mais recentemente, o habeas corpus coletivo. Já o
processo coletivo especial englobaria a ação direta de inconstitucionalidade, a ação
declaratória de constitucionalidade, a ação direta de inconstitucionalidade por omissão e
a ação de descumprimento de preceito fundamental.

De acordo com a tese do STJ:

A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS  exige a


presença  cumulativa  dos seguintes requisitos:

 i) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado


expedido por médico que assiste o paciente, da imprescindibilidade ou necessidade
do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da moléstia, dos
fármacos fornecidos pelo SUS;
 ii) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;
 iii) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos
autorizados pela agência.

Modula-se os efeitos  do presente repetitivo de forma que os requisitos acima


elencados sejam exigidos de forma cumulativa somente quanto  aos processos
distribuídos a partir da data da publicação do acórdão embargado, ou seja, 4/5/2018.
Com distribuição anterior a 4/5/2018, é exigível apenas um requisito que já se
encontrava sedimentado na jurisprudência do STJ: a demonstração da
imprescindibilidade do medicamento. (REsp 1657156-RJ - Info 633. Recurso
Repetitivo - Tema 106).

A convocação de audiências públicas no âmbito do processo judicial é tratada no


âmbito regimental do Supremo Tribunal Federal com previsão de que, havendo
defensores e opositores relativamente à matéria objeto da audiência, será garantida a
participação das diversas correntes de opinião. Art. 154, inciso II do Regimento Interno
do STF (RISTF).  

Resp 1.796.436 - RJ. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ART. 18 DA LEI DA AÇÃO CIVIL


PÚBLICA (LEI 7.347⁄1985). HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
SIMETRIA. REGRA INAPLICÁVEL ÀS ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES
PRIVADAS.
1. Por conta do princípio da simetria, a previsão do art. 18 da Lei 7.347⁄1985 deve ser
interpretada também em favor do réu, quando se tratar de demanda
ajuizada pelo Parquet ou outro colegitimado estatal, ressalvadas associações e
fundações privadas, que recebem tratamento privilegiado e diferenciado no domínio da
ação civil pública.
2. O espírito de facilitação do acesso à justiça, que informa e orienta o processo civil
coletivo, vem cabalmente realçado no art. 18 da Lei da Ação Civil Pública: "Nas ações
de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais" .
3. Nos termos da jurisprudência do STJ, a vedação de condenação do Ministério Público
ou entidades estatais em honorários advocatícios – salvo comprovada má-fé – impede
que sejam beneficiados quando vencedores na ação civil pública. Evidentemente, tal
orientação não se deve aplicar a demandas propostas por associações e fundações
privadas, pois, do contrário, barrado de fato estaria um dos objetivos mais nobres e
festejados da Lei 7.347⁄1985, ou seja, viabilizar e ampliar o acesso à justiça para a
sociedade civil organizada. Tudo com o agravante de que não seria razoável, sob
enfoque ético e político, equiparar ou tratar como "simétricos" grandes grupos
econômicos⁄instituições do Estado e organizações não governamentais (de moradores,
ambientais, de consumidores, de pessoas com necessidades especiais, de idosos, etc).

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